A influência da arquitetura nas assombrações

Maria da Salete Rego Barros Melo

 

 

I – CONSIDERAÇÕES GERAIS

 

 

Essa apresentação pretende ser apenas o pontapé inicial para uma investigação mais profunda sobre a hipótese das influências que a arquitetura pode exercer nos popularmente chamados mal assombros que acontecem em determinados espaços como casas, castelos, templos, cemitérios, praças, conventos, sobrados etc.

 

A maioria das lendas que envolvem aparições, consideradas por muitos, fruto do imaginário popular, pode ter um fundo de verdade, geralmente desprezado pelos cientistas.

 

Relatos de assombrações são encontrados em todos os tempos e em todos os lugares. Aqui no Recife, o Poço da Panela, é um dos locais de maior incidência desse tipo de fenomenologia e do descobrimento de botijas. Temos relatos também na Faculdade de Direito do Recife, no Arquivo Público Estadual, no Teatro Santa Isabel, Praça Chora Menino, Avenida Malaquias, Hospital da Restauração, Cidade Alta de Olinda, entre tantos outros.

 

 

II – CONCEITUANDO

 

Assombração: fenômeno produzido por aparições, que são manifestações telepáticas cujo conteúdo informacional é expresso sob forma alucinatória visual (Valter da Rosa Borges).

 

Segundo alguns autores, vivenciando emoções intensas, as pessoas, enquanto vivas, podem deixar imagens cinéticas impressas no ambiente, que, sob certas condições especiais, podem revelar-se, em qualquer época, a exemplo das imagens impressas em película fotográfica.

 

A assombração pode ainda, vir acompanhada por fenômenos de toribismo, que são pancadas, rumor de passos, queda de objetos sem que nada saia do lugar etc.

 

Há diferenças fundamentais entre assombração e o fenômeno de poltergeist, por muitas vezes confundidos. Entre eles, no entanto, existe uma característica comum: a recorrência do fenômeno.

 

Quanto à:

–    duração: a assombração pode durar anos, enquanto que o poltergeist tem curta     duração;

            –  vinculação: a mesma assombração pode acontecer na presença de diferentes pessoas e em diferentes épocas, enquanto que o poltergeist só acontece na presença de um agente causador, geralmente, um adolescente;

–  fenomenologia: na assombração não acontece metafanismo de objetos. No poltergeist há o surgimento de objetos quebrados, queimados, pedras, cacos de vidro etc.

– intervenção: a intervenção do parapsicólogo diante de uma assombração é apenas no sentido de esclarecer as pessoas quanto à fenomenologia. No poltergeist, ela se dá no sentido de diminuir a intensidade do fenômeno até a sua extinção.

 

Arquitetura: arte de planejar, compor e edificar, integrando a prioridade teórica do espaço interno, a prioridade plástica da escultura e a continuidade dos espaços no traçado urbano, objetivando a qualidade de vida e o bem estar físico e mental do indivíduo.

 

Quando uma obra está no ápice da intensidade, de proporções, de qualidade de execução, produz-se um fenômeno espacial indizível: o conjunto começa a irradiar fisicamente. É algo que pertence ao domínio do inefável.” Le Corbusier

 

III  – INTERAÇÕES GERANDO EMOÇÕES

 

Na arquitetura, cristalizam-se não apenas afetos, conceitos e intuição, mas também determinações de ser e estar (sob esse aspecto o arquiteto nomeia-se demiurgo, criando espaços que continuam sob o seu controle, moldando o proceder daqueles que o penetram). Evaldo Coutinho

 

Uma eterna conexão entre o autor de um edifício e seus moradores e visitantes existe permanentemente sem que seja percebida, visto ser a edificação comumente mais perdurável do que o seu idealizador.

 

Os que percorrem os vãos da arquitetura são condicionados a transitar pelos caminhos traçados pelo autor da obra, não exercendo totalmente o livre arbítrio de suas vontades. É, pois, o arquiteto, uma presença constante nos espaços que criou, eternizando-se e influenciando psiquicamente a todos que por ali passarem. Falo aqui do arquiteto como idealizador dos espaços e não como o profissional de arquitetura.

