Teoria parapsicológica geral

Ronaldo Dantas Lins

 

  1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

 

A proposta aqui apresentada é a de um conteúdo teórico que possa descrever o maior número possível de fenômenos psicobiofísicos. Utilizamos noções de diversos autores imprimindo-lhe uma estrutura axiomática além de acrescentarmos ideias nossas, no sentido de complementar e aprofundar questões não bem esclarecidas.

Conceituamos dois tipos de interações, ε (épsilon) e ι (iota), definindo os fenômenos psi em função desta.

Num outro momento abordamos a problemática do “link” mente-mundo e das funções psíquicas inibidoras ρ (rô) e τ (tau) que, quando bloqueadas, facultam a produção dos eventos psicobiofísicos.

A compreensão de que a mente é a estrutura perceptual que distorce a realidade, com o acréscimo dos elementos espaço-temporais, é fundamental para o entendimento desta ordem de fenômenos.

Posteriormente, analisamos sob o enfoque do modelo, vários efeitos parapsicológicos, inclusive propondo dois deles: o efeito transformativo e o Rõntgen. O homem, na condição de Agente Psi, é sempre o elemento deflagrador, necessário, mas não suficiente, do fenômeno paranormal.

Finalmente tecemos alguns comentários sobre as críticas levantadas contra esta teoria, demonstrando que elas são inconsistentes.

Esperamos que esta proposta possa suscitar uma série de elucubrações e de pesquisas que sirvam para uma melhor compreensão dos fenômenos paranormais.

  1. TERMOS PRIMITIVOS E AXIOMAS (PRINCÍPIOS)

A abordagem axiomática dos fenômenos paranormais é feita em três etapas.

  1. i) Formulação dos termos primitivos.
  2. ii) Explicação dos axiomas.

iii) Definição dos termos secundários, teoremas e leis, em função dos itens anteriores.

Ao definirmos determinado termo, fazemos uso de outros termos que por sua vez necessitam de definição; desta maneira ou procedemos assim até o infinito e, conseqüentemente, nunca chegaremos a uma definição completa ou consideramos certos termos definíveis por si próprios, sendo estes em número o menor possível. São os termos primitivos. Na geometria euclidiana, por exemplo, são termos primitivos o ponto, a reta e o plano.

Outrossim, entende-se como axioma “uma verdade necessária, evidente por si mesma, dispensando demonstração e que serve para demonstrar outras verdades; “(1) além disto, consiste no enunciado de relações gerais independente do objeto a que se aplicam, diferente do teorema que se refere a uma propriedade especial de um objeto particular. Como exemplo de axioma podemos citar: Duas quantidades iguais a uma terceira são iguais entre si. Faz-se necessário ainda distinguirmos teorema de postulado, porquanto se refiram a objetos específicos, os primeiros requerem demonstração enquanto que os últimos são admitidos sem provas.

Vamos considerar três termos primitivos: A mente, a substância e a informação. Como entes primitivos devem ser compreendidos intuitivamente, podemos, entretanto, traçar sobre eles algumas considerações.

A substância pode ser entendida como o substrato dos seres, como a matéria de um corpo ou a energia de um campo.

A informação tem haver com o significado, a disposição ordenada das partes de um todo, a decodificação adequada de uma mensagem por um determinado código.

Podemos interpretar a mente como o constructo perceptual da substância e da informação, ou seja, é a estrutura através da qual apreendemos o universo. A estes termos podemos adicionar os seguintes axiomas (princípios):

  1. a) Princípio da conservação da substância – No universo a
    substância não se cria nem se destrói, apenas se transforma.
    Deste podemos extrair dois corolários conhecidos como o
    princípio de conservação da matéria (Lavoisier) e o princípio da
    conservação de energia (Helmontz).
  2. b) Princípio holotrópico informacional – A informação do todo
    encontra-se em cada uma de suas partes. Por este princípio, por
    exemplo, cada porção de um campo guarda informação do
    campo inteiro, sendo possível ter-se uma idéia da estrutura
    completa pela apreensão profunda de seus componentes.
  3. c) Princípio transformativo da mente – A mente não apreende a
    substância e a informação na sua essência, como elas são, mas
    as transformam obtendo uma imagem distorcida do ente
  4. SUBSÍDIOS PARA UMA CONCEPÇÃO HOLOGRÁFICA

“Nossa formação cultural nos impõe uma visão de universo no qual as coisas encontram-se dissociadas entre si e do Eu, tendo entre elas intervalos de espaço-tempo. A teoria relativística de Einstein, impõe uma concepção das três dimensões espaciais conectadas pela dimensão tempo, formando um “continuum”. (2)

Numa nova maneira de perceber o universo concebemos que os objetos não têm existência em separado, havendo em sua essência interrelações profundas. Da mesma forma que não há objetos separados, também não estamos separados do mundo, não havendo razão para separar o objeto pesquisado do pesquisador, pois formam eles um “continuum”. (3)

“Como decorrência direta do significado dos “estados virtuais”, onde a função de onda associada a uma partícula elementar está espalhada por uma enorme região do espaço, a mecânica quântica faz uma predição mais forte e revolucionária. Isto pode ser expresso, dizendo-se que pode haver ligações e correlações entre partículas ou acontecimentos muito distantes, na ausência de qualquer força ou sinal intermediário e essa ação à distância acontece de modo instantâneo… esse princípio está expresso no Teorema de Bell e parte da concepção baseada na natureza indeterminada da realidade, como sugerem as equações de onda da mecânica quântica.

Para a teoria quântica não há partes isoladas da realidade, mas antes, apenas fenômenos muito intimamente relacionados, como se fossem inseparáveis, qualquer que seja a distância entre essas partes”.(4) A seguir descrevemos o paradoxo Einstein-Podolsk-Rosen (EPR), que ilustra esta nova concepção.

Suponhamos um elétron e sua respectiva antipartícula, o pósitron. Este sistema (par de partículas) apresenta seus componentes com spins contrários (interpretado aproximadamente como movimentos rotacionais em sentidos opostos). Se provocarmos o afastamento dos componentes deste sistema, por maior que seja a distância, se alterarmos o spin de uma partícula, a outra terá o seu spin invertido instantaneamente, para não contrariar o princípio de conservação do spin. Desta maneira teremos uma correlação instantânea, contrariando aparentemente o princípio de Einstein que prevê um limite para a velocidade de propagação das interações.

