Ronaldo Dantas Lins
- PRINCÍPIO DA NÃO LOCALIDADE
O homem ocidental possui uma percepção do universo constituída de elementos separados por espaço e tempo. Estes constituem realidades externas ou serão apenas constructos materiais elaborados pelo ser humano, para que este possa apreender os fenômenos da natureza?
Para o filósofo alemão Emmanuel Kant o espaço e o tempo são entes a priori, inerentes à mente humana, na qual o homem coloca as coisas e os seres, sem que tenha uma existência real no sentido aristotélico.
A teoria da relatividade de Albert Einstein nos fornece uma nova concepção, a de que o espaço e o tempo constituem um “continuum” e que este se encontraria irremediavelmente relacionado à existência da matéria-energia.
Numa abordagem contemporânea, concebemos que os objetos não se encontram separados, existindo em um outro nível de realidade conexões profundas, não apreendidas pelos nossos sentidos usuais, permitindo que o universo vibre em uníssono, como um ente homogêneo e único.
Já afirmou Heisenberg: “O que nós observamos não é a natureza propriamente dita, e sim a natureza exposta em nosso método de questioná-la”. Não apreendemos a realidade, supondo que ela exista, e sim nosso processo de interação com ela.
O princípio da complementariedade de Bohr, nos mostra que a luz se apresenta ora como onda, ora como partícula, dependendo do experimento realizado, nos indicando que estamos aferindo propriedades da interação observador-luz (via determinado método) e não da entidade-luz. (1).
Devido às limitações de nossos sentidos, percebemos pequenos fragmentos da realidade e imaginamos o todo pela parte percebida. É como na parábola hindu do elefante, percebido pelo tato de quatro cegos que tocam uma parte apenas do referido animal, qual seja: a cauda, a tromba, a pata e o dorso. Ao tentar descrever o objeto percebido, suas colocações divergem afirmando tratar-se respectivamente de: uma corda, uma cobra grande, uma coluna e um muro alto (2). Além do objeto da observação ser apreendido inadequadamente, este é interpretado como vários entes distintos, separados pelo espaço- tempo, quando em realidade se trata da mesma estrutura.
A ideia cartesiana de mente restringe-se ao nível consciente, sendo desprezado o aspecto inconsciente, só posteriormente colocado em local de importância por Freud e outros autores. Essa ideia restrita da maquinaria mental, e que influenciou fortemente a ciência, foi desastrosa no sentido de não abranger toda uma gama de estímulos e percepções, necessários para uma melhor compreensão da realidade.
Tinoco comenta: ” Como consequência direta do significado dos “estados virtuais”, onde a função de onda associada a uma partícula elementar está espalhada por uma enorme região do espaço, a mecânica quântica faz uma predição mais forte e revolucionária. Isto pode ser expresso, dizendo-se que pode haver ligações e correlações entre partículas ou acontecimentos muito distantes, na ausência de qualquer força ou sinal intermediário e essa ação à distância acontece de modo instantâneo. Esse fenômeno conhecido como ” Princípio da Não-Localidade”, pode ser estabelecido, dizendo-se que alguma coisa pode ser afetada na ausência de qualquer causa local. Esse princípio está expresso no teorema de Bell e parte da concepção baseada na natureza indeterminada da realidade, como sugerem as equações de onda da mecânica quântica.
Para a teoria quântica não há partes isoladas da realidade, mas, antes, apenas fenômenos muito intimamente relacionados, como se fossem inseparáveis, qualquer que seja a distância entre essas partes”(3). O paradoxo Einstein-Podolsk-Rosen (EPR), descrito a seguir, representa um exemplo desta nova concepção.
Suponha um elétron e sua antipartícula, o pósitron. Quando da criação deste par, seus componentes possuem spins contrários.