 

O espaço arquitetônico promove a identificação entre pessoas. Sabendo-se que em determinado local viveu uma personalidade admirável, a conjuntura de habitar o mesmo prédio, de refazer suas pegadas, transforma-se em ritual, sem que entre elas tenha havido qualquer laço de parentesco ou de amizade.

 

É comum a pessoas sensíveis, ao penetrarem espaços íntimos que abrigaram indivíduos já falecidos, entrarem em estado alterado de consciência, devido a um estado emocional intensificado, identificando-se e até mesmo reproduzindo gestos e atitudes daquelas pessoas, mesmo sem as terem conhecido.

 

São vários os processos pelos quais pode se obter através da arquitetura a interação entre pessoas, promovida pelo arquiteto, que, embora anônimo, se fez o criador de uniformidades que resistiram ao tempo.

 

Quando alguém retorna ao lugar onde passou sua infância e juventude, por exemplo, retrocede no tempo ao percorrer os recantos de outrora, na busca de si mesmo, muitas vezes sem ter consciência de que por ali passaram tantas outras infâncias e juventudes e que aquele espaço único de residir envolveu e reuniu tantas outras pessoas numa superposição de imagens que acabam por ser captadas telepaticamente pela mente dos envolvidos,  podendo vir a produzir representações psíquicas ou físicas, agindo sobre a mente de terceiros sob forma alucinatória ou mesmo acionando a capacidade ideoplástica do seu próprio organismo.

 

Em todas as sociedades está sempre presente a preocupação dos vivos com os mortos e sua participação nas diversas atividades cotidianas. Essa preocupação não constitui um indicador de que possa existir realmente esse tipo de interferência, mas, um estimulador da investigação das possíveis interações entre meio físico – vivos e meio físico – não vivos. Ernesto Bozzano postulou a hipótese de que a perda do corpo físico não exclui a capacidade da mente sobrevivente de interagir com o mundo físico.

 

A arquitetura surgiu naturalmente, quando o homem, para enfrentar as intempéries da natureza e os animais ferozes, procurou abrigo nas cavernas. A maior parte da vida, ele passava no campo, ao ar livre, em contato direto com a natureza. Suas emoções se dissipavam na floresta. A evolução, no entanto, o levou à sofisticação, e hoje, passamos a maior parte de nossas vidas entre quatro paredes, um piso e um teto, ou seja: dormimos, discutimos, choramos, trabalhamos, enfim, confinados nesses espaços enfrentamos grandes momentos de emoção cotidianamente, sujeitos à influência dos materiais empregados na construção, objetos de decoração, cuja geometria pode irradiar “ondas de forma”, da memória das paredes, falha geológica ou cavidade fechada no solo, corrente de água subterrânea ou jazida natural etc.

 

As paredes guardam em suas moléculas todo um ambiente vibratório composto de microvibrações de ondas (comprimentos mensuráveis: unidade adotada – Angström), deixando cicatrizes de alegrias, tristezas, pensamentos, ódio, amor etc. como testemunhas de vida, não se limitando apenas a registrar e conservar essas imagens, mas, também influenciar através de radiações emitidas, os subsequentes habitantes e visitantes do espaço arquitetônico.

 

IV – CONDIÇÕES ESPECIAIS

 

4.1. DA FORMA

 

As formas geométricas mantêm relações entre si que, aparentemente, não nos revelam a sua importância. No entanto, estudos a esse respeito, descobriram que existem profundas relações entre elas. A relação áurea (divisão de um segmento em média e extrema grandeza), por exemplo, segundo Wairy Dias Cardoso, pode estabelecer um significado energético dentro de um parâmetro geométrico.