Tinoco(5) nos lembra que: “Com o aperfeiçoamento da tecnologia, foi possível aos físicos Alain Aspect, Philippe Graangier e Gerar Roger demonstrarem a veracidade das previsões de mecânica quântica. Usando, não um par elétron-pósitron, mas um par de fótons, emitidos por uma cascata de cálcio radioativo, foi verificada mais uma vez, em 1982, a validade das previsões da mecânica quântica: as correlações instantâneas existem. Como pode a partícula’ A, interagindo com a partícula B, “perceber” instantaneamente a mudança ocorrida em B, de modo a mudar no mesmo instante o seu spin? Essa questão não tem resposta, a menos que se admita que as partículas A e B nunca estiveram separadas. Desde o surgimento delas, A e B formam um só sistema, independente da distância que as separa. Isso parece estar associado à telepatia.”

É bem verdade que neste experimento não se isolou um par de fótons e um par de elétrons-pósitrons mas apenas feixes, cascatas, sendo analisada sua interação. Isto, entretanto, não anula nem diminui a força da argumentação do princípio da não-localidade.

O físico David Bohm, estudando o plasma verificou a existência de um todo organizado, como se fosse um ser vivo. Percebeu que não apenas um par de partículas, mas trilhões delas parecem comportar-se como um único ente, onde qualquer de seus componentes parece “perceber”, instantaneamente, o que ocorre “com as outras partes. Bohm chega a compreensão de que é o todo que determina o comportamento das partes, postulando que as duas partículas do paradoxo EPR formam um todo indivisível, surgindo a contradição da suposição errônea de constituírem entes distintos. Não há, desta maneira, um sinal se propagando com velocidade infinita. Para poder representar este processo, Bohm faz a seguinte analogia. “Tomemos a situação de um peixe nadando num aquário, cuja imagem é captada simultaneamente por duas câmeras de TV, situadas em posições diferentes. É preciso fazer de conta que não temos acesso direto ao aquário e nunca vimos um peixe antes. As únicas informações de que dispomos a respeito são fornecidas pelos dois monitores de TV. Nossa primeira impressão será, com certeza, de que as duas imagens constituem entidades diferentes e separadas. À medida em que avançam nossas observações, porém, percebemos que os dois peixes apresentam estreita relação entre si: quando o peixe A se vira, o peixe B executa um giro diverso, porém correspondente ao do primeiro. Há sempre simultaneidade nos dois movimentos. Podemos ser tentados a explicar essas “estranhas coincidências”, dizendo que existe uma comunicação instantânea entre os dois peixes. Mas o fato é que, num nível mais profundo da realidade, a realidade do aquário, eles são apenas um”(6).

  1. TAXONOMIA DAS INTERAÇÕES

Pelo princípio transformativo da mente, parece existir um nível de realidade mais profunda, não perceptível pela pisque, em que há uma completa conexão entre as partes (pelo simples motivo de não haver partes) em decorrência do princípio holotrópico informacional. A este estrato mais profundo podemos denominar ordem ou realidade implícita. (7)

Do princípio transformativo também decorre a existência de uma ordem ou nível de realidade que é uma transformada do primeiro, onde há entes distintos, separados. A este estrato podemos denominar ordem ou realidade explícita. Para uma melhor compreensão dos diversos níveis da realidade, vamos enunciar o seguinte postulado: A mente, pelas suas propriedades estruturais, imprime o espaço-tempo aos objetos perceptuais dando-lhes a aparência de entes distintos.

Denominamos de substrato matriz a substância e a informação, termos primitivos da realidade, como são em essência, sem modificações. Por outro lado, podemos também definir projeção holográfíca como a representação, em nível de ordem explícita, através de individualizações, do substrato matriz.

A partir dos conceitos até aqui analisados, definiremos interações como: O processo pelo qual modificações no estado de uma projeção holográfica A (extremidade modificadora ou indutora) implica em modificações correspondentes no estado de uma outra projeção holográfica B (extremidade modificada ou induzida). Vemos assim que o conceito de interação surge a nível de ordem explícita.

Concebamos então, dois tipos de interações.

  1. i) Interação ε (épsilon) – É a que se efetua através do espaço-tempo que separa duas individuações em nível de ordem explícita (desdobrada). É carreada por um
  2. ii) Interação ι (iota) – É a que se efetua através da conexão universal, em nível de ordem implícita (dobrada).

Toda interação implica em tomada de informação pela projeção holográfica da extremidade induzida, podendo manifestar-se (expressar-se) através de duas formas.

  1. a) Cinética intrínseca – Quando da deflagração da interação não ocorrer variação espacial de toda ou de partes da projeção holográfica induzida. Em termos matemáticos ds/dt = 0, onde s constitui as coordenadas espaciais de cada ponto da projeção holográfica.
  2. b) Cinética extrínseca – Quando da deflagração da interação ocorrer variação espacial de toda ou de partes da projeção holográfica induzida. Em termos matemáticos ds/dt ≠ 0.
  3. FUNÇÕES PSÍQUICAS INIBIDORAS

O Dr. Sarti enunciou a seguinte assertiva, que denominou de primeira lei da Parapsicologia: “O aparelho psicológico não está restrito aos limites físicos do sistema nervoso, preenchendo todas as regiões do espaço-tempo, independentemente das grandezas das medidas de distância e tempo”. Ainda segundo Sarti poderemos retirar deste enunciado dois importantes corolários:

Corolário 1 – “O aparelho psicológico contém potencialmente todas as informações obteníveis do espaço-tempo, independentemente das grandezas de distância e de tempo”.

Corolário 2 – “O processo parapsicológico de aquisição de conhecimento pelo aparelho psicológico não é afetado pela presença de matéria ou campos físicos que se situem entre a fonte de informações e o sistema nervoso”.(8)

O conceito de link, importante em nossa discussão, pode ser compreendido como: “Acoplamento de um pensamento a um sistema nervoso ou a outro objeto físico. A nossa consciência é resultante de um link entre um pensamento e um sistema nervoso. Na morte, silêncio elétrico, tal acoplamento deixa de existir e o pensamento não se restringirá mais à consciência do presente. No paranormal, estados ampliados de consciência estão relacionados a alterações elétricas no sistema nervoso, geralmente a uma redução de sua atividade. Em ambos os casos, desacoplamento total ou parcial, o pensamento pode estabelecer um link externo, fora do sistema nervoso do morto ou do paranormal, e provocar o fenômeno psi”.(9)

Sarti classifica a informação como podendo ser de dois tipos:

  1. Sintática – De natureza física, mensurável em bits, não se adequando a uma região, independente do espaço e do tempo.
  2. ii) Semântica – De natureza abstrata, representativa do conteúdo do pensamento, imponderável, matematicamente não real.

Postula-se a existência de duas funções psíquicas importantes: a função φ (fi) e a função ρ (rô).

A função φ atua bloqueando o acesso concomitante ao córtex cerebral de todos os pulsos aferentes, impedindo uma desorganização da consciência e recrutamento generalizado do córtex com produção de crise convulsiva.

A função φ apresenta as seguintes características: (10)

A – Percebe e seleciona semanticamente informações sintáticas que possam associar-se semanticamente aos conteúdos da consciência.