Promovendo o afastamento entre essas partículas, por maior que seja a distância, se alterarmos o spin de uma, a outra terá o seu spin invertido instantaneamente, ocorrendo desta maneira uma correlação instantânea, contrariando aparentemente a teoria da relatividade de Einstein, que prevê um limite para a velocidade de propagação das interações, que jamais será infinita. Esta afirmação se aplica bem a macrossistemas, mas não a microssistemas. Esta posição da mecânica quântica (novo paradigma) contraria a teoria da relatividade (paradigma vigente). (4)
Em um outro momento, Tinoco nos lembra que: “Com o aperfeiçoamento da tecnologia foi possível aos físicos Alain Aspect, Philippe Graangier e Gerar Roger demonstrarem a veracidade das previsões da mecânica quântica. Usando, não um par elétron-pósitron, mas um par de fótons, emitidos por uma cascata de cálcio radioativo, foi verificada mais uma vez, em 1982, a validade das previsões da mecânica quântica: as correlações instantâneas existem. Como pode a partícula A, interagindo com a partícula B, “perceber” instantaneamente a mudança ocorrida em B, de modo a mudar no mesmo instante o seu spin? Essa questão não tem resposta, a menos que se admita que as partículas A e B nunca estiveram separadas. Desde o surgimento delas, A e B formam um só sistema, independente da distância que as separa. Isso parece estar associado à telepatia” (5).
Assim, para explicar o paradoxo EPR, Bohm postulou que as duas partículas formavam um todo indivisível e que o paradoxo era uma consequência da suposição errônea de constituírem entes distintos.
O físico americano David Bohm, estudando o quarto estado da matéria (o plasma) verificou que apesar das partículas constitutivas do plasma apresentarem individualmente um movimento caótico, em conjunto formam um todo organizado, como se fosse um ser vivo. Constatou, assim, que não apenas duas partículas (o par elétron-pósitron, no paradoxo EPR), mas trilhões de elétrons parecem se comportar como um único ente, em que qualquer um dos seus componentes parece ” perceber “, instantaneamente, o que ocorre com as outras partes. Desta maneira, parece existir um nível de realidade mais profundo, denominado potencial quântico, preenchendo todo o espaço, de intensidade constante. Bohm chega a compreensão de que é o todo que determina o comportamento das partes.
As duas partículas do paradoxo EPR formam uma unidade indivisível entre si e com as outras partículas do universo, não havendo diferenças locais, sendo compreendido como um ente único e não separados. Não há, assim, um sinal de velocidade infinita deslocando-se no espaço. Bohm faz a seguinte analogia para poder representar este processo: ” Tomemos a situação de um peixe nadando num aquário, cuja imagem é captada simultaneamente por duas câmeras de TV, situadas em posições diferentes. É preciso fazer de conta que não temos acesso direto ao aquário e nunca vimos um peixe antes. As únicas informações de que dispomos a respeito são as fornecidas pelos dois monitores de TV. Nossa primeira impressão será, com certeza, de que as duas imagens constituem entidades diferentes e separadas. À medida em que avançam nossas observações, porém, percebemos que os dois peixes apresentam estreita relação entre si: quando o peixe A se vira, o peixe B executa um giro diverso, porém correspondente ao do primeiro. Há sempre simultaneidade nos dois movimentos. Podemos ser tentados a explicar essas “estranhas coincidências”, dizendo que existe uma comunicação instantânea entre os dois peixes. Mas o fato é que, num nível mais profundo da realidade, a realidade do aquário, eles são apenas um” (6).
Parece existir diversos graus de ordem no universo; os fenômenos que se nos apresenta caótico podem apresentar uma ordem oculta. Bohm denominou de “ordem implícita” a organização básica da existência, em que é evidente a conexão de todas as coisas como uma entidade única. Este substrato também é denominado de “dobrado”. Em um outro nível temos a realidade cotidiana, denominada “ordem explícita” ou “desdobrado”. Assim, as partículas não são unidades separadas, mas atualizações efêmeras de uma organização ilimitada subjacente. Ao percebermos uma partícula ou evento em particular, estamos apreendendo apenas o desdobramento deste estrato mais profundo.
Fundamentado na holografia, Karl Pribam indaga sobre a possibilidade de o mundo ser um holograma, um domínio de potencialidades no entender de Bohm, não passando os objetos materiais de mera ilusão (7).
Somos conhecedores dos limites físicos do nosso organismo, mas não de nossas relações com o mundo exterior. Percebemos, não a realidade em si, mas o que foi selecionado pelo cérebro. O corpo responde aos pensamentos do indivíduo, refletindo suas apreensões e desejos internos. “A pesquisa parapsicológica tem verificado que o corpo não responde apenas aos pensamentos do pensador, mas também aos pensamentos de outras pessoas, como acontece no processo telepático” (8).