 

Essa relação é intuitivamente escolhida pelos artistas, por ser mais harmoniosa e, consequentemente, esteticamente mais agradável do que as demais. Ela está presente na anatomia do rosto (a linha da boca divide a distância entre a base do nariz e o queixo em média e extrema razão), assim como acontece com a linha dos olhos em relação ao comprimento do rosto. Também os dedos são divididos pelas falanges em média e extrema razão e o umbigo mantém também a mesma relação com a altura do indivíduo.

 

O ponto que assinala essa divisão é o chamado ponto de ouro.

 

Formas geométricas diversas têm comportamentos diferentes, como por exemplo, o capacitor, que, com sua geometria diferente, modifica suas condições de operação. O estudo da teoria dos campos (quando uma região do espaço é modificada na presença de um determinado elemento), demonstra a importância da geometria. A estrela do mar, as flores, as estruturas cristalinas, o favo das colmeias, são exemplos geométricos de equilíbrio e extrema beleza, encontrados na própria natureza.

 

Pesquisas apontam que existe um efeito dentro das pirâmides que faz pensar um tipo de energia com características de um campo magnético dinâmico com a forma de uma espiral. Foi observado que a manifestação dessa energia tende, entre outros, a ter características eletromagnéticas.

 

Mediante testes com diversas formas de modelos reduzidos, estudiosos chegaram a afirmar que a Grande Pirâmide apresenta o fenômeno apresentado como A Energia da Forma, tendo sido provada a sua existência através de duas experiências básicas que são: a cristalização e o crescimento das plantas. Concordamos com Dias Cardoso quando ele diz: “Podemos concluir que a Pirâmide de Quéops tem um padrão energético moldado em uma estrutura geométrica.”

 

Algumas características da pirâmide de Quéops, no Egito:

 

1 – dividindo-se o perímetro da base pelo dobro de sua altura, obtém-se o valor da letra pi (3,1416…);

2 – os lados da pirâmide se orientam para os quatro pontos cardeais;

3 – o meridiano que marca a pirâmide atravessa um máximo de continentes e um mínimo de mares;

4 – o meridiano que marca a cúspide da pirâmide divide o delta em duas partes exatamente iguais;

5 – as diagonais prolongadas da pirâmide contêm o delta do Nilo;

6 – as sombras produzidas pelas pirâmides marcam com matemática exatidão as datas dos equinócios da primavera e do outono e o solstício da primavera e verão;

7 – a soma das diagonais da base da pirâmide expressa, em polegadas piramidais, os anos necessários para que os equinócios voltem à idêntica posição e tenham lugar sobre o mesmo ponto;

8 – cada lado da base da pirâmide marca, em côvados sagrados, a duração do ano bissexto;

9 – a distância entre a pirâmide e o Polo Norte é a mesma entre aquela e o centro da terra;

10 – o resultado da multiplicação da longitude, em polegadas piramidais da antecâmara real por pi (3,1416) indica a duração exata do ano (365,24 dias).

 

O perímetro da circunferência (2 π a) tendo como raio a altura da pirâmide, é igual ao perímetro do quadrado (4 b) formado pela base da mesma.

 

4 b = 2 π a       onde a = altura; b = base; π = 4 b / 2 a = 3,1416

π = perímetro da base / dobro da altura

 

Sob o ponto de vista esotérico, pode-se dizer que, no plano físico, o iniciando caminha pelos quatro lados do quadrado, significando as viagens pelos quatro pontos cardeais, enquanto que, no plano cósmico, ele dá uma volta completa na circunferência, onde não existe princípio ou fim, e sim, o eterno.

 

Através de uma verdade matemática, temos uma verdade hermética, onde o microcosmo e o macrocosmo interagem.

No interior das pirâmides, no ponto exato que coincide mais ou menos com o centro de gravidade, foram observados fenômenos de mumificação (a substância viva não sofre necrose alguma), que só podem ser explicados pelo efeito de ondas, fazendo com que as substâncias químicas degradantes não atuem.

 

4.2. DOS MATERIAIS EXISTENTES NA CONSTRUÇÃO

 

4.2.1. vegetais

4.2.1.1. madeira

Largamente utilizada na construção civil e em mobiliário, tem propriedades diversas, estando sujeita a deformações causadas pelas condições atmosféricas.

