Considerações sobre uma teoria unificada da parapsicologia

Ivo Cyro Caruso

I SUMÁRIO

Tentar explicar a Parapsicologia a partir de dois fenômenos elementares, envolve uma nova atitude metodológica na análise dos diversos fenômenos paranormais.

O homem é tomado como um algoritmo complexo, ou um sistema operacional programado, no qual a informação pre­existe. A configuração desse modelo informacional é tal que a estrutura biológica serve de “substratum” de um complexo sistema psíquico, que sob determinadas condições interage com as forças físicas da natureza. Além dos canais de comunicação próprios, o homem se comunica com o meio exterior. Sob o novo enfoque, ora analisado, o paranormal estabelece, em certas ocasiões, elevada taxa da comunicação entre seus níveis inconsciente e consciente e do nível inconsciente com o meio exterior, aí atingindo outro ser, ou objeto, através de interações psico-energéticas. Essas interações, que denominaremos psicobiofísicas, se manifestam de acordo com o grau de intensidade dos fatores intervenientes. Mas esse grau é probabilístico, ou seja, depende das taxas das incertezas de cada fator, cuja resultante tende para uma assíntota, porque o indivíduo está sujeito a limitações, como qualquer outro sistema limitado e, portanto, somente e determinável dentro de uma análise estatística.

Dentro desse modelo tentaremos unificar em uma única as diversas hipóteses existentes que buscam explicar cada fenômeno parapsicológico um de cada vez. Esse modelo se baseia era apenas dois eventos elementares, contendo características diferenciais de cujos arranjos, os fenômenos paranormais podem ser explicados. O “médium” é o centro fenomênico, isto é, o seu agente.

II        AS IDÉIAS MATRIZES

Esta tentativa, no sentido de encontrar um modelo teórico adequado à Parapsicologia, é uma continuação de nosso pensamento, expresso em nosso trabalho ‘Considera­ções Sobre Uma Teoria E Método Científico Na Parapsicolo­gia” apresentado por ocasião do III Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica, no Rio de Janeiro, 1982. Naquela ocasião defendíamos a adoção de uma teoria, mesmo uma já existente, tendo sugerido a “Teoria corpuscular do Espírito” do Engº Hernani Guimarães Andrade. Dizíamos que, conquanto não concordássemos com todos os aspectos daquela teoria, no cerne da mesma havia uma idéia ousada, o “Modelo Organizador Biológico”, a qual merecera nossas mais demoradas reflexões. Examinávamos que certas conclusões do Dr. Harold S. Burr, de 1972, convergem com aquelas do Dr. H.G. Andrade de 1959. Quando se revê a idéia do físico francês Jean E. Charon, em seu “L’Esprit Cet Inconnu”, dos anos 70, bem como de outros autores, havemos de aproveitar a idéia matriz da informação que antecede a estrutura. Não nos cabe discutir a gênese da evolução dessa idéia matriz, nem considerar dela o objetivo de seus autores de pôr, como fundamento, o Espírito, que o adotam como preexistindo aprioristicamente. Deixamos muito claro que não estamos adotando a existência do Espíri­to “a priori”. Além disso a assertiva de que a informação antecede a estrutura, por nós adotada neste trabalho, aproxima-se mais dos conceitos cibernético e da teoria da informação, que serão aproveitados.

Para Charon a informação anatropisa o “substratum” material, o elétron, através do que o processo do espírito se eterniza. Para Andrade há uma estrutura biológica que se fama e se adequa à vida a partir de um modelo organizador biológico. Segundo Charon a visão do universo evolui a partir de dois tipos de interações: “as interações próprias da matéria bruta, que são na ordem decrescente de suas intensidades as interações fortes, eletromagnéticas, fracas e gravitacionais; e as interações próprias do psiquismo, que descrevemos e chamamos de a Reflexão, o Conhecimento, o Amor e a Ação” (sic).

Esse mesmo tema é retomado e evolui com o Prof. Carlos Alberto Tinoco em seu trabalho “Psicocinesia Como Uma Nova Forma de Interação Física”, apresentado ao II Congresso de Parapsicologia e Psicotrônica, no Rio de Janeiro de 1979. Recordamos que em sua tese o Prof. C.A. Tinoco cita grupos de trabalho em áreas de investigação, nas quais se evidenciam a presença de forças desconhecidas que seriam capazes de causar interações entre corpos separados, interagindo com os campos conhecidos da matéria. São suas conclusões: “Nesse caso, os fatos PSI seriam, como nos fenômenos físicos, causados por interações ainda ignoradas, porém capazes de interagir com os campos gravitacional, eletromagnético, nuclear, etc”.