B – Age nas vias aferentes do sistema nervoso estando, portanto, associado à estimulação ambiente local.

C – É desempenhado pelo sistema de ativação reticular ascendente.

A função φ consiste num mecanismo que age eliminando as informações sensoriais desnecessárias que sobrecarregariam a maquinaria psíquica. Grande parte do que lemos ou presenciamos é eliminada por esta função, permitindo que se forme espaço para arquivar novos conteúdos.

Sarti propõe a existência de um fator denominado função ρ.

Diferente da função φ, que age sobre os estímulos físicos que chegam aos receptores, a função ρ impede que alcance a consciência as informações universais aventadas na referida primeira lei da Parapsicologia.

“Essas informações não sendo originadas de interações de campos físicos com o sistema nervoso, são semanticamente graváveis no córtex cerebral, de forma direta, sem passarem pelas vias sensoriais. Um mecanismo oposto ao da percepção sensorial.

O fator de repressão ρ tem as seguintes características:

A – É de natureza neurológica ou psicológica.

B – Impede a representação consciente das informações universais.

C – É exercido pela própria atividade sensorial, pelo hemisfério dominante ou por fato representativo da psicologia do indivíduo” 11

“Desta feita a função ρ elimina as informações extra-sensoriais(paranormais) supérfluas. Imaginemos o quanto seria confuso o nosso pensamento, e como seria impraticável conviver com o enorme influxo de informações paranormais recebidas pela mente.

Em ambos os casos se trata de função cognitiva, aferente, relacionada a um fluxo informacional. Um processo controlado de inibição da função ρ, possibilitaria a deflagração do fenômeno paranormal na modalidade psi-gama.

De maneira semelhante, postulamos a existência de duas outras funções psíquicas: a função π (pi) e a função τ (tau).

A função π seria um mecanismo psíquico pelo qual ocorre uma inibição de determinados impulsos eferentes do organismo. Estes impulsos podem ser endógenos (secreção glandular, batimentos cardíacos, etc.) ou exógenos (atividade motora estriada). Sem esta função estaríamos em constante processo de espasticidade, secreção endógena etc. A função pi seleciona quais as atividades efetoras que devem ser exercidas, qual sua intensidade e distribuição no tempo.

… A função π impede que os impulsos eferentes provenientes, principalmente, da formação reticular facilitadora e inibidora, promovam rigidez, espasticidade ou seus equivalentes sobre o organismo.

A função π apresenta as seguintes características:

A – Controla ou suprime a atividade eferente excitatória (glandular, motora estriada, lisa e cardíaca).

B – Age nas vias eferentes do sistema nervoso.

C – É desempenhado pelo córtex motor, gânglios da base, cerebelo, hipotálamo e sistema límbico.

O processo de tonicidade, excitabilidade, não é apresentado apenas pelo sistema muscular, mas também e primariamente, pelo sistema nervoso, evidenciando assim uma atividade implícita permanente que deve ser bloqueada por algum mecanismo, que denominamos de função τ. Esta atividade parece ser a projeção, no plano orgânico, do mecanismo psíquico em ação.

A função τ funciona de forma análoga à função π, só que inibe a atividade efetora paranormal, isto é, psicocinesia. Tudo se passa como se houvesse um “link” entre a mente e a matéria, permitindo uma interação não local… O bloqueio deste “link” interrompe esta interação, impedindo a maior parte do tempo, uma ativação desta função; aquelas que por algum motivo, em determinado intervalo de tempo, apresentassem uma função τ bloqueada, seriam paranormais, no grupo psikapa.

Da referida primeira lei da Parapsicologia podemos extrair um terceiro corolário.

“O psiquismo possui o potencial de agir sobre o mundo físico, sem necessidade de intermediação energético-material, promovendo o deslocamento de massas ou perturbações de campos energéticos”.

A função de repressão τ apresenta as características a seguir:

A – É de natureza neurológica ou psíquica.

B – Impede a atualização (manifestação) das interações (ações) universais, implícitas na primeira Lei da Parapsicologia e explicitadas no terceiro corolário dela decorrente.

C – É exercida pela própria atividade eferente, através de estruturas neurais superiores.

O conjunto de fatores circunstanciais deflagradores do fenômeno paranormal, propicia a formação de um processo inibitório cortical que ao se intensificar, promove a liberação de estruturas subcorticais, livres da ação frenadora superior. Os psicorreceptores encontram-se assim mais preparados para receberem a ação psicocinética, a qual comum ente não são responsíveis.

Ocorrerá a psicocinesia, quando houver uma inibição da função τ, promovendo um desbloqueio do “link” mente-mundo físico”. (12)

  1. NEO-HERMENÊUTICA PSICOBIOFÍSICA

 

Desta maneira poderemos definir fenômeno psicobiofísico como uma interação iota que apresenta ao menos uma mente, em ao menos uma de suas extremidades.

Refletindo sobre as formas das interações, concluímos que no primeiro caso (cinética intrínseca) poderemos ter uma percepção sensorial (no sentido clássico), se ocorrer através de uma interação épsilon ou uma Percepção Extra Sensorial – PES, se ocorrer uma interação iota. No segundo caso (cinética extrínseca) poderemos ter uma ação motora, secreção glandular ou movimento em termos de física clássica ou relativística, caso se trate de uma interação épsilon e fenômenos quânticos ou psicocinesia, se operar-se através de uma interação iota.

Desta feita estamos em condições da redefinirmos vários termos parapsicológicos, possibilitando uma maior clareza e unificação de conceitos, da maneira que segue:

Psigama: Fenômenos psicobiofísicos que se expressam na forma de uma cinética intrínseca.

Psikapa: Fenômenos psicobiofísicos que se expressem na forma de uma cinética extrínseca.

Agente Psi: É o indivíduo cuja mente é o efetuador de um fenômeno psicobiofísico.

Qualquer pessoa pode passar, eventualmente, por fenômenos psicobiofísicos. Quando isto ocorre, esta pessoa está funcionando como um Agente Psi (AP), sendo aqui denominado AP esporádico (APE).

Rosa Borges refere que outros indivíduos têm uma certa predisposição para passarem por experiência desse tipo, são os AP fronteiriços (APF).

Finalmente o mesmo autor define AP confiável (APC), como aquele na presença do qual existe uma alta probabilidade de ocorrerem fenômenos psicobiofísicos. Estes critérios, aqui retomados, são de natureza quantitativa, operacional e pragmático. (13)

Estes diversos graus de paranormalidade podem ser reinterpretados como gradações na intensidade do processo inibitório das funções ρ (rô) e τ (tau), permitindo diversos níveis de expressão do “link” mente-mundo. O Princípio Transformativo da Mente existe devido a ação destas funções, que deixam encobertas as conexões universais da ordem implícita.

