Fundamentos para as teorias da parapsicologia. Um programa para uma teoria parapsicológica.

IVO CYRO CARUSO

 

Publicado no ANUÁRIO BRASILEIRO DE PARAPSICOLOGIA-

INTRODUÇÃO

O autor defende a necessidade de um ‘’programa” em busca de uma teoria geral da Parapsicologia a partir de um modelo que se adeque às bases da metodologia científica

A teorização reunida num sistema das teorias da Parapsicologia, em existindo tais teorias, e das ciências interdisciplinares à Parapsicologia, carecem de um formalismo matemático a ser desenvolvido e submetido livremente à intensa discussão.

Um sistema de enunciados, conceitos e definições fundamentais bastaria e seria suficiente, desde que corroborado por experiências passadas. Tal conceito é defendido por K.R. Popper1 que se associa às ideias de J. Von Neumann e G.Birkhoff2, que servem de alicerce às ideias oferecidas neste trabalho.

A Parapsicologia conta com uma rica literatura factual, ainda dispersa e sob influências filosóficas e religiosas as mais variadas. As citações dos fatos paranormais fornecem preciosos elementos ao pesquisador e ao teorizador, a quem cabe encontrar as inferências generalizadoras.

O Modelo Geral da Parapsicologia (MGP) do I.P.P.P. (Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas) foi elaborado fundamentando-se na riqueza dos fatos relatados como paranormais e, por isso mesmo, tem demonstrado a sua fertilidade e acerto de suas inferências.

Este trabalho inicialmente foi apresentado no VII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia realizado em 30/09/1989, no Auditório da Universidade Católica de Pernambuco. Naquela época, o autor era Diretor do Dept° Ci­entífico do I.P.P.P. Posteriormente, o tema Qualidade Parapsicológica foi retomado e calcado com acréscimos, foi apresentado nas “Primeiras Conferências ECLIPSY de Para­psicologia’’, em São Paulo, 1990. Este desenvolvimento amplia as explicações temáticas. O autor defende para qualquer ciência (da natureza e humanas) os pensamentos de Mário Bungue, Canguilhem, Trujillo, Ander-Egg e outros cultores da Metodologia Científica e sua aplicação na Parapsicologia.

FUNDAMENTOS PARA UM PROGRAMA TEÓRICO Evolução Temática

Os primeiros cursos regulares de Parapsicologia (Curso Básico de Parapsicologia) oferecidos desde 1982 pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – I.P.P.P – exigiam algum esforço didático para transmitir, e submeter ao debate, um discurso coerente e consistente com a fenomenologia paranormal.(1)

ROSA BORGES em “Epistemologia Parapsicológica”(2) sintetizou as preocupações de natureza meto­dológica, do I.P.P.P, em 1983. Com efeito, a literatura do paranormal, apesar de sua riqueza factual, por si só, é insu­ficiente quanto ao aprofundamento analítico, ressentindo-se da falta de uma metodologia sistêmica, adaptável aos fe­nômenos.

CARUSO em “Problemas da Parapsicologia”(3) apon­ta a estratégia a ser seguida nas questões mais relevantes. ROSA BORGES, em “Demarcação da Parapsicologia”(4) apresentada no IV Congresso Nacional de Parapsicologia, Psicobiofísica e Psicotrônica (IV C.N.P.P.P), Brasília, 1985, redireciona as preocupações dos que fazem o I.P.P.P. Nes­sa tese se encontram os problemas básicos da demarcação, segundo Kant, que consiste em demarcar a Parapsicologia das outras ciências, se assim os seus estudiosos tiverem interesse em fazê-la evoluir para um estágio científico mais avançado. Nesse 1985, CARUSO oferece ao mesmo IV C.N.P.P.P a tese “Considerações sobre uma Teoria Unificada na Parapsicologia”,(5) na qual se evidencia a preocupação do autor na análise dos fenômenos sob um aspecto sistêmico: os fenômenos paranormais teriam por base processos elementares que produziriam eventos do tipo “endopsi e “exopsi”, definidos mais adiante. As preocupações essenciais, em ebulição, dos autores Rosa Borges e Caruso, levaram-nos a uma série de reuniões, do tipo “brain storming”, conduzindo-os à formulação de um modelo descritivo, “UM MODELO PARA A PARAPSICOLOGIA” em “Parapsicologia: Um Novo Modelo”(6), quando um dos principais estágios de elaboração metodológica é alcançado. O MGP, como o “modelo” passa a ser designado, foi apresentado ao público em outubro de 1985, em reunião memorável do dia 11, no auditório da Universidade Católica de Pernambuco por ocasião do I Congresso Nordestino de Parapsicologia e III Simpósio Pernambucano de Parapsicologia. Aos coautores acima citados, associa-se, nesse estudo, outro membro do I.P.P.P., o Prof. Ronaldo Dantas Lins Filgueira (7).

O MGP se propõe tornar-se o alicerce para uma teoria geral da paranormalidade ou pelo menos, de um “pro­grama” teórico. No curso de Pós Graduação “lato sensu” instituído a partir de 1988, o MGP é descrito e serve nos debates da fenomenologia, tendo sido alcançada a relativa adequabilidade desse instrumento, na análise dos diversos fenômenos parapsicológicos.

Citação de fatos não faz ciência. Partir dos fatos e descobrir fatores comuns e que se repetem faz parte da pesquisa científica. Estabelecer um sistema de postulados, hipóteses e um modelo parapsicológico, trata-se de um esforço dos primeiros estágios que apontam para um pro­grama teórico. Esse programa teórico ainda não é uma teoria, todavia devemos persegui-lo, a fim de que nos ca­pacite, de maneira mais eficaz, a aplicar a uma observação de um fenômeno as críticas de suas explicações, controle e predictibilidade, características fundamentais de um sistema de hipóteses consistentes com os fatos.

