Guaracy Lyra da Fonseca (maio de 1990)
INTROITO
Conscientemente ou não, o homem está sempre em busca de si mesmo, e para isto é necessário procura-lo mais eficientemente no nosso mundo subjetivo, portanto, quanto mais profundo, equilibrado e organizado mentalmente for o parapsicólogo, mais rápido e aguçadamente compreenderá e saberá lidar com os objetivos comuns a si e a humanidade. Portanto, parece-me certa a escritora Ângela Batá, quando descreve a Psiquê humana em três elementos: Instintos, emoções e pensamento.
Instintos: Observando-se as definições conjuntas de Kant-Freud-William James, deduz-se que os instintos são impulsos que se caracterizam pela inconsciência do fim a atingir, ressaltando-se que o ambiente e a inteligência podem modificar, mas não destruir os instintos (forças primitivas), e nem evitar a possibilidade do seu ressurgimento. Em estado latente tem uma dinâmica própria e se faz sentir no humor habitual e na percepção geral do corpo, devendo-se a eles as nuances afetivas e a viva motricidade dos processos psíquicos (R. Appicciafuoco). Há uma tendência desses instintos em retornar ao estado inicial, porém, podemos transformá-los para melhor canalizarmos energias elevadas formando por assim dizer o “esqueleto de nosso caráter”.
Emoções: Palavra de origem latina (emovere), significa “colocar em movimento”, atividade; as emoções nascem na consciência e, posteriormente, produz efeitos físicos (interior da psiquê), embora distintas, frequentemente encontram-se mesclados a outros processos psíquicos, dos instintivos aos mentais e até espirituais, participando da atividade deles, dando calor e vida a todas as expressões humanas, em suma, o tom afetivo está sempre presente em cada MOMENTO DA VIDA, tanto no homem comum como no mais rigoroso raciocínio do cientista. É um estado de agitação interna, repentino e intenso, quase sempre pouco durável, é a reação ao estímulo vindo de fora. Note-se que, enquanto perdura, a Mente fica ofuscada e impedida de pensar, provocada pela agitação interna de “ondas emotivas”, produzindo como que uma espécie de “paralisia” do pensamento e efeitos no organismo global, formando sensações agradáveis e desagradáveis. Será que é justamente nesse ponto (hiato), nesse dado “momento” que se dá a abertura de nosso diafragma, dando passagem a desabrochar de novos fenômenos paranormais? Veja que elas podem ser de natureza e grau variados, pouco duráveis, irracionais e desaparece sem deixar traços na Psiquê, sendo quase impossível repeti-la voluntariamente.
Emoções – afeto são estados emotivos que nascem no interior do psiquê e projetam-se para o exterior, emoção prolongada, que nascem e morrem lentamente, dando-lhe estabilidade, profundidade e continuidade às emoções. A paixão é uma emoção afetiva que, se levada a exasperação, resulta em amor e ódio, sendo equivalente a uma ideia fixa. Nem sempre uma pessoa emotiva é afetiva e no homem dito equilibrado, devemos encontrar sensibilidade, capacidade de amar e aspiração elevada.
Pensamento: O Eu pensador está acima desses três elementos (instintos, emoções e pensamento), é a atividade que percebe, elabora, coordena as representações, abstrai, compara, julga, raciocina; pensar é formular conceitos, é ter ideias claras, é raciocinar sobre qualquer coisa. A força energética do pensamento, reorganiza, reelabora todas as sensações e percepções que provém do mundo dos instintos, das emoções e do mundo objetivo (exterior), em síntese, é como se fosse um adesivo, uma cola que une o mundo interior ao exterior, formando conceitos e ideias. Somente ao homem foi dado este privilégio e talvez, alcançar ao vértice da genialidade pela Intuição. O pensamento é atividade, podendo ser completo abrangendo o concreto e o abstrato, o lógico e o intuitivo. O verdadeiro pensar é feito com concentração voluntária, mas cuidado, devaneios e sonhos não quer dizer pensar. O pensar puro, claro e límpido, é afastar de si o quanto possível as emoções e instintos. A capacidade do saber depende do grau de maturidade e discernimento do pensamento. O pensamento consiste em saber retornar as recordações acumuladas e utilizá-las de acordo com as nossas exigências. Em suma, a consciência não cria, apenas utiliza.
CONSCIENTE, INCONSCIENTE E INTUIÇÃO
Segundo Jung o consciente é uma espécie de camada superficial de epiderme, flutuando sobre o inconsciente que se estende nas profundezas, como um vasto oceano de perfeita continuidade.
O inconsciente não é superior ao consciente, é diferente, age alogicamente, estabelece as mais imprevisíveis associações de ideias, não é metódico, mas caótico, paradoxal (será que aí originou-se a Teoria Fractal?), podendo levar o homem a notáveis descobertas e invenções, mas também a lamentáveis equívocos e ilusões. É, na realidade, um reservatório de energias dinâmicas, potentes, a espera de ser utilizada.
É interessante que só se admita que no inconsciente possui coisas boas, como se o ser humano fosse composto só de bondade e mesmo que se use a teoria eclética (genética associada a tábua rasa), o ser humano é composto de coisas boas e más, daí o gravame, o risco, o perigo de se aflorar do âmago do inconsciente o que não se deve – talvez – um treinamento científico (Wlademir Rakow e Lozanow) pela técnica de autossugestão, direcione e discipline (separe), por alquimia sugestiva, formando um divisor de águas, separando o joio do trigo. Admite-se que o inconsciente coletivo já preexiste ao nascimento, onde irei um pouco mais além, é como se fosse um processo contínuo, onde vai se modificando desde a escolha do cônjuge (genes), continua durante os primeiros anos (de zero a sete), de altíssima importância, onde se forma a matriz mental, seguindo para a juventude e se prolongando por toda a vida. E, dentro dessa concepção, você modifica e aprimora o inconsciente herdado coletivo. Convém salientar que o inconsciente é semelhante em todos os seres humanos e por que tão pouco são gênios?
Intuição é palavra de origem latina (intuitus), sendo “in” – em, dentro, e “tuitus” – olhar; ou seja, intuição é olhar para dentro. Assim, trata-se de um ato de percepção imediato e repentino que penetra no interior do objeto e cujo processo nos escapa, sendo formado por quatro acepções: comum, artística, filosófica e teológica.
Intuição comum é o que nós chamamos de sexto sentido ou faro, ou seja, uma aptidão natural e que pode ser exercitada.
Intuição artística é a inspiração, o talento e a capacidade inventiva do artista.
Intuição filosófica é a forma racional e lógica de se apresentar Verdades Absolutas e ideias universais pelo pensamento.
Intuição teológica é um misterioso processo cognitivo que põe o homem em contato com o Supremo.
Existe a intuição horizontal e a vertical; a primeira, o homem atinge níveis pessoais e fica em sua vida personalística, enquanto a segunda, o homem atinge o plano universal transcendente. O pensamento concreto é na verdade um sério obstáculo à intuição, sua atividade impede de perceber ou mesmo nega com sua lógica os lampejos que nos chegam por via subconsciente – devemos pois nos colocar em uma atitude de espera e receptividade, com a mente passiva e silenciosa (indo de encontro ao pensamento), aí é que reside no meu humilde entendimento (novel discípulo), a dicotomia entre o pseudocientista e o verdadeiro cientista; o cientista aprende continuamente a discernir a simbologia e não as coisas. Trocando em miúdos , os símbolos são formas externas e visíveis das realidades espirituais interiores e quanto maio esta percepção, mais indicará o despertar da INTUIÇÃO, sendo desenvolvida pela Mediação, ou seja, é uma espera vigilante de todo o SER. E, como fechamento, o inconsciente de outras pessoas, ou com a amplitude profunda da existência (inconsciente coletivo).
FENÔMENOS DE PSIGAMA
Parapsicologia é a ciência que estuda e pesquisa os fenômenos paranormais (psi), e, segundo o Professor Valter da Rosa Borges, a Parapsicologia é o “patinho feio” do grêmio científico. Os fenômenos paranormais podem vir esporadicamente, regulamente e frequentemente (Agente Psi Confiável – A.P.C.), existindo uma maior frequência nos extrovertidos (apenas 10% dos seres normais), sendo, por isso, uma espécie de “talento”; ora, se é um fenômeno comum a todos, por que só poucos são escolhidos? Será que a maioria fica vendo “a banda passar”, e não souberem despertar suas qualidades inatas? Parece-me que, além do domínio das emoções e dos instintos, existe algo mais que é o amor em toda a sua plenitude, as virtudes, a genética e talvez uma certa predestinação de poucos, tendo uma visão melhor do todo.
Os fenômenos paranormais estão centrados em três postulados:
1 – É um fato natural e incomum.
2 – A causa exclusiva é o homem.
3 – Geralmente o inconsciente produz o fenômeno paranormal.
A Parapsicologia utiliza o método qualitativo e o quantitativo Estatístico Matemático, este lidando com experiências repetidas.
Os fenômenos paranormais se classificam em psigama (predomínio da informação) e psikapa (predomínio da ação psi).
Em psigama temos uma modalidade demonstrada para fatos psicofísicos (passado, presente ou futuro), sem a utilização aparente dos sentidos e da razão, bem como de habilidades que não resultam de um prévio aprendizado. A sua ocorrência pode se dá:
a – Em estado de vigília.
b – Estado emocional intensificado (hipnose, transe, sonho, sonambulismo).
c – Estado de perigo de morte.
d – Estado de debilidade orgânica.
e – Experimentação controlada.
Quanto à forma de expressão temos a forma motora (indução material e personificação), porém, existem outras formas que vão desde a Psicofonia até a Memória extracerebral. Os soviets falam numa estática cósmica; será que é a mesma coisa do supraconsciente coletivo?
Os fenômenos de psigama podem ser a telepatia, a clarividência e a precognição.
A telepatia (sofrimento à distância) é o fenômeno de psigama onde um ser humano é capaz de conhecer psiquicamente o que se passa com outra pessoa, mesmo a distância.
Quanto ao conteúdo temos os estados afetivos (emoções) e os estados intelectuais. A latência telepática é a permanência de um fenômeno que fica no receptor, dizem, até 17 horas, como se fosse um bloqueio moral ou intelectual, uma espécie de amadurecimento, e que implica em alterações psicossomáticas no indivíduo. A tensão aumenta a sensibilidade telepática.
Quanto a seletividade, a afinidade entre as pessoas parece contribuir para o fenômeno. Quanto a modalidades, os fenômenos de psigama podem ser consciente voluntário (sugestão mental), consciente involuntária (pensar em alguém espontaneamente) e inconsciente involuntária (inconsciente para inconsciente).
Quanto as formas emotivas temos os pressentimentos alucinatórios (visuais, auditivos, táteis e gustativos), telessomatização (sentir as mesmas emoções e sofrimentos ou alegrias de alguém), sonhos e alterações fisiológicas.
Quanto aos dados coletados e selecionados temos que a telepatia parece ser uma comunhão entre duas pessoas ou mais, ou uma associação de ideias coincidentes ou uma espécie de condomínio transitório psíquico (hotel mental). Entre 18 e 30 anos há uma altíssima frequência. O Agente Psi, intuitivamente saber ler, mas não sabe como faz a leitura. No artista a inspiração acontece, nasce com ele – ele apenas aprimora. Há grande despreparo entre os pesquisadores. Para um grande A.P.C., um grande pesquisador. Na telepatia há predominância dos “Estados Afetivos” sobre os “Estados Intelectuais”, daí um Laboratório sentir dificuldade em estabelecer o “Fator Emocional”.
O condicionamento também não pode reduzir a qualidade de um fenômeno psi? O Agente Psi só é poderoso porque é mais treinado e se exerce domínio sobre a sua faculdade? Ou ele é mais poderoso por que foi sugestionado a funcionar sob técnicas induzidas e incorporadas em seu psiquê para efeito de experiências (subjetivas) e utilidades diversas? Ou, ele deveria ser considerado, não digamos poderoso mas ótimo, segundo a finalidade altruística da função psi? Daí veja a complexidade de se estudar o fenômeno em si, mas também em se adequar em um laboratório (reformulando-o constantemente como se fossemos mudar cenas de um teatro, sendo que adaptáveis as tendências do APC, tiradas pelo analista), emotivo espontâneo”. possibilitando um ambiente sempre dinâmico, dando por consequência “momentos adequados” ao ressurgimento automático dos fenômenos em si, se repetirem “momento emotivo espontâneo”. O ideal, talvez, fosse transferir o aparato laboratorial discretamente modificado para cada paranormal em locais onde ocorrem maior incidência ou dar-lhes uma condição espontânea sem inibições, para que haja ocorrência, isto tudo, para satisfazer a saga desconfiável do talvez psi confiável dos cientistas.
Os perceptivos globais têm maior índice de acertos do que os analíticos. Não devemos confundir a coincidência de certos hábitos (trilhas psíquicas), com experiências telepáticas.
Quanto a clarividência, é um fenômeno de psigama mediante o qual a pessoa é capaz de perceber extrassensorialmente um fato físico. Pode ser local e a distância. Na prática (clarividência visual) é difícil distinguir entre telepatia e clarividência. Existem três formas de clarividência:
1 – Simulcognição (mesmo instante).
2 – Precognição (prever o futuro do acontecimento).
3 – Retrocognição (Determina o passado do acontecimento).
Criptomnésia é um conhecimento que já existe no inconsciente do A.P.C. – são aptidões especiais que não resultaram do aprendizado anterior vivencial terrestre. Consiste na emersão de conteúdos inconscientes para o consciente, podendo ser de natureza psicológica e parapsicológica.
Ocorre criptomnésia psicológica se o material psíquico conscientizado pertencer ao patrimônio mnemônico de uma pessoa.
Ocorre criptomnésia parapsicológica quando não é atribuível à vivência ou à formação intelectual de uma pessoa.
Hiperestesia é uma exacerbação da percepção sensorial, afetando qualquer um dos sentidos, ficando situada entre a percepção sensorial e a percepção extra-sensorial. Ex: visão dermo-óptica.
No modelo parapsicológico geral proposto por Valter da Rosa Borges e Ivo Cyro Caruso, a função psi é reconceituada como o conjunto de todos os elementos que podem produzir o fenômeno paranormal: a) Agente Psi (AP), b) Meio Psi (MP), e c) Fluxo Psi (FP).
Agente Psi: Importa a sua presença e confiabilidade, podendo ser simples (uma pessoa) ou complexo (mais de uma pessoa). Também pode ser Emissor ou Receptor.
Meio Psi: É o espaço onde ocorre o fenômeno paranormal com todos os seus elementos circunstanciais, inclusive suas forças e os campos de domínio dos elementos naturais e do AP em níveis micro e macro.
Campo Psi: Domínio de ação das atividades superiores do cérebro, interagindo com suas estruturas energéticas do espaço (físico).
Fluxo Psi: É o instante operacional do AP, constituindo-se numa interação de Informação e Energia.
Fluxo Endo-Psi: Quando a Informação/Energia se transfere do nível inconsciente para o nível consciente, ou vice-versa.
Fluxo Exo-Psi: Quando o AP, em sua relação com o MP, exterioriza ou recolhe conteúdos informativos ou energéticos.
O objetivo maior, talvez mais importante da Parapsicologia, consiste em futuro, transferir esta Ciência do Inconsciente em Conhecimento Sistematizado (científico).
É bem verdade que a afinidade e as Emoções servem de reforço, ou seja, amplificam o sinal Psi, porém, a “semelhança de seus padrões psíquicos é que realmente estabelece o vínculo telepático”. Cabe a equipe de analistas parapsicólogos trabalhar com peritos de outras ciências e possuir (adquirir) sólida cultura geral.
ASPECTOS ÉTICOS E JURÍDICOS
A forma clara, cristalina, precisa e concisa como foi demonstrada a Tese em outubro de 1984 – digna de maestria – mostra o alto grau de periculosidade e gravidade onde a Justiça não possui meios de punir os verdadeiros criminosos. Nós manipulamos e somos manipulados, mas tanto a telepatia como a clarividência podem devassar a vida íntima de uma pessoa – existe o estupro moral – pessoas até pela fotografia exercem poder sobre outras – fins de espionagem – sintomas doentios provocados para captação de emoções negativas de outrem – ordens são cumpridas mesmo que o emissor não conheça o idioma do receptor – é como se existisse uma linguagem universal semelhante ao “Esperanto”. A Lei só reconhece a violação da vontade a nível consciente. Quanto a cura paranormal, oficialmente ainda não foi comprovada – é necessário distinguir entre cura e ação paranormal curativa. A mente humana pode provocar doenças e até a morte – deixando apenas “rastros psíquicos”, que poderão ser detectados por paranormais peritos em psicometria. A hipnose diz que o hipnotizado não se submete totalmente às sugestões do Hipnólogo – ou seja, só se já estiver programado no inconsciente do indivíduo – mas, admitamos que o hipnólogo tenha mais força mental e faça com que o hipnotizado aceite espontaneamente, através de artifícios atos e ideias negativas como se fossem dele mesmo – evitando-se portanto a rejeição natural, a exemplo de células cancerígenas que fabricam enzimas para inibir as células