Telepatia: Fenômeno de Psigama em que ambas as extremidades da interação se encontram ocupadas por mentes distintas.

Telepata Emissor. Diz-se do AP que se encontra na extremidade indutora de um processo telepático.

Telepata Receptor: Diz-se do AP que se encontra na extremidade induzida de um processo telepático.

Em verdade não há emissor nem receptor já que não há transmissão de sinal, mas apenas atualização de conteúdos existentes em nível de ordem implícita.

Clarividência: Fenômeno de Psigama em que o AP encontra-se na extremidade induzida e a extremidade indutora encontra-se ocupada por um evento físico (não é uma mente).

Rosa Borges propõe uma modificação no conceito de criptomnésia, dando-lhe um significado estritamente parapsicológico, referindo o seguinte. “Segundo o nosso conceito, a criptomnésia é o conhecimento paranormal que não é obtido do mundo exterior, mas que já existe no inconsciente do Agente Psi. Este conhecimento é constituído de informações que não passaram, previamente, pelo nível consciente do Agente Psi e não foram obtidas por telepatia ou por clarividência. E se constitui, ainda, de aptidões especiais que não resultaram de aprendizado anterior.

Enquanto a telepatia e a clarividência são fontes externas do conhecimento psigâmico, a criptomnésia constitui a fonte interna deste conhecimento.

…Assim, segundo a nossa óptica pessoal, os fenômenos de Psigama se originam de duas fontes:

  1. uma fonte externa, constituída pela telepatia e pela clarividência;
  2. uma fonte interna, constituída pela criptomnésia. “(14)

Analisando esta questão sob o prisma do modelo em pauta, podemos reinterpretar a polêmica das fontes de conhecimento paranormal do seguinte modo:

A nível de ordem implícita as mentes a os seres encontram-se conectados, constituindo um todo indivisível. A nível de ordem explícita surgem as individuações (projeções holográficas), decorrentes da atuação das funções inibidoras ρ (rô) e τ (tau), mencionadas anteriormente. Desta maneira, numa interação iota do tipo psicobiofísico, com cinética intrínseca, a constatação do fenômeno é feita através de uma correspondência entre o conteúdo manifesto e um evento psíquico (telepatia) ou físico (clarividência) correlacionado, presente em uma projeção holográfica. Temos a dita fonte externa do conhecimento paranormal.

Quando o conteúdo manifesto não for detectável, em uma projeção holográfica, vindo diretamente do substrato matriz, teremos uma fonte interna do conhecimento paranormal (criptomnésia).

Assim, no primeiro caso temos uma seletividade expressa e no segundo caso uma seletividade não expressa (oculta). Porém, em ambos os casos o conteúdo provém, em essência, do substrato matriz, sendo a distinção entre fonte externa e fonte interna do conhecimento paranormal puramente aparente.

Há também uma grande discussão em torno da seguinte questão: A mente do AP age diretamente sobre a matéria ou se utiliza de uma forma de energia como intermediário?

Rhine propôs que a mente interage diretamente sobre a matéria, denominando esta ação de psicocinesia. Outros parapsicólogos, principalmente os russos, admitem que o AP se utiliza de algum tipo de energia para interagir com a matéria, a denominada telergia. O prof. Valter da Rosa Borges propõe uma hipótese conciliadora, admitindo que o AP ora age diretamente sobre a matéria ora se utiliza de um intermediário energético.

Sob o enfoque da teoria holotrópica não há sentido em se falar de telergia já que o processo ocorre através de uma interação ι e não ε. E é por este motivo que nunca se detectou a presença de partículas correspondentes, simplesmente porque estas não existem. Assim, a hipótese da psicocinesia é a única coerente com a teoria em questão.

O conceito de Psikapa confunde-se então com o de psicocinesia, sendo esta compreendida como um fenômeno psicobiofísico que se expressa na forma de uma cinética extrínseca.

A psicocinesia, a nível macroscópico, pode apresentar-se na forma de fenômenos físicos, químicos ou biológicos.

Físicos: Telecinesia, metafanismo, toribismo, fotogênese estrita.

Químicos: Parapirogenia, transmutação.

Biológicos: Dermografismo, estigmatização, curas por meios paranormais.

Esses fenômenos constituem alguns exemplos de cada grupo.

Vemos, por exemplo, que a telecinesia pode ser compreendida como uma manifestação macroscópica da psicocinesia, em que o efeito resultante é o movimento.

Analisemos por exemplo a Dobragem Psicocinética de Metais (DPM), mais conhecido como efeito Geller. Horta Santos (15) propõe que haja uma diminuição da densidade da nuvem eletrônica, promovendo o amolecimento do metal. Em termos da teoria presente podemos interpretar que o bloqueio da função τ tau) possibilita a explicitação do “link” mente-mundo físico através das seguintes etapas:

! – Conexão mente-lépton, especificamente elétron da nuvem eletrônica do metal, e o seu consequente deslocamento para um estado quântico de baixa probabilidade. Isto equivale ao regresso de grande número de elétrons de energia mais baixas, correspondendo a última camada.

  • – Ocorre o amolecimento do metal devido a diminuição da capacidade coesiva das ligações metálicas, decorrente da rarefação da nuvem eletrônica.
  • – Deformação plástica devido a:
  1. Ação de forças mecânicas (peso, tensões, etc.)
  2. Explicitação do “link” mente-bárions (psicocinesia hadrônica)

4 –       Retorno do metal à consistência original, conservando a nova forma.

Temos então dois momentos de explicitação do “link“:

Io Mente-lépton (elétron da nuvem eletrônica).

2 ° Mente-bárion (nêutron, próton).

Por outro lado, se analisarmos o modelo da bioluminescência devido a substâncias orgânicas fosforescentes ou fluorescentes para a descrição da fotogênese, verificamos que ele não é compatível com a fotogênese ambiental, sendo necessário a formulação de uma teoria mais abrangente. O Modelo holotrópico vem suprir esta necessidade.

Quando um elétron salta (se desloca) de uma camada de maior energia para outra de menor energia emite um quantum de radiação eletromagnética. Se estas camadas são exteriores, a emissão será de natureza óptica. Na fotogênese tudo se passa como se a inibição da função τ (tau) permitisse a interação mente-elétron do átomo, com o seu conseqüente deslocamento para uma camada mais externa (de maior energia), o fenômeno psicobiofísico ocorre tão somente neste instante. Posteriormente, este elétron retorna ao estado fundamental, com a conseqüente emissão de um quantum de energia (comumente na forma de luz), processando-se assim o fenômeno da fotogênese. (16)

O conceito de inconsciente coletivo de Jung encontra embasamento na teoria holográfica, haja vista que se todas as coisas do universo estão interligadas, então as consciências também estarão. A estas imagens que emergem no consciente individual Jung denominou de arquétipos.