Através de suas teses, este autor oferece elementos para a crítica da precognição sob o aspecto derivado a par­tir do MGP, o que mostra a sua fertilidade, contra algumas teorias que tentam a alteração do espaço-tempo físico. Se­gundo esse modelo da precognição, o espaço e o tempo no âmbito mental é que não são invariantes, porém “patterns” psíquicos de natureza topológica (8).

Soma-se à necessidade desses aspectos, já delinea­dos, a sistematização de uma estrutura lógica e coerente com um “programa” teórico de bases consistentes com a experimentação, ou ainda com a experiência passada de autores da literatura paranormal. Dessa maneira, além da demarcação da Parapsicologia em relação às outras disci­plinas científicas (problema de Kant), além da análise fenomenológica (problema de Hume), este autor tem obser­vado que a Parapsicologia, como disciplina, deveria explici­tar claramente o objeto de seu estudo, tomando-se desejá­vel atender à demarcação, (ou a aplicação) do problema de Popper. Esse problema se explicitará de maneira simples, para que, no “programa” teórico da Parapsicologia, fique claramente demarcado, que essa “teoria” é ciência, e que as outras interpretações se excluem por serem metafísicas. Mais uma vez propomos uma “assepsia”, conforme já o temos afirmado em simpósios e Primeiras Conferências ECLIPSY: “Para a Parapsicologia manter-se como ciência deveria utilizar-se do rigor do método científico”. (9)

 

O MODELO GERAL DA PARAPSICOLOGIA

Para uma compreensão geral deste trabalho, ic|x* le-se o esquema do MGP do I.P.P.P, que identifica as se íjuintes definições: (10)

FENÔMENO PARANORMAL: todo fenômeno que, tendo o homem como seu provável epicentro, apresenta a*, seguintes características:

  1. uma modalidade de conhecimento que uma p». soa demonstra de fatos físicos e/ou psíquicos, relativos ao passado, presente ou futuro, sem a utilização (aparente) dos sentidos e da razão, assim como de habilidade que nho resultem de prévio aprendizado;
  2. uma ação física que uma pessoa exerce sobre se res vivos e a matéria geral, sem a utilização de qualquer extensão ou instrumento de natureza material. PARAPSICOLOGIA: é a ciência que tem por objeto o estudo e a pesquisa do fenômeno paranormal.

FUNÇÃO PSI: é o conjunto de todos dos elementos circunstanciais presentes que pode produzir o fenômeno paranormal.

Segundo esse novo conceito da função psi, os principais conjuntos de elementos circunstanciais se en­contram no: AGENTE PSI (AP), MEIO PSI (MP) e FLUXO PSI (FP), que pode ser expresso por F (psi)

F (psi) =d f{(AP),(MP),(FP)}

que se lê a função psi F(psi) é definida por (=d) uma função f, resultado da interação dos conjuntos de elementos circunstanciais do agente psi (AP), do meio psi (MP) e do fluxo psi (FP).

Atualmente, tenho observado ser de melhor compreensão expressar a função f como resultado de uma associação funcional da relação triádica explicitada por qual quer elemento ou fator circunstancial, que se encontre en volvido ativamente na manifestação sistêmica do fenôme­no. Desse modo, qualquer fator circunstancial poderá ser situado no sistema constituído dos conjuntos definidos pela relação triádica dos fatores (AP), (MIP) e (FP).

AGENTE PSI (AP): é qualquer pessoa envolvida no fenômeno paranormal, manifestando-o e constituindo um dos conjuntos de elementos, ou subsistema, que participa da função psi. O agente psi conceitua uma agência, en­quanto o fenômeno se manifesta. É a pessoa que deflagra o fenômeno paranormal e este é um conceito determinante da fenomenologia.

Designa-se AGENTE PSI CONFIÁVEL a pessoa que apresenta alta probabilidade de deflagrar, ou funcionar, ou agir operacionalmente como agente psi (Apêndice II).

Decorrente dessa nova estrutura conceituai, confir­mam-se os seguintes postulados já intuídos anteriormente (op. cit.)

  1. A presença do agente psi é condição ne­cessária, mas não suficiente para a manifestação da função psi.
  2. Quanto mais alta for a confiabilidade do agente psi, maior será a probabilidade de manifestação da função psi.

Agente psi complexo, ou múltiplo, diz-se quando duas ou mais pessoas concorrem para a manifestação da função psi.

MEIO PSI (MP): é o espaço onde ocorre o fenômeno paranormal, constituindo-se de todos os elementos circuns­tanciais que se interagem com os demais elementos da função psi.

CAMPO PSI (CP) é o domínio de ação das atividades superiores do cérebro e que interagem com a estrutura energética do espaço.

FLUXO PSI (FP): é, no instante operacional do agen­te psi, um fator circunstanciai da função psi e se exterioriza de uma relação entre informação e energia.

Este autor, submetendo à crítica essa definição, de­fende a existência de uma relação diádica da informação e a energia, evitando, portanto, expressar uma dominância de uma sobre a outra, ou vice e versa, conforme aparece na p. 260 do “Parapsicologia: Um Novo Modelo”(op. cit.), A discussão desse aspecto exigiria mais espaço. Com efeito, Caruso pensa, que essa relação diádica existe e apenas a manifestação é que se explicita sob o aspecto de ação (matéria/energia) isto é, quando observado um efeito energéti­co, ou, de outra parte sob o aspecto de potência (mensagem/comunicação), quando observado sob um aspecto informacional. Assim, pode-se mais claramente distinguir o:

  • fluxo psi informacional (FPI) quando se manifesta a mensagem/comunicação na relação diádica do fluxo psi;
  • fluxo psi energético (FPE) quando se manifesta a matéria/energia na relação diádica do fluxo psi,

Ainda na época da elaboração desse modelo, o MGP, aproveitaram-se conceitos anteriormente apresenta­dos (11) sob o ponto de vista formal da manifestação:

  1. ENDOPSI, quando a informação/energia se trans­fere do nível inconsciente (NI) para o nível consciente (NC) do agente psi. Trata-se de um evento elementar inerente ao próprio indivíduo:
  2. partindo, um grupo de atividades, de seu

NC para o NI;

  1. partindo, quando isso ocorre, do seu NI para o N.C.
  2. EXOPSI, quando o agente psi, nas suas relações informação/energia com o meio psi, exterioriza ou recolhe conteúdos informacionais ou energéticos. Trata-se de even­to elementar em nível inconsciente, cuja direção se estabe­lece:
  3. do agente psi para o resto do mundo;
  4. do mundo para o agente psi,

Quando em comunicação (operação informacional) nas posições relativas como emissor e receptor, pode-se designar:

  1. agente psi emissor (APE) quando se encontra como fonte emissora, no instante em que se examina o fluxo psi;
  2. agente psi receptor (APR) quando se encontra como posto receptor, no instante em que se examina o fluxo psi.

