Terezinha Acioli Lins
ABSTRACT
É chegado o momento de ultrapassar as fronteiras do mundo físico e o parapsicólogo já busca o transcendental, dando continuidade às suas pesquisas e procurando resposta para perguntas do tipo: “Existe vida após a morte?”
Mesmo com a delimitação de seu campo de trabalho – estudo e pesquisa do fenômeno paranormal – e, tendo como postulado básico – atribuir à mente de uma pessoa viva a causa desse tipo de fenômeno – o estudioso da ciência parapsicológica, de maneira ousada, desafia o tradicionalismo científico, sendo impelido para uma nova visão da realidade humana e seu espaço no Universo. E, para reforçar os seus conhecimentos, lança mão da riqueza interdisciplinar da Parapsicologia, explorando ideias novas fornecidas pela Física, Biologia, Filosofia, Religião etc.
A pesquisa da sobrevivência post-mortem do ser humano não implica na evidência de sua imortalidade. É um pré-requisito para esse estudo a compreensão da mente e, obviamente, do cérebro.
A mente não é um produto do cérebro, embora possa agir por seu intermédio. É algo mais que um simples receptor e intérprete de “mensagens” sensoriais. A sua versatilidade é imensa, sendo capaz de agir sobre a matéria exercendo uma ação livre. Tudo indica que a mente não seja afetada pela morte do corpo físico, todavia, trata-se de um processo hipotético, porque a consciência não é atingida pela observação direta, mas, apenas, pode ser inferida. Deduzimos sua existência pelos “rastros” deixados por ela em certos fenômenos paranormais.
E essa “realidade” que transcende ao tempo e espaço físicos foi pesquisada pela Filosofia, Misticismo e, hoje, por cientistas.
DISCUSSÃO INTRODUTÓRIA
Há fenômenos que são aceitos por estudiosos da ciência parapsicológica, mas que apresentam acentuado índice em favor da sobrevivência. Entre eles, temos a Experiência Fora do Corpo (EFC), a Experiência de Quase Morte (EQM) e a Memória Extracerebral (MEC).
A Projeção da Consciência pode ser definida como uma clarividência exoscópica em que uma pessoa, em certas circunstâncias, como morte clínica aparente, debilidade orgânica, anestesia cirúrgica, percebe-se, de repente, como se estivesse fora de seu corpo. Esse fenômeno é também conhecido por projeção do corpo astral, viagem astral, desdobramento, bicorporeidade, bilocação e experiência fora do corpo.
Em vários casos, um anestésico foi a causa provável da expulsão de um corpo astral, segundo Sylvan Muldoon e Hereward Carrington. Cite-se o exemplo de um bedel de escola, um certo Sr. Landa, que teve de fazer uma operação, em consequência de um acidente. Ele descreve seu nervosismo antes da operação e conta que ficou inconsciente quando lhe aplicaram a anestesia. Mas, não ficou em estado inconsciente por muito tempo. Sentiu-se como se estivesse sendo separado do corpo por uma brusca e violenta reação. Depois, tão repentinamente como antes, a calma lhe voltou. Eis o resto da história contada com suas próprias palavras:
“Eu me vi – ou melhor, eu vi o meu ser físico – deitado ali. Tive uma visão nítida dos detalhes da mesa de operação. Solto no ar e olhando para baixo, me vi deitado na mesa de operação. Podia ver a incisão cirúrgica no lado direito do meu corpo e pude ainda perceber o médico segurando um instrumento que agora não consigo mais descrever com precisão.”
Observei tudo com muita clareza. Tentei impedir que me operassem. Era uma coisa tão real! Ainda ouço meus gritos: “Parem com isso! O que vocês estão fazendo aí?”
O Sr. Landa termina dizendo, como tantos outros que, jamais esquecerá essa experiência. É a primeira grande compilação feita por Muldoon e Carrington, publicada em 1951 ( 97b, p.p. 56-7).
A Projeção da Consciência dá margem a que se discuta sobre a possível existência de um corpo de natureza não física, como se fosse uma réplica do corpo físico. Ele é chamado de corpo astral, períspirito, psicossoma, corpo espiritual, corpo bioplasmático. Sob o ponto de vista científico, entretanto, a questão abordada se encontra no campo da especulação metafísica.
Não há qualquer experiência confiável e conclusiva que tenha determinado a existência deste “algo” que se separa do corpo físico no momento da experiência extracorpórea.
A Experiência de Quase Morte, em alguns casos, pode dar lugar a uma experiência de projeção da consciência. Muitas pessoas, consideradas clinicamente, mortas, viram-se, de repente, fora de seus corpos, observando com clareza, tudo o que acontecia, ao seu redor. Alguns até se deslocaram para lugares mais distantes, presenciando cenas que ali aconteciam.
Raymond Mood Jr. (MOOD Jr. – G. Luz do Além) informa que, através de pesquisa realizada pela Gallup, constatou-se que, nos Estados Unidos, oito milhões de adultos tinham passado por uma EQM. Ele chegou a entrevistar, até o momento, mais de mil pessoas que vivenciaram esse fenômeno.
Raymond Mood Jr. relata, em seu livro “A Luz do Além”, um caso impressionante de Projeção da Consciência por ocasião do Estado de Quase Morte:
“Em Long Island, uma mulher de setenta anos, cega desde os dezoito, foi capaz de descrever, com detalhes vívidos, o que aconteceu, enquanto os médicos tentavam ressuscitá-la de um ataque do coração.
Ela conseguiu dar uma boa descrição dos instrumentos que foram utilizados, e até mesmo de suas cores.
E o mais surpreendente para mim é que a maioria daqueles instrumentos sequer fora concebida na época em que ela ainda podia ver, havia cerca de cinquenta anos. Além de tudo isso, ela ainda disse ao médico que ele usava um jaleco azul, quando começou a ressuscita-la”.
Relatos de pessoas que foram declaradas clinicamente mortas constatam que elas continuavam lúcidas durante aquele estado, tomando conhecimento de tudo que se passava ao seu redor. Apenas não se comunicavam com o mundo exterior, em virtude do seu estado físico. Tudo indica que a falta de comunicação entre uma pessoa em estado de coma e o mundo externo, não constitui comprovação de que a mesma se encontre em estado de inconsciência. (1)
MEC é a sigla da Memória Extracerebral, expressão que surgiu, simultaneamente, com outros, como Paramemórias e Reencarnações Sugestivas. A designação Memória Extracerebral foi dada em 1973 por Hamendras Nat Banerjee, quando começou a investigar o fenômeno.
É um fenômeno que, na nossa opinião, apresenta acentuado indício em favor da Reencarnação, tratando-se de uma hipótese não científica e investigada no campo religioso.
Embora se trate de uma modalidade especial de personificação subjetiva. O paranormal, geralmente uma criança, na faixa de dois a oito anos, assume, em algumas ocasiões, a personalidade de alguém que já falecera e que ela não conhecera, dizendo-se ser a reencarnação daquela. Há uma identificação do “eu” da criança com o “eu” da pessoa falecida, personalidade preexistente em seu psiquismo inconsciente. Distingue-se, entretanto, da personalidade secundária, porque, neste fenômeno, há um desempenho de papel e não uma identificação entre a criança e a falecida.
Destacam-se como pesquisadores desse fenômeno, o professor Dr.
Hamendras Nat Banerjee, da Universidade do Jaipur na Índia e o professor Dr. Ian Stevenson, da Universidade de Virgínia nos Estados Unidos. Esses estudiosos preferem o exame dos casos espontâneos de lembranças de vidas anteriores reveladas por crianças. Segundo esses dois cientistas, os casos espontâneos têm a vantagem da naturalidade, enquanto o processo de Regressão da Memória pela hipnose é artificial e o mais sujeito a suspeita de fabulações inconscientes pelo paciente. O próprio professor Albert de Rochas que, em 1924, lançava o seu livro “As Vidas Sucessivas”, concluiu que não tinha chegado a resultados positivos, em suas pesquisas hipnóticas sobre a Reencarnação. Sua técnica foi desenvolvida pelo Dr. Wladimir Raikav, na Universidade de Moscou, em suas experiências de “reencarnações sugestivas”, estruturada no materialismo oficial da Rússia.