Agora, poderíamos concluir que a informação e seu substratum” criam a estrutura psicobiofísica, que por seu turno se manifesta por seu campo de influência e pode evi­denciar interações com as forças físicas. Então, propomos unificar aquelas “idéias matrizes”, acima expostas, em um modelo tanto quanto possível adequado à metodologia científica atual. Propomos à crítica uma hipótese geral abrangente dos fenômenos PSI, em considerando os fatores que intervêm com intensidades diferenciadas, em todos os casos estudados pela parapsicologia.

Veremos todavia que o centro dos fenômenos é o “médium”, que segundo A. Aksakof (in Animismo e Espiritismo, tradução) se caracteriza por um estado de desagregação psicológica, ou desagregação do poder de síntese psíquica, dele mesmo citando o Dr. Janet. Talvez seria melhor considerar a liberação de atividades psico-energéticas que se interagem entre si e com as forças físicas. O médium teria, assim, uma potencialidade desregulada, ou me­lhor diríamos, uma regulagem diferenciada da normal, sob o ponto de vista estatístico. Resta, então, examinar as variedades e a natureza dessa regulagem e discutir se são resultados de desagregação ou de uma especial configuração de sua estrutura psicobiofisica. Seria questionar qual o potencial de informação e os canais postos em jogo: informação, energia, consciência (e inconsciente) e suas interações com as manifestações originarias delas próprias, que denominamos como resultante (carregada de energia e informação), liberadas nos fenômenos paranormais.

III            ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS

A discussão da natureza do processo deverá conti­nuar através de situações entre dois estados de um mesmo processo, a fim de se estabelecer uma grandeza e analisar as causas das variedades dessa grandeza. Além disso, e como são numerosos os fatores que intervem no fenômeno paranormal, uma vez investigados os que mais se evidenciam durante o processo, analisar-se-á a probabilidade de intervenção de cada fator e a probabilidade esperada do efeito resultante, obtendo-se, por via estatística, tanto os fatores predominantes, quanto o efeito plausível esperado. O fenômeno paranormal parece ter uma resultante não-determinista, porém probabilística. Os resultados poderiam manifestar—se de acordo com uma eficácia variável, relacionada com os diversos níveis probabilísticos dos fatores e interações envolvidos. O grande médium seria aquele em que as probabilidades se encontrem em maior nível de eficácia do que nos indivíduos comuns, quanto à psico-energia liberada ou posta em jogo com o resto do mundo

A fim de evitar fadigas, deixamos para os Apêndices I e II que desenvolvem as idéias fundamentais das estruturas psicobiofísicas comunicacionais e das interações psico-energéticas. Aí desenvolvemos sob a ótica da teoria da informação as estruturas dos programas básicos de conservação do indivíduo e da espécie e de sua reação contra o mundo exterior, evoluindo tais estruturas até aquelas mais complexas de natureza psicobiofísicas que por canais próprios e adequada regulagem interagem com as forças da natureza. O homem e o resto do mundo é analisado segundo o aspecto energético com suas interações com as forças físicas e sob o aspecto comunicacional com as suas trocas de mensagens com o resto do mundo.

IV              PROCESSOS E EVENTOS

Toda a conceituação anterior tem por finalidade considerar-se os fenômenos paranormais analisados através de seus processos e eventos elementares, e estabelecer-se a síntese, explicando-se, por meio de associações deles, os diversos fenômenos parapsicológicos.

Na falta de designação melhor chamaremos os pro­cessos do tipo O, do tipo 1 e do tipo 2. Quanto aos eventos designaremos Endo-psi entre os níveis inconsciente e consciente do mesmo médium e Exo-psi entre o nível inconsciente do médium (*) e o resto do mundo.

(*)   O termo médium será substituído por agente-psi, conforme se verá no último capitulo.

Os processos são basicamente dois, sendo que o processo do tipo O arrola estados fronteiriços que podem deflagrar-se com os processos do tipo 1 e tipo 2, se ocorrer. Não são processos parapsicológicos, mas podem estar presentes antes e durante, enquanto se desenrola o processo psi. São processos encontrados nos estados emocionais intensificados, quer de natureza trofotropa, quer ergotropa, cujas funções se localizam no sistema reticulado de Hess das regiões talâmicas do cérebro (sugestões, hipnose, etc.), dos estados hipnopômpícos e hipnagógicos, disfunções cerebrais por excesso de oxigênio, hormonais, secreções de endormorfinas, etc.