O I.P.P.P elaborou o seu modelo geral da Parapsicologia – MGP – e o tem desenvolvido e submetido a críticas. Esse modelo trata de generalizar elementos e fatores pre­sentes em grande número de ocorrências paranormais. Tem sido observada a fertilidade desse MGP como instru­mento de descrição genérica dos fenômenos parapsicológicos. Nos cursos de Pós-Graduação, “Lato Sensu” em Parapsicologia, no I.P.P.P., os debates se preocupam com o desenvolvimento da Parapsicologia e das disciplinas afins que lhe possam servir de suporte. O tratamento e a orien­tação nos debates admite um conjunto interdisciplinar para o suporte de um “programa’’ de uma teoria parapsicológica, a saber:

  1. definições e conceitos vinculados ao fenômeno, além de um adequado sistema de enunciados corroborados com a experimentação;
  2. formulação de um modelo e, mediante o mesmo, adequar os critérios de demarcação do objeto da Parapsicologia (os fenômenos do seu âmbito de estudo) que ofere­çam os graus de prioridade dentro do programa de estudos e os recursos do I.P.P.P, além de estabelecer os critérios de demarcação entre ciência e um sistema metafísico;
  3. utilização de teorias interdisciplinares, tais como a teoria das sentenças, de uma lógica adequada (ou de mais de uma, por exemplo, a lógica trivalente e a lógica bivalente expandida), a topologia e associação de funções (na área da matemática), além da estatística, teorias da deci­são e dos jogos, neurofisiologia, teoria dos sistemas, ciber­nética, Psicologia, Biologia, mágica, ação de fármacos, teoria da catástrofe etc.
  4. experiências subjetivas e suas críticas mediante os diversos enfoques colocados em confrontação dialética.

No VII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, promoção do I.P.P.P., realizado na Universidade Católica de Pernambuco, Recife, em setembro de 1989, Caruso defendeu a tese “Qualidade Parapsicológica”(12) baseada nos conceitos reclamados para uma teoria cientifica por Poppor e, associadas a este, as ideias de Von Neumann e Birkhoíí. A “Qualidade Parapsicológica”3, em si, é um conceito genérico que se aplica, desde que se tenha uma experiência, cuja análise tenha exaurido os seus mais diversos aspectos; não há por que o mesmo fenômeno exigir, toda vez que for observado, toda uma série de mesma experimentação paia confirmá-lo. Através do conceito da qualidade parapsicológica, um fenômeno fica legitimado em suas conclusões, desde que aceita a similaridade em relação a outro já exaustivamente estudado. O pesquisador não necessitaria repetir outrem, ou repetir-se, porém, poderá retomar as experiências, desde que trabalhe com novos fatores circunstanciais, ou novos dados relevantes com o propósito de obter novos resultados.

Além disso, a partir de um enfoque cibernético, em dois fenômenos, cujos efeitos se apresentem isomórficos, ou possam ser reduzidos através de uma aplicação homomórfica, subentende-se uma correspondência entre o enunciado experimental prévio e o enunciado resultante de uma representação abstrata – modelo, hipótese, ou teoria.

Se estamos diante de um processo em que predo minam as dúvidas e muitas atividades desconhecidas, nada nos impede de também utilizar o método transclássico de abordagem. O método clássico trata de explicar cada passo e etapa de um processo, estagnando ou buscando desvios hipotéticos, ante qualquer dificuldade. Doutra parte, o método transclássico, usando uma abordagem cibernética, assegura o prosseguimento da análise do processo, ainda

que este seja desconhecido (através da transformação em caixa preta) e continuando a análise desde que conhecido o efeito e algumas variáveis, efectores, que temos designado fatores circunstanciais. Esses são os fatores causalóides de que trata Popper, ou os pré-fatores comuns, ou a cadeia causai, de Pierre de Latil (13). De acordo com a abordagem cibernética, o processo desconhecido é eliminado por sua transformação em “caixa preta”.

Retoma-se à tese “Qualidade Parapsicológica” para ser estudada em continuidade do sistema de enunciados.

Convenhamos que uma qualidade de um sistema de enunciados seja uma condição muito ampla do pensamento de Popper, que se aplica à ciência em geral e o suficiente­mente restrito, tal como atribuídos por Von Neuman e G. Birkhoff à Física.4 Não há como oscilar entre ambos os conceitos, uma vez que a ideia central subentende uma correspondência entre o enunciado experimental e o enun­ciado resultante de uma representação abstrata – modelo, hipótese, teoria, ou paradigma científicos. A tese é o enun­ciado resultante do modelo teórico em confrontação com a antítese, que é o experimento (o enunciado experimental), resultando, então, a síntese como refutação ou corroboração do enunciado teórico e assim por diante, a síntese pro­duz outra tese, outra antítese, etc.

A compreensão de uma qualidade parapsicológica, acreditamos, possibilitará um “programa”, sob uma abor­dagem metodológica-científica, que favorecerá a elabora­ção de uma teoria geral, como associação de leis, teorias e hipóteses.