–        pinho: madeira mole, mas, com bastante resistência;

–        peroba: para locais sujeitos a alterações na umidade relativa do ar;

–        cedro: mole e leve, resiste bem à dilatação;

–        imbuia: dura;

–        marfim: utilizada em móveis;

–        pau de água: muito elástica;

–        jacarandá: muito dura e resistente às mudanças de temperatura.

 

4.2.2. minerais metálicos: ferro, manganês, alumínio, ouro, prata, chumbo etc.

4.2.3. minerais não metálicos: cimento, areia, cascalho, gesso, amianto etc.

 

Ouro, prata e cobre, são da mesma família na classificação periódica por peso atômico e número, têm propriedades cristalográficas, químicas e físicas similares: todos são moles, maleáveis e dúcteis. São os melhores condutores de calor e eletricidade de todos os elementos conhecidos. O ouro é o mais durável, virtualmente indestrutível. Usado como dinheiro, joias, objetos finos, na indústria eletrônica, na medicina, nos instrumentos musicais etc.

 

De acordo com textos sumérios e acádios, os Nefilim vieram à Terra, vindos de Marduk (o décimo segundo planeta) a procura do ouro e dos metais relacionados, criando uma espécie de escravatura “com trabalhadores primitivos idealizados pelos próprios Nefilim” para que fundissem e refinassem os minérios, moldando-os em forma de lingotes para que fossem levados para o seu planeta. Os deuses da suméria exigiam que sua comida fosse servida em travessas de ouro, água e vinho em taças de ouro e vestidos em trajes dourados.

 

As antigas tradições aceitavam a sequência ouro-prata-cobre-ferro para listar as atividades do homem na terra. O profeta Daniel teve uma visão de “uma grande imagem” com cabeça de ouro fino, peito e braços de prata, abdome de bronze, pernas de ferro e pés de barro.

 

Todas essas referências dos textos antigos sugerem a familiaridade do homem com a metalurgia desde os tempos mais remotos.

 

Não é a toa que a grande preocupação da maioria dos homens estivesse ligada diretamente à aquisição e conservação de seus bens em forma de metais preciosos, com especialidade o ouro, que, sendo indestrutível constituía a sua grande paixão. Para isso, se serviam de esconderijos entre paredes ou enterrados, popularmente conhecidos como “botijas”. Esse costume teve início na Europa, na Idade Média e perpetuou-se até meados do século XIX.

 

A avareza levava muitas vezes o proprietário da fortuna a guardar consigo esse segredo até o seu leito de morte, fato esse, avaliado como sendo um fator gerador de grandes emoções.

 

A Igreja Católica, por sua vez, também cultivando o gosto pelos metais preciosos, possivelmente a exemplo dos Nefilim que pareciam ser profundos conhecedores de suas propriedades físicas, construiu seus suntuosos templos com esculturas em ouro e prata, que, além da demonstração de poder e da consequente imposição de respeito, simbolizavam a eternidade do espírito, através da utilização de materiais indestrutíveis.

 

As necessidades religiosas parecem ser as mesmas em todos os tempos e lugares, onde existe a urgência do espaço adequado ao exercício da fé, na maioria das pessoas condicionadas ao ato litúrgico.

 

Além de exercer as funções de casa de oração, vários templos possuem túmulos onde é enterrada parte do clero em todo o mundo e, sabe-se, que algumas catedrais, também são depositárias de muitos segredos esotéricos que ali permanecem até hoje.

 

Supõe-se que os valores arquitetônicos utilizados nessas construções reúnam um grande número de funções relacionadas com a Astronomia, a Matemática e a Ciência Hermética, a exemplo dos utilizados na Grande Pirâmide.

 

 

4.3. DOS FATORES PSICOLÓGICOS

 

Não poderemos deixar de destacar aqui a influência que fatores como o medo, a insegurança, as superstições, o folclore, as crendices populares etc. podem causar, ocasionando uma fenomenologia subjetiva, não caracterizando, portanto, fenômenos de natureza paranormal, ou mesmo espiritual, como afirma a doutrina espírita.

 

A título de ilustração, contava meu avô que no início do século, viajando pelo sertão como vendedor de joias, costumava pedir pousada todas as noites em sítios e fazendas, prosseguindo viagem na manhã seguinte.

 

Em certa ocasião, deram-lhe para dormir um pequeno quarto cheio de entulho nos fundos de uma casa grande de engenho.

 

Armou sua rede, trancou bem a porta, apagou o candeeiro e deitou-se para dormir. O silêncio era total. Após algum tempo, escutou um arrastar de chinelos dentro do quarto e, gelado de medo, aguardou os acontecimentos. A rede começou então a balançar suavemente e, gradualmente foi aumentando o balanço até que tocasse o telhado e, da mesma forma foi diminuindo até que parou por completo.

 

O pavor tomou conta dele, que, sem coragem de levantar e acender o candeeiro, esperou o dia amanhecer.

 

Intrigado, resolver ficar mais uma noite para enfrentar a tal situação. Tudo se repetiu igual à noite anterior, até a falta de coragem em tomar qualquer atitude. No dia seguinte conversou com algumas pessoas da fazenda com o objetivo de colher alguma informação que esclarecesse a situação, mas, não obteve sucesso.

 

Tomou então uma decisão drástica: enfrentaria a situação de qualquer forma. Armou-se de um revólver, uma vela e uma caixa de fósforos, trancou bem a porta, deitou e esperou até que tudo começasse outra vez. Quando os passos foram ouvidos e a rede iniciou o balanço, riscou um fósforo, acendeu a vela e pulou a rede de revólver em punho. Qual não foi a sua surpresa quando viu que ratinhos corriam pelo chão espalhando papéis velhos e um deles roía tranquilamente o punho de sua rede.

 

4.4. localização

 

Nas regiões tropicais, de uma maneira geral, muito quentes, a presença de serras, chapadas e planaltos amenizam a temperatura, estabilizando os efeitos de dilatação nos materiais de construção.

 

  1. Lakhovsky defende a tese que fala da influência do terreno na vida dos moradores de uma casa (Contribuição à Etiologia do Câncer): o câncer é “uma reação do organismo contra uma modificação de seu equilíbrio vibratório sob o efeito das radiações cósmicas. Quer essas radiações aumentem ou diminuam em intensidade, quer aumentem ou diminuam seu comprimento de onda, o equilíbrio oscilatório de nossas células modifica-se. Pois bem, as radiações cósmicas que sulcam o éter são em parte captadas pelo solo, posto que essas ondas penetram nele até uma profundidade apreciável. É indiscutível que as condições desta absorção modificam mais ou menos o campo eletromagnético dessas radiações na superfície do solo, que reemite nova radiação. Essas ditas radiações modificam, pois, as condições de vida da célula viva que vibra neste campo.”

 

Uma casa saudável, isenta de enfermidades físicas e mentais, é bem provável, não servirá de palco para as assombrações.

 

4.5. orientação

 

Como já observamos, no caso da pirâmide de Quéops, os quatro lados se orientam para os quatro pontos cardeais. Isso deve significar alguma interferência no que se refere ao magnetismo da terra.

 

4.6. ASPECTOS GEOGRÁFICOS

                                   

4.6.1. abalos sísmicos

São registrados anualmente cerca de 1 milhão, dos quais cerca de 5000 são perceptíveis pelo homem e 20 a 30 são de efeitos danosos. Na calada da noite, esses abalos podem concorrer para o deslocamento de objetos, gerando ruídos estranhos.

4.6.2. composição geológica do terreno

Nos terrenos impermeáveis as “radiações refletidas, refratadas e difundidas misturam-se com as primitivas para produzir um campo interferente e ondas estacionárias”, enquanto que nos permeáveis, o campo superficial não é modificado, servindo para uma construção saudável.

A radiestesia percebe as radiações próximas ou distantes, através do observador hipersensível ou através de instrumentos (forquilha ou varinha e o pêndulo), na terra e no organismo humano (minas de água, minério, petróleo, diagnósticos ou pré diagnósticos de doenças).

 

4.6.3. corrente de água subterrânea ou jazida natural

4.6.4. falha geológica ou cavidade fechada

 

 

4.7. CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS

 

4.7.1. temperatura

4.7.2. chuvas

4.7.3. umidade

4.7.4. ventos etc.

 

Esses fatores também podem vir a provocar uma fenomenologia ilusória nas pessoas, gerando boatos de assombrações.

 

V – CASAS MAL ASSOMBRADAS

 

Não poderia falar em casas mal-assombradas sem me reportar ao mestre Gilberto Freyre em “Assombrações do Recife Velho”.

 

O sobrado da Estrela, aonde vultos chegavam à janela chamando quem passasse na rua, luzes que se acendiam nos dois andares da casa vazia, louças que se quebravam na sala de jantar. Na casa da esquina do Beco do Marisco, depois que todos dormiam, ouvia-se queda de móveis, correntes arrastadas pelo soalho, portas se abrindo. Era um sobrado de três pavimentos, construído em 1865 e um dos mais novos entre os sobrados velhos da cidade. Na frente, cinco janelas e no oitão, oito. Passou vários anos desocupado e o boato que corria era que ali vagavam espíritos, até que um dia, um português surdo que não se importava com os ruídos das almas penadas, o alugou. Logo a partir da primeira noite, seus familiares começaram a ouvir barulho estranho na escada, vultos entrando e saindo dos quartos. O surdo acordava no  meio da noite para ver o que estava quebrando dentro de casa, mas, encontrava tudo em ordem, até que um dia resolveu desocupar a casa depois de ter encontrado um dos seus empregados enforcado no primeiro andar. A polícia ao fazer as investigações, subindo as escadas, logo no terceiro lance, recebeu um punhado de areia nos olhos. O proprietário resolveu então vender o casarão, que foi adaptado para um dos primeiros cinemas do Recife, perdendo desta forma o seu encantamento.

 

No início do século, com a demolição de algumas casas antigas, de arcos e da Igreja do Corpo Santo, encontrou-se muita moeda enterrada, ouro do tempo colonial.

 

Tudo leva a crer que tanto as assombrações, como as pessoas, são condicionadas a transitar nos espaços com desenvoltura, ou seja: as assombrações entram e saem pelas portas, aparecem em janelas, utilizam-se das escadas, enfim, agem como se estivessem vivas. Não ouvimos relatos de aparições andando com os pés no teto ou passando por buracos de fechadura. Raciocinando desta forma e levando em consideração que a experiência telepática não vem pura, ou seja, sofre influência dos condicionamentos do emissor e do receptor, “poderemos argumentar que psiquicamente os mortos podem perceber o mundo físico, mas, o que os vivos percebem desta presença não física é apenas uma representação alucinatória dela. Assim, a aparição de uma pessoa morta, não é a percepção do espírito da mesma, mas a sua representação psíquica, decorrente de uma experiência telepática sob forma de alucinação visual.” (Valter da Rosa Borges)

 

Um dos casos de casa mal-assombrada mais peculiar aconteceu na Espanha, em 1971, quando estranhos rostos começaram a aparecer em um casebre no pequeno povoado de Bélmez.

 

Maria Pereira, dona de casa do lugarejo, descobriu que “se formara” um rosto feminino na pedra do fogão a lenha de sua cozinha. Ela tentou raspá-lo, mas ele parecia emergir diretamente da pedra. Maria chegou até a cobrir o rosto com uma camada de argamassa, porém, mesmo assim, a imagem persistiu ali. Então começaram a surgir rostos no chão da cozinha, que, algumas vezes, desapareciam com o correr do dia ou mudavam de expressão.