O fenômeno paranormal, tanto psigama como psikapa, parece efetuar-se via realidade implícita, em que o conteúdo paranormal ou a interação psicocinética entre o agente psi e o objeto alvo, se dá não por propagação de um sinal através do espaço-tempo, mas sim pela percepção e ação momentânea de propriedades sistêmicas, explicitadas através do agente psi e observada por indivíduo na condição usual da ordem explícita (desdobrada).
- A PRIMEIRA LEI DA PARAPSICOLOGIA E SEUS COROLÁRIOS
O Dr. Sarti enunciou a seguinte assertiva, que denominou de primeira lei da Parapsicologia: “O aparelho psicológico não está restrito aos limites físicos do sistema nervoso, preenchendo todas as regiões do espaço-tempo, independentemente das grandezas das medidas de distância e tempo”. Ainda segundo Sarti poderemos retirar deste enunciado dois importantes corolários (9):
Corolário 1 – “O aparelho psicológico contém potencialmente todas as informações obteníveis do espaço-tempo, independentemente das grandezas de distância e de tempo”.
Considerando que parte do espaço-tempo se encontra ocupado pela matéria-energia, temos o:
Corolário 2 – “O processo parapsicológico de aquisição de conhecimento pelo aparelho psicológico não é afetado pela presença de matéria ou campos físicos que se situem entre a fonte de informações e o sistema nervoso”.
Estes dois corolários relacionam-se com a obtenção de informação por meios paranormais, vinculando-se aos fenômenos do tipo psigama.
Em 1995, da primeira lei da Parapsicologia, extraí o:
Corolário 3 – “O psiquismo possui o potencial de agir sobre o mundo físico, sem necessidade de intermediação energético-material, promovendo o deslocamento de massas ou perturbações de campos energéticos”.
Este terceiro corolário relaciona-se com a ação do psiquismo humano sobre a matéria e campos de energia, que deve ocorrer através de um domínio informacional, vinculando-se aos fenômenos do tipo psikapa.
Outro conceito importante para a abordagem que pretendemos realizar é o de “link“, compreendido como: “Acoplamento de um pensamento a um sistema nervoso ou a outro objeto físico. A nossa consciência é resultado de um “link” entre um pensamento e um sistema nervoso… No paranormal, estados ampliados de consciência estão relacionados a alterações elétricas no sistema nervoso, geralmente a uma redução de sua atividade. Em ambos os casos, desacoplamento total ou parcial, o pensamento pode estabelecer um “link” externo, fora do sistema nervoso do morto ou do paranormal, e provocar o fenômeno psi” (10).
A ativação do “link” no sentido aferente produziria os fenômenos de psi- gama e, no sentido eferente, os fenômenos de psikapa.
- A INFORMAÇÃO NO PROCESSO PARANORMAL
Sarti classifica a informação como podendo ser de dois tipos (11):
- i) Sintática – De natureza física, mensurável em bits, não se adequando a uma região, independente do espaço e do tempo.
- ii) Semântica – De natureza abstrata, representativa do conteúdo do pensamento, imponderável, matematicamente não real.
Horta Santos afirma que “Atualmente, a racionalização científica dos sistemas de telecomunicações e de transmissão de dados fundamenta-se na teoria da informação. A equação básica dessa teoria, conhecida como equação de Shanon, diz o seguinte: a informação correspondente a um dado estado de um sistema é igual ao logaritmo (na base 2) do inverso da probabilidade de esse estado ser ocupado.
A equação foi criada para a transmissão de telecomunicações e os sistemas considerados são o conjunto de sinais de códigos e mensagens. Porém, a correlação pode ser generalizada frutuosamente para outros tipos de sistemas complexos.
… De um lado da equação está a informação que é uma entidade abstrata – apesar do conceito de informação não ser facilmente definível – e ligada ao conteúdo de significação de uma mensagem. Ora, apesar da mensagem precisar de um suporte físico (onda, corrente elétrica, luz etc.), ela própria não tem nada de material. E a informação – significação é, obviamente, um evento de ordem psicológica.