Anteriormente, mencionávamos em nossos escritos, citávamos aos nossos alunos dos cursos de Parapsicologia e, por ocasião dos nossos debates, afirmávamos, tão so­mente, que o problema fundamental da Parapsicologia re­side no modo como se processa a percepção dita extrassensorial. Atribui-se que, em nível inconsciente, no proces­so da sensação paranormal, se encontra a origem de todas as questões parapsicológicas. Esse pensamento continua mantido, conquanto ainda me mantenha insatisfeito.

Enunciado 0: O problema fundamental da Parapsi­cologia se encontra na percepção complexa que se proces­sa em nível inconsciente.

Esse enunciado preexiste a qualquer sistema de enunciado, razão pela qual o designamos enunciado 0 (ze­ro). A partir de então, o autor deste trabalho defende ou­tros enunciados, reconhecendo que a natureza íntima do processo paranormal continua a ser uma “caixa preta”.

Enunciado 1: O problema fundamental de uma te­oria para psicológica consiste em identificar as estruturas especificas em que se desenvolve o processo paranormal e de compreender de que maneira essas partes se relacio­nam, como um sistema parapsicológico.

Dessa maneira de enunciar a questão fundamental da Parapsicologia, espera-se que se desenvolva um pro­grama que atenda aos rigores impostos pelo pensamento de M. Bunge, K. Popper, Ander-Egg, Canguilhem, Trujillo e outros.

Atendendo às condições expostas pelos citados cul­tores da metodologia científica podemos observar a conve­niência do seguinte enunciado:

Enunciado 2: O tema central de uma teoria para- psicológica é dar ao conceito paranormal uma forma explícita, isto é, uma determinação quantitativa precisa, com o objetivo de efetuar o controle da fenomenologia paranormal adequadamente.

Este é um programa de longo alcance, mas que de­ve ser perseguido.

Isso mostra que este autor ainda não se satisfaz com a definição do MGP (op.cit.(l)p.257) do fenômeno paranormal.

Entretanto, consideramos que essa definição é, atu­almente, a mais abrangente e a melhor “ad hoc”, pertinen­te ao modelo do I.P.P.P. Ao desenvolver, com a turma de Pós Graduação de 1988, questões sobre a tarefa da Para­psicologia como ciência, surgem como temas típicos de uma ciência: descrever e explicar um fenômeno, bem como determinam sua utilidade à sociedade humana. Então, ocorre-nos a necessidade de explicitar outro enunciado que encerra uma conotação tipicamente cibernética:

Enunciado 3: A tarefa da Parapsicologia consiste em definir dados coletivos derivados com efeitos circuns­tanciais derivados, a partir de certos eventos coletivos inici­ais, efectores, com certos fatores circunstanciais iniciais dados.

Esse último enunciado nos leva a utilizar um axioma da aleatoriedade que postula, a propósito de todos os cole­tivos (“ensambles”), que não existe um sistema de jogo que se lhe possa aplicar com êxito.5

Na época, com a turma de Pós Graduação de 1989, defendemos três postulados: dois invariantes, ou de con­servação da energia e da informação (mensagem) postos em jogo no fenômeno e o terceiro tomado de empréstimo a A. Moles (14) da espessura do presente:

Postulado 1: Existe uma invariância da quantidade de energia no sistema parapsicológico, durante o processo paranormal.

Adote-se no postulado 2 as equivalências com quan­tidade de informação, conteúdo, ou mensagem para­normal.

Postulado 2: Existe uma invariância da quantidade de informação no sistema parapsicológico, durante o pro­cesso paranormal.

Postulado 3: Espessura do presente é uma faixa de percepção entre níveis ou limiares de percepção, no interior da qual ocorre uma simultaneidade parapsicológica de resolução totalizante e, fora da referida faixa, todos os eventos se confundem, ou ficam anuviados.5

A este postulado designei de “adjunção”, é tomado de empréstimo da mesma designação adotada por Moles na Psicologia. O objetivo é demarcar a exata separação de uma percepção transcendente da percepção paranormal em si mesma.

 

O FENÔMENO PARANORMAL

Aceita-se a existência de um fato quando há obser­vador desse fato.

0 fato é; existe tal qual como fato.

Os fatos paranormais existem, são percebidos, re­gistrados, vistos e testemunhados. Por que existem fatos paranormais, emergem as indagações sobre a sua origem e como acontecem. Outras questões se vinculam com refe­rência ao controle, medição e predicção de novos fatos a partir de um modelo adequado. A existência do fato des­perta a curiosidade dum observador. Uma vez relatado o fato, obtém-se uma descrição fenomênica, isto é, o fenô­meno é uma sentença, ou cadeia de sentenças, em que se utiliza a linguagem e a lógica para o encadeamento e orde­nação do relato do fato, cuja observação é sempre incom­pleta bem como o é a sua plena apreensão.

Para o fenômeno ser pensado há de ser elaborado um conjunto de conceitos, de definições e, principalmente, um adequado sistema de enunciados para facilitar a cogni- ção, evocação e abstração da representação do fenômeno. Além de saber relatar, o observador de um fato deve estar treinado para o melhor desempenho de suas funções: ob­servação, registro, crítica, transmissão (relato e discussão)6. Podemos, então postular:

Conceito 1: Existe um Observador “Ob” que obser­va um fato paranormal.

Conceito 2: O observador “Ob” treinado relata um fenômeno paranormal observado.

Entende-se que um observador treinado7 “sabe rela­tar” um fato paranormal de modo tal que qualquer leitor para psicólogo poderá compreender o fenômeno descrito pelo observador treinado “Ob” na linguagem adequada (15) e possa analisar a descrição do fenômeno relatado. Em caso de teste em laboratório, outros parapsicólogos pode­rão replicar, o fenômeno registrado.

Definem-se três estados para efeitos didáticos:

Estado 1: o fato paranormal existe, ou é a ocor­rência da deflagração do fato paranormal.

Estado 2: o fato paranormal não existe, ou não é a ocorrência da deflagração do fato paranormal.

