Experimento Fracassado (*)

Valter Rosa Borges

Em 1891, Frederic Myers deixou em poder de Oliver Lodge uma carta lacrada para ser aberta após a sua morte, com o propósito de se fazer um teste comprobatório de sobrevivência.

Com a morte de Myers, em 1901, o seu espírito, três anos após, ou seja, em 1904, ditou o conteúdo da carta para a médium Sra. Verrall. Uma. vez aberta a carta, verificou-se que a mensagem deixada por Myers, quando vivo, não conferia com a que fora transmitida por ele na condição de espírito”.

Porque a médium não obteve êxito nessa experiência, os adversários da hipótese da sobrevivência rejubilaram-se com o fato, afirmando que o fracasso do teste era uma prova contundente da impossibilidade da continuidade da consciência post mortem.

Se ocorresse, porém, o contrário, seriam os defensores da sobrevivência que exultariam com o fato, afirmando estar comprovada a sua hipótese.

Acontece, não obstante, que este tipo de experimento nada prova em favor da sobrevivência ou contra ela.

O teste imaginado por Myers se mostrou insuficiente para fazer esse tipo de prova.

Se a Sra. Verrall tivesse logrado êxito neste experimento, tal fato não provaria a sobrevivência de Myers, pois a médium poderia, por clarividência, ter-se informado do conteúdo da car­ta lacrada.

Diz-se que o notável mé­dium Ochorowicz jamais se equivocou neste tipo de experimento, conseguindo ver, quase sempre com exatidão o que estava contido em envelopes fe­chados.

Ora, se a sra. Verrall, dizendo-se sob a “influência” do “espiri­to” de Myers, pudesse ler o conteúdo na carta lacrada que fora confiada a Oliver Lodge» o fato seria explicado pelo fenômeno da clarividência.

Cartas lacradas, códigos secretos ou quaisquer procedimentos idênticos não constituem experimento crucial para a hipótese da sobrevivência, visto que tais segredos pedem ser desvendados pela faculdade de psi-gama de um bom médium, quer per telepatia, ou quer por clarividência.

Toda vez, portanto, que um fenômeno paranormal puder ser explicável pela própria capacidade da mente hu­mana, a hipótese da sobrevivência deverá ser sumariamente descartada.

(*) Publicado no Boletim Psi de abril de 1985, do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP.

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