Entre vários casos de Memória Extracerebral, destaca-se o extraordinário Caso de Shanti, (Publicação – Revista Italiana “L’Europeo”, em 1958).
Aos quatro anos, a menina Shanti, que nasceu em Delhi, em 1926, denotava acentuada atração pelos alimentos e costumes bramânicos, referindo-se, com frequência a uma vida anterior. Citou depois o nome de Kedar Nath que teria sido o seu marido em outra existência. Em 1935, tendo ciência de fato, o “ex-esposo” visitou-a e fez inúmeras perguntas relativas ao passado e a vários aspectos da vida conjugal. Convenceu-se estar diante de Lugdi Davi, sua primeira mulher que faleceu em 1925 ao da à luz um menino.
Shanti, visitando Malhura, identificou as residências de Lugdi ao tempo de solteira e depois de casada, estranhando a mudança da cor da pintura externa desta última. Procurou 150 rúpias na casa em que teria vivido como esposa de Kedar Nath e que teria escondido antes do parto, para doar a determinado templo, se o nascituro fosse menino. Queria pagar a promessa, mas não encontrou o dinheiro. Kedar, de fato, achara a quantia, após a morte de sua mulher, porém, desconhecendo a finalidade, gastou-a.
A menina Shanti, em nenhum momento, parece ter caído em contradição ou decepcionado seus pretensos familiares.
Em suma, tanto o fenômeno da EFC, o de EQM e de MEC compreendem uma área de investigação interdisciplinar para os estudiosos da Parapsicologia.
EXISTE VIDA APÓS A MORTE?
É chegado o momento de ultrapassar as fronteiras do mundo físico e, alguns parapsicólogos, dentro do campo da interdisciplinaridade, já buscam o transcendental, dando continuidade às suas pesquisas e procurando respostas para perguntas do tipo: “Existe vida após a morte?” Considerando o enfoque social, as respostas a esse respeito são as mais diversas.
Mesmo com a delimitação de seu campo de trabalho – estudo e pesquisa do fenômeno paranormal – e, tendo como postulado básico – atribuir à mente de uma pessoa viva a causa desse tipo de fenômeno –, alguns estudiosos da ciência parapsicológica, de maneira ousada, desafiam o tradicionalismo científico, sendo impelidos para uma nova visão da realidade humana e seu espaço no Universo. E, para reforçar os seus conhecimentos, lançam mão da riqueza interdisciplinar da
Parapsicologia. (2)
Inicialmente o estudo se depara com uma dificuldade: partir do mundo físico para explicar o físico já é complexo e, mais complicado é, ainda, partir do físico para explicar um suposto mundo não-físico. Acrescente-se, também, que a visão do mundo físico para o homem, ora é seletiva, ora uma visão errônea e ora não vê ou não é despertado para fenômenos que já existem. E, para extrapolar o seu campo de pesquisa, há parapsicólogos que, muitas vezes, além do vivo, é impelido, naturalmente, para o estudo do morto e do elemento estranho. Para esclarecer o morto, procura subsídios no Espiritismo e para o estranho, apoia-se na astrobiologia.
Esse estudo do transcendental implica, antes de tudo, na compreensão da mente e, obviamente, do cérebro. Tudo indica que mente e cérebro agem de maneira sincrônica, de modo que, alguma lesão cerebral pode atingir a mente. Todavia, necessariamente, ela não depende do cérebro para agir. É como se num computador, o cérebro fosse o “hardware” e a mente o “software”, isto é, a máquina propriamente dita e a programação, respectivamente. Entretanto, para funcionar o computador, não precisa o programador estar nele, mas o seu programa, a sua criação. (3)
A mente é algo mais que um simples receptor e intérprete de “mensagens” sensoriais. A sua versatilidade é imensa, o que explica, em parte, os problemas enfrentados pelos pesquisadores que procuram desvendar os segredos de seu funcionamento. Ainda não foi comprovada a existência física da mente ou a sua autonomia através de experiências. Torna-se, assim, impossível a tentativa de averiguar a sua existência extracorpórea através do uso de aparelhagem física. Tudo leva a crer que a mente é capaz de criar um campo informacional e energético, interagindo com elementos situados nesse campo. Teoricamente, tornasse possível, o exercício de sua atividade perceptual, não, apenas, partindo do corpo físico, mas de qualquer parte desse campo.
Mente e matéria estão, intimamente, ligadas. Não se pode pensar numa sem a outra. A mente é a força ou movimento dominante no Universo. Não pode ter tido princípio nem poderá ter fim. (4)
Possibilidade de Pesquisa Científica sobre a Sobrevivência
Os objetivos da Parapsicologia sofreram grande ampliação. Dedica-se, já há algum tempo, ao estudo da natureza do homem e do seu relacionamento com seus semelhantes, com o meio ambiente e o próprio cosmo. Seus limites extravasaram as áreas iniciais de investigação, abrangendo fenômenos de amplo aspecto que chegam a tocar as fronteiras das outras ciências, como a Física e a Biologia. Isso se deve ao extraordinário impulso dado pelos pesquisadores americanos, em que se destaca Dr. Joseph Banks Rhine (que está para a Parapsicologia, como Freud está para a Psicanálise), considerado o “Pai da Parapsicologia Ocidental, e soviéticos, entre os quais, Leonid Vasiliev, considerado o “Pai da Parapsicologia na Rússia”.
Foi na Universidade de Duke que o casal Rhine (Joseph Banks Rhine e Louise Rhine) iniciou os estudos que tenderiam à criação de uma nova ciência: a Parapsicologia. Preocupados com a questão da sobrevivência, eles adentraram num campo que trouxe o extrafísico para a pesquisa das faculdades humanas. Rhine despertou para a Parapsicologia depois de ouvir o médico inglês, famoso no mundo, Oliver Lodge, falar a respeito da sobrevivência após a morte e da possibilidade de comunicação com o mundo espiritual. Resolveu, assim, verificar se a sobrevivência poderia ser pesquisada de forma científica.
Rhine, até a sua morte, a 20 de fevereiro de 1980, sempre aceitou a existência de poderes naturais, porém desconhecidos. Com seu trabalho pioneiro nessa área –Extrasensory Perception -, prefaciado pelo Dr. Mc Dougall, ele converteu o que era considerado “sobrenatural”, em extrafísico. A mente seria um elemento não-físico no indivíduo? Tudo indica que a Parapsicologia é a ciência apropriada a fornecer, experimentalmente, uma resposta.
A sobrevivência do homem não é objeto de estudo da Parapsicologia. Isso não implica, todavia, que os fenômenos paranormais não possam constituir subsídio para a elaboração de uma hipótese científica da sobrevivência humana, após a morte do corpo físico.
Para Rhine, a “prova de ESP seria mais do que suficiente para estabelecer a hipótese da sobrevivência sobre bases lógicas.” Já Milan Rizl, indo de encontro ao pensamento de Rhine, afirma que a prova da sobrevivência não pode ser fornecida pelas manifestações paranormais, porque “até o momento não se encontram limitações à percepção extra-sensorial. Assim, esta continua sendo uma hipótese, suficientemente, satisfatória sobre a sobrevivência post-mortem”. Se não há limite dos fenômenos paranormais, não se pode provar ou refutar.
Com a comprovação das faculdades de telepatia, clarividência, precognição e psicocinésia, a Parapsicologia demonstrou que a natureza do homem não é, exclusivamente, material. Tudo indica haver no homem e, possivelmente, nos demais seres vivos, uma parte extrafísica, ou seja, o fator psi.