Processo do tipo 1: compreende os processos elementares paranormais de aspecto psico-energético em que se desenvolvem as interações psicobiofísicas alteradoras dos modelos psicobiofísicos (modelos organizacionais biológicos), sendo que a ação psi se interage, por sua vez, com as forças físicas e se manifestam através das conheci­das modalidades da energia. A nível inconsciente certas estruturas de percepção desenvolvem “explorações” que apreendem as mensagens afastadas no espaço e no tempo e que devem ter uma resolução sintetizadora. A resolução sintetizadora pode ser completada ou incompletada, no que se refere à evidência da modalidade de energia observada.

A manifestação física é típica se aparece corno uma elaboração inconsciente inteligente seguindo-se de um efeito físico ou químico conhecido, isto é completado.

A manifestação física é pseudo-típica se aparece como um ato elaborado a nível inconsciente seguindo-se de um efeito incompletado, ou com características apenas parciais das forças físicas eletromagnéticas, gravitacionais, etc. Supomos que a incompletude se deva a insuficiência energética durante o processo. Essas manifestações pseudo-típicas são observadas como cintilações lumi­nosas visualizadas, porém sem que causem iluminação; iluminação de objetos e pessoas sem fonte luminosa; sons audíveis porém com registro falho em fitas magnéticas; “raps” e outras alterações vibracionais em fibras de madeira; ideoplastias incompletas; imantação em uma única ponta de uma peça de ferro (ou de outro metal), e outros inúmeros fatos paranormais de farta citação.

Processo do tipo 2: arrolam-se os processos elementares paranormais de efeito psico-comunicacional, em que, a nível inconsciente, as estruturas do médium captam as mensagens e através de mecanismos de “exploração” as reelaboram, armazenam, transferem ou emitem ao nível consciente, para o resto do mundo. Trata-se de um processo do tipo 1 em que o aspecto energético e de reduzida eficácia predominando o efeito psico-comunicacional, enquanto todas as estruturas psicobiofísicas ainda estão atuantes.

Consideram-se, então, dois eventos paranormais elementares, os quais se associam e podem neles predomina o processo do tipo 1, ou do tipo 2, ou ambos.(*)

(*)   A preocupação quantitativa ainda não é relevante, no estágio atual de dissociação dos componentes elementares para detectar a intimidade dos eventos e processos.)

Evento elementar Endo-psi: aquele inerente ao próprio indivíduo,com duplo sentido:

  1. a) partindo um grupo de atividades de seu consciente para o nível inconsci ente; e
  2. b) partindo, quando isso ocorre, do seu nível inconsciente para o nível consciente.

Evento elementar Exo-psi: o evento elementar a nível inconsciente, cuja direção se estabelece:

  1. e) do indivíduo para o resto do mundo; e
  2. d) do resto do mundo para o indivíduo.

A telepatia seria explicada como um evento associado entre dois indivíduos A e B: em A um evento endo-psi associado a outro exo-psi se transfere por um processo do tipo 2 (psico—comunicacional) ao indivíduo B que capta através de um processo do tipo 2 e dos eventos associado exo-psi e endo-psi.

A telergia de A para B seria um evento endo-psi associado a um evento exo-psi envolvendo um processo do tipo 1 (psico-energético) que é captado por B, se isso ocorre, e segundo um evento exo-psi associado a uma resposta, segundo um processo do tipo 1. O efeito, se for uma cura, é mais complexo, pois pode envolver a fé que teria uma resolução reducionista psicossomática no indivíduo B; todavia poderíamos especular, como se o indivíduo B se encontrasse associado ao indivíduo A, através de um evento endo-psi com um processo tipo 1 (psico-energético), sendo A apenas um indutor da fé de B, no qual se deflagra o pro­cesso psicossomático.(*)

(*)  Os dois exemplos apresentados, telepatia e telergia, não esgotam as explicações, porém os eventos e processos elementares logram aprofundar a análise a níveis menos grosseiros.