Estado 0: o fato paranormal encontra-se em um estado – zero, ou de latência, exprimindo uma possibilidade de um estado 2, de não-existência anterior, comutar para um estado 1, de existência.

Fica admitido que o fenômeno paranormal reside num processo transitório, envolvendo a transformação do Estado 2 para o Estado 1, ou mesmo o Estado 0. No caso do Estado 0, a latência exprime o retorno ao Estado 1, do tipo tudo – nada, como o processo neurofisiológico, que lhe serve de suporte, tão logo a manifestação fenomenológica seja conscientizada.

O problema atual (dentre outros) é saber-se quando ocorre o Estado 0. A manifestação é apenas constatada, mas de possível detecção; por exemplo, por eletroencefalograma.

Dois tipos de erros deverão ser evitados pelo obser­vador treinado, como em qualquer disciplina científica:

Erro do tipo I: “quando atribui a explicação a cau­sas inobserváveis e exteriores ao fato (ou evento)”;

Erro do tipo II: “quando os eventos (ou fatos) utilizados como explicações não se adequam ao mesmo con­texto natural dos eventos a serem explicados e, desse mo­do, não existe um vínculo lógico entre as causas alegadas e as suas consequências”.

Desses tipos de erros, surgem questões e dúvidas, caso não esteja bem explicitado o conceito postulado, de modo que o elemento deflagrador do processo seja potencialmente observável; isto ê, se a suposta observação indi­reta puder ser explicada de diversos modos (multiplicidade ou variedade) ou se as implicações resultantes das inferên­cias do sistema que contêm o conceito não estiverem expli­citadas com clareza.

O observável não necessita apresentar-se como uma partícula observada, como massa, carga elétrica, for­ma geométrica, porém poderá resultar de medidas e suas expressões materializadas ou derivar de suas respectivas propriedades, parâmetros, ou atributos.

Desde que tratemos de evitar os dois tipos de erros acima definidos e se buscarmos as explicações dentro de estruturas internas do homem, estaremos adotando uma atitude de muito maior confiabilidade durante a observação e sob o ponto de vista do observador que relata o fato. O modelo MGP do I.P.P.P. repetimos, é centrado no homem; este é o agente psi, o deflagrador do fenômeno para nor­mal, desde que os fatores circunstanciais presentes favore­çam a ocorrência do fato paranormal.

A QUALIDADE PARAPSICOLÓGICA NO SENTIDO AM­PLO

Para Popper (16), do confronto dos enunciados sin­gulares com os enunciados derivados, em uma teoria, sele­cionam-se aqueles que se mostrarem aceitáveis não so­mente lógicos, mas também experimental mente. Se não se descobrem motivos para a refutação, em função da expe­rimentação, isto é, se não são falseáveis, diz-se que esse conjunto de enunciados selecionados podem “proporcionar alicerce temporário à teoria, pois subsequentes decisões negativas sempre poderão constituir-se em motivo para rejeitá-la (a decisão)”. Desde que a teoria resista às provas rigorosas e particularmente minuciosas, em não sendo “su­plantadas por outra (teoria), no curso do progresso científi­co”, poderemos dizer que ela “comprovou sua qualidade, ou foi corroborada pela experiência passada” (Popper, op. cit).

Acompanhando Popper, a ciência se faz mediante um conjunto de hipóteses que se constitua num sistema de enunciados derivados, falseáveis7 que, possam, em qual­quer momento do desenvolvimento dessa mesma ciência, submeter-se à aceitação ou rejeição, em face de experi­mentações a fim de manter-se corroborando” ou ser “refu­tado”. Porém, ainda assim, essa corroboração, ou mesmo a refutação, não é definitiva.

Observe-se que somente um conjunto de conceitos e de citações de fatos, e de suas repetições e análise até à exaustão não fazem uma ciência. Os conjuntos de enuncia­dos aceitos, isto é, corroborados pela experiência passada, são legítimos e legitimam os enunciados derivados, obtidos a partir de um enfoque sistêmico. Um sistema de enuncia­dos, além das definições e conceitos, preparam a elabora­ção de um “programa” para uma teoria.

0 critério de “demarcação”, no problema de demar­cação definido por Popper, tem por fim habilitar o estudioso “a distinguir as ciências empíricas dos sistemas metafísi­cos”. O “critério de demarcação” de Popper se distingue, portanto, do problema de demarcação de Kant, bem como do problema de indução conhecido por problema de Hume8 de que tratamos alhures, uma vez que não teríamos espa­ço, por ora, para reexaminar os pormenores desses pro­blemas epistemológicos. Todos esses problemas fazem par­te de uma análise maior que se insere na teoria do conhe­cimento, matéria básica discutida no Curso de Pós Gra­duação do I.P.P.P., a qual, o autor deste trabalho, está encarregado de apresentar aos alunos.

 

UMA LÓGICA TRIVALENTE

Sua Utilidade na Parapsicologia

O fato paranormal, quando ocorre, consiste de uma maneira específica de perceber, inteligível ou não, no pri­meiro momento, suscetível de exercer uma coerção psíqui­ca interior sobre o agente psi. Essa coerção pode ser en­tendida pelo agente psi tanto proveniente do exterior (do mundo) quanto de seu próprio interior. O fenômeno se ofe­rece mediante uma existência própria, em geral dependen­te de aspectos vivenciais e psíquicos do indivíduo. Independentemente de uma dada modalidade paranormal indi­vidual, entretanto, observam-se extensões dessa modalida­de comuns a outros indivíduos. Trata-se, geralmente, de uma ocorrência de relativa pequena duração e, com maior frequência é deflagrado por certo agente psi, designado agente psi confiável.