Goldstein, parapsicólogo paulista, opina que, por enquanto, os parapsicólogos, ainda impregnados de filosofia positivista, relutam em identificar o fator psi com o espírito, alegando que o conceito de espírito ainda contém uma conotação metafísica que o torna inaceitável pela ciência. O que não se pode negar é que, em toda a fenomenologia paranormal, há forte indício de preponderar a “ação intencional de um agente inteligente”. Tudo indica que o espírito é um inobservável, todavia, ele deixa, em certos fenômenos paranormais, “rastros” através dos quais se detecta a sua existência.
Mente universal: subsídios para a compreensão da Mente Superior
Dentro da riqueza interdisciplinar da Parapsicologia, o pesquisador deve explorar ideias novas fornecidas pela Física Quântica e uma delas é a “Mente Universal”, de Henry Margenau.
Nessa Mente Universal, tomariam parte todos os seres conscientes e talvez todas as entidades que compõem o mundo. Para Margenau, o fato de percebermos o mesmo mundo evidencia a existência da Mente Universal. Torna-se necessária uma única consciência para se fazer uma única imagem do mundo. Tudo leva a crer que essa Mente está operante, moldando a grande quantidade de dados sensoriais, processados a cada momento, formando imagens do mundo inter-relacionadas e comunicáveis.
Essa Mente Universal e Una é, em sua expressão mais abrangente, Divina. É provável que, em algum nível, somos essa Mente, revelando-se em determinada frequência, com limitações que, certamente, não obscurecem uma pequena fração de suas propriedades. A existência de uma alma coletiva não exclui a existência de almas individuais que nela irão desintegrar-se ou desaparecer ou sofrerão longa evolução, a fim de, no final, nela se integrarem, constituindo a unidade do “Eu e meu pai somos um…”
Os fenômenos parapsicológicos, há muito tempo, são considerados funções da personalidade integral inconsciente. Todavia, não se devem conceder à dinâmica inconsciente atributos divinos, o que se extrapola a sua capacidade cognitiva. Não se pode defender o poder ilimitado do processo inconsciente, porque esse juízo incide no campo da Metafísica. Há aptidões desconhecidas do psiquismo inconsciente, sendo o seu conceito, ainda hoje, vago, nos campos psicoparapsicológicos. Tudo leva a crer que o psiquismo inconsciente não é apenas automático, comandado pelos instintos e Rhine, em suas experiências de Parapsicologia, chega a uma conclusão idêntica a Karl Gustav Jung: “Se a mente humana é não-física, é possível formular uma descrição hipotética de um sistema-mundo não físico, formado por todas as mentes que existem, em uma espécie de vinculação recíproca, que conduz a concepções especulativas de uma espécie de superalma psíquica, um reservatório contínuo, universal, com seu próprio sistema de luz , propriedades e poderes. Pode-se conceber essa grande totalidade com um caráter único e transcendental, mais além e acima da natureza de suas partes, a que alguns poderiam chamar divindade.” (Rhine – “The Reach of the Mind”)
Pesquisas Parapsicológicas no Campo da Transcendentologia
Há muito tempo (cerca de cento e cinquenta anos) que o homem se dedica à Transcendentologia, constituindo complexo objeto de pesquisa. Entre outras, destacam-se as seguintes investigações:
– Pesquisa dos fenômenos relacionados com a morte pelo grupo do Professor Pratt, da Duke University, dando origem à classificação de um novo tipo de fenômeno paranormal, denominado “theta” (oitava letra do alfabeto grego), que se origina de thanatos (morte).
– Pesquisa dos fenômenos relacionados com a teoria da reencarnação, como o provam o livro já famoso do professor Ian Stevenson, da Universidade de Virgínia, Estados Unidos, e os trabalhos do professor Banerjee, da Universidade de Jaipur, na Índia , embora cercado de reservas e cautelas.
– Pesquisa, no mesmo sentido, através da hipnose, por psiquiatras russos, como o caso do professor Vladimir Raikov e suas experiências de “reencarnações sugestivas”, embora consideradas puramente do ponto de vista da sugestão hipnótica.
– Pesquisa sobre gravação de comunicações espirituais em fitas magnéticas, iniciadas por Friederich Jürgenson, de Möelbo, Suécia e desenvolvidas pelo cientista Konstantin Raudive e outros na Alemanha, entre os quais Hans Geisler. O primeiro livro de transcomunicação “Telefone para o Além” é de Jürgenson.
Quanto aos registros diretos de vozes paranormais em fitas magnéticas, constituem pesquisa no campo da parapsicologia sobre um fenômeno que ainda não encontrou explicação científica – a Transcomunicação Instrumental. Trata-se de retenção de vozes gravadas diretamente em fitas magnéticas, cuja origem, até agora, é desconhecida. Os trabalhos de Sônia Rinaldi têm apresentado considerável contribuição nesse campo de pesquisa.
Jürgenson assinalou o fenômeno, quando tentava gravar vozes de pássaros. Surpreendeu-se, notando que as fitas magnéticas estavam sendo impressionadas por vozes “humanas”, desconhecidas. Raudive (já falecido) organizou uma verdadeira estação de escuta, onde obteve 80.000 mensagens por esse processo e transcreveu essas gravações em seu livro “O Inaudível torna-se Audível”. (O original é em alemão “Unhörbases, Ubard Horbar”).
Na Europa, em particular, há dezenas de cientistas que se dedicam ao registro e interpretação de tais vozes. Há muitos que opinam tratar-se de comunicações de pessoas já “falecidas”.
– Físicos e biólogos soviéticos descobrem o corpo bioplasmático do homem, que se retira do corpo no momento da morte, sendo a verificação experimental feita através de câmeras fotográficas especiais. E cujas pesquisas podem ser conhecidas através do livro “Descobertas Psíquicas Atrás da Cortina de Ferro”, de Lyn Schroeder e Scheila Ostrander, Estados Unidos, atualmente com tradução no Brasil.
– No Brasil – o IBPP possui, em seus registros, mais de 50 casos que sugerem reencarnação e que ocorreram no Brasil. Essa equipe trabalhou em mútua colaboração com a de Ian Stevenson. Em nosso país, destacam-se as pesquisas realizadas pelo engenheiro Hernani Guimarães Andrade e outros.
– Em agosto de 1960, foi fundada em Durham, Carolina do Norte, Estados Unidos, a “Psychical Research Foundation”, a qual entrou em atividade em janeiro de 1961. A sua finalidade exclusiva é a promoção de pesquisas científicas em torno do problema da sobrevivência da personalidade após a morte. Publica um boletim trimestral – Theta. A Fundação e o seu boletim não assumem nenhuma posição ante o problema da sobrevivência, salvo a crença de que a observação e a experimentação científica podem conduzir a uma solução do mesmo. Os seus componentes escolheram a designação “Theta”, que é a primeira letra da palavra grega “Thanatos” (a morte) e com ela, querem significar qualquer relação com a questão da sobrevivência da personalidade após a morte do corpo físico: “fenômeno theta”, “evidência theta” (positiva ou negativa).
– Pesquisa dos cientistas norte-americanos da equipe do professor Puhariche sobre médiuns curadores (destacando-se as realizadas com Arigó) e da Fundação Edgar Cayce, no mesmo sentido. Uma equipe dessa fundação esteve em São Paulo, fazendo observações em 1969.
A Mente Superior: Caracterização
Tudo leva a crer que a mente atua por meio do cérebro, embora, necessariamente, não seja um produto dele ou esteja a ele limitada. Seria, desse modo, uma Mente Superior, da qual se deriva o Ego que tem o seu conteúdo e um determinado nível de percepção consciente: pensamentos, sensações, emoções.