V     CRÍTICAS E CONCLUSÕES

Uma teoria como instrumento do pensamento presta o serviço de apresentar os fatos em uma síntese lógica. Com efeito, consideramos perigosas as extrapolações de uma hipótese unificadora (ou diversas hipóteses reunidas sob uma abordagem unificadora), pois, nos limites de validade, aí aumentam as incertezas e as falhas do prolongamento lógico, a maneira da extrapolação, não assegurando valor garantido. Tentamos estudar o fenômeno paranormal como uma “coisa” mesmo sabendo que essa “coisa” é um médium e, portanto, um homem. A idéia fundamenta-se em oferecer um modelo que a partir de dois processos típicos e dois eventos elementares possam ser explicados e descritos todos os demais fatos paranormais. De outra parte, esses eventos e os fenômenos explicados e descritos através deles delimitariam o campo de estudos da parapsicologia.

Houve a tentativa de decompor os eventos elementares em eventos mais simples dentro dos princípios da teoria da informação, dos conceitos da psicologia principalmente os de “gestalt”, das forças físicas e de suas manifestações e, então, obter uma síntese. A tarefa é grandiosa e verificamos que nos encontramos no começo.

Restam muitos problemas a resolver, que em uma comunicação de desenvolvimento de uma tese cumpre-nos apontar e questionar: a) como ocorre o processo, quando uma atividade biofísica interage com as forças físicas e qual a resultante escolhida e por que a escolhida, excluindo as demais; trata-se de fenômeno aleatório, ou existem probabilidades diferenciadas resultando naquela mais plausível e se o médium teria influência e em que grau (?); b) o espaço-tempo intuído pela atividade psíquica teria que grau de equivalência daquele intuído pela física; nos processos psico-comunicacionais espaço e tempo seriam de natureza adimensional, somente explicitado quando no subtratum, ou seria equivalente ao intuído nos processos psico-energético (?), onde seria intuído do mesmo modo que na física, se tal ocorre; c) o processo de “exploração” a nível inconsciente efetuado pela estrutura psicobiofísica que tentamos definir (ver Apêndice II) requer continuados estudos das nossas estruturas a nível inconsciente. A nível consciente é a exploração” que dá a chave de um código informacional (alfabeto, repertório de sons,, etc.) por ocasião da aprendizagem, decodificação e memória. Além disso e a exploração” que estabelece uma análise e síntese na transformação de uma mensagem espacial em mensagem temporal e vice-e-versa, ou ainda a equivalência entre ambas.

Anotamos que temos muito material de trabalho, porém poderemos recorrer a outros campos do saber. As nomenclaturas acima usadas são do amplo conhecimento da Psicologia e da tecnologia desenvolvida a partir da Teoria da Informação e da Eletrônica. Por exemplo: —a “exploração” além de ser atividade psicológica, encontra-se como técnica na televisão (exploração das linhas do vídeo e síntese ocular); dos sons da linguagem; da música; etc. —as mensagens afastadas no espaço e no tempo são obtidas pela técnica: no espaço tais como a transmissão de imagens e sons, bem como a telefonia via satélite; ou temporais como a gravação sonora e o vídeo-cassete; ou espacio-temporais obtidas através das fotografias de foguete explora­dores fora da órbita terrestre.(*)

(*)    Afinal, trata-se de extensões de atividades do próprio homem e parece esquecermos que o homem constrói extensões de seus membros, e seus sentidos e atividades cerebrais.

Anotamos que, se os termos tais como interações, modelo informacional, manifestação psicobiofísica, psico-energética e outros utilizados para compor a hipótese uni­ficada compreendem evidências, ainda continuamos preocupados, uma vez que nos ensinam muito pouco sobre a natureza íntima dos fenômenos paranormais. De outra parte, a denominação e a conceituação deverão permitir detectar problemas e desenvolver técnicas e instrumentos no sentido de solucionar problemas e desenvolver técnicas para controle e regulagem dos fenômenos, sua repetição e a otimização do grau de eficácia.

 

APÊNDICE I

O HOMEM E SEUS ALGORÍTMOS

O  homem é uma estrutura complexa, constituído de subsistemas, estruturas menores, que se interligam entre si e cujas células mantêm interações. O homem é um sistema aberto e a estrutura objeto de estudo é um ser biológico no qual se destaca uma intensa atividade mental: é um ser psicobiofísico.

As células, estruturas elementares, contem um código informacional e acumulam informações. Associando-se em estruturas mais complexas, mas também desenvolvem programas e sistemas de regulagem.

Entre as diversas estruturas ocorrem comunicações A comunicação é o transporte da mensagem, que por seu turno é uma quantidade da informação que se transmite. A comunicação existe em um “substratum” material e se processa através de programas e algoritmos.