Se temos acesso ao conhecimento inconsciente da espécie humana, por que este conteúdo não vem a tona completamente, fazendo-nos oniscientes? O modelo holográfico seria então isomorfo à hipótese da panpsi?

O psicólogo Robert M. Anderson Jr, do Instituto Politécnico Rensselaer, em Troy, Nova York, nos fornece subsídios para respondermos a estas questões. Parece que “…somos capazes de penetrar a informação apenas na ordem implícita que é diretamente relevante para nossa memória. Anderson chama este processo seletivo de ressonância pessoal e o compara com o fato de que um diapasão vibrador ressoará com (ou estabelecerá uma vibração em) outro diapasão só se o segundo diapasão tiver estrutura, forma e tamanho similares.”(18)

Afirma Anderson: “Devido à ressonância pessoal, relativamente poucas da quase infinita variedade de imagens na estrutura holográfica implícita do universo estão disponíveis à consciência pessoal do indivíduo.”(19)

O Transtorno da Múltipla Personalidade (TMP) bem como a personificação subjetiva (20) obtida na hipnose vão encontrar fundamento na teoria holográfica. “A TMP é uma síndrome bizarra na qual duas ou mais personalidades distintas habitam um único corpo…Ao se dividir em uma ou mais personalidades a psique é capaz de parcelar abertamente a dor; de certo modo, ter várias personalidades faz suportar o que seria demais para apenas uma personalidade.

…tornar-se uma múltipla pode ser o exemplo extremo do que Bohm quer dizer com fragmentação…quando a psique fragmenta a si mesma, não se torna uma reunião de cacos…mas uma reunião de totalidades menores, completas e auto-sustentadas, com suas próprias características, motivos e desejos. Embora estas totalidades não sejam cópias idênticas da personalidade original, estão relacionados com a dinâmica da personalidade original e isto em si sugere a possibilidade de algum tipo de processo holográfico.”21

Bohm afirma que a fragmentação sempre se apresenta destrutiva. Embora a fragmentação possibilite que a pessoa suporte certas pressões psicossociais, por outro lado produz efeitos adversos como depressão, medo, ansiedade.

Outrossim, o fenômeno paranormal pode expressar-se através de uma fragmentação da personalidade, como na personalidade secundária, reafirmando a estrutura holográfica da mente.

Outro conceito que traz subjacente a idéia da ordem implícita é o da Sincronicidade de Jung. (22) Entende-se como sincronicidade a coincidência significativa de dois eventos aparentemente sem quaisquer relações causai. Físicos como Wolfgang Pauli, Paul Devies e F. David Peat levam a sério a idéia da sincronicidade e a abordam com o instrumental do modelo holográfico. Para Bohm, a separação entre consciência e matéria; é uma ilusão. Se não ocorre separação a nível da ordem implícita, podem ocorrer vestígios desta conexão profunda, a nível da ordem explícita.

Desta forma Peat postula que “as sicronicidades são “falhas” no tecido da realidade, fissuras momentâneas que nos permitem um breve vislumbre da ordem imensa e unitária subjacente a tudo na natureza”.

“Dito de outra forma, Peat acha que as sincronicidades revelam a ausência de divisão entre o mundo físico e nossa realidade psicológica interior. Assim, a relativa escassez de experiências sincrônicas em nossa vida mostra não apenas o quanto fragmentamos a nós próprios a partir do campo geral de consciência. (23)

A projeção da consciência, fenômeno pelo qual o indivíduo refere ter o seu centro de consciência deslocado do corpo físico, pode ser interpretado pelo modelo holográfico como um desvio do cerne da estrutura perceptual, haja vista que a nível de ordem implícita todas as coisas encontram-se conectadas. Em verdade a mente não se projeta, mas apenas transfere o seu foco de apreensão da ordem explícita para um outro ponto do espaço-tempo.

  1. EFEITOS PSICOBIOFÍSICOS

Podemos definir como efeito, todo resultado que se destaque dentro de um contexto fenomenológico. Como exemplo podemos citar o efeito Joule (como conseqüência das colisões entre os portadores de carga em movimentos e as partículas dos condutores, a passagem da corrente elétrica eleva a temperatura desses condutores) e o efeito fotoelétrico (No interior de um tubo de vidro introduz-se dois eletrodos, o fotocatodo e o outro com a forma de uma placa metálica perfurada. Quando se produz uma diferença de potencial de alguns volts entre os eletrodos e a luz ultravioleta passa através do segundo eletrodo perfurado e incide sobre a superfície interna do fotocatodo, é observado um fluxo de corrente através do tubo).

No campo dos fenômenos psicobiofísicos a experiência tem demonstrado a existência de alguns efeitos, abaixo, e que iremos abordar sob o prisma do Modelo Holotrópico. Temos assim.

1 – Efeito Declínio: É a queda progressiva dos resultados positivos, após fenômeno ter atingido um platô elevado de sucesso.

Para a consecução do fenômeno psicobiofísico, como já comentamos, faz-se necessário o bloqueio da função inibidora ρ (com produção de psigama) ou da função inibidora τ (com produção de Psikapa). Para tanto é preciso manter um tônus psíquico, que tende a declinar devido a dispersão de seu potencial e consequentemente haverá um declínio de seu afeito.

2 Efeito Deslocamento (Efeito Carington): Descoberto por Whately Carington nos seus experimentos com desenhos, constatando que o acerto pode

Ocorrer em relação à carta anterior ou posterior e não apenas em relação à cada alvo. Compreendemos que este efeito é mais abrangente e podemos conceituá-la do seguinte modo: Consiste na percepção de eventos (psíquicos ou físicos) desviados das coordenadas espaço-temporais almejadas.

Entendemos, desta maneira, que há três tipos de efeito deslocamento.

  1. i) Temporal: Quando a trajetória experiencial se desvia apenas temporalmente do objetivo alvo. Há dois subtipos:
  2. Positivo: Quando alcançamos eventos posteriores ao objeto alvo. É a precognição. (25)
  3.  b) Negativo: Quando alcançamos eventos anteriores ao objeto alvo. É a retrocognição.

Quando o experimento alcança temporalmente o objeto alvo diz-se que há uma simulcognição.

  1. ii) Espacial: Quando a trajetória experiencial desvia-se apenas espacialmente do objeto alvo. Por exemplo, um telepata pode relatar eventos não referentes a pessoa alvo, mas a outro que lhe faz companhia.

iii) Espaço-Temporal: Quando a trajetória experiencial se desvia espacial e temporalmente do objeto alvo. Aproveitando o exemplo anterior, caso o telepata refira acontecimentos passado ou futuro do companheiro da pessoa alvo, terá um desvio espaço-temporal.