Há, todavia, dificuldades que aparecem, tais como: Onde, na realidade, localiza-se a mente? Poderia a mente juntar-se ao corpo físico de um indivíduo no nosso espaço-tempo, sem ser atingida pelos limites desta nossa realidade imediata?
Estaria, assim, aqui e ali, ao mesmo tempo, conectando-se com todos os seres do Universo numa velocidade maior que a da luz. (5)
Que espécie de mundo seria necessário para suportar uma mente Não Localizada? Talvez a espécie de mundo que temos – um mundo que, em si mesmo, é não –localizado. Isso desafia a Física desde Newton. Segundo Herbert, uma interação não-local é não – medida, não-atenuada e imediata. E o físico irlandês John Stewart Bell demonstrou que o mundo não-localizado de fato existe. Apesar de todas as forças conhecidas serem, incontestavelmente, localizadas, as conexões não localizadas estão em toda parte, porque a própria realidade é não-localizada. Uma mente não localizada é uma mente ligada a todos os outros momentos, lugares e pessoas. (6)
Se a mente é Não Localizada, ela grita sua independência em relação ao corpo e cérebro que são estritamente localizados. Desse modo, ela goza do livre arbítrio, até certo grau, uma vez que poderia escapar dos constrangimentos determinísticos das leis físicas que comandam o corpo. É o ponto de apoio para explicar-se a sobrevivência após a morte do corpo físico, transcendendo o tempo e o espaço. Isso seria uma das maiores descobertas sobre o organismo humano em todos os tempos. Seria o objetivo do homem moderno em sua inquietação, buscando conseguir vida a qualquer custo.
Desse modo, a mente pode ser considerada dentro do cérebro, fora do cérebro, percorrendo o próprio corpo e fora do cérebro e do corpo. No cérebro, faz um trabalho sincrônico: uma lesão cerebral pode atingir a consciência. Disse Dr. Wilder Penfield eminente neurocirurgião canadense, autor do livro “O Mistério da Mente”, antes de morrer: “a consciência do homem, a mente, é algo que não pode ser reduzido aos mecanismos do cérebro”. (7)
Em um controvertido livro publicado em 1977 “A Mente e seu Cérebro”, Eccles e o filósofo Sir. Karl Popper, seu conterrâneo, defendem que, além dos estados cerebrais determinados pelas leis físicas, há também estados mentais que estão fora dos limites do mundo material, mas, mesmo assim, interagem com ele.
Karl Gustav Jung não concordava com a definição física da realidade. Investigando a mente, Jung deu uma maior atenção às zonas além do alcance da consciência desperta. Como Sigmund Freud, ele demonstrou a importância da mente inconsciente de cada indivíduo, cujos impulsos sombrios moldam a conduta, mas só acessíveis por meio das saídas criativas, como sonhos, fantasias ou obras de arte e, assim mesmo, em termos simbólicos. A análise que fez de seus próprios sonhos, levou-o a afirmar a existência de outro tipo mais amplo de nível inconsciente, a que determinou de inconsciente coletivo.
Segundo Jung o inconsciente coletivo pertencia a toda humanidade, sendo expresso em arquétipos ou símbolos primitivos, mitos ou histórias folclóricas com temas e formas comuns, encontradas em todas as culturas, em qualquer época. Essas imagens e histórias não foram concebidas por experiência individual, mas constituem o comum de toda a humanidade.
Às vezes, Jung conferia ao inconsciente coletivo um poder paranormal de previsão dos acontecimentos. Acreditava, por exemplo, que uma série de sonhos que teve no final de 1913, cheios de imagens de corpos esfolados, mergulhados em mares de sangue, fora uma premonição do conflito que irrompeu na Europa, em 1914 (a Primeira Guerra Mundial, 1914 –1918). A definição da morte, em suas interpretações, atingiu uma compreensão nova, que transcendia o escopo da discussão entre materialistas e dualistas.
O processo inconsciente possui uma extensão que alcança qualquer lugar. Não temos condições de estabelecer uma fronteira definida. Assim como não podemos dizer onde o mundo acaba, também não podemos afirmar onde termina o inconsciente, ou mesmo se termina em algum lugar. É um processo hipotético, porque o nível inconsciente não é atingido pela observação direta, mas, apenas, pode ser inferido.
Segundo o renomado matemático e filósofo britânico Alfred North Whitehead, nenhum aspecto isolado existiria por si só. “Não há verdades completas”, a todas as verdades são meias verdades. A mente humana apreende o maior número possível de entidades vigentes, transformando-as em memórias que, no conjunto, formam para a pessoa o sentido de si mesma. A difícil filosofia de Whitehead se assemelha com alguns aspectos da religião do Oriente: o mundo do corpo e dos objetos é ilusório. Assim a verdadeira realidade é acessível à contemplação, não podendo ser sondada por meios físicos. (8)
O MISTICISMO ANTIGO E A FÍSICA MODERNA
Fritjof Capra foi um dos primeiros cientistas ocidentais a explorar os implausíveis paralelos entre o misticismo antigo e a física moderna. Em 1975, ele escreveu “O Tao da Física”. A unicidade básica do Universo não é apenas a característica central da experiência mística, mas também uma das mais importantes revelações da física moderna. Ela se torna aparente no nível atômico e manifesta-se mais e mais à medida que mergulhamos mais fundo na matéria, até o domínio das partículas subatômicas. (9)
James Jeans, em “The Mysterious Universe”, afirmou: “A mente já não se apresenta como acidental intruso no reino da natureza; começamos a suspeitar que, a devemos saudar como a criadora e a governadora desse reino.”
Matéria é movimento e movimento é matéria. Esta está em toda a parte no Universo, nunca teve começo e nunca terá fim, achando-se em contínuo movimento. Não há, portanto, espaço vazio, matéria e energia e vice-versa. Se a matéria é energia concentrada, a energia seria a liberação da matéria. Tudo indica que a mente é a energia que, estando na matéria, tem a liberdade de liberar-se dela, quando se fizer necessário.
Sem a mente, nada existe. Só quando ela está presente, há qualquer realização da matéria, física ou etérea. Só entendemos a mente, atuando sobre a matéria. A mente é ativa, a matéria passiva, sendo correlatas. Desse modo, mente e matéria estão intimamente ligadas. A mente é o movimento dominante no Universo, sem princípio nem fim, dá causa ao movimento, formando-se dentro dos objetos vistos ou imaginados.
Haverá mente numa pedra? Uma pedra pode tornar-se habitação de uma mente. Há mente em todos os graus de desenvolvimento, desde o do mais humilde fungo até a que guiou a mão que escreveu a maior tragédia de que o homem já compôs: Rei Lear.
A mente é infinita e eterna, a mudar sempre, a desenvolver-se, a criar formas novas, tirando-as das velhas, nunca em repouso. Poderemos por limites à mente? Existirá uma mente individual, e nos seria possível compreendê-la? Não, porque o finito não pode compreender o infinito e essa mente infinita deve existir. Tudo que a mente individual abrange tem que ser produto da mente universal. Aquela pode compreender tudo, mas não controla tudo.
Cada um de nós tem a sua parte dessa mente universal e a que nível de sabedoria, podem as nossas mentes individuais chegar, ainda ninguém esteja apto a dizer. Não chegamos ao mesmo nível dessa mente, porque morremos e, consequentemente não somos eternos, mas finitos. Entretanto, o homem cria até o dia de sua morte.
Em suma, para existir matéria, tem que haver mente, mas para existir mente, não tem que haver matéria. Tudo indica ser esse um dos caminhos para a formulação de uma hipótese da sobrevivência. (10)
EXPERIÊNCIA CÓSMICA
A Física chega nos confins da matéria e constata na energia sua relatividade. O tempo é uma ilusão, função do movimento num espaço cuja natureza tridimensional é totalmente posta em questionamento.
A visão de uma realidade mais ampla do que a nossa apresenta efeitos terapêuticos, aspecto que se torna, para alguns, o objetivo mesmo de toda psicoterapia. Talvez, a psicose seja uma espécie de acidente, um aborto da experiência cósmica. Com o uso da mescalina e do LSD, a psicofarmacologia colocou em evidência a possibilidade de obter, experimentalmente, estados de consciência que lembram, em todos os pontos, a experiência mística. Atrás da droga, encontra-se uma experiência transcendental terapêutica. Cancerosos, por exemplo, perdem o medo de morrer depois dessa experiência.
A Biofísica nos coloca, progressivamente, diante da evidência de um contínuo entre a matéria orgânica e inorgânica.
Características da experiência mística:
Unidade: desaparece a dualidade eu / não-eu – as pessoas vivem a unidade cósmica e se sentem fazendo parte de uma totalidade indissolúvel.
Inefável: a experiência é tão diferente de tudo aquilo que vive no mundo submisso aos cinco sentidos que não há palavras para descrevê-la.
Realidade: a experiência é sentida como real e essa convicção se mantém após seu desaparecimento. Daí o termo noética criado por William James, para caracterizar esse aspecto da experiência mística.
Estado positivo de humor, sentimentos de paz, êxtase, graça, amor universal, alegria pura etc.
Sentido do Sagrado: as pessoas sentem um profundo respeito e uma humildade incondicional e majestade do vivido.
Desaparecimento do medo da morte: o fato de pertencer à energia cósmica dá às pessoas a certeza de sua própria eternidade, depois da desagregação do corpo. (11)
Mudança posterior de comportamento e de sistemas de valores: inúmeras pessoas que viveram essa experiência, geralmente, são objetos de mudanças radicais e progressivas, após uma experiência cósmica. Há ainda outras: visões de seres protetores, ameaçadores ou neutros, fenômenos parapsicológicos de telepatia, clarividência, precognição, psicocinésia etc.
VIAS DA EXPERIÊNCIA CÓSMICA
São vias da experiência cósmica: Ioga, Rosa Cruz, Maçonaria, os apóstolos do Cristo e o próprio Cristo.
Todos descrevem as oceânicas de Freud, as místicas religiosas de São João da Cruz ou de Santa Teresa de Ávila, o Estado Alterado de Consciência.
Inexistência do tempo como ele é vivido por nós.
Tempo relativo ao espaço: o tempo é percebido como inexistente.
A matéria é ilusão, ela é energia densa.
Vivência numa dimensão fora do tempo e do espaço.
Percepção algumas vezes, de uma gigantesca pulsação cósmica, harmonizando-se com ritmos individuais e audição de sons cósmicos que são, paradoxalmente, percebidos como sendo inaudíveis. O Cosmo se comporta como um ser vivo, dotado de inteligência, constituindo uma unidade estrutural. O eu e o objeto (compreendendo o mundo inanimado) fazem parte de uma mesma energia e tudo indica que essa energia tem uma fonte única.
Cabe aqui uma comparação budista: há as ondas e o mar. Nós somos as ondas. Cada um de nós é uma onda que olha para outra onda. Resulta disso a ilusão de sermos separados um dos outros. As ondas nascem, existem e morrem. Elas voltam ao mar. Assim, nossa percepção da dualidade e da multiplicidade da vida cotidiana é, no plano da microfísica, uma ilusão.
O sentimento auto oceânico de Freud corresponderia a uma percepção direta da realidade, acima dos cinco sentidos. O obstáculo principal que Freud havia pressentido, com sua lucidez habitual, foi a impossibilidade de demonstrar a existência de uma memória, de um registro dessa experiência “oceânica”.
A psicologia transpessoal se ocupa, especialmente, da consciência cósmica.
Quando o físico se acaba, a centelha volta ao Eu-Essencial e, quando o atinge, é parte dessa centelha. (12) No momento da morte – o maior trauma do ser humano, os mesmos mecanismos de defesa entram em ação e sua função primeira é bloquear a memória imediata da morte. Mas, ao fazer isso, também apagam as lembranças de toda uma vida. Os psicólogos já observaram que o ser humano apresenta tendência a esquecer as ocorrências desagradáveis de sua vida.
Os dois grandes traumas do nascimento: a perda da segurança do útero materno e a primeira experiência de dor (as palmadas do médico para fazer a criança respirar) ativam um mecanismo ainda não explicado, que inibe todas as lembranças da vida anterior.
No Oriente, o verdadeiro caminho para a sabedoria é a meditação. Essa ideia baseia-se na premissa de que todo o conhecimento real deve residir, basicamente no interior do ser humano. As técnicas adotadas são de origem hindu e conferem aos que a praticam poderes mágicos, como a capacidade de tornar-se invisível ou levitar. Para nós, ocidentais, a meditação é considerada ainda algo misterioso e difícil de aprender. Segundo os orientais, a inesperada solução para algo pendente, através da meditação, é tida como uma espécie de iluminação.
HIPÓTESE DA FONTE SUPERIOR
Chegamos à Terra.
Nascemos inconscientes, pois é ativado um mecanismo, ainda sem explicação e que inibe todas as lembranças anteriores.
Pouco a pouco, vão-se desenvolvendo os órgãos dos sentidos, que captam as sensações do mundo físico e, em seguida, surge a fala, através da linguagem, responsável pela atitude racional do homem. O processo de codificação e decodificação de mensagens através das interações humanas, enriquece o repertório de cada um.
Tudo leva a crer que voltamos inconscientes. Os mesmos mecanismos de defesa entram em ação, bloqueando a memória imediata da morte, ao mesmo tempo em que apagam as lembranças de toda uma vida.
Pessoas entrevistadas pelo Dr. Raymond Mood Jr. (“Vida depois da Vida”) revelaram um conjunto significativo de fatos coincidentes, entre eles, uma recapitulação panorâmica e instantânea dos principais acontecimentos de sua vida. É como se fosse rebobinando uma fita de videocassete, após assistir a uma filmagem completa. As fitas vão voltando e, do fim para o começo, apresentam uma retrospectiva das cenas, a fim de que a filmagem possa ser vista novamente, do início. O movimento de volta da fita e parada da imagem, também podem ocorrer, quando se necessita ver melhor qualquer cena. Numa rebobinagem completa, a fita atinge o ponto O da matemática e, assim, prossegue tantas vezes quanto se queira ver o filme. É como se a fita “morresse” e tivesse de retroceder para “viver” de novo. Esse processo tecnológico nos lembra o EQM com algumas ressalvas: algumas pessoas retornam à vida em casos de morte clínica, aparente, anestesia cirúrgica, choque emocional, debilidade orgânica, porque não atingiram o ponto 0, onde se dá o desenlace – a morte. Quem não tem oportunidade de volta, automaticamente, cai no transcendental, do eixo O para a esquerda (-1-2-3…). Salta-se do físico para o não-físico, caindo numa dimensão em que mecanismos e leis, tudo indica, sejam diferentes do mundo físico. Tudo leva a crer que se volta à fonte Una e Superior.
Essa retrospectiva de vida informa a proximidade da morte, limpando a mente (no caso da fita, ela renasce, voltando-a e, se não volta, não existirá o filme). Com a retrospectiva e, nesse estado de inconsciência atinge o eixo 0, acabando a vida física. Em síntese: acabando o físico, resta uma centelha que retorna ao “Eu Essencial” – a Fonte Superior. – E, quando sai dessa Fonte, torna-se parte dela. A saída é para a Terra ou para outra dimensão?
Tudo levar a crer que, se há necessidade de esquecer fatos da vida física, numa retrospectiva até o 0, “logicamente” é para começar de novo em estado de inconsciência. Caso contrário, para que existe esse fato comum de recapitulação da vida para a morte, num processo retrospectivo?
Desse modo, esquece-se a vida passada, a terrena, entrando-se num estado de inconsciência, numa volta ao ponto de partida – a Fonte Superior. A transição morte, vida se torna complexa pelas implicações de tempo, espaço, causalidade, o não-físico (ainda desconhecido) etc. Poderá existir a probabilidade do transcendental, não-físico, espiritual, mas o “como” desse estado ainda não encontrou uma explicação científica.
O transcendentalismo deve confrontar-se com a sobrevivência, sem compromissos outros, tais como, a comunicação dos mortos com os vivos e a reencarnação, que, segundo os espíritas, compreende o retorno do espírito à vida terrena através do outro corpo. Deve ser observado que a sobrevivência não implica em comunicação mediúnica ou em reencarnação. A comunicação mediúnica implica em sobrevivência, mas não em reencarnação e a reencarnação implica em sobrevivência, mas não em comunicação mediúnica.
Em se tratando de vida terrena, observa-se que, ao sair-se da Fonte, trazemos aptidões dela e vamos formando outra personalidade que nada sabe sobre a vida conjunta anterior. Cabe aqui, a comparação das ondas e do mar. As ondas nascem e morrem, mas voltam ao mar. A problemática está em saber, nesse ciclo dinâmico e contínuo, que tipo de vida se assume após a morte.
E se volta à vida terrena, pergunta-se: Será que só existe a Terra para viver-se? O fato de voltar à Terra, não seria um retrocesso, uma repetição que escapam à Criação Divina ou Mente Superior?
Os reencarnacionistas (mundo espírita) acreditam numa só alma, prosseguindo em vários corpos, para educar-se espiritualmente.
Os católicos acreditam que há uma só vida e que, após a morte, o corpo repousa, esperando o julgamento final, para uma gloriosa ressurreição. Eles aguardam tudo isso, baseando-se na fé.
A Parapsicologia explica a lembrança de outra vida, no caso da Memória Extracerebral, partindo do psiquismo inconsciente.
A HIPÓTESE DA FONTE SUPERIOR: DISCUSSÃO
Ao sair da Fonte Superior, a pessoa traz algo dela, formando outra personalidade que nada sabe sobre a vida anterior, pela inconsciência do nascimento. Ainda não se sabe o processo de saída da fonte, o seu “modus operandi”.
As crianças sensitivas, paranormais, na faixa de 2 a 8 anos, por estarem menos bloqueadas pelas aquisições sociais, com os canais de comunicação mais limpos de informações e mais próximos à saída da Fonte, podem rememorar conteúdos inconscientes em determinada frequência, tão vívidos e reais que elas pensam tratar-se dessa própria pessoa em vida anterior. Eram como ondas separadas ilusoriamente e retornaram a ser mar. Nesse caso, voltam-se à unificação, misturando-se à Fonte Superior.
Segundo essa hipótese, como a Mente Superior é una, obviamente, a criança paranormal, tendo participado dela, traz consigo lembranças de outras vidas que, dessa mesma fonte, participaram.
O psiquismo inconsciente da criança extravasa intensa confabulação e fantasia, aptidão de dramatizar, criar, imitar. Ela diz “ser a pessoa falecida em vida anterior”, usando, enfaticamente, a primeira pessoa: “Eu sou.…”. Essa lembrança oculta, criptomnésica, globaliza a sabedoria da espécie, em estado latente, podendo sair desse estado para atualizar-se, refletindo uma necessidade profunda do nível inconsciente.
Essas informações criptomnésicas não passaram antes pelo psiquismo consciente da criança e não foram obtidas por telepatia ou por clarividência. Daí, a confusão com existências pretéritas.
Caso o conteúdo psíquico conscientizado não faça parte da vivência ou da formação intelectual de uma pessoa, a criptomnésia passa a ser um fenômeno de natureza parapsicológica. Se fizer parte, passa a ser uma dramatização de natureza psicológica. Com a Hipótese da Fonte Superior, desaparece a dualidade eu / não-eu e as pessoas atingem a unidade cósmica, fazendo parte de uma totalidade indissolúvel.
Em suma, tudo leva a crer que a vida e a morte atuam sincronicamente como elementos de um mesmo sistema ou fenômeno cíclico, dentro de um processo dinâmico e ininterrupto. É como “um dormir e um acordar”, respectivamente “inconsciência e vigília”, dois níveis de uma mesma consciência.
Quando o corpo se acaba, resta uma energia vital que se une ao Todo, ao Universo, ao Cosmo, a uma Mente Superior, a Deus. E essa energia, ou seja alma, espírito, sopro vital traz em si tudo que adquiriu em vida, que não se perde, mas que se mistura à Fonte Divina. E a vida prossegue em outra dimensão que ainda não detectamos qual é nem tampouco sabemos o processo que a determina. (13)
A ênfase sobre essa ideia encontra-se nas Escrituras Sagradas (Evangelho de São João) … “o espírito sopra onde quer e ouvis sua voz, mas não sabeis de onde vem nem para onde vai.”
CONCLUSÃO
Pelo exposto, tudo indica que a MEC é um tipo de memória que não é adquirida , mas já se nasce com ela estando fora das aquisições posteriores do mundo físico.
A mente humana é tão fértil que, em situações especiais, é capaz de criar réplicas psíquicas de si mesma e elaborar o que Théodore Flournoy denominou “romances subliminares”, sobretudo quando a personalidade vigílica é inidônea para utilizar adequadamente o material excedente de suas forças criadoras.
O caso Bridy Murphy é pertinente ao assunto:
A senhora Virgínia Tighe, passando por uma “regressão de memória”, através da hipnose feita por Morey, conseguiu a revelação de dados minuciosos sobre uma pretensa vida anterior, vivida no século XIX na Irlanda, com o nome de Bridey Murphy: “lembrar que raspará a pintura da cama, o sotaque irlandês e o fato de ter declamado poesias irlandesas etc., pareciam confirmar a veracidade das revelações. Comprovou-se, porém, que ela, quando criança, viveu num bairro irlandês, vizinha de Bridey Murphy; que em criança aprendera poesias irlandesas; que raspara a pintura da cama, quando tinha sete anos e por isso foi castigada. Desse modo, detalhes da vida de Virgínia vieram coincidir com os pormenores atribuídos à suposta vida anterior. Pela hipnose, a pessoa é levada através de sugestões, ao próprio psiquismo inconsciente e revive o que tem armazenado lá, como se fosse arquivo de conhecimentos de toda a humanidade. O psiquiatra suíço Karl Gustave Jung opina que não há, na criatura humana, apenas um repositório de suas experiências pessoais. O homem traz, latentes e concentradas em si, todas as experiências pretéritas de seus ancestrais. Não é somente a experiência individual que o homem encerra, mas toda a sabedoria da espécie, a qual permanece latente, à espera da oportunidade para revelar-se.
Quanto a certas terapias regressivas, notadamente TVP (Terapia de Vidas Passadas), imaginada e utilizada pelo Dr. Nedherton, podem servir de ajuda para a investigação da hipótese reencarnacionista, desde que devidamente afastadas as possibilidades extremamente elevadas de uma dramatização do inconsciente, quando emergem, de maneira espontânea, personalidades secundárias, simbolizando conflitos existenciais profundos e não adequadamente resolvidos e, evidentemente, de natureza psicológica. Para um esclarecimento maior do assunto, faz-se necessário conhecer a variedade das ondas cerebrais e seu relacionamento com os estados alterados de consciência.
A religião traz subsídios para o esclarecimento do fenômeno da Memória Extracerebral (não considerado por certos parapsicólogos), uma vez que ele traz indícios para se chegar à reencarnação espírita.
Partindo do princípio de que a reencarnação só pode ser justificada partindo da sobrevivência, como explicá-la, se ainda não existe uma teoria da sobrevivência?
O caminho mais curto (navalha de Occam) é, antes de tudo, tentar a comprovação da sobrevivência e, em seguida, a da reencarnação. Alexandre Aksakof foi o primeiro entre os estudiosos do Espiritismo, que se deu conta da extrema dificuldade de se comprovar a realidade de comunicação entre vivos e mortos, uma vez que grande parte das manifestações espíritas poderia ser atribuída à ação do processo inconsciente do médium. Essa é a razão pela qual ele denominou esses fenômenos de anímicos. Essa opinião do pesquisador enfatiza a dinâmica inconsciente como fonte da paranormalidade.
Ernesto Bozzano, enfatizando Alexandre Aksakof, recomendou que “para resolver o grande problema do espírito humano desencarnado, o melhor é o de estudar os poderes do espírito humano encarnado. Ou ainda: “O Animismo e o Espiritismo são complementares um do outro”.
Tudo indica que é chegado o momento de inquietação do homem, quando ele descobre que nem tudo encontra explicação científica, que a ciência não é o único caminho que o conduz à verdade. É como se o cientista necessitasse de algo mais, além das fronteiras do mundo físico e desse um passo ginástico para o transcendental, tentando unir ciência e religião.
O físico inglês Stephen Hawking, ocupante da cadeira que foi de Isaac Newton na Universidade de Cambridge e um dos principais teóricos dos buracos negros, em seu tratado de cosmologia e astrofísica, Uma Breve História do Tempo (1988), deixou no parágrafo final uma insinuação do casamento entre ciência e religião: “Se chegarmos a uma teoria completa, com o tempo, ela deveria ser compreensível para todos e não só para um pequeno grupo de cientistas. Então, toda a gente poderia tomar parte na discussão sobre por que nós e o universo existimos… Nesse momento, conheceríamos a mente de Deus.” Não deixa de ser uma ideia metafísica do conhecimento total do Universo.
Tudo indica que a religião se situa no campo do indizível, abandonando a razão, baseando-se na fé, na inspiração divina. A ciência depende da linguagem, entretanto, pode existir conhecimento sem linguagem, o que acarreta uma limitação da ciência.
Em síntese: os casos bem comprovados de memória extracerebral poderão fornecer os subsídios necessários para o estabelecimento de um conteúdo criptomnésico inato, possivelmente atribuíveis a existências pretéritas. E a investigação da dinâmica inconsciente é o que mais facilmente poderá conduzir o homem à constatação científica de sua sobrevivência. Enquanto isso, o modelo da criptomnésia apresentado neste trabalho, não se compromete com a evidência da reencarnação, dentro das convicções espiríticas.
E tudo leva a crer que o Fator de Sobrevivência (FS) é a chave para o levantamento de hipóteses.
NOTAS
(1) São constatadas a morte clínica, a real e a aparente. À luz dos atuais conhecimentos científicos, o critério que define a morte clínica é a constatação (durante um determinado lapso de tempo) de um eletroencefalograma plano ou linear, em consequência de uma deficiente oxigenação cerebral. Não há técnicos que interpretem o EEG, podendo haver, ainda, atividade cortical.
Por precisar de tanta energia, bastam apenas alguns minutos sem oxigênio para a temida morte cerebral – o momento em que a família tem que decidir sobre a doação dos órgãos do paciente. Mesmo que a medicina possa um dia transplantar qualquer órgão do corpo, não faria sentido receber o cérebro de outra pessoa. Se isso fosse possível, seria mais correto afirmar que foi o cérebro transplantado que recebeu um novo corpo. É que, para os neurologistas, o cérebro guarda o que a pessoa é, incluindo a sua personalidade.
A morte clínica constitui um estado, cientificamente, irreversível, diante do qual o médico nada pode fazer.
A morte real coincide com a aniquilação da última célula do corpo, sendo o culminar do processo de mortificação celular e o início da transformação do cadáver em corpo glorioso para a vida em outra dimensão.
A morte aparente, também denominada de biostase, é o estado limite, vida suspensa com paragem de todas as funções biológicas (respiração, ritmo cardíaco). A atividade do sujeito parece nula (silêncio elétrico e coma ultrapassado). Opõe-se, simetricamente, à morte real (tanatose) e é morte clínica, porque se trata de um processo reversível, com retorno à vida.
(2) A ciência mudou o modo de pensar. Albert Einstein mudou a concepção do tempo. Foi um cientista que fez o que era função dos filósofos: transformar os conceitos básicos sobre o mundo.
A Física Quântica contribuiu para a mudança filosófica. O Marxismo é uma filosofia materialista. Com a Física Quântica, ser materialista torna-se impossível. Não se pode mais acreditar que o elemento básico da realidade seja a matéria. Hoje se sabe que a própria matéria é redutível à energia e que a energia é imaterial. É como se a matéria fosse a energia condensada e a energia, a liberação da matéria.
Na maior parte do século XX, acreditou-se que o ser humano era produto do ambiente. Assim, transformando o mundo, transformar-se-ia a geração, o nosso filho. Hoje, ocorre maior ênfase no que está escrito nos genes e, consequentemente, à genética. Tudo indica que a queda do muro de Berlim (1989) está ligada à genética. Foi um reconhecimento de que nosso poder de moldar a nós mesmos não é tão grande quanto pensávamos.
Os filósofos discutem se é possível reproduzir o cérebro em computador. Enquanto isso, o funcionamento da mente é um campo que se desenvolve muito rápido.
Para René Descartes, o filósofo francês que, no século XVI, provou que existimos pela consciência “penso, logo existo”, o cérebro era uma máquina comandada pela alma. Descartes chegou a propor que a alma estava alojada na glândula pineal, que os cientistas atribuem ao sono.
Perguntou-se à antropóloga Margaret Mead, pesquisadora contemporânea da psique, segundo relato de Jean Houston, onde estava localizada sua consciência e ela respondeu: “Ora, está em toda parte!”
E essa mente não-localizada implica que nossa mente individual faz parte de algo maior, algo que não é de nossa propriedade. Ela é partilhada por outras pessoas, por outros seres vivos também, em suma, por toda a criação de Deus. E o próprio Universo seria não-localizado. O conselho de Chianga Fernão Capelo Gaivota esclarece bem essa ideia:
“Para voar tão rápido quanto o pensamento, para qualquer lugar que se queira… você deve começar sabendo que já chegou. É o mesmo que dizer: não importa aonde você vá, lá está você.”
(5) São evidentes as conexões mentais não-localizadas de ser humano para ser humano e de ser humano para animal. Alguns cientistas demonstraram que golfinhos de uma determinada região podem desenvolver, repentinamente, um comportamento específico depois que outros golfinhos, numa área remota, já o tiveram demonstrado.
O pesquisador Wayne Doak descreve uma experiência extraordinária, envolvendo um sonho. Neste, tomou conhecimento de que, quando estivesse trabalhando com os golfinhos, desempenhasse uma certa atividade e repetisse uma palavra que, na língua Maori, significa “o som que o golfinho faz com seu espiráculo”, os golfinhos iriam manifestar um comportamento específico, revelava o sonho. Na próxima vez em que foi nadar com os golfinhos, Doak fez o que o sonho lhe revelara e os golfinhos apresentaram a mesma conduta que o sonho havia previsto. Ele mais se admirou com o fato de que um amigo, trabalhando com golfinhos a 5000 quilômetros de distância, relatou no dia seguinte a mesma experiência, com a mesma palavra e o mesmo comportamento, por parte de seus golfinhos.
(6) Trata-se de uma Mente Superior ou Dinâmica Inconsciente, como se fosse uma ação intencional de um agente inteligente. Não se sabe os limites dessa inconsciência subcortical, todavia não se deve afirmar que ela detém a sabedoria total, o conhecimento de tudo, pois escaparia aos propósitos da investigação científica. Seria, antes de tudo, um processo inconsciente, instintivo, fisiológico, emocional, mnemônico e parapsíquico.