As principais características genéricas são:

  • exterioridade: em relação à atividade consciente individual, é um dado desconhecido perceptualmente; a tomada do conhecimento é iniciada por uma sensação inde­finida;
  • interioridade: em relação à consciência, o processo cognitivo emerge de níveis mais profundos, isto é, emerge do inconsciente, como um dado resultante, independente de qualquer estímulo consciente conhecido;
  • coercitividade: a coerção que o paranormal exerce, ou é suscetível de exercer, sobre o agente psi, consiste em uma atividade psíquica definida ou não; manifestação de uma modalidade somatopsíquica, ou psicossomática. Essa coerção responde pela alteração do estado emocional ob­servado no agente psi;

generalidade: em virtude de ser comum a certas pessoas, o fenômeno em si, pode ser estudado em sua singularidade e generalizá-lo àquelas pessoas nas quais se deflagra sob a modalidade em causa; todavia não se pode  generalizar que todo indivíduo experimente um fato para- normal. Entretanto, qualquer indivíduo tem uma pro­babilidade de deflagrar uma única vez na vida, ao menos, um fato paranormal;

– intermitência: o fenômeno paranormal pode ocor­rer em uma pessoa de maneira intermitente, porém não há uma pessoa a qual, por todo seu tempo, esteja envolvido em, ou deflagrando, um fato paranormal.

A intermitência do fenômeno pode levar à discutida questão da latência, em nível inconsciente, desde a capta­ção até à emergência sob o aspecto da tomada do conhe­cimento do conteúdo parapsicológico, em face da coerção psíquica, isto é, do registro de um símbolo ainda não deco­dificado (ininteligível), por algum tempo. O indivíduo traduz que “vive sentindo algo diferente”, indefinível e, que o vin­cula, mentalmente, a outra pessoa, ou grupo de entretanto, observam-se extensões dessa modalida­de comuns a outros indivíduos. Trata-se, geralmente, de uma ocorrência de relativa pequena duração e, com maior frequência é deflagrado por certo agente psi, designado agente psi confiável.

As principais características genéricas são:

  • exterioridade: em relação à atividade consciente individual, é um dado desconhecido perceptualmente; a tomada do conhecimento é iniciada por uma sensação inde­finida;
  • interioridade: em relação à consciência, o processo cognitivo emerge de níveis mais profundos, isto é, emerge do inconsciente, como um dado resultante, independente de qualquer estímulo consciente conhecido;
  • coercitividade: a coerção que o paranormal exerce, ou é suscetível de exercer, sobre o agente psi, consiste em uma atividade psíquica definida ou não; manifestação de uma modalidade somatopsíquica, ou psicossomática. Essa coerção responde pela alteração do estado emocional ob­servado no agente psi;

generalidade: em virtude de ser comum a certas pessoas, o fenômeno em si, pode ser estudado em sua singularidade e generalizá-lo àquelas pessoas nas quais se deflagra sob a modalidade em causa; todavia não se pode  generalizar que todo indivíduo experimente um fato para- normal. Entretanto, qualquer indivíduo tem uma pro­babilidade de deflagrar uma única vez na vida, ao menos, um fato paranormal;

– intermitência: o fenômeno paranormal pode ocor­rer em uma pessoa de maneira intermitente, porém não há uma pessoa a qual, por todo seu tempo, esteja envolvido em, ou deflagrando, um fato paranormal.

A intermitência do fenômeno pode levar à discutida questão da latência, em nível inconsciente, desde a capta­ção até à emergência sob o aspecto da tomada do conhe­cimento do conteúdo parapsicológico, em face da coerção psíquica, isto é, do registro de um símbolo ainda não deco­dificado (ininteligível), por algum tempo. O indivíduo traduz que “vive sentindo algo diferente”, indefinível e, que o vin­cula, mentalmente, a outra pessoa, ou grupo de pessoas, lugar e época, sem decodificar o conteúdo dramático, nem o reduzindo a uma interpretação claramente conhecida.

A latência, ou intervalo de tempo até a tomada da consciência desde a captação (hipotética, por enquanto) da informação em nível inconsciente, habilita-nos à formulação (pelo menos nada nos proíbe) dos três estados possíveis.

De acordo com o que já foi citado, a grande fre- qüência dos fenômenos paranormais reside em sua transi- toriedade, ou muito curta duração, passando do Estado 1 ao Estado 2, ou ao Estado 0 (Apêndice II).

Esse último estado 0 poderá indicar:

  • a emergência do processo em sua essência;
  • a não existência do processo e, então, a sua de­flagração é absolutamente falsa;
  • a latência do processo com a sua emergência, ou o seu retorno mediante atividades inibitórias, transitó­rias, periódicas, acíclicas, mas finitas.

Para resolver essa situação trivalente, se assim ocorre, em sendo formulada a questão corretamente, po­dermos aplicar uma lógica trivalente L3 (por exemplo, a lógica de Lobatschevski) mediante a utilização de operado­res V, F, T – de verdadeiro, falso e terço.

É sabida a dificuldade em o nosso raciocínio abran­ger uma linguagem lógica fora dos padrões habituais da lógica bivalente V e F, característica do nosso arraigado modo de pensar e de nossa linguagem corrente. Os opera­dores V, F, T, aplicados a uma lógica trivalente reduzida transforma a sua expressão de raciocínio em uma lógica bivalente expandida Lo* já então, passando-se a utilizar a linguagem clássica da lógica bivalente. A formulação das proposições e a modificação mediante os operadores, com o fim de tornar inteligível uma sequência da lógica bivalente estendida, apenas exige certo treinamento. Adotemos uma imagem trivial, do controle de um televisor em cores: po­demos obter um controle preto-branco-cinza e preto- branco-cores: o nosso cérebro adapta a resolução para cada caso e, por treinamento, descreverá as cores da ban­deira brasileira ainda que o controle esteja no preto- branco-cinza.

Pelo que acima defendemos, propomos, desde que necessário, a utilização da lógica bivalente estendida, como também dos critérios que nos habilitem distinguir o postu­lado empírico do metafísico, no sistema de enunciados adequados à demarcação. Se as provas de falseabilidade, no sentido de Popper, forem aplicadas, obteremos enunciados singulares que, corroborados, serviriam de premissas das interferências falseadoras. Então, os enunciados singulares seriam “proposições básicas” que atuariam como enuncia­dos de um fato singular e que seriam fundamentos nas relações entre experiências perceptuais de natureza para- normal e o sistema de “enunciados básicos” parapsicológicos.

De outra parte, teríamos de referir a dois domínios conexos:

(1) o domínio físico, aquele aonde ocorrem os even­tos do mundo, fora do “eu”, conquanto se relacionem com o “eu” e fez parte de uma realidade objetiva propriamente dita;

(2) o domínio mental, aquele em que os eventos subjetivos do “eu” se desenvolvem; os fenômenos e os objetos do mundo fora “eu” têm uma representação abstra­ta no eu.

O domínio mental é um epifenômeno da mente (existe enquanto o cérebro tem ativas as suas funções neuro- fisiológicas), Defendemos uma posição monista ao designar que esses domínios são conexos.

No domínio mental, existe uma “realidade subjetiva” que se complementa, no indivíduo, à “realidade presente objetiva” do mundo. No domínio físico, o espaço-tempo é objetivado através de instrumento, a régua e o relógio, materializações de constructos subjetivos, que servem de medidas comparáveis. Entretanto no domínio mental o es­paço-tempo é deformável, não paramétrico, topológico (encurva-se, dilata-se, colapsa e contrai-se), dificultando uma coerente parametrização.

O sinal do domínio físico é comutado em símbolo no domínio mental9. Poderemos até mesmo encontrar interfa­ces transdutoras de ambos os domínios, físico-mental, de­terminando uma linguagem sintática (passível de uma me­dição física, por exemplo, em bit – conteúdo dos sinais) e uma linguagem semântica (com conteúdos simbólicos, não passíveis de medição certa).

Entre esses domínios, ocorrendo as trocas derivadas dessas transduções, são postos em jogo quantidades mais ou menos intensas de energia e informação, que temos designado a economia do processo no fluxo psi (FP) do MGP do I.P.P.P.

Para resumir essas postulações, a lógica a ser utili­zada deveria adequar-se às condições dos estados parapsicológicos sob análise.

A formulação de uma lógica adequada à Parapsicologia, além da lógica do domínio físico, teria de supor, no domínio mental:

  • que uma teoria parapsicológica seria uma teoria complexa de um sistema indutivo; o produto subjetivo de­verá encontrar meios de objetivar-se através de provas confiáveis e instrumentos adequados;
  • que teria de satisfazer às condições de adequa­ção em um domínio mental cujos aspectos experimentais não são, no momento, plenamente discutidos com isenção filosófica e religiosa; isto é, com o mínimo quanto possível de interferência ideológica;
  • que uma teoria parapsicológica exige, atualmen­te, um sistema de “sentenças protocolares” de base empíri­ca, que consistiria no sistema de enunciados falseadores e demarcadores, dos quais seriam derivados os sistemas que serviriam à elaboração das sentenças protocolares. Esses enunciados seriam retirados de um repertório dos enuncia­dos corroborados por experimentos parapsicológicos.

O que postulamos é um primeiro passo para estabe­lecer-se um formalismo lógico e matemático para o avanço da Parapsicologia. Para o formalismo matemático, atual­mente se restringe ao quantitativo-estatístico dos testes de Baralho Zener, dados de jogo e de suas variações, o que se realiza mediante o desenvolvimento de instrumentos que, por sua vez, depende de uma teorização que estabeleça as grandezas inerentes ao processo. A busca de definir as grandezas e o correspondente sistema de instrumentos, resume-se em adequação a uma função matemática que expressa uma parametrização e relacionamentos de atribu­tos e propriedades, resultante de um confronto dessa mesma expressão matemática com os valores obtidos ex­perimentalmente, retirados de um fenômeno para normal, um modelo traduzível em uma função algébrica ou diferen­ciai, linear, a que se pudesse reduzir os fatores do fenôme­no, seria a primeira tentativa a ser perseguida em um “pro­grama” da teorização lógico-formal-empírica da Parapsico­logia.

No campo da experimentação, os enunciados parapsicológicos, qualitativos e quantitativos, deveriam conter a fundamentação do resultado experimental, isto é, definir uma “qualidade parapsicológica” como um enunciado expe­rimental referente a uma equivalência prévia, que atendes­se às condições de 1 Von Neumann e G. Birkhoff.10

QUALIDADE PARAPSICOLÓGICA

Em Sentido Restrito

O processo para normal ocorre como o da mitose, da radioatividade de átomos pesados, etc., isto é, quando de­terminados fatores circunstanciais se encontram presentes e atuam entre si, provocando a deflagração do fenômeno. Sob essas considerações, não é relevante buscar relações causais. Aparentemente, esta última assertiva esconderia um jogo de palavras, mas isso não é verdadeiro. Sob uma abordagem sistêmica, teríamos de observar que os fatores circunstanciais presentes se interagem e não poderíamos identificar as causas, ou os estados iniciais. Poderíamos, com Popper, afirmar que há efectores causalóides, cujas presenças associadas na interação têm um caráter aleató­rio.

Além disso, a duração do fenômeno tem caráter transitório. Na Física, Química e Biologia, os fenômenos transitórios dependem de um avanço tecnológico exigível para satisfazer às condições de seu controle e medição.

A abrangência parapsicológica leva em conta que o processo em nível inconsciente contém muitos pormenores atualmente mal conhecidos, se bem que alguma realimentação (“feedback”) já tenha sido conseguida por poucos agentes psi confiáveis.12

Adotaremos, sempre que houver conveniência, a ló­gica de um tratamento cibernético “transclássico”, em face de uma dificuldade do tipo “caixa preta (“black box”), isto é, diante de um processo mal conhecido, a análise continua ou não sofre interrupção: trata-se de identificar os “efectores” {Ei}k como uma família, conjunto, ou rede, ou coleti­vos de efectores que estão presentes na entrada do pro­cesso e do “efeito” P na saída do processo, do qual um sinal é retirado para, no subsistema de realimentação (“feedback”), proceder à comparação e atuar contra desvios (controlando) na entrada do mesmo processo.