A dedução do Efeito Carington a partir do Modelo Holográfico não apresenta maiores dificuldades. Como vimos, a mente parece ser o moderador perceptual que imprime o espaço-tempo à substância e à informação.

Como o fenômeno psicobiofísico se processa através de uma interação iota, que se efetua a nível de ordem implícita, onde há completa conexão entre as coisas, não existindo intervalo espaço-temporal, é de se esperar que esse independa destas dimensões, podendo ser externado como um conteúdo deslocado no espaço e/ou tempo.

Efeito Preferencial (Efeito Scheneidler):  Observado pela Dra.Gertrude Schneidler que dividiu os pacientes em dois grupos: O das “cabras”, pessoas que não acreditam na percepção estra-sensorial, e o dos “carneiros”, que acreditavam. O segundo grupo apresentou um número de sucessos superior ao primeiro grupo. Genericamente podemos conceituar o Efeito Schneidler do seguinte modo: A mente humana tende a incrementar ou inibir os processos que sejam, respectivamente, relevantes ou indesejáveis para a psique. Isto tem haver com o processo seletivo de ressonância pessoal, mencionado anteriormente, consistindo   num   bloqueio   ou   estimulação   das   funções   psíquicas inibidoras. É importante destacar que pesquisas posteriores apresentaram resultados opostos, neutros ou idênticos ao da Dra. Schneidler, não interferindo isto com a hipótese em apreço, haja vista este fato dever-se possivelmente a outras variáveis não controladas.

4 EfeitoTransformativo: Constatado por nós no ano de 1989 e que consiste no seguinte: As imagens perceptuais da mente são transformadas do objeto percebido. Para que este processo ocorra a mente utiliza o efeituador transformativo que apresenta um componente geral e um específico. Esse é comum a todas as mentes, elaborando sintática (forma) e semanticamente (conteúdo) o material percebido, resultando respectivamente nos arquétipos e nas transformações topológicas.

Como conciliar o aspecto sintático do efeituador transformativo com a constatação, feita anteriormente, que a mente “capta” informação de natureza semântica e sintática.

Alhures, verificamos que: “Determinada forma, no seu trajeto do objeto de percepção até à mente, bem como, sua elaboração intrínseca por esta, parece sofrer um desvio estrutural que preserva as propriedades topológicas como conexão e compacidade e altera outras como a distância.

Supondo que os fenômenos de Psi-gama ocorrem como homeomorfísmo entre espaços topológicos, figuras topologicamente idênticas poderiam ser percebidas como a mesma figura, resultando em erro na avaliação estatística.

Especificamente temos que as cinco figuras do baralho Zener, numa abordagem topológica, são apenas três: o círculo é idêntico ao quadrado e a cruz é idêntica à estrela. Assim, experimentos considerados como de baixo índice de acertos, poderão ter, na realidade, um alto índice de êxitos.

Para evitar este erro, propomos um baralho constituído por figuras topologicamente distintas, como por exemplo, onda, cruz, coroa circular (circulo), interrogação e o símbolo do infinito ou o número oito” i26)

A questão em apreço poderá ser respondida da seguinte maneira: A informação apreendida é de natureza semântica submetendo-se a alterações do efeituador transformativo, recebendo posteriormente a roupagem sintática do sistema de sinais da mente, situada na extremidade induzida. Este sistema de sinais corresponde, mas não, obrigatoriamente, equivale ao existente na mente situada na extremidade indutora. Verificamos, assim, que a transformação topológica percebida na forma não é direta, mas conseqüência da elaboração semântica da informação.

O componente específico do efeituador transformativo é particular para cada projeção holográfica, conseqüência de suas experiências externas e internas. Apresenta também um aspecto semântico (tendência para apreender melhor determinados conteúdos, ressonante com a memória e perfil psíquico do agente) e um aspecto sintático (preferência por determinada forma ou imagem).

Além da estrutura arquetípica, o espaço e o tempo são elementos do aspecto semântico do componente geral do efeituador transformativo.

Em suma temos:

  1. Componente Geral
    • Aspecto Sintático – Topologia

(forma)

  • Aspecto Semântico

(conteúdo)

1.2.1 Arquétipos

1.2.2. Espaço

1.2.3. Tempo

  1. Componente Específico

2.1. Aspecto Sintático

2.2. Aspecto Semântico

O desvio da forma no processo psigâmico produzirá uma menor ou maior deformação da imagem alvo. Pretendemos obter uma representação a mais fiel possível da imagem a ser apreendida. Na prática o Agente Psi confiável tem um mínimo de erro, ou mesmo nenhum.

5 – Efeito Rontgen: Proposto por nós quando do estudo da fotogênese e consiste em que: Na presença de um APC potente, com produção de um fenômeno psicobiofísico de cinética extrínseca, poderá ocorrer a emissão de raios X local. Esta assertiva além de ser um efeito é também uma previsão do modelo, haja vista que na fotogênese a ação psicocinética geradora do salto quântico poderá se processar nas primeiras camadas, o retorno deste elétron à camada inicial promoverá a emissão de raios X, sendo necessário para isso um maior dispêndio de energia. Comumente o processo ocorre nas camadas mais externas, com produção de luz, por apresentar uma menor resistência a sua consecução. Propomos que se utilize os meios apropriados para a detecção destes raios quando em presença de um APC produzindo um fenômeno de psikapa.

 

6 – Efeito Myers (Latência Psigâmica): O Prof. Valter da Rosa Borges fez o seguinte comentário sobre a decodificação psigâmica: “O conhecimento paranormal só se explicita quando a informação psigâmica alcançando o inconsciente do Agente Psi, se transfere para o nível consciente. Essa passagem de informação psigâmica pode ocorrer instantaneamente ou sofrer retardamento por bloqueios psicológicos os mais diversos. A permanência da informação psigâmica a nível inconsciente foi denominada por Myers de latência telepática e ele teorizou, arbitrariamente, a sua duração máxima em 17 horas. Preferimos adotar a expressão latência psigâmica, visto que a informação retida no inconsciente do Agente Psi pode ter sido captada também por clarividência e não apenas por telepatia. Por outro lado, entendemos que a permanência da informação psigâmica no inconsciente é de duração indeterminada como acontece com qualquer impressão mnemônica. Por conseguinte, a passagem da informação psigâmica do inconsciente para o consciente não só pode ocorrer instantaneamente como demorar horas, dias, meses ou anos. (27)

De uma maneira geral podemos conceituar efeito Myers do seguinte modo: O conteúdo psigâmico que alcançou o nível inconsciente de uma projeção holográfica necessita de um intervalo de tempo Δt para ser transferido ao nível consciente (cinética intrínseca, com produção de um fenômeno de Psi-gama) ou converter-se em ação (cinética extrínseca, com produção de um fenômeno de Psi-kapa). Essa transferência ocorre sob a ação do efeituador transformativo, podendo muitas vezes se expressar de forma simbólica, tanto em estado de vigília como em estado onírico.

