O poltergeist do Edifício Paris

O Jornal do Commercio

29 de dezembro de 1985

 

MISTÉRIO EM EDIFÍCIO ATRAI ATÉ EXORCISTA

Os moradores do Edifício Paris, na av. Cruz Cabugá, bairro de Santo Amaro, viveram ontem, um dia de tensão e ex­pectativa, quando deze­nas de vidros de remé­dio começaram a estou­rar dentro do apt° 301 e ao redor do prédio. As pessoas apenas viram e constataram o fenô­meno, mas não souberam explicá-lo, nem tampou­co conhecem a proce­dência dos vidros.

Pensando que fosse alguma pessoa jogando frascos e garrafas de ci­ma do edifício de 11 andares, os moradores cha­maram a Polícia que ter minou não encontrando ninguém fazendo desor­dens. Os policiais ficaram surpresos com o fa­to, pois quando estavam dentro do apt° 301 onde o barulho era maior vários vidros se quebra­vam junto aos seus pés. Eles terminaram indo embora sem nada resol­ver.

A partir daí os mo­radores chamaram o pa­dre Guedes, da igreja da Piedade, que fez ora­ções e jogou água benta nos cômodos do apt° 301. Mesmo assim, os vidros continuavam apa­recendo e se quebrando dentro e fora do aparta­mento. Sem acreditar no que acontecia, o sa­cerdote disse depois que não tinha visto nada, embora os vidros esti­vessem caindo junto de­le e espatifando-se ao seu lado.

Com o movimento de moradores aumen­tando nos corredores do prédio, a dona do apartamento, conhecida apenas por Antônia, 73 anos, fechou a porta e não consentiu que mais ninguém entrasse. Ela, que ficou com outras seis pessoas da família trancadas, pediu para os porteiros e os adminis­tradores não deixarem que nenhum repórter fosse para o 3º andar, ficando várias equipes de reportagem no térreo do edifício.

A essa altura, a re­portagem da sucursal de “O Globo” no Recife es­tava no apartamento vi­zinho (303) e pôde ouvir o quebra-quebra de vidros dentro do apar­tamento e, de vez em quando, fora dele. De­pois de ficar quase três horas sem sair ninguém do 301, o morador Ma­noel Borges desceu es­condido e correndo pela escada.

Já no térreo, Manoel que vestia camisa bran­ca e calça azul, foi abordado pelos repórteres que notaram a sua saída do apartamento e o acompanharam pela escada. Ele não falou nada, estava chorando e acenou para quatro pes­soas que estavam na portaria. Mesmo assim, os vidros continuavam se quebrando.

A médica Léa Correia, presidente do Sindicato da classe em Pernambu­co e amiga dos morado­res do apto 301, levou um parapsicólogo para analisar e conversar com a família de dona Antônia. Ela fez tudo em si­gilo, mas mesmo sem querer dizer o nome do parapsicólogo, aceitou ser entrevistada.

Ela disse que levou um parapsicólogo porque só ele poderia explicar o fenômeno e os mora­dores do 301 estavam apavorados sem entender nada. Informou que há quase dois meses uma filha adotiva de dona Antônia morreu atro­pelada e tinha apenas três anos, tendo o fato deixado a família bas­tante traumatizada.

— Não acredito em nada de espiritismo. Sei que a força da men­te é muito grande e ca­pas: de fazer coisas inexplicáveis. O cérebro tem muita força, disse a médica, acrescentando que tudo estava tranquilo àquela altura.

Por fim, a espírita Maria de Nazaré Socorro chegou a portaria do edifício Paris com um Evangelho na mão, mas ao contactar com os moradores do aparta­mento, eles não aceitaram a aproximação da integrante do núcleo espírita Centelha de Jesus.

Maria Nazaré disse que esse fenômeno se trata de espiritismo e pode ser resolvido com facilidade, porque — se­gundo ela — os espíri­tos se “apossam’’ das pessoas que têm atra­ção por eles.

— Eu sozinha não re­solvo, mas se quiserem trago alguns irmãos pa­ra fazermos um traba­lho e resolvermos o pro­blema. Parapsicólogos ou padres não resolvem isso de jeito algum — acrescentou ela — que terminou indo embo­ra, informando que os vidros voltariam a se quebrar a qualquer mo­mento.

Até às 16h, ainda se ouviu o barulho de al­guns vidros se quebran­do dentro do apt9 301, sendo que um deles caiu na parte de trás do edi­fício e tinha o rótulo do remédio Eritrex.

 

Jornal do Commercio

27 de dezembro de 1985

 

Nilo Pereira

 

Assombração

 

Noticiam os jornais que há assombrações num certo edifício, à avenida Cruz Cabugá.
Vidros quebrados, garrafas pelo ar numa dança macabra, objetos jogados à grande dis­tância. Não faltou a bênção do apartamen­to, onde os fenômenos ocorrem.

Só havia uma solução: chamar um especialista para estudar o caso. O especia­lista só podia ser o Walter Rosa Borges cujo renome lhe é assegurado pelos livros publicados e pela experiência no ramo.

Logo o Walter classifica o fenômeno como Psicocinésia. Que quer dizer isso? A Psicocinésia Espontânea Recorrente __ tal como a chama o especialista _ é precisamen­te o que acontece no edifício Paris, centro de interesse científico de estudos ligados à matéria.

Antigamente, isso era mais simples. Cha­mava-se assombração. Fechava-se a casa mal-assombrada. E ninguém ousava enfrentar fantasmas. Mas tudo mudou. Falar em fantasmas é uma banalidade. É preciso que o fenômeno, à semelhança de certas doenças tenha um nome complicado.

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Os fantasmas, desde Shakespeare com os seus castelos mal afamados, vinham de fora. Hoje – pasme o leitor – estão lá dentro e são pessoas residentes no lugar da assombração. Tal a conclusão a que chegou o Walter Rosa Borges, cuja palavra autorizada não pode ser contestada

Que é uma garrafa estilhaçada? Uma vidraça feita em pedaços? Uma janela que se abre numa ventania descompassada? Tu, leitor, não te espantes mais de nada. É psicocinético o espetáculo. Morou?

A partir de agora, caros amigos, quan­do ocorrer uma assombração na sua casa, pergunte:

–  Quem é o fantasma aqui? Apareça.

Pois que você está falando com ele ou com ela. É a pessoa que possui uma força extraordinária, chamada telergia, e que, sem poder conter a propulsão psicológica, desanda em coisas inverossímeis.

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Está, portanto, tudo explicado. Mas, a mim, um ignorante de marca maior, restaria uma pergunta: esse “fantasma”, que está provocando tal balbúrdia, sempre morou nesse apartamento? Por que só agora, rebenta em fúria incontrolável?

Meus amigos e meus inimigos: o ano está terminando. Vamos varrer de nossas mentes todos os fantasmas.

Cada um de nós _ ou quase todos _ viveu já a sua visão ou abusão. Convém apurar quem tem essa força (telergia) capaz de acionar uma casa toda, deixando-a em polvorosa. Que horror, santo Deus!

 

 

 

Diário de Pernambuco

28 de dezembro de 1985

 

Parapsicólogo desvenda mistério em apartamento

 

É um fenômeno paranormal o que está ocorrendo no apartamento 301 do Edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá, onde vidros se espatifam e objetos são joga­dos de um lado para o outro sem intervenção de força hu­mana. A afirmação é do pa­rapsicólogo Válter Rosa Bor­ges, presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas e que investi­gou o fenômeno pessoal­mente por quatro horas no apartamento fechado, a cha­mado da família.

“Trata-se do que cha­mamos de Psicocinesia Es­pontânea Recorrente, cuja sigla em inglês é PRPK e é, às vezes, classificado errada­mente como Poltergeist” – afirma Rosa Borges, que pre­senciou a quebra de vidros e o estilhaçamento de uma garrafa.

Depois de reunir toda a família num local do aparta­mento para ter certeza de que todos os membros esta­vam sob sua observação, o parapsicólogo identificou o “epicentro” do fenômeno. Isto: as pessoas o provocam involuntariamente irra­diando energia – ou telergia, segundo o termo técnico da parapsicologia. São duas jo­vens as causadoras dos even­tos. Mas o parapsicólogo mantém reservas quanto aos nomes, alegando que a família está muito traumati­zada.

 

A FORÇA

 

Segundo Válter Rosa Borges a telergia tanto pode desaparecer espontanea­mente – do mesmo modo como apareceu – como per­manecer por algum tempo, ou tornar-se permanente.

“No interesse da ciên­cia, seria bom que permane­cesse, pois trata-se de fenô­meno raríssimo. Mas, no in­teresse da família, é evi­dente que é conveniente o seu desaparecimento – diz Válter Rosa Borges.

Alguns interpretam a Psicocinesia Espontânea Re­corrente como Poltergeist. Mas. no entender do parap­sicólogo, é errado, porque “Poltergeist quer dizer fan­tasma batedor, o que não é o caso”.

Na União Soviética – observa – estão sendo reali­zadas experiências no sen­tido de fazer o indivíduo controlar a energia espontâ­nea para torná-la perma­nente.

Esse tipo de psicocinesia ocorre em geral em jo­vens adolescentes em início de fase de menstruação, desa­parecendo depois. A pre­sença do parapsicólogo é ne­cessária para identificar nes­sas ocasiões, qual o epicen­tro, ou seja, a fonte irradia­dora de energia capaz de movimentar objetos.

 

NA CABUGÁ

 

Foi exatamente esse o papel desempenhado por Válter Rosa Borges no caso do apartamento do Edifício Paris. Uma médica amiga da família, ao tomar conheci­mento, do fenômeno, comunicou-se com o parap­sicólogo e o convidou a presenciá-lo.

– Quando cheguei – conta Rosa Borges – me cer­quei de toda cautela para sa­ber se tudo não poderia estar sendo causado por uma brin­cadeira de mau gosto ou algo assim. Reuni toda a família num só cômodo, de modo a que todos os outros ficassem vazios e todos estivessem sob as minhas vistas. Permaneci no local de 14h30m até às 18h30m e, então, por duas vezes, vi vidros se quebra­rem. Numa delas, em local afastado, uma garrafa se es­patifou completamente, como se alguém a tivesse jogado no chão com toda força. Passei, então, a tentar identificar o epicentro. E quando afastei determina­das pessoas, o fenômeno dei­xou de ocorrer. Com o tempo, fui ganhando certeza de que eram elas as fontes.

Observa, no entanto, que “com isso não quero di­zer que resolvi o problema”.

– Ele pode continuar, pode desaparecer. Ninguém sabe. Resta esperar”.

 

 

 

Reclamo

Nº 3

Janeiro de 1986

 

FANTASMAS

Walter da Rosa Borges tranquilizou a família afetada utilizando a parapsicologia
O pacato edifício Paris viu, no apartamento 301, fenômenos que lembram Poltergeist.


Caso do Paris era paranormal

Chegou-se a pensar em maus espíritos. Foram várias sessões de quebra misteriosa de vidros no edifício Paris, em Santo Amaro. Chamaram o padre da igrejinha da Piedade. Quem desvendou o mistério foi um parapsicólogo.

 

Eram 15 horas do dia de Na­tal (25.12.85), quando os mo­radores do edifício Paris, na avenida Cruz Cabugá, em Santo Amaro (próximo ao centro do Recife), notaram que algo estranho se passava no local. E que vidros de remédio e garrafas apareciam e estouravam por todos os lados do prédio, sobretudo, no apartamento, 301, onde a quebra a quebra desses objetos era extrema.

Espantada com o que acontecia, a dona do apartamento 301, conhecida apenas por “dona Toinha”, 73 anos, procurou os vizinhos do terceiro andar e perguntou o que eles poderiam fazer. A partir daí chamaram a polícia para olhar se algum desordeiro jogava objetos no prédio. Depois de remexer todo o local e não achar explicação para o caso, a polícia que viu muitos vidros se quebrarem à sua frente. “lavou as mãos” e foi embora.

Ao aumentar a intensidade do quebra-quebra, a família de dona Toinha, que, segundo os vizinhos, é católica e mui­to praticante, chamou o padre Guedes, da igreja da Pie­dade, no mesmo bairro. O pa­dre Guedes rezou e jogou água benta em vários locais “para espantar os maus espíritos”. A essa altura, grande parte dos moradores do edifício já havia visitado o apartamento e a área externa do prédio e constatado que se tratava de algum mistério.

Já perto da meia-noite, vendo que o problema não es­tava solucionado, os seis mo­radores do 301 deixaram o apartamento e foram dormir em outro, no sexto andar, onde mora a nutricionista Lúcia irmã de dona Toinha. Foi quando, segundo os moradores do 302 e do 303, o barulho parou e todos puderam dormir um pouco. Foi uma noite meio chata, porque não sabíamos o que poderia ocor­rer até as seis horas. Quem sa­be um vidro não poderia se quebrar no nosso corpo e cortar” — contou Maria Cris­tina, do 302

Quando os moradores acor­daram, na quinta-feira, tudo continuava calmo, até que a família de dona Toinha vol­tou ao 301 e a quebra de vi­dros recomeçou. Até aí a im­prensa não estava informada do caso, mas o radialista Samir Abou Hana, que mora no edifício Paris e tem um pro­grama na Rádio Globo pela manhã, divulgou a notícia e curiosos e repórteres dos mais diversos meios de comunica­ção foram para o local.

Os repórteres da Rádio Globo e do jornal O Globo foram dos primeiros a chegar e conseguiram se “refugiar” nos corredores do edifício pa­ra registrar o fenômeno. Ven­do que o prédio estava sendo totalmente ocupado por re­pórteres, a família de dona Toinha pediu aos porteiros e ao síndico que não permi­tissem mais a entrada de jor­nalistas e fizessem os que es­tavam nos corredores aban­donar a área, pois não queria nenhuma divulgação sobre a que estava acontecendo.

O padre foi chamado no novamente ao 301 e, trancado com os moradores do apar­tamento, que não recebiam mais ninguém, rezou outra vez, mas o quebra-quebra continuou. Ao deixar o local, o padre Guedes não quis dar entrevista e disse que não tinha visto nada, mesmo al­guns vidros aparecendo mis­teriosamente aos seus pés e se quebrando.

Vendo que o problema continuava, a presidente do Sindicato dos Médicos de Per­nambuco, Léa Correia, que é amiga dos moradores do 301, levou o parapsicólogo Walter da Rosa Borges para conver­sar com a família e conven­cê-la de que o fenômeno não tinha nenhuma relação com a morte da filha adotiva de do­na Toinha, ocorrida há dois meses. A menina, de três anos, foi atropelada na praia de Maria Farinha, em Paulis­ta, deixando sua família bas­tante traumatizada.

Enquanto o parapsicólogo conversava com os morado­res, um deles — Manoel Bor­ges — deixou o apartamento e desceu pela escada, sendo acompanhado por dois repór­teres. Manoel Borges, que ves­tia calça azul e camisa branca, não quis pronunciar uma só palavra, mas estava chorando e acenou para quatro pessoas que estavam na portaria do edifício.

Por volta das 15 horas espírita Maria Nazaré Rapo, que pertence ao Núcleo Espírita Centelha de Jesus, chega ao edifício para rezar e oferecer ajuda à família do 301 mas a sua colaboração não foi aceita. De acordo com ela problema que estava atingindo os moradores só seria solvido através do espiritismo o que contrariou a opinião Léa Correia, que achou se tratar de um problema causado por fatores parapsicológicos. Mesmo assim, a espírita disse ainda na portaria, que se for necessária a sua ajuda, poderiam procurá-la.

Depois de conversar por mais de quatro horas com família de dona Toinha. Walter da Rosa Borges deixou apartamento. O quebra-quebra parou após as 18 horas tudo voltou ao normal.

Segundo o parapsicólogo, a quebra de objetos é um fenômeno paranormal, causado pela liberação de uma energia do próprio organismo de um dos moradores do apartamento. Ele disse que o fenômeno se apresenta em várias modalidades, podendo também ser maléfico ou benéfico. No caso do apartamento, o fenômeno foi classificado como benéfico, por não ter causado maiores danos materiais.

“Esse fenômeno é classificado de psicocinesia espontânea recorrente e ocorre em pessoas no período da puberdade; apesar de ser normal não é muito comum. Na fase da puberdade, os jovens passam por uma profunda transformação hormonal e um desequilíbrio orgânico, mas geralmente pouco duradouro” explicou Walter da Rosa Borges.

Para ele, quando se localiza o epicentro (pessoa que está causando o problema) deve-se evitar fortes emoções. No caso do apartamento 301 do edifício Paris, o epicentro era uma menina de 12 anos, cujo nome ele não quis revelar mas garantiu que o mistério acabou e a família poderá ficar sossegada.

 

JORNAL BANDEPE

Maio, 1988 – Nº 83

 

JÁ NÃO SE FAZ ASSOMBRAÇÕES COMO ANTIGAMENTE

 

Texto de Gilson Oliveira

Quem tem medo de lobisomem ou papafigo?

 

Pelo menos nas cidades grandes, é bem provável que ninguém. Nem as crianças, cujos sustos e arrepios estão sintonizados, com exclusividade, nos monstros televisivos. Na verdade, pouco apavorantes, pois todo pirralho que se preza sabe a senha dos superpoderes: “Eu tenho a força!” Muitos meninos sequer ouviram falar naqueles seres de outro mundo – e tempo -, que se aproveitavam das sombras para sugar sangue no pescoço de moça bonita ou comer o fígado de criancinha rosada.

Os adultos, por sua vez, estão mais ligados nas assombrações do dia-a-dia, como a inflação, os assaltos e o fantasma de uma guerra nuclear. O próprio crescimento urbano se encarregou de espantar para lugares que talvez lhes parecessem mais sossegados (o mundo mal-assombrado de. onde saíram) os entes fantásticos que durante séculos fizeram do Recife uma das cidades mais ricas em histórias sobrenaturais em todo o mundo. Afinal, qual a mula-sem-cabeça que teria a ousadia de enfrentar o trânsito da avenida Conde da Boa Vista? Eram seres “sem-cabeça”, mas não tanto assim…

Embora não viva assom­brado por lobisomens, papafigos e outras figuras de­moníacas, o homem de hoje não deixou de sentir-se encantado por histórias relacionadas com esses seres. E não apenas com eles, se interessando cada vez mais – como que tomado por crescente e dialética ten­dência mística – por tudo que cheire a sobrenatural, como cartomancia, espiritismo e as­trologia. Até um dos símbolos do pragmatismo norte-americano, Ronald Reagan, não toma qualquer decisão importante sem antes fazer uma fezinha junto aos astrólogos, como de­monstrou o noticiário recente. Os europeus não ficam atrás, e Paris foi considerada, em estu­do realizado anos atrás, uma cidade onde o interesse pelo sobrenatural é uma coisa sobrenormal. A explicação dos sociólogos é o enjoo que as pessoas estão sentindo pelo racionalismo e a lógica que co­mandam as sociedades moder­nas.

Não faz muito tempo, o diabo esteve na moda, retirado das profundas do esquecimento pelo filme O Exorcista (há pou­cos dias reapresentado no Re­cife), baseado no romance ho­mônimo de William Peter Blatty. Para assisti-lo, as pessoas en­frentaram filas infernais, de tão longas, ou se submeteram à exploração dos cambistas, que, seja quem for o artista principal, sempre cobram um preço dos diabos. Mas valia a pena o sa­crifício: na saída do cinema, rostos de assustada alegria, as pessoas pareciam dizer umas às outras: “Quer apostar que minhas pernas tremeram mais que as suas?”

Por falar em perna, a car­reira do Exorcista no Recife não foi tão soberana como em ou­tros lugares. O seu reino foi di­vidido com um original e curioso personagem, criada pela imagi­nação e senso de humor per­nambucanos: a Perna Cabelu­da. Como o próprio nome indica’, a sobrenatural aparição era constituída, simplesmente, por um membro inferior, cheio de cabelos. Talvez a parte do cor­po perdida pelo Saci Pererê em remotas eras, a perna andou, em meados da década de 70, pelos jornais, rádios, televisões, literatura de cordel, bate-papos e medo de muita gente.

 

“POLTERGEIST“

 

Há pouco mais de dois anos, um fato assombroso – desta vez nem um pouco fictício – mexeu com os nervos do Re­cife. Conhecido como o “Caso do edifício Paris”, por ocorrer num prédio homônimo da Avenida Cruz Cabugá, quase no centro da cidade, o episódio chamou a atenção não apenas da população, mas da polícia, padres, pastores protestantes, espíritas, parapsicólogos e pais-de-santo. A solução do proble­ma – um invisível demônio que jogava pro ar e nas paredes tu­do que estivessem dentro do apartamento – foi atribuída a um representante da Parapsicolo­gia, Valter da Rosa Borges, presidente do Instituto Pernam­bucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), das mais res­peitadas entidades brasileiras do gênero.

Assinala Rosa Borges, calejado e bem-sucedido caça­dor de fantasmas recifenses, que a assombração do edifício Paris era do tipo que o cinema erroneamente consagrou como Poltergeist, cuja tradução é “fantasma batedor”. O equívoco do termo, segundo o parapsicólogo, reside no fato de que as forças desencadeadas em tais situações nada têm a ver com alma do outro mundo, e sim deste que, em maior ou menor grau, todos conhecem.

O agente do terror no “parisiense” prédio da Cruz Cabu­gá, era, de acordo com o presi­dente do IPPP, uma adoles­cente de 12 anos, que estava atravessando a fronteira bioló­gica do estado de menina para o de moça. Como a mudança não se processava normal­mente – a menstruação estava atrasando e isto provocava for­tes tensões emocionais -, a adolescente extravasava as energias acumuladas na forma que os parapsicólogos denomi­nam Psicocinesia Espontânea Recorrente.

Provocadora do fenôme­no de projeção violenta de ob­jetos ou complicações outras, a Psicocinesia (ação extracorpórea conduzida pela mente) Espontânea (por se dar inde­pendentemente da vontade do agente) Recorrente (se repete) pode ser curada, nos casos simples, através de exercícios físicos. Foi a receita passada para a mocinha do Caso Paris. Outros adolescentes, protago­nistas de episódios que deram bem mais dores de cabeça (e também noutras partes do cor­po), andaram praticando mais exercícios que atletas em pre­paração para as Olimpíadas de Seul. É o caso de crianças muito reprimidas pelos pais. Al­guns chegam a tocar fogo na casa, sendo os genitores os principais alvos de suas in­conscientes incendiárias ações.

– É claro – salienta Rosa Borges – que não bastam per­turbações ou atitudes repressi­vas dos pais para que ocorra o fenômeno. Se assim fosse, a todo instante estaria aconte­cendo casos de psicocinesia. É necessária a soma de vários fatores ainda não totalmente identificados pela Ciência.

Cena do filme O Exorcista, que reabriu a onda de filmes, livros e outras publicações de terror. O tema está sendo explorado com episódios novos e republicação de livros antigos. Recife, Olinda e numerosas cidades nordestinas são ricas de histórias fantásticas.

 

A Parapsicologia explica

 

Analisados à luz da Pa­rapsicologia, muitos fenômenos tidos como sobrenaturais adqui­rem feições naturais, dese­nhando-se um rosto humano – embora de características pou­co comuns – na moldura do fantástico. Como no caso em que pessoas, na hora da morte, aparecem a outras localizadas em pontos geograficamente distantes. Na concepção de Rosa Borges, o que acontece é uma “alucinação telepática”. Isto é, um relacionamento psí­quico tão intenso (principal­mente entre pessoas que se gostam muito) que chega a ge­rar imagens e dar sensações fí­sicas.

Da mesma forma, lugares considerados mal-assombrados são, sob o enfoque dos para­psicólogos, apenas depositários de determinados tipos de ener­gia mental. Palco, na maioria das vezes, de crimes, neles fi­cam gravadas as energias des­pendidas pelas vítimas nos momentos de agonia. Para que essas forças sejam ativadas, evocando as imagens das ce­nas que as geraram – e provo­cando, assim, assombrações – basta que pessoas sensíveis ao fenômeno da gravação energé­tica no espaço, geralmente portadores de faculdades paranormais, tenham contato com o ambiente.

Fundamentando suas teo­rias em testes científicos, como os realizados na área da Psicofotografia – em que a mente humana tem se mostrado capaz de gravar imagens em películas fotográficas -, Rosa Borges sa­lienta, no entanto, que suas ex­plicações estão sujeitas a revi­sões, “pois toda hipótese cientí­fica é necessariamente provisó­ria”.

 

Valter Rosa Borges

 

Tratando as aparições sem preocupação científica, e sim da forma como eram vistas antigamente pelas pessoas, o sociólogo Gilberto Freyre es­creveu Assombrações do Recife Velho, onde desfila uma seleção de maus espíritos e episódios que, muitos anos atrás, abalaram o sistema ner­voso da capital pernambucana, dando a entender que no Impé­rio, muito mais que o imperador, imperaram em terras recifenses seres pra lá de satânicos.

Lançado em 1951 e atualmente na terceira edição, o livro fez muitos intelectuais olharem para Gilberto Freyre com cara de bicho-papão ou outro tipo de assombração, insatisfeitos com o passeio do mestre de Apipucos pelas ruas simples, sombrias e tortuosas da tradição popular voltada para sobrenatural. Antevendo os ur­ros de lobisomem letrado dos eruditos ortodoxos, Freyre co­locou na introdução da obra ob­servações que não apenas a justificam intelectualmente, mas explicam seu espírito: “Os mis­térios que se prendem à história do Recife são muitos: sem eles o passado recifense tomaria o frio aspecto de uma história natural. E pobre da cidade ou do homem cuja história seja só história natural”.

Assombrado por seres de toda natureza – árvores, bi­chos, luzes estranhas, sobra­dos, carros e até ruas inteiras – o livro apresenta figuras como o Boca-de-Ouro, misto de diabo e gente, que, apesar de ter pro­vocado carreiras também no Sul do país, é recifense de “nascimento”. Sua primeira apa­rição se deu no início deste sé­culo, perante um boêmio que, na verdade, estava atrás de mulher. À procura de alguém do outro mundo, mas no bom sen­tido. Abordado, de repente, por um estranho de chapéu panamá encobrindo parte do rosto, o ra­paz não se fez de rogado em atender ao pedido de fogo para acender o cigarro. Só que, ain­da mais de repente, a estranha figura encheu o ar da madruga­da com horripilante gargalhada e mostrou um rosto podre de defunto, meio comido pelos vermes. Da boca cheia de dentes de ouro, saía insuportá­vel cheiro de carniça. “Correu o infeliz aprendiz de boêmio com toda força de suas pernas azeitadas pelo suor do medo”, mas depois de longa persegui­ção com gargalhadas de demô­nio zombeteiro, “caiu zonzo, desmaiado na calçada”.

Foi socorrido, ao amanhecer, pelo preto do leite, “o primeiro a ouvir a história: e, falador como ninguém, o primeiro a espalhá-la”.

Mas a maioria das histó­rias de Assombrações do Re­cife Velho se passou em mea­dos do século XIX. Só de lobi­somem existem duas. Uma contada a Gilberto Freyre pela própria vítima do bicho, uma ne­gra velha chamada Josefina Minha-Fé, que, pela beleza, fora na mocidade conhecida como “Josefina Meu Amor” e até “Meus Pecados”. O “Minha-Fé” surgiu depois que ela escapou do lobisomem do Poço da Pa­nela, “um não-sei-quê alvacento ou amarelento, levantando areia e espadanando terra; um não-sei-quê horrível; alguma coisa de que não se pôde ver a forma; nem se tinha olhos de gente ou de bicho. Só viu que era uma mancha amarelenta; que fedia; que começava a se agarrar como um grude nojento ao seu corpo. Mas um grude com den­tes duros e pontudos de lobo. Um lobo com a gula de comer viva e nua a meninota inteira depois de estraçalhar-lhe o vestido”.

O segundo lobisomem, morador do bairro de Beberibe, era bebedor de sangue. Segun­do o livro, o bicho (que na inti­midade era um velhote extre­mamente branco, tão pálido que o apelidaram “barata descasca­da”) se curou bebendo leite de uma jovem mulata. Não no copo ou na garrafa, mas diretamente na fonte: os seios. Um caso as­sombroso até para o Recife no­vo…

 

PARAPSICOLOGIA

 

Quando há 32 anos Valter da Rosa Borges presenciou um suposto fenômeno paranormal, denominado psicocinesia e que identifica o movimento de objetos por força de energia mental, estava determinado o surgimento de um dos mais conceituados parapsicólogos do Brasil

Mesmo tendo, posteriormente, obtido a gradua­ção como advogado e, atualmente, exercendo as fun­ções de Promotor de Justiça e professor de Direito Civil na Universidade Católica de Pernambuco, Val­ter da Rosa Borges nunca abandonou o estudo da parapsicologia e luta para que esta ciência seja re­conhecida em Pernambuco e seja elevada a nível acadêmico. Para isso, ele desenvolve um amplo traba­lho de conscientização e informação sobre o assunto, que inclui debates, palestras, seminários e demais atividades promovidas pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, sediado à rua da Con­córdia, 372, salas 46/47, do qual é o atual presidente.

 

 

REVISTA MALU

Julho de 2015

Fenômeno paranormal em um edifício na Avenida Cruz Cabugá

 

É muito comum que prédios antigos tenham sido o cenário de casos assombrosos. Geralmente, são lugares nos quais passam muitas pessoas, sejam moradores ou trabalhadores. Várias delas com histórias, crenças e energias diferentes. Em alguns casos, pessoas foram assassinadas brutalmente no local, incêndios ocorreram, entre outros fatores que acabam desencadeando uma onda de sofrimento na vítima e em seus entes querido. Estudiosos afirmam que essa é a receita principal que leva um lugar a ser assombrado.

No Edifício Paris, edifício relativamente antigo construído na década de 1970, aconteceu algo sinistro que até hoje é motivo de muita discussão entre quem já ouviu falar na história. Muito se especula sobre o caso, mas ninguém garante dados do desfecho. Enfim, nossa matéria só pôde ser originada através de muita pesquisa. Mesmo assim, o mistério paira no ar…

Neste fato que vamos citar, os eventos misteriosos foram presenciados por mais de uma pessoa, inclusive por profissionais da área de parapsicologia e líderes religiosos, conforme o link de uma matéria da revista VEJA e de um site sobre fenômenos paranormais, que vão ser disponibilizados ao final deste artigo.

Segundo consta nos links, em 1985, uma criança moradora do edifício, infelizmente, veio a óbito a partir de um atropelamento. Exatamente no dia 25 de dezembro, fenômenos intrigantes começaram a acontecer. Isto mesmo: no natal! Vários frascos de remédio começaram a estourar, sem que ninguém os tivesse tocado. Isso aconteceu em todo o condomínio. Porém, em um determinado apartamento, os fatos eram mais intensos. Acreditando-se que talvez se tratasse de algum desordeiro, a polícia foi chamada. Logo, eles constataram que não havia baderneiros pregando peças e foram embora.

Em seguida, o Padre Guedes, da Igreja de Piedade em Santo Amaro, foi chamado para benzer o apartamento. Os moradores já estavam começando a entender que algo muito particular estava ocorrendo lá. Na manhã seguinte, os vidros voltaram a se despedaçarem sem qualquer influência física de ninguém. O radialista que morava no local, Samir Abou Hana, tratou logo de informar no rádio a notícia macabra e vários membros da imprensa foram parar no local. Os jornalistas da Rádio Globo e do Jornal O Globo conseguiram, inclusive, entrar e se instalaram nos corredores. A intenção, claramente, era registrar os fatos ocorrendo.

Só após uma nova visita do Padre, um pastor e uma mãe de santo, o parapsicólogo Walter Rosa Borges acabou chegando ao local, por um convite de uma amiga da família. Foi esse profissional que conseguiu realizar a resolução do caso. Borges é um dos fundadores do IPPP – Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas. Conforme matéria já publicada na VEJA, esse é o MAIOR CASO DE PERNAMBUCO que já foi estudado e registrado pelo Instituto de Pernambuco. Seguindo algumas instruções – que não foram relatadas no site do próprio parapsicólogo -, os fenômenos paranormais finalmente cessaram.

Sobre o que foi feito, o mistério permanece no ar…

Links pesquisados:  REVISTA VEJA. SITE DE WALTER ROSA BORGES

 

                                    UM POSSÍVEL CASO DE PRECOGNIÇÃO

VALTER DA ROSA BORGES (*)

COMUNICAÇÃO DO CASO

No dia 28 de março de 1996, recebi, pelo Correio, uma correspondência do meu velho amigo Luiz Coimbra Filho (rua Souza de Andrade, 55, bloco “C”, apto 501, Aflitos, Recife, Pernambuco), onde relatava um caso de psicografia apresentado por sua filha, Diana Coimbra Araújo, cuja caligrafia, assinatura e conteúdo eram de seu irmão Caetano Coimbra, que se encontrava, naquela ocasião hospitalizado. Transcrevo, na íntegra, a carta que me foi dirigida:

Recife, 24.3.96

Caro Dr. Walter.

                                    Paz em Jesus.

            Para acrescentar ao seu acervo de pesquisas, e para sua valiosa e abalisada apreciação, junto um valioso documento, que nos foi proporcionado pelo nosso querido irmão Caetano pouco antes de sua partida para o Mundo Espiritual. Trata-se de mensagem psicografada por nossa filha Diana, encontrando-se ela convalescente de uma histerectomia, em sua residência (dela).

            Pelos documentos, fica comprovado que ele estava hospitalizado desde 27.7.95; a mensagem foi datada, por ele mesmo, de 29.7.95; a caligrafia é, exatamente a dele; a firma, absolutamente igual, tanto que o Cartório a reconheceu; e a Declaração do Hospital atesta que ele esteve interno de 27.7.95 a 13.8.95, quando faleceu – com firma também reconhecida.

            Pode haver prova mais concludente da existência da alma e de sua comunicação, quando ainda em vida (material…)?!

                        Um grande abraço do confrade

                                                           Luiz

  1. Minha mãe também desencarnou em 24.8.95, confirmando a mensagem de Caetano, na mensagem.

Anexou à carta uma cópia xerox da mensagem psicografada e seu símile datilografado, tal como se segue:

            Recife, 29 de junho de 1995

Meus familiares queridos.

            Tudo o que está ocorrendo é necessário, tenhamos na misericórdia de Deus a nossa fé e nesses irmãos dedicados da espiritualidade o nosso apreço. Têm sido anjos tutelares das horas amargas destes meus últimos dias nesta encarnação.

            Não se impressionem pelos fatos ocorridos pois tudo está sob contrôle.

            Tenho me encontrado com Mamãe e conversamos bastante sobre tudo. Soube que o seu desencarne também está próximo, pois o corpo começa a dar os últimos sinais de vitalidade. Estamos próximos de nos unirmos na Espiritualidade e já fomos levados para visitarmos o lar que prepararam para nós, tendo de frente o Espírito amoroso de Sinhô e de D. Blandina.

            Estamos bem e tudo passará. Não se impressionem com o que têm observado ao meu respeito, tenhamos fé em Deus pai de misericórdia infinita e em nosso Mestre e Senhor Jesus, o Cristo de Deus.

            Lula, Tancredo, Paulo, Socorro, Judite e Marilu, ajudem a minha família principalmente aos filhos que precisam de uma fé e coragem que não têm. Peço a Deus por Edileuza, Espírito dedicado, amoroso em tôdas as horas. Jesus a abençôe por tudo. Tenhamos toda a fé que transporta montanhas, porque tudo passará. Que Jesus abençôe a todos.

            Para você minha sobrinha do coração o meu ósculo de amor e carinho. Minha gratidão por tudo.

            Agradeçamos a Jesus pelas dores e pelas provas que quebram a casca dos nossos desequilíbrios e débitos do passado a fim de nos libertarmos e sermos mais felizes.

            Aqui me despeço com um beijo e um abraço para todos vós meus familiares queridos. A gratidão eterna deste irmão em Jesus.

                                                           Caetano Coimbra.

Na cópia xérox, vê-se o reconhecimento da firma de Caetano Coimbra, atestada pelo Cartório Pragana.

Finalmente, também em xérox, uma declaração do Hospital Santa Joana, assinada por Alayde Soares de Albuquerque, Chefe do Departamento de Enfermagem, com firma reconhecida pelo Cartório Costa Lima, cujo teor é o seguinte:

 

                                               DECLARAÇÃO

            Declaramos para os devidos fins que o Sr. Caetano Coimbra deu entrada em nossa urgência no dia 27.07.95 à 16:00 horas, permanecendo internado até o dia 13.08.95, quando foi o óbito.

                                                           Recife, 17 de agosto de 1995

                                               Alayde Soares de Albuquerque

 

QUEM ERA CAETANO COIMBRA

Caetano Coimbra nasceu em São Caetano, município de Pernambuco, em 8 de novembro de 1929 e faleceu, no Recife, em 13 de agosto de 1995. Era um dos seis filhos de Luiz Coimbra Cordeiro Campos e Maria de Lourdes Gomes Coimbra, os quais foram os idealizadores da Fundação da Casa dos Espíritas de Pernambuco. Casou com a Sra. Edileuza Porto Coimbra e, desta união, nasceram três filhos. O seu irmão, Luiz Coimbra,  foi quem nos enviou os fatos do qual resultou o presente trabalho.

Caetano Coimbra, assim como seus irmãos Luiz e Paulo, era espírita militante e durante 55 anos exerceu vários cargos de destaque em instituições espíritas, principalmente como palestrante e conferencista da Casa dos Espíritas de Pernambuco.

Conheci pessoalmente Caetano Coimbra e um dos nossos raros contatos aconteceu por ocasião de um encontro promovido pelo I.P.P.P. com os representantes de diversas instituições espíritas do Recife, em 6 de janeiro de 1974, no auditório do SESI, com a finalidade de discutir a fenomenologia paranormal e estabelecer as diferenças entre Parapsicologia e Espiritismo.

QUEM É A PSICÓGRAFA

Diana Coimbra Araújo, sobrinha de Caetano Coimbra, nasceu no Recife em 5 de outubro de 1951 e é casada com José Araújo Albuquerque Neto. Deste casamento nasceram os seguintes filhos: Carlos Henrique Coimbra Araújo, de 19 anos; Cláudia Regina Coimbra Araújo, de 18 anos; e Fábio José Araújo Albuquerque, de 15 anos.

Conforme sua informação, é médium consciente de psicofonia e psicografia há vinte e cinco anos.

INÍCIO DA INVESTIGAÇÃO

Com o propósito de aprofundar a pesquisa do fenômeno, remeti, no dia 11 de maio de 1996, a Luiz Coimbra Filho doze perguntas, como abaixo se segue, as quais foram, no dia 21 do mesmo mês, respondidas por escrito e fielmente transcritas na íntegra.

01) Qual a enfermidade de Caetano e qual o prognóstico sobre a mesma?

L.C. – Câncer nos ossos; nenhuma esperança de cura, desde as primeiras manifestações da doença; os médicos achavam que não teria mais que poucos meses de vida; – levou cerca de 5 anos.

02) Caetano manifestou a alguém o desejo de se comunicar psiquicamente com alguma pessoa durante sua doença?

L.C. – Não

03) Em caso afirmativo, ele disse qual seria a pessoa indicada?

L.C. – Prejudicado

04) Em caso afirmativo, foi a psicógrafa?

L.C. – Prejudicado

05) Em que situação se encontrava Caetano por ocasião da psicografia: sozinho ou com alguém no quarto, consciente ou inconsciente?

L.C. – Encontrava-se em quarto do Hospital Santa Joana, “dopado”, desde o dia 27.7.95, data do seu internamento, sob o efeito de fortes analgésicos.

06) Caetano, após o fenômeno, disse a alguém que o produzira voluntariamente ou que apenas dele teve consciência?

L.C. – Nada falou sobre o fenômeno, mesmo porque, quase todo o tempo permanecia dormindo; poucas vezes teve vislumbres de consciência, desde o seu internamento, face ao seu estado mencionado no item anterior.

07) Em caso afirmativo, relatou o conteúdo da psicografia?

L.C. – Prejudicado.

08) A psicógrafa era pessoa muito ligada afetivamente a Caetano, como parece sugerir a mensagem?

L.C. – Sim.

09) A psicógrafa já manifestara antes este tipo de fenômeno?

L.C. – Não.

10) Em caso afirmativo, já psicografara mensagens de outras pessoas vivas?

L.C. – Não.

11) Em que circunstâncias a psicógrafa recebeu a mensagem de Caetano?

L.C. – Encontrava-se convalescendo de uma histerectomia, em seu quarto, sentada em uma cadeira de repouso. Desejou escrever algo sobre ele e apanhou um caderno; imediatamente sentiu sua presença e o seu desejo de transmitir uma mensagem. Começou a escrever no papel, sobre os joelhos. Ao terminar a mensagem, recebeu, intuitivamente, a recomendação para “ajeitar o bloco de papel em seu colo, pois, iria apor sua assinatura”.

12) A genitora dos Coimbra estava bem de saúde, doente ou gravemente enferma?

L.C. – Minha Mãe, Maria de Lourdes Gomes Coimbra (Lourdinha), próximo a completar 87 anos (o que aconteceria em a 06.12.95), sofria bastante com o reumatismo, quase não mais podendo ausentar-se do seu apartamento; era doente crônica, inclusive de outros “achaques” próprios da idade. Poucos dias após o internamento hospitalar de Caetano (27.7.95), seu estado de saúde agravou-se progressivamente, já permanecendo acamada, quando ele desencarnou, de cujo fato não tomou conhecimento nesta encarnação.

Em 31 de maio de 1996, enviei à psicógrafa às seguintes perguntas, as quais foram também respondidas por escrito e remetidas a mim, quatro dias depois, ou seja,  no dia 4 de junho.

1) – Há quanto tempo é psicógrafa?

D.C.A – Sou psicógrafa há 25 anos.

2) – Qual a modalidade de psicografia: simples ou mecânica, consciente ou inconsciente?

D.C.A – Psicografia simples, consciente.

3) – Psicografa mensagens de pessoas mortas conhecidas?

D.C.A –  Sim, apesar de no momento atuar mais como médium psicofônico.

4) – Em caso afirmativo, reproduz, com fidelidade, sua caligrafia e assinatura?

D.C.A – Nunca reproduzi mensagens com a caligrafia e a assinatura do Espírito.

5) – Em caso afirmativo, alguma dessas mensagens foi reconhecida em cartório?

D.C.A – A única foi exatamente a do meu tio Caetano Coimbra.

6) – Qual a impressão que teve do estado de saúde de Caetano, quando estava internado no Hospital?

D.C.A – O meu tio estava em fase terminal, sob o efeito de drogas fortíssimas que o deixavam adormecido por quase todo o tempo.

7) – Foi aquela a primeira vez que Caetano foi hospitalizado, após o diagnóstico de câncer?

D.C.A. – Não, há quatro anos e meio antes do seu desencarne, foi submetido a uma cirurgia relacionada com a sua doença: câncer de próstata.

8) – Era profundo o seu relacionamento afetivo com Caetano?

D.C.A – Sempre fui muito ligada a ele desde que nasci, pois os meus tios moravam todos em casas vizinhas, como uma vila. Daí me criei na companhia deles. Sempre tive por meu tio Coimbrinha (era assim que todos os seus familiares o tratavam) uma afinidade muito grande e quando tornei-me adulta, sentia uma profunda admiração por suas qualidades morais e intelectuais.

9) – Já havia passado antes por experiências telepáticas com Caetano?

D.C.A – Nunca tive este tipo de experiência com ele, apesar de ser grande a nossa convivência.

10) – Conhecia bem a caligrafia e a assinatura de Caetano?

D.C.A – Quem convive com alguém desde que nasceu, tem que conhecer a caligrafia e a assinatura dela.

11) – Possui outras aptidões paranormais além da psicografia?

D.C.A – Sou médium psicofônico consciente.

As respostas dadas pela psicógrafa primaram pela objetividade, clareza e simplicidade. Facilmente se deduz a sinceridade do relato, no qual não se vislumbra o mínimo indício de valorização pessoal ou de explícita modéstia.

EXAME GRAFOSCÓPICO

O reconhecimento, em Cartório, da assinatura de Caetano Coimbra na mensagem psicográfica, embora sugestivo, não era, no entanto, conclusivo, sob o ponto de vista científico, para a validação da documentação apresentada. Assim, em 10 de junho, solicitei de Luiz Coimbra Filho a mensagem psicográfica original, assim como papeis, livros ou documentos de qualquer natureza, onde constassem escritos e assinaturas de Caetano Coimbra.

No dia 25 de junho, Luiz Coimbra Filho veio, pessoalmente, à minha residência trazer o material solicitado, constituído da mensagem psicográfica original, quatro (4) páginas manuscritas de Caetano Coimbra e quatro (4) livros, contendo todos eles a sua assinatura. Dentro do envelope, encontrei a seguinte missiva:

Recife, 25.6.96

Caro Valter –

                                    Paz em Jesus.

            Remeto-lhe, conforme seu pedido, o original da mensagem de Caetano, recebida por Diana, datada de 29.7.95, e os seguintes livros, onde se encontra a sua assinatura, com várias datas:

            – Antologia de Rui Barbosa;

            – A Revolução contra a Igreja;

            – Deuses, Túmulos e Sábios;

            – O Ponto de Mutação;

assim como, 4 páginas de parte de um estudo que ele deixou manuscrito, para oportuna publicação.

            Evidentemente, em muita confiança é que lhe estou emprestando esse material, para seus estudos, principalmente o original da mensagem.

                        Meu abraço

                                               Luiz Coimbra

À primeira vista, pareceu-me evidente que a assinatura e a caligrafia de Caetano Coimbra não se assemelhavam à assinatura e à caligrafia da mensagem psicografada. Apesar disto, entrei em contato com meu ex-aluno de Direito Civil da Universidade Católica de Pernambuco, Dr. Giovanni Rolim, advogado, psicólogo e perito do Instituto de Criminalística da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco e indaguei da possibilidade de se proceder um exame grafoscópico do referido material. De imediato, o Dr. Giovanni respondeu-me afirmativamente e, assim, no dia 3 de julho, compareci ao Instituto de Criminalística onde, em sua companhia, apresentei ao perito Dr. Roberto Eiras e um de seus auxiliares o material para o exame grafoscópico.

O exame inicial realizado pelos dois peritos coincidiu com a minha impressão inicial: não existia coincidência entre as grafias e as assinaturas confrontadas. Mesmo assim, antes de me fornecerem seu parecer final, solicitaram-me o envio de novo material, sugerindo-me que obtivesse da psicógrafa o mesmo texto, na íntegra, da mensagem psicografada com a sua própria letra, assim como qualquer texto escrito por Caetano Coimbra na época aproximada de sua morte.

No dia 6 de julho, entrei em contato telefônico com a psicógrafa e lhe solicitei o material sugerido pelos peritos do Instituto de Criminalística, tendo recebido a promessa de que o material requerido me seria entregue na próxima segunda-feira.

No dia 10 de julho fui ao Cartório Pragana, onde fora reconhecida a assinatura de Caetano Coimbra, e solicitei ao seu titular, Erasmo Falcão, 1o Tabelião da Capital, uma cópia xerox autenticada das fichas de assinatura de Caetano Coimbra, no que fui prontamente atendido.

Em 23 de julho, recebi a comunicação mediúnica escrita com a própria grafia da psicógrafa, assim como uma folha de papel com anotações de Caetano Coimbra e com a sua assinatura, com data de 17 de março de 1995.

No dia seguinte, dirige-me, de novo, ao Instituto de Criminalística e apresentei ao Dr. Roberto Eiras o novo material fornecido por Luiz Coimbra, assim como as fichas de assinatura, em xérox, de Caetano Coimbra.

O Dr. Roberto Eiras declarou-me, após o exame do material, que não poderia fornecer parecer sobre o caso por questão de ordem burocrática, a não ser que fosse oficialmente solicitado pela família de Caetano Coimbra. No entanto, esclareceu-me, como informação estritamente particular, que entre a mensagem psicografada e os escritos de Caetano, inclusive sua assinatura, existem divergências de ordem formal e grafocinética, assim como quanto às qualidades gerais de grafismo e de traçados. Tais elementos, disse-me ele, são suficientes para a certeza de que a escrita cursiva não foi oriunda de uma fonte exterior, no caso a telepatia. Ainda mais: na verificação entre a psicografia e a escrita normal da psicógrafa estão presentes elementos identificadores do mesmo punho, exibindo um grafocinetismo próprio da personalidade gráfica da psicógrafa.

ANÁLISE DO CASO

A intenção do meu amigo Luiz Coimbra era demonstrar que a mensagem psicografada por sua filha Diana fora obtida por ação direta do espírito do seu irmão Caetano Coimbra, quando ainda vivo, tanto assim que a assinatura na mensagem mediúnica tivera sido reconhecida em Cartório. Por isto, ele ponderou: “Pode haver prova mais concludente da existência da alma e de sua comunicação, quando ainda em vida (material…)?!”

Na minha condição de parapsicólogo, me esquivei de analisar a questão da sobrevivência post mortem do homem e me interessei em estudar o caso sob dois enfoques distintos:

  1. se se tratava de uma possível ação psicocinética de Caetano Coimbra sobre o organismo de sua sobrinha, reproduzindo, por psicografia, a sua assinatura,
  2. se se tratava de uma experiência precognitiva sob forma psicográfica.

Pela leitura dos dados obtidos, observa-se que Caetano Coimbra era portador de câncer ósseo com uma sobrevida que excedeu, de muito, o prognóstico médico. Logo, o seu falecimento, a qualquer tempo, era esperado, principalmente quando foi internado no Hospital Santa Joana e ali permaneceu, durante todo o tempo “dopado”, pelo efeito de fortes analgésicos e com brevíssimos momentos de lucidez.

Não obstante, só foi hospitalizado duas vezes: uma, há quatro anos atrás, para se submeter a uma cirurgia de câncer de próstata e a outra, no dia 27 de julho de 1995, na emergência do Hospital Santa Joana, onde veio a falecer no dia 13 de agosto do mesmo ano.

Em momento algum, Caetano demonstrou aos seus familiares o desejo de se comunicar psiquicamente com qualquer deles e, devido ao seu estado de precária lucidez, jamais fez referência ao fenômeno acontecido. Logo, não se pode saber se ele, voluntária ou involuntariamente, interagiu telepaticamente com a sua sobrinha psicógrafa e, em caso afirmativo, se teve consciência do fato.

Caetano era muito ligado afetivamente à sua sobrinha Diana, filha de seu irmão Luiz e esta, por sua vez, jamais psicografara comunicação de pessoa viva. A psicógrafa, por sua vez, ratificou que possuía uma “afinidade muito grande” por seu tio e que sentia “uma profunda admiração por suas qualidades morais e intelectuais”.

Diana, no momento da psicografia, estava em sua residência, convalescendo de uma histerectomia, quando teve vontade de escrever sobre seu tio Caetano. Ao apanhar um caderno, sentiu, imediatamente, que ele queria transmitir-lhe uma mensagem, a qual foi escrita apoiada sobre os seus joelhos. Ao término da mesma, recebeu, intuitivamente, a recomendação de Caetano para ajeitar o bloco de papel em seu colo, pois iria apor a sua assinatura, a qual, posteriormente, foi reconhecida pelo Cartório Pragana, em 2 de agosto de 1995, ou seja, onze dias antes da sua morte.

A mensagem psicografada data de 29 de julho de 1995, ou seja, dois dias após o internamento hospitalar de Caetano e se caracteriza pela rara serenidade de uma pessoa ante a iminência da sua própria morte e da morte de outra pessoa querida, no caso a sua própria genitora. Ele não exalta o seu sofrimento, nem adota uma postura de estoicismo, procurando, antes, preservar o equilíbrio emocional de seus familiares. Relata o seu contato com o Além, em companhia de sua genitora, em procedimento de preparação para o desencarne próximo dos dois e singelamente declara: “Estamos bem e tudo passará”.

A genitora dos Coimbra, D. Maria de Lourdes Gomes Coimbra, então com quase 87 anos de idade, era uma doente crônica, tendo o seu estado de saúde se agravado, após o internamento de Caetano, não tendo tomado conhecimento, ao menos a nível consciente, da morte de seu filho. Ela faleceu em 24 de agosto de 1995, ou seja, 11 (onze) dias após a morte de Caetano Coimbra.

HIPÓTESES

Podemos aventar duas hipóteses para a explicação do caso:

  1. a) Fenômeno psicológico
  2. b) Fenômeno parapsicológico

Fenômeno psicológico

À primeira vista, a explicação psicológica parece a que melhor se ajusta ao caso, visto que a morte de Caetano e de D. Maria de Lourdes era um fato esperado por todos. O conteúdo da mensagem reflete a crença de todos os membros da família na continuidade da vida após a morte.

Poder-se-ia argumentar que a psicógrafa, temerosa da morte do tio querido, procurou, inconscientemente, conformar-se com a sua perda, elaborando uma mensagem dentro da concepção espírita da família. E, neste processo de dramatização catártica, incluiu também a morte de sua avó, cujo estado de saúde, pela sua própria idade, inspirava cuidados.

 

Fenômeno parapsicológico

Poderíamos argumentar que a mensagem psicográfica resultou de uma relação telepática entre a psicógrafa Diana Coimbra Araújo e seu tio Caetano Coimbra, embora aquela tenha asseverado que jamais teve esse tipo de experiência com este, apesar de ser grande a convivência entre ambos.

Diana esclareceu que tinha uma “afinidade muito grande” por seu tio, o que constitui em fator facilitador da experiência telepática. E informa, ainda, que, quando se tornou adulta, passou a sentir “uma profunda admiração por suas qualidades morais e intelectuais”.

É possível que, por telepatia, Diana tivesse captado do inconsciente de Caetano, assim como de sua avó, a informação da morte iminente dos dois, dramatizando o seu conteúdo na conformidade de sua crença espírita. E esta precognição, resultante da interação telepática, logrou tornar-se realidade.

Neste caso, a não comprovação grafoscópica da mensagem psicografada não invalidaria a experiência precognitiva, tornando apenas inválida a hipótese de uma ação psi-kapa do inconsciente de Caetano sobre a mão de Diana no momento da aposição de sua assinatura.

Observando-se atentamente a assinatura de Caetano e a produzida pela psicógrafa, constata-se uma certa semelhança entre elas, o que poderia ser explicado por uma criptomnésia de natureza psicológica e não parapsicológica.

Quando por mim indagada se conhecia bem a caligrafia e a assinatura de Caetano, Diana respondeu sem qualquer tergiversação e com a reconhecida sinceridade dos Coimbras: “Quem convive com alguém desde que nasceu, tem que conhecer a caligrafia e a assinatura dela.”

Naturalmente, o afeto e a admiração de Diana por Caetano imprimiram, no seu inconsciente, as características psicológicas do seu tio, inclusive a sua caligrafia e assinatura. E, assim, por ocasião da manifestação precognitiva, que noticiava, por psicografia, a morte próxima de Caetano, ela, para validar, inconscientemente, a autenticidade da mensagem mediúnica de seu tio, apôs, ao final da comunicação, a sua assinatura.

CONCLUSÃO

Em consonância com o famoso princípio da “navalha de Ockam”, aplicado ao presente caso, temos de reconhecer que a explicação psicológica prevalece sobre a parapsicológica, sem que, porém, a exclua.

O conteúdo da mensagem psicográfica não parece originário de uma relação telepática, mas de uma elaboração do próprio inconsciente da psicógrafa.

A morte iminente de Caetano era um acontecimento logicamente esperado e o possível falecimento de sua genitora, doente crônica e com 86 anos de idade, constituía uma probabilidade razoável, notadamente quando ela, direta ou indiretamente, tomasse conhecimento da morte do filho.

A mensagem psicográfica revela a aceitação da morte esperada, devidamente adornada com uma dramatização doutrinária espírita.

O exame grafoscópico, no caso presente, desautorizou a hipótese de que a mente de Caetano Coimbra agiu psicocineticamente sobre o sistema nervoso e muscular de sua sobrinha Diana, fazendo com que esta, por psicografia, reproduzisse sua caligrafia e assinatura.

Nem sequer podemos argumentar que a mente da psicógrafa utilizou, exitosamente, o conhecimento que possuía, consciente ou inconscientemente, da grafia e da assinatura de seu tio Caetano Coimbra, para a composição da mensagem mediúnica.

O reconhecimento da firma de Caetano pelo Cartório Pragana foi um equívoco tabelionário lastimável, gerando uma convicção ilusória na família dos Coimbra de que a mensagem psicografada resultou, inequivocamente, de uma comunicação mediúnica entre vivos ou, na linguagem parapsicológica, de uma experiência telepática.

(*) Valter da Rosa Borges é fundador do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP e atualmente preside o seu Conselho Direto. É membro fundador da Sociedade Brasileira para o Progresso da Parapsicologia, membro pleno da Parapsychological Association, membro da Associação Iberoamericana de Parapsicologia e da Associação Brasileira de Parapsicologia. É membro fundador da Academia Pernambucana de Ciências, membro fundador e emérito da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, membro da Academia de Artes e Letras de Pernambuco e da União Brasileira de Escritores – seção de Pernambuco.

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