07) Em 1973, Wilder Penfield, eminente neurocirurgião canadense de 82 anos, aposentado e escrevendo aquele que seria o seu último livro, “O Mistério da Mente”, na encosta da colina (Montreal Canadá, atrás da casa de sua fazenda), carregando latas de tinta, começou a fazer uma série de imagens na superfície da rocha. Escreveu a palavra pneuma, que significa “alma” em grego e, de outro lado, pintou uma cabeça humana com um cérebro dentro e, no centro deste uma interrogação. Em seguida, uniu as figuras com uma linha grossa.
O Mistério da Mente tratava do relacionamento entre a mente, o cérebro e a ciência e os estranhos desenhos que ele pintou na rocha expressavam sua convicção de que, com o tempo, o estudo científico do cérebro acabaria por desvendar todos os segredos da mente. Desenvolveu diversos tratamentos neurocirúrgicos para os danos cerebrais, em especial para a epilepsia. No fim de sua carreira estava convicto de que todas as reações da mente humana (pensamentos, sonhos, percepções) eram causadas por interações químicas e elétricas entre bilhões de minúsculas células nervosas (os neurônios).
Entretanto, seis meses antes de morrer, Penfield revisou sua obra, ele retornou ao topo da rocha, com tinta e pincel, ilustrando um princípio diferente do original: no lugar da sólida linha grossa que ligava as imagens nos lados da rocha, havia agora uma linha intermitente de incerteza. Ele havia mudado de opinião. Com aquela linha pontilhada, duvidava que uma abordagem física rigorosa pudesse chegar a explicar, algum dia, de maneira plena, a consciência. Para ele, a mente seria muito mais, do que um subproduto da capacidade do cérebro físico para processar informações.
De modo geral, ele traçou uma linha entre dois campos: de um lado, os materialistas, que acreditam que os processos mentais são apenas resultado do trabalho dos neurônios (os monistas); do outro lado, os dualistas que opinam que o corpo é uma entidade física e a mente, uma entidade espiritual: as duas existindo separadamente com pouca ou nenhuma interação recíproca.
Acrescenta Schrödinger: “quando chegamos às partículas elementares que constituem a matéria, parece que não haverá lugar para concebê-las como formadas por qualquer matéria. É como se fosse forma pura e nada mais que forma; aquilo que se repete uma ou outra vez nas observações sucessivas é essa forma, e não uma posição individual de matéria.”
O pensamento da física atual é invadido por outro conceito moderno: o da unidade de todas as manifestações da nossa realidade cósmica. Como diz Curtis Gowan: “A ciência materialista positivista do século XIX, que via as coisas como independentes e separadas, foi sendo modificada em virtude das descobertas dos próprios cientistas em direção à totalidade, ao místico e ao cósmico.”
Há uma realidade, além do tempo e do espaço físico? Embora, altamente, polêmico, é assunto que já fora intuído por místicos, filósofos e, nos dias atuais, por cientistas. Para Platão, trata-se do mundo das “Ideias”. David Bohm a denominou de ordem implícita ou implicada e Rupert Sheldrake de campos morfogenéticos.
Werner Heisenberg advertiu que a Física Moderna acolhe a “Ideia” platônica porque as mais elementares partes da matéria revelam-se como “Formas” (e não objetos físicos), podendo ser discretas, sem ambiguidade na linguagem matemática.
E escreve Arthur Koestler:
“Todo um corpo de laureados do Prêmio Nobel da Física ergue sua voz para nos anunciar a morte da matéria, a morte da causalidade, a morte do determinismo.”
Henri Margenau postula que a matéria é apenas um constructo da mente.
Simulações da realidade que constituem a realidade virtual, criada por programas de computadores, poderão, no futuro, tornar-se concretas. Trata-se de uma concorrência para o real físico, podendo controlá-lo até certa medida.
A realidade transcendental pode ser encontrada no estudo de certos fenômenos paranormais que transgridem as leis da realidade física, levando o ser humano a especular sobre a existência da realidade transcendental que, tudo indica, atingir outro nível de realidade.
Há, todavia, nesses fenômenos extraordinários e insólitos, como uma ação intencional de um agente inteligente, que tem recebido denominações várias, tais como: anjos, demônios, espíritos dos mortos, psiquismo inconsciente, mente superior, Deus …
Pela metodologia científica, certos fenômenos parapsicológicos encontram-se em abordagem, uma vez que se mantém ainda insatisfatória a explicação por aptidões desconhecidas, do processo inconsciente, ainda de conceito vago e não, totalmente, esclarecido o seu “modus operandi”, tanto na Psicologia, quanto na Parapsicologia. Deduzimo-lo pelas inferências, pelos efeitos.
(11) O tema da imortalidade do ser humano, que difere da sua sobrevivência post-mortem, sempre será conteúdo de especulação filosófica e religiosa. Entretanto, em se tratando da imortalidade do Todo, já pode constituir assunto de investigação científica. É uma pertinente “metafísica científica”, a afirmação de Lavoisier: “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”
O cérebro morre com a morte do corpo, não implicando que, com sua morte, morra também a mente. Se a ligação mente-cérebro não é substancial, impõe-se a ideia de independência cérebro – mente.
Já dizia Lawrence LeShan:
“Aquilo que é absolutamente corriqueiro em um domínio da experiência pode não existir em outro.”
A pessoa, em estado de coma, por não se comunicar com pessoas presentes ou não reagir a estímulos físicos, não significa, necessariamente, que esteja inconsciente. E, por estar ausente, não quer dizer que não existe. Há até casos em que, a pessoa revelou ao sair do estado comatoso, que não perdeu a consciência e tendo consciência de tudo que aconteceu ao seu redor. E observou Milan Rizl: “Determinar os limites da percepção extra-sensorial seria também importante para a pesquisa sobre a sobrevivência post-mortem (…)”.
O Eu-Essencial ou Eu-Verdadeiro já existe em sua plenitude, no espaço-tempo antes do nascimento. Esse Ego, em sua essência, existe de fato em outras dimensões não materiais. Para vivenciar experiências, durante certo período, o Eu-Verdadeiro procura um vínculo adequado, que precisa constituir-se de matéria extraída do universo físico (já que irá viver no mesmo). Esse veículo é o corpo humano. Como o Eu-Verdadeiro não pode incorporar-se em um corpo humano nem tampouco introduzir-se no universo físico de forma direta, cria estruturas intermediárias de matéria e energia sutis que permitem a formação de um elo de comunicação entre si mesmo e o veículo que deseja utilizar.
O Eu-Verdadeiro jamais encarna em sua totalidade. O veículo físico é submetido às leis do universo material e envelhece com o passar dos anos. Quando o corpo físico morre, a centelha do Eu-Essencial volta à sua origem, onde as experiências a que foi submetido são integradas em sua estrutura essencial como uma etapa de sua evolução total. E, assim, por séculos após séculos, numa sequência ou encarnações através do Eu-Essencial, de forma a vivenciar as leis do universo físico. Tudo indica haver uma ação intencional de um agente inteligente, provocando recordações de vidas passadas de forma a tornar mais eficiente o processo de aprendizagem. Nessa vinda e nessa volta, existe a inconsciência. Somos indivíduos aqui, enquanto corpo físico da Parapsicologia, que estuda os poderes que resultam dessa experiência; da Microfísica, que se refere, sem embargo, a um movimento constante de “potencialização” e de “atualização” da energia. Em síntese, de um mundo fora de nossa dimensão espaço-temporal (como é percebido pelos cinco sentidos), de um mundo que ultrapassa a razão cartesiana para se ligar ao da intuição bergsoniana e ao da relatividade de Einstein.
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