Os programas básicos de todos os seres, pelo menos animais, são orientados para um fim, a conservação; a do próprio indivíduo e da sua espécie: (a) dois do tipo de auto-conservação: nutrição e ataque e defesa; (b) dois do tipo de conservação da espécie: reprodução e gregário; (c) um do tipo integrador dos demais.(*) A partir desses cinco programas básicos, as estruturas dos algoritmos e programas se desenvolvem em complexidade. Como todos os seres vivos são sistemas abertos, todos se comunicam, pelo menos a nível celular. Em seres mais complexos as estrutura biológicas se desenvolvem e seus sistemas de controle e regulagem atingem a um máximo de exigência de informações que devem ser elaboradas pelo cérebro. No homem temos em máxima complexidade, com as suas atividades psicobiofísicas. Nele a regulagem e controle dependem:

—de uma complexa bagagem hereditária que se inscreve no seu modelo organizacional biológico e um amplo espectro de suas diversas estruturas programáveis;

—dos eventos que constituem a sua história individual, registrados por seus reflexos condicionados e pela memória, inscritos no conjunto de percepções, símbolos, repertório de seu código de comunicação, etc.,que são os programas adquiridos;

—do seu meio ambiente presente, contra o qual reage, valendo-se dos seus algoritmos integradores visando a regulagem e defesa do sistema.

Como o indivíduo é uma estrutura psicofisiológica limitada, a quantidade de informação que ele absorve instantaneamente é limitada. Assim, o indivíduo não podendo absorver todos os níveis de informações do mundo que o cerca, desenvolve algoritmos e processos de modo a aumentar ao seu máximo a própria taxa de informação perceptível. O homem não poderá, portanto, absorver a totalidade do universo.

 

(*)    HOLLANDA JR, LAMARTINE — Cibernética dos Estados Emocionais — Ed. S.P.H.M.,Recife, 1973, em co-autoria com Milechnin, Anatol, reeditado pela Ed. Pensamento, dez anos após.

 

APÊNDICE II

ALGORÍTMOS E INTERAÇÕES

  Sugestões para estudos

Se desejarmos analisar o homem e o resto do mundo, como um subsistema dentro de um sistema maior, com um grau de liberdade relativamente elevado, examinemos os dois aspectos essenciais

—o aspecto comunicacional, no qual o homem se encontra no universo material (o sistema maior) onde se operam as comunicações, as trocas de mensagens, entre o homem e o resto do mundo

—o aspecto energético tendo o homem como um subsistema que se movimenta e reage em um sistema maior, através de trocas energéticas, e então se estudam as interações de forças.

Ora, quanto às mensagens, essas apresentam estruturas elementares e canais de comunicação definidas, no que diz respeito às reações ulteriores do indivíduo, em função das suas características psicofisiológicas, se se trata de um médium, quer como receptor, quer como emissor.

A psicologia reconhece as mensagens imediatas e tem incursionado timidamente, através de estudiosos da estética, nas mensagens afastadas no espaço e no tempo e que podem ser restituídas ao meio ambiente. Na tecnologia da eletrônica e informática tais estudos decorrem de avanços tecnológicos recentes (vídeo-cassete, transmissões via satélite, etc.). A Parapsicologia reconhece e distingue as mensagens afastadas no espaço e no tempo e a sua restituição, através de canais adequados, ao indivíduo paranormal. Este, através de um processo de “exploração” apreende a nível inconsciente aquelas mensagens afastadas no espaço e no tempo, através de comunicações com outros canais próximos, examinando sucessivamente as diferentes estruturas (comunicantes) dispostas espacialmente. A mensagem é elaborada segundo uma “lógica” ou um algoritmo especial a nível inconsciente. A criação dos símbolos se efetua pela associação de conjuntos de percepção elementares, memória, etc., que atingem a um grau de elaboração de um ou mais algoritmos. Se a memória é um fenômeno aleatório, as estruturas mentais por ele construída também têm um caráter aleatório, sob as condições acima apresentadas. Os algoritmos desenvolvidos podem sofrer uma redução ou incremento estatístico. As interações mentais se refletem nas estruturas biológicas, resultando nos efeitos psicobiofísicos do indivíduo e deste para o exterior. Assim, o indivíduo paranormal apresenta-se como um dado estatístico, ou probabilístico, em função de sua estrutura genética, histórico-cultural e do ambiente, bem como de seus mecanismos de regulagem. Nesse médium os fenômenos ocorrem durante algum tempo e sob certas condições, de modo plausível. Plausível porque dependente de elementos e fatos prováveis, ou seja, não determinísticos.

 

 

Compartilhe: