Valter da Rosa Borges narra este caso acontecido durante uma sessão do Tribunal de Justiça de Pernambuco:
“Em outubro de 1973, fui convidado a ir ao gabinete do Presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Desembargador João Baptista Guerra Barreto, que desejava falar-me a respeito de um estranho fenômeno que ocorrera naquele Tribunal. Contou-me que, em sessão de uma das Câmaras Cíveis, o voto do Desembargador Pedro Malta, depois de gravado e taquigrafado, foi levado para ser conferido e datilografado. Qual não foi a surpresa da datilógrafa, quando ao conferir as notas taquigráficas com a gravação da fita cassete, ouviu, após alguns minutos da fala de Pedro Malta, uma voz estranha dizendo coisas incompreensíveis. Aquele fato causou perplexidade entre funcionários, juízes e desembargadores e, de logo, se pensou tratar-se de um fenômeno sobrenatural.
Guerra Barreto, inicialmente, mandou investigar a fita por poliglotas que ele conhecia, a fim de descobrir se se tratava realmente de algum idioma. Como não obteve êxito nessa tentativa, resolveu pedir a minha ajuda para investigar o fenômeno, e disse-me que, para isso, providenciaria uma cópia da gravação. Solicitei-lhe que me fornecesse a gravação original, o que ele o fez sem qualquer objeção.
Levei a fita cassete para a minha residência e, de logo, telefonei para João Alves de Andrade, técnico em eletrônica e funcionário da TV Universitária Canal 11. Depois de relatar-lhe o acontecido, Andrade asseverou-me que sabia do que se tratava e, horas depois, chegava ao meu apartamento para examinar a fita. Antes, porém, explicou-me que, seguramente, a fita, por ocasião da gravação, havia dobrado dentro do cassete. Abriu, então, o dispositivo e, de imediato, encontrou o local onde a fita havia dobrado. Colocamos o cassete no gravador e ouvimos a gravação até o fim. A fala de Pedro Malta reapareceu na sua integridade e a voz misteriosa, falando um idioma desconhecido, não mais se reproduziu. Devolvi o cassete a Guerra Barreto e expliquei-lhe a causa do fenômeno, esclarecendo que, se ele tivesse me fornecido a cópia da gravação e não o original, aquele “mistério” jamais seria resolvido.”