 

Não demorou para que a casa se transformasse em um ponto turístico local, e Maria Pereira começou a cobrar ingresso das pessoas que queriam ver os rostos. Centenas de turistas começaram a afluir à casa, até que autoridades políticas e religiosas do local ordenaram o término daquela visitação pública. Felizmente, nessa altura, o dr. Hans Bender, da Universidade de Freiburg, na Alemanha, tomou conhecimento do caso. Bender, um dos mais famosos parapsicólogos germânicos, decidiu investigar o estranho fenômeno, em colaboração com o dr. Germán de Argumosa, da Espanha. Para testar os rostos, os dois pesquisadores prenderam uma chapa de plástico no chão da cozinha. Ela foi deixada ali durante várias semanas, sendo retirada apenas quando a água ficou condensada embaixo dela. Os rostos continuaram a se formar, mesmo nessas condições de controle. Apareceram de forma consistente durante todo o ano de 1974, e, embora a sra. Maria Pereira construísse nova

cozinha na casa, não demorou para que os rostos começassem a aparecer também ali.

 

O professor Argumosa testemunhou pessoalmente a materialização de um rosto, no dia 9 de abril de 1974. Conseguiu fotografá-lo, apesar de a imagem desaparecer logo em seguida. O emprego de documentação fotográfica elimina qualquer possibilidade de insinuar que os

rostos tenham sido alucinações, ou mesmo configurações ocasionais formadas na pedra.

Com o objetivo de realizar novos testes para evitar fraudes, Argumosa e colegas verificaram se os rostos podiam ser feitos com tintas artificiais. Os resultados de seus estudos químicos foram mostrados na edição de novembro de 1976 da Schweizerisches Buletin für Parapsychologie, publicação suíça especializada em casos de parapsicologia, e não foi descoberto nada de suspeito.

 

O motivo do curioso fenômeno jamais veio a ser definitivamente esclarecido. Alguns dos moradores do povoado cavaram o chão da cozinha da sra. Maria Pereira e encontraram alguns velhos ossos enterrados ali. Correu o boato de que a casa teria sido construída sobre um antigo cemitério, a última morada de mártires cristãos assassinados por mouros no século 11.

 

Em 1847, num vilarejo no estado de Nova Iorque, a família Fox certa noite acordou com diversas pancadas sem causa aparente que provocavam sacudidelas nas camas e nas cadeiras. Em 30/03/1848 os ruídos voltaram, continuando durante toda a noite.

 

Eram ouvidos passos no solo e subindo as escadas. Na noite seguinte, ventava muito e o Sr. Fox pensou que os ruídos poderiam vir dos caixilhos das janelas estremecidas pelo vento e foi à janela tentar, com as mãos, reproduzir os ruídos. Sua filha de onze anos reparou, então, que a cada vez que o pai sacudia a janela, as pancadas pareciam responder. Eram portanto, pancadas inteligentes.

 

Através de um código pré estabelecido, Kate e Margareth travaram uma conversação com o suposto espírito que declarou ser um homem de 32 anos, chamado Charles Rosma, vendedor ambulante que havia sido assassinado naquele local. Seu corpo e o baú estariam ali enterrados. A escavação foi feita, mas apenas encontraram restos de um cadáver com fragmentos de ossos e cabelos. O baú não foi encontrado.

 

Cinquenta e seis anos depois, por causa de um temporal, ruiu uma parede da casa que revelou-se falsa, tendo sido construída paralela à outra, sem que ninguém soubesse de sua existência. Descobriu-se aí o esqueleto de Rosma e o seu baú de lata com a alça para carrega-lo às costas.

 

 

VI – CONCLUSÕES

 

  1. a)                     A especulação em torno da hipótese da influência exercida pela arquitetura nas assombrações, deve ser orientada no sentido de estabelecer relações quanto aos valores arquitetônicos, tendo em vista as condições especiais aqui apresentadas e outras mais que possam contribuir para o estudo em questão;

 

  1. b)                     Esses valores deverão ser minuciosamente investigados pelo pesquisador, visto que alguns deles poderão ocasionar uma fenomenologia ilusória, levando as pessoas, tomadas pelo pânico ou influenciadas por superstições, a escutarem ruídos, ouvirem vozes, verem vultos etc., provenientes apenas da dilatação de materiais utilizados na construção, pequenos abalos sísmicos, acumulação de ar dentro das tubulações, animais noturnos, efeitos visuais provocados pela luminosidade etc. O parapsicólogo poderá ser solicitado a dar parecer técnico sobre a existência ou não do fenômeno, na hipótese da extinção de locação imobiliária. O nosso código civil prevê no artigo 1.101: “A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminua o valor.”;

 

  1. c)                     Pela argumentação utilizada nesse trabalho, a arquitetura não parece exercer influência direta nas assombrações, mas, a interação do indivíduo com determinados valores arquitetônicos, podem promover o surgimento de emoções, levando o indivíduo a um estado alterado de consciência, que por sua vez provoca o transe hipnótico ou mediúnico. Esse estado traz repercussões em nível de córtex cerebral, evidenciando um mecanismo psicofisiológico especial, tornando o indivíduo mais eficiente do que em seu estado normal, por ser o conhecimento inconsciente acionado, despertando informações armazenadas básicas ou adquiridas (criptomnésia), que são exteriorizadas através de uma fenomenologia sob forma alucinatória visual individual ou coletivamente induzida. Essa é a hipótese parapsicológica.

 

  1. d)                     Hoje, estudiosos pesquisam acerca das interações mente-organismos-ambiente. Essas interações existem e se fazem presentes no cotidiano. Se a mente de um vivo pode interagir com a de outro ser vivo e com o meio ambiente, poderemos imaginar que a mente de um morto também possa interagir com a mente de um vivo e com o meio físico, como asseguram os espíritas, já que, o que morreu foi a matéria. Daí a possibilidade de telepaticamente haver uma interação morto / vivo, causando a alucinação visual, auditiva, olfativa etc.

 

  1. e)                     As edificações de uma forma geral não são os únicos locais onde são percebidas as assombrações, mas também em praças (a praça “Chora Menino”, em Recife, por exemplo), nas ruas desertas do Poço da Panela, no Açude do Prata elas podem ser vistas e ouvidas por diferentes pessoas durante longos anos, até que os espectadores atendam ao pedido das almas penadas, ou seja, a celebração de missas, a retiradas de botijas, o pagamento de dívidas etc., segundo a crendice popular.

 

  1. f)                      Sabemos que o átomo, antes definido pelos físicos newtonianos como indestrutível e o mais elementar bloco-construtor do mundo material, era, na realidade, composto de partes ainda menores e mais elementares: prótons, eléctrons e nêutrons, que, por sua vez, apresentavam um comportamento estranho que desafiava os princípios newtonianos. Em determinados experimentos comportavam-se como entidades materiais e, em outros, como se tivessem propriedades ondulatórias (paradoxo onda-partícula). Diante desse novo contexto de relações e eventos unificados, deduziu-se que a consciência não reflete o mundo material objetivo de maneira apenas passiva: ela tem papel ativo na criação da própria realidade. Segundo Price, “a aparição é constituída de imagens persistentes e dinâmicas, criadas pela mente humana, mas, dela se separando para adquirir existência autônoma”.

 

  1. g)                     Quando pudermos repetir, em laboratório, as condições especiais que levam as imagens cinéticas gravadas, das pessoas enquanto vivas, a serem reveladas, talvez possamos voltar às cenas de épocas passadas, fazendo a tão sonhada viagem no “túnel do tempo”.

 

 

VII – BIBLIOGRAFIA

 

BORGES, Valter da Rosa. Manual de Parapsicologia. Edição Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas. Recife, 1992.

 

________ Aparição e Personificação Objetiva. . Anais do XIV Simpósio Pernambucano de Parapsicologia. Recife, 1996.

 

________ Anuário Brasileiro de Parapsicologia Ano 2000. A Parapsicologia e suas Relações com o Direito. Edição Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas. Recife, 2000.

 

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