No outro lado da equação aparece a probabilidade de um estado físico.
… O fato inusitado na equação de Shanon é que se estabelece uma igualdade entre um evento do domínio mental (mensagem – significado) e um conceito descritivo do mundo objetivo (probabilidade de um certo estado de um sistema). Na verdade, quebra-se uma igualdade dimensional, tão importante nas equações físicas (12).
Em termos matemáticos, temos I = log2 1/P, onde I é a informação e P é a probabilidade de ocorrer determinado evento.
Se refletirmos um pouco sobre estes conceitos, poderemos verificar que a forma de mensurar a informação sintática não afere o conteúdo informacional, mas, tão somente, o espaço ocupado por esta informação. Tanto é assim que, por exemplo, se construirmos um documento no Word, com tamanho de fonte 10, tipo de fonte Arial, cujo conteúdo seja as letras do alfabeto latino expressas extensivamente, ou seja, W = {a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s. t, u, v, w, x, y, z}, este ocupará 28.672 bytes, enquanto se for expresso através de suas propriedades, isto é, W = {Letras do alfabeto latino}, serão ocupados 19.456 bytes. O que está sendo mensurado pela fórmula I = log2 1/P é a quantidade de espaço ocupado por uma informação e não a quantidade de informação. Esta não é passível de quantificação, ou pelo menos não da forma como concebemos tradicionalmente. Entendemos que “informação de natureza física” é um conceito muito complexo, haja visto que “físico” é um conceito ainda não bem compreendido, muito menos “informação não física”. A verdadeira informação, a que expressa o significado, independentemente de qualquer roupagem, é a semântica. Toda informação sintática possui um conteúdo semântico, mas nem toda informação semântica possui uma expressão sintática, embora possa ser posta nesta forma.
A transcomunicação instrumental – TCI, é um fenômeno em que sons (vozes) ou imagens são registrados em aparelhos eletrônicos por meios paranormais. Em experimentos de TCI realizados pela Associação Nacional de Transcomunicadores – ANT, em que houve um rigoroso controle do tamanho da amostra, foi observado que
“Por mais distintas que possam ser as vozes ou dizerem coisas diferentes, o número de kb do arquivo foi sempre o mesmo” (13).
Este achado experimental vem reforçar a tese de Sarti, e por nós defendida, que denominamos de Segunda lei da Parapsicologia: “A informação paranormal é de natureza semântica e não sintática”.
- FUNÇÕES PSÍQUICAS INIBIDORAS
Sarti propõe a existência da função cognitiva inibidora Φ (fi) que bloqueia o acesso simultâneo ao córtex cerebral de todos os influxos aferentes, não permitindo uma desorganização da consciência e recrutamento indiscriminado dos neurônios corticais com produção de crise convulsiva (14).
A função Φ apresenta as seguintes características:
“A – Percebe e seleciona semanticamente informações sintáticas que possam associar-se semanticamente aos conteúdos da consciência.
B – Age nas vias aferentes do sistema nervoso estando, portanto, associado à estimulação do ambiente local.
C – É desempenhado pelo sistema de ativação reticular ascendente.”.
Assim, a função Φ é um mecanismo mente/neuronal que atua eliminando as informações sensoriais desnecessárias, que produziriam uma sobrecarga na estrutura psíquica. Grande parte do que apreendemos é eliminado para possibilitar o arquivamento de novos conteúdos.
Horta Santos propõe a existência de um fator de repressão denominado ρ (rô) que é também uma função cognitiva inibidora. Esta função impede que tenha acesso à consciência as informações universais referidas na primeira lei da Parapsicologia. Estas informações são semanticamente graváveis no córtex cerebral, diretamente, sem atingir as vias sensoriais clássicas.
O fator de repressão ρ apresenta as características a seguir:
“A – É de natureza neurológica ou psicológica.
B – Impede a representação consciente das informações universais.
C – É exercido pela própria atividade sensorial, pelo hemisfério dominante ou por fato representativo da psicologia do indivíduo.” (15).
Desta feita a função ρ elimina as informações extrassensoriais(paranormais) supérfluas. Imaginemos o quanto seria confuso o nosso pensamento, e como seria impraticável conviver com o enorme influxo de informações paranormais recebidas pela mente.
Em ambos os casos se trata de função cognitiva, aferente, relacionada a um fluxo informacional. Um processo controlado de inibição da função ρ, possibilitaria a deflagração do fenômeno paranormal na modalidade psigama.
De maneira análoga, postulamos a existência de duas outras funções psíquicas inibitórias, desta feita, de natureza eferente: a função π (pi) e a função τ (tau) (16).
A função π consiste num mecanismo inibitório de determinados impulsos eferentes do organismo. Estes podem ser endógenos (batimentos cardíacos, secreção glandular, etc.) ou exógenos (atividade motora estriada). Sem a atuação deste fator inibitório estaríamos em permanente processo de espasticidade, secreção endógena, etc. Esta função seleciona as atividades efetoras que devem ser produzidas bem como sua distribuição temporal e intensidade.
O tronco cerebral possui uma porção neural central denominada formação reticular que pode ser dividida em duas zonas: a potente formação reticular facilitadora e a menos potente formação reticular inibidora.
A formação reticular facilitadora recebe aferências descendentes do córtex motor (principalmente a área motora pré-central, suplementar e secundária), núcleos da base e cerebelo controlando a atividade desta formação. “Sem a influência controladora proveniente de estruturas superiores, a formação reticular facilitadora é liberada e, consequentemente, ocorre um aumento nas descargas descendentes que agem sobre os centros medulares.” (17).
Desta maneira, a função π impede que os impulsos eferentes provenientes, principalmente da formação reticular facilitadora e inibidora, promovam rigidez, espasticidade ou seus equivalentes sobre o organismo.
A função π apresenta as seguintes características:
A – Controla ou suprime a atividade eferente excitatória (glandular; motora estriada, lisa e cardíaca).
B – Age nas vias eferentes do sistema nervoso.
C – É desempenhada pelo córtex motor, núcleos da base, cerebelo, hipotálamo e sistema límbico.
O sistema nervoso possui uma atividade implícita permanente que deve ser bloqueada por algum mecanismo, que denominamos de função t. Este fator inibe a atividade efetora paranormal, ou seja, psicocinesia. Tudo se passa como se houvesse um ”link” entre a mente e a matéria, permitindo uma interação não-local, de conformidade com o princípio da não localidade. O bloqueio deste “link” interrompe esta interação, impedindo o aparecimento de psicocinesia. Na maior parte do tempo, a maioria das pessoas apresenta uma ativação desta função; o seu bloqueio liberaria o referido “link“, permitindo que em nível da ordem desdobrada seja percebida a realidade implícita que interliga os seres. Quando isso ocorrer, diz-se que foi deflagrado um fenômeno paranormal do tipo psikapa.
A função de repressão τ apresenta as características a seguir:
A – É de natureza neurológica ou psíquica.
B – Impede a atualização (manifestação) das interações (ações) universais, implícitas na primeira lei da Parapsicologia e explicitadas no terceiro corolário dela decorrente.
C – É exercida pela própria atividade eferente, através de estruturas neurais Superiores (18).
Os fatores circunstanciais deflagradores do fenômeno paranormal, favorecem a formação de um processo inibitório cortical que ao se intensificar, promove a liberação de estruturas subcorticais, livres da ação frenadora superior. Ocorrerá psicocinesia quando houver uma inibição da função τ, promovendo um desbloqueio do “link” mente-mundo físico. (19).
- CONCLUSÃO
Refletindo sobre os tópicos abordados, podemos concluir que:
- Os fenômenos paranormais são deflagrados por inúmeros fatores, muitos dos quais ainda são desconhecidos.
- O que apreendemos não é a realidade, mas a interação homem-método-objeto. Desta feita o observador é parte integrante, ativa, do fenômeno e não mero expectador.
- Os fenômenos de psigama e psikapa são apenas formas de apresentação da interação agente psi-meio-observador, via determinado método.
- Os fenômenos paranormais parecem efetuar-se via ordem implícita (realidade dobrada), onde o conteúdo paranormal ou a interação psicocinética não se processam por propagação de um sinal na estrutura espaço-tempo e sim pela percepção ou ação de holopropriedades, explicitadas através do agente psi.
- A verdadeira informação, a que expressa o significado, independentemente de qualquer roupagem, é a semântica. A forma de mensurar a informação sintática não afere o conteúdo informacional, mas, tão somente, o espaço ocupado por esta informação.
- A informação paranormal parece ser de natureza semântica e não sintática.
- Em nível de ordem explícita (realidade cotidiana), emissor, receptor e objeto são percebidos como entes distintos, porém, em nível mais profundo, todos os seres estão interligados, consequentemente temos que:
- a) O Conteúdo paranormal, de natureza semântica, não parece ser transportado por um fluxo até o agente psi, mas aparenta já se encontrar nele, em nível de ordem implícita.
- b) O agente psi parece agir psicocineticamente sobre os seres, não pelo transporte de energia/informação de um fluxo psi, porém, tudo se passa como se ele mesmo (o agente psi) se deslocasse juntamente com o objeto, por constituírem, em nível de realidade dobrada, um ser único, percebido como diferentes em nível de ordem explícita.
- Tudo se passa como se a mente apresentasse quatro funções inibidoras, com as seguintes características:
- a) Função Φ atua eliminando as informações sensoriais desnecessárias. O seu bloqueio promove o surgimento de confusão mental.
- b) Função ρ – Impede o acesso à consciência das informações semânticas universais. O seu bloqueio seletivo produz os fenômenos de psi gama.
- c) Função π – Inibe os impulsos eferentes do organismo, de natureza endógena ou exógena. Sua inibição provocaria um estado de espasticidade, secreção glandular, etc.
- d) Função τ – Inibe o “link” mente-matéria, evitando a interação não-local, referida no princípio de não-localidade. Seu bloqueio libera o referido “link” com a deflagração de fenômenos de psikapa.
REFERÊNCIAS
1 – OLIVEIRA, A. B. A Unidade Esquecida Homem-Universo. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo Editora, 1989. p. 17.
2 – OLIVEIRA… A Unidade …, op. cit, p. 34.
3 – TINOCO, C. A. Parapsicologia e Ciência. Biblioteca Parapsicologia – vol. 16. São Paulo: IBRASA, 1993. p. 142.
4 – LINS, R. D. Curas por Meios Paranormais: Realidade ou Fantasia? Recife: Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP, 1995. pp. 60s.
5 – TINOCO…: Parapsicologia e Ciência, op. cit., p. 144.
6 – ARANTES, J. T. A Ordem implícita de David Bohm – Globo Ciência, Ano 5 – nº 49. São Paulo: Globo, Agosto de 1995. pp. 48s .
7 – BORGES, V. R. Manual de Parapsicologia. Recife: Companhia Editora de Pernambuco – CEPE, 1992. p. 26.
8 – BORGES, V. R. & CARUSO, I. C. Parapsicologia: Um Novo Modelo (e outras teses). Recife: Fundação Antônio dos Santos Abranches – FASA, 1986. p. 170.
9 – SARTI, G. S. Tópicos Avançados em Parapsicologia. Rio de Janeiro: EGUSA Editora, 1987. p. 241s.
10 – SARTI, G. S. Psicons – do Real ao Imaginário. Rio de Janeiro: Edições Associação Brasileira de Parapsicologia – ABRAP, 1991. p. 04s.
11 – SARTI …:Psicons…, op. cit., pp.16s.
12 – SANTOS, J. J. H. O tempo e a Mente – O Universo Inteligente. Rio de Janeiro: Editora Nova Era, 1998. pp. 263 – 265.
13 – RINALDI, S. Espírito: O Desafio da Comprovação – Pesquisas Avançadas em Transcomunicação Instrumental. São Paulo: Elevação Editora, 2000. pp. 110 s.
14 – SARTI …:Tópicos…, op. cit., pp. 244s .
15 – SARTI …:Tópicos…, op. cit., pp. 246s.
16 – LINS…: Curas por…, op., cit., pp. 58-63.
17- EYZAGUIRRE, C. & FIDONE, S. J. Fisiologia do Sistema Nervoso. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 197., pp. 224s.
18 – LINS, R. D. Teoria Parapsicológica Geral (e outros ensaios). Recife: Edições IPPP, 2000. p. 249.
19- LINS…: Curas por…, op, cit., pp. 70s