Quando Δt se aproxima de zero não se detecta na prática este efeito.

8 COMENTÁRIOS DAS CRÍTICAS AO MODELO

Quando apresentamos este modelo à comunidade parapsicológica, no ano de 1996, houve críticas e elogios, estes em maior número do que aqueles. Preocupamo-nos em analisar com profundidade os argumentos levantados contra esta teoria parapsicológica geral e constatamos que consistem basicamente no seguinte:

1 – Postura preconceituosa, decorrente da inércia intelectual, típica do dogmatismo religioso com roupagem cientificista.

2 – Questionamento sobre a irrefutabilidade do modelo e como consequência sua exclusão do campo da ciência, segundo os critérios popperianos.

Em relação ao primeiro item não nos preocupamos com ele, deixando que por si próprio se extinga e se perca nas teias de sua pseudoargumentação.

O segundo argumento é merecedor de uma reflexão mais acurada. Esta deve iniciar-se com a busca de respostas as seguintes indagações: Quando uma teoria pode ser classificada como científica? Como diferenciar a ciência da pseudociência?

Karl R. Popper traçou sobre o tema as seguintes considerações:

  1. – É fácil obter confirmações ou verificações para quase toda teoria, desde que as procuremos.
  2. As confirmações só devem ser consideradas se resultarem de predições arriscadas; isto é, se, não esclarecidos pela teoria em questão, esperarmos um acontecimento incompatível com a teoria e que a teoria e que a teria refutado.
  3. Toda teoria científica “boa” é uma proibição: ela proíbe certas coisas de acontecer. Quanto mais uma teoria proíbe, melhor ela é.
  4. A teoria que não for refutada por qualquer acontecimento concebível não é científica. A irrefutabilidade não é   uma   virtude, como frequentemente se pensa, mas um vício.
  5. Todo teste genuíno de uma teoria é uma tentativa de refutá-la.
  6. A possibilidade de testar uma teoria implica igual possibilidade de demonstrar que é falsa. Há, porém, diferentes graus na capacidade de se testar uma teoria: Algumas são mais “testáveis”, mas expostas à
    refutação do que outras, ocorrem, por assim dizer, maiores riscos.
  7. A evidência confirmada não deve ser considerada se não resultar de um teste genuíno da teoria.
  8. Algumas teorias genuinamente “testáveis”, quando se revelam falsas, continuam a ser sustentadas por admiradores, que introduzem, por
    exemplo, alguma suposição auxiliar ad hoc, ou reinterpretam a teoria
    ad hoc de tal maneira que ela escapa a refutação. Tal procedimento é
    sempre possível, mas sobra a teoria da refutação apenas ao preço de
    destruir (ou pelo menos aviltar) seu padrão científico.

Em síntese o critério de cientificidade de Popper é a REFUTABILIDADE. Lakatos^9* observa que para uma teoria ser científica não pode conter nenhum dado incorrigível. Logo:

  1. pode conter entre seus postulados uma ou outra premissa irrefutável ou mesmo princípios metafísicos irrefutáveis
  2. todos esses juízos irrefutáveis deveriam ser, de um lado, confirmáveis, de outro, escorados pela massa de conhecimento.
  3. c) todas as premissas restantes deveriam ser refutáveis ou indicadas pela evidência, por intermédio da interposição de hipóteses protetoras, ou empiricamente verificáveis.

Analisando estas considerações teremos que:

1-0 item 3 das ponderações de Popper, referida anteriormente, encontra-se plenamente contemplado na teoria Parapsicológica Geral, visto que:

  • – O modelo proíbe que haja transmissão sintática através de processo psigâmico.
  • – A Teoria Parapsicológica Geral (TPG) também proíbe que haja um desbloqueio completo da função ρ (rô) e ou τ (tau) e consequentemente não haverá tomada de conhecimento universal. O conteúdo expresso estará sempre em conformação com a ressonância pessoal. Semelhante ao processo de fecundação no qual, após a penetração do ovócito secundário pelo espermatozoide, esse torna-se praticamente impermeável a penetração de outro gameta masculino. Na tomada de conhecimento por meios paranormais uma vez um conjunto de conteúdos ter sido conscientizado por uma mente, forma-se um estado de “reação zonal” que bloqueia temporariamente o acesso de novos conteúdos àquele nível mental, ou seja, há uma limitação qualitativa.
    Conseqüentemente não tem sentido a crítica de que a TPG equivale ao registro acáshico dos esotéricos.

2 – A assertiva de que a TPG é irrefutável também não tem fundamento. Lembremos, que para a Teoria da Relatividade de Einstein o limite da velocidade de propagação das interações é de aproximadamente 300.000 Km/s; assim, a transmissão de um conteúdo entre a Terra e Marte, no período mais favorável (5,5.IO7 Km) é no mínimo aproximadamente 3 minutos e 3,3 segundos. Pela TPG em evento telepático entre dois indivíduos é instantâneo se a latência telepática for nula. Propomos assim o seguinte experimento:

  1. Pôr em Marte um indivíduo A que se prepara para transmitir
    mentalmente determinado conteúdo, escolhido no momento, devidamente registrado.
  2. Na Terra um Agente Psi Confiável (APC) potente, indivíduo
    B, situa-se em um estado “receptivo” para apreender o conteúdo psíquico de A, sincronizados previamente.
  3. Pela TPG, se o indivíduo B apresentar uma latência telepática que tende a zero, a transmissão da informação se dará em um período de tempo próximo a zero e consequentemente inferior aos 3 minutos e 3,3 segundos.
  4. d) Isto verificado só restarão duas opções:

d.l) A teoria da Relatividade de Einstein está errada e consequentemente não há limite para a velocidade de transmissão de um sinal.

d.2) A teoria da Relatividade está correta, não havendo em verdade transmissão de sinal, mas conexão a um nível mais profundo da realidade. Optamos por esta alternativa.

Em contrapartida, recordemos duas teses importantes de Thomas

  • – Não há observações objetivas, neutras com respeito as teorias.
  • – Não existe uma linguagem científica comum.

Afirma ainda que as concepções correntes do passado não eram menos científicas do que as atuais.

“Se essas crenças obsoletas devem ser chamadas de mitos, então os mitos podem ser produzidos pelos mesmos tipos de métodos e mantidos pelas mesmas razões que hoje conduzem ao conhecimento científico. Se, por outro lado, elas devem ser chamadas de ciência, então a ciência inclui conjuntos de crenças totalmente incompatíveis com as que hoje mantemos. Teorias obsoletas não são acientíficas em princípio, simplesmente porque foram descartadas.”(31)

“Se, como já argumentamos, não pode haver nenhum sistema de linguagem ou de conceitos que seja científica ou empiricamente neutro, então a construção de testes e teorias alternativas deverá derivar-se de alguma tradição baseada em um paradigma..Conseqüentemente, as teorias probabilísticas dissimulam a situação de verificação tanto quanto a iluminaram…Se todo e qualquer fracasso na tentativa de adaptar teorias e dados fosse motivo para a rejeição de teorias, todas deveriam ser sempre refutadas. Por outro lado, se somente um grande fracasso da tentativa de adequação justifica a rejeição de uma teoria, então os seguidores de Popper necessitam de algum critério de “improbabilidade” ou de “grau de falsificações”…Tem pouco sentido sugerir que a verificação consiste em estabelecer o acordo de fato com a teoria.”*32*

Assim, embora a TPG seja proibitiva e refutável como demonstramos, não é necessário que assim ocorra para que o modelo seja científico, conforme a argumentação Kuhniana.

9- CONCLUSÃO

Do que foi abordado, podemos inferir que:

1 – Os dois componentes básicos na nossa proposta axiomática são a substância e a informação.

2- A mente, inscrita neste contexto, é a estrutura perceptual da realidade, imprimindo a esta o espaço-tempo.

3   – Devido às modificações impostas pela mente, a realidade pode ser compreendida a dois níveis:

  1. a) Ordem implícita – Realidade mais profunda, em que todas as coisas estão conectadas.
  2. b) Ordem explícita – Na qual os entes estão separados pelo espaço-tempo.

4 – Há dois tipos de interação:

  1. i) épsilon: Se efetua através do espaço-tempo. É carreado por um sinal.
  2. ii) iota: Se efetua através da conexão universal.
  • – Os fenômenos psicobiofisicos podem ser definidos como uma interação iota que apresenta a mente em ao menos uma de suas extremidades.
  • – Parece haver duas funções mentais que bloqueiam o “link” mente-mundo, sendo uma função bloqueadora dos processos aferentes paranormais [a função ρ (rô)] e outra função bloqueadora das ações da
    mesma natureza [(a função τ (tau)].
  • – Ocorrerá criptomnésia quando o conteúdo manifesto do fenômeno paranormal não for detectável em uma projeção holográfica, vindo diretamente do substrato matriz.
  • – A mente parece agir diretamente sobre o mundo físico (psicocinesia) e não fazendo uso de um componente intermediário (telergia).

9-O Modelo Holográfico é distinto da panpsi porque nesse apreendemos apenas a informação da ordem implícita diretamente relevante para o percipiente, através de um processo seletivo de ressonância pessoal.

10 – A TPG é proibitiva e refutável, embora não necessite que isto ocorra para ser científico conforme critérios Kuhnianos.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

  • LIARD, L. Lógica. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979. p. 77
  • LINS, Ronaldo Dantas. Curas por meios Paranormais – Realidade ou Fantasia? Recife: IPPP, 1995. 58
  • OLIVEIRA, Américo Barbosa de. A Unidade Esquecida Homem-Universo. Espaço. Rio de Janeiro: Tempo, 1989. pp. 145s
  • TINOCO, Carlos Alberto. Parapsicologia e Ciência – Biblioteca Parapsicologia Vol. 16. São Paulo: IBRASA, 1993 . p. 142

(5) TINOCO,…, Parapsicologia…, op. cit, p. 144

(6) TALBOT, Michael. O Universo Holográfico. São Paulo: Editora Best Seller, 1992. pp. 65-66.

(7)B0HM, David. Hidden Variables and the Implicata Order (Variáveis Ocultas e a Ordem Implícita), in Quantum Implications (Implicações Quânticas). Londres: Editora Basil J. Hiley e F. David Peat (Londres. Routledge & Kegan Paul, 1987).

  • SARTI, Geraldo dos Santos. Tópicos Avançados em Parapsicologia. Rio de Janeiro: EGUSA, 1987. pp. 24s.
  • SARTI,…; Psicons – do Real ao Imaginário. ABRAP. Rio de Janeiro, 1991. pp.40s
  • SARTI,…; Psicons…, op. cit, pp 16s
  • SARTI,…; Tópicos…, op. cit, pp 246s
  • LINS,…; Curas por Meios…, op. cit., pp. 71-73
  • BORGES, Valter da Rosa. Manual de Parapsicologia. IPPP. Recife, 1992. pp.21s
  • BORGES,…; Manual…, op. cit., pp. 98s
  • SANTOS, J. J. Horta. Ponte Mente-Matéria na Dobragem Psicocinética de Metaiis (Conexão Informacional-Quântica no PKMB), tese apresentada no XIII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia. Recife: IPPP, 1995.

(16) LINS,…;   A   Fotogênese   sob   o   Enfoque   da   Teoria   Quântica.   Anuário   de Parapsicologia. Recife: IPPP, 1996.

(17) LYRA, Alberto. Parapsicologia e Inconsciente Coletivo. São Paulo: Pensamento, 1975. pp. 59-63

  • TALBOT,…; Universo…, op. cit., p. 85
  • ANDERSON JÚNIOR, Robert M. A Holographic Model of Transpersonal Consciousness (Um Modelo Holográfico da Consciência Transpessoal), Journal of Transpersonal 9, no 2 (1977), p. 126.
  • BORGES, Márcia Rosa. Personificação – Uma Forma de Expressão do Fenômeno Paranormal. Recife: ASPEP/IPPP, 1995. pp. 34-45
  • TALBOT,…; Universo…, op. cit., pp. 100-101
  • VON FRANZ, Marie-Louise. Adivinhação e Sincronicidade. São Paulo: Cultrix, 1991.
  • TALBOT,…; Universo…, op. cit. p. 106
  • EISBERG, Roberto Martin. Fundamentos da Física Moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1979. p. 67
  • LIMA, Terezinha Acioli Lins de. Precognição – Incidência Maior Através do Sonho. Recife: ASPEP/IPPP, 1995.
  • LINS, …; Interpretação Topológica do Desvio da Forma no Processo Psigâmico. Tese apresentada no VII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia. Recife: IPPP, 1989.
  • BORGES,…; .., op. cit. pp. 66-67

(28) POPPER, Karl R. Conjecturas e Refutações. Brasília: Editora Universidade de Brasília. Brasília, 1972. p. 66

(29) LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. São Paulo: Editora Atlas, 1983. p. 115

  • STEGMÜLLER, Wolfgang. Estrutura y Dinâmica de Teorias. Barcelona Espanha: Editora Ariel, 1983. pp. 220-221
  • KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Editora Perspectiva, 1996. p. 21

(32) KUHN….: A Estrutura…. op cit   nn 1R5-1R7

 

(*) Trabalho apresentado no I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia, realizado, em 1997, no Recife, Pernambuco.

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