Poderemos, então, adotar as seguintes proposições fundamentais:

Proposição I:

Adotemos um processo em cuja entrada atua um efector Ei distinguido em um tempo T, ou em determinado estado, definido, por ora, através de:

T                    T

{Ei | } = d F [x j 0] J à P(t) (2)

{Coleção de Efectores} definido por [Processo] que implica o (Produto).

 

 

Fig. 1 Esquema sistêmico cibernético representativo da estrutura de um processo

 

Sendo F o processo, cujas variáveis são o conjunto dos k efectores que se interatuam desde um tempo 0 (ze­ro) até T e que resulta no efeito P(t) que se manifesta por um tempo t.

A coleção de Efectores designada por: {Ei} não va­zio, unitário ou não, interatuam-se na forma de uma asso­ciação de funções (não se trata de função de função) (17).

Abordagem Auxiliar

Ideias de von Neumann e Birkhoff, da Física

Uma medida na Parapsicologia está longe de ser di­reta10. As medidas de fluxo informacional, que podem ser retiradas dos testes do tipo Baralho Zener, dados de jogar e de suas variantes, não correspondem a medidas da globalidade das grandezas presentes no fenômeno. Medem um aspecto do produto, ou do resultado, do processo. Em nível de laboratório, referem-se a medidas de informação sintáti­ca qualificáveis, tais como, quantidade de informação (bit), de mensagem (bit.segundo), de fluxo psi em bit.segundo/minuto (quando o tempo total do experimento é cronometrado). Quanto à energia posta em jogo, ainda não dispomos de métodos adequados e os temos discutido muito pouco, conquanto reconheçamos a sua complexidade no atual estágio da parapsicologia.

O fluxo informacional poderia ter uma representa­ção em uma hipersuperfície, ou uma topologia, de uma coleção de pontos entre as quantidades obtidas dos conjun­tos dos pontos representativos do fluxo e das hiper-superfícies (ou da topologia) correspondentes dos enuncia­dos experimentais.

No entanto, no atual estágio, não poderíamos afir­mar qualquer nível de precisão de uma correspondência unívoca entre um enunciado experimental e a provável hi­persuperfície da extensão em fase, nem da extensão em espaço de estado (18).

Os enunciados experimentais de acordo com as ideias de von Neumann e Birkhoff associam a “qualidade física” dentro dum sistema de enunciados experimentais compatíveis com medições de precisão, ainda que limitada. A Parapsicologia, portanto, ainda está longe de se aproxi­mar de um sistema de proposições experimentais dentro de uma precisão esperada, tal como se consegue na Física. De acordo com um “programa” de processos de medição a utilizar-se na Parapsicologia, o primeiro passo seria trazer o que aproveitar dessas ideias. Fazemos referência às tenta­tivas e encaminhamento desses problemas por Moles11 no campo da Psicologia. Uma discussão desse tipo merece ser desenvolvida e não estamos sós, uma vez que acompa­nhamos os esforços do Prof. Ronaldo Filgueira, do I.P.P.P e do Dr. Geraldo Sarti, do I.P.RJ.

Fig 2 Esquema de equivalência prévia entre dois processos PA – Pb

 

Um tratamento sistêmico e cibernético de dois pro­cessos, cujos efectores, conquanto não determinados, pro­duzem efeitos conhecidos, legitima-nos a adotar a seguinte proposição:

Proposição XI:

Seja um “Processo A” (Fig.2) de uma ocorrência paranormal, na qual existe um efector EA aplicado à entrada, resultando um produto PA na saída. Esse processo PA pode ser conhecido, tratado e analisado, ainda que seja uma “caixa preta”, tomando tal qual no modelo parapsicológico. Seja, então, um “Processo B” paranormal, do qual resulta um efeito, ou produto, PB mediante a interação, na entra­da, de uma coleção de efectores, associando-se na forma do conjunto {EJ não vazio, unitário ou não.

Enunciado 4:

Existe uma equivalência prévia entre dois processos paranormais, se os efeitos PA e PB correspondem biunivo-camente à equivalência expressa por:

Pa = Pb                                                            (3)

Enunciado 5:

A equivalência prévia dos dois processos, como se trata de processos paranormais, expressa a “qualidade parapsicológica”, mediante a qual, se admite que uma obser­vação de um feto paranormal possa ser referida a outro fato paranormal já conhecido e discutido parapsicologicamente.

Proposição XII:

Se existir uma representação figurativa, por ora im­precisa, mas que, experimentalmente, implique um resulta­do e existindo uma topologia ta em que se encontrem as imagens representativas {Mi} de configuração simbólica de um conjunto de elementos de um estado do Processo A e de outra parte, existindo uma topologia tB tal que implique,

Ronaldo D. L. Filgueira (função pi e a função tau) (20). Os para psicólogos SARTI e FILGUEIRA têm dado um relevante impulso na interpretação para psicológica de aspectos neuropsicológicos das funções cerebrais. A nossa análise preliminar seria a de evitar aspectos dualísticos e sabemos que não agrada adotar uma posição monista na Parapsicologia. A posição dualista irá conduzir a Parapsicologia ao modelo da metapsíquica – a qual já não existe nem mesmo na França – entrou em problemas sem solução ou falsas soluções, ou mesmo falsos problemas.

De acordo com a posição monista, a mente é um epifenômeno dos processos neurofisiológicos.

Para uma metafísica, expressão da posição dualísti- ca com boa descrição fenomênica, poder-se-ia aproveitar o modelo religioso da alma, do espírito, etc. Uma posição epístemológica que não ousamos adotar, quando pensamos em metodologia científica.

Observamos que a nossa análise de um “programa” para uma teoria da Parapsicologia não termina neste artigo.

 

APÊNDICE I

A energia e a ordem estão no processo natural: a energia em qualquer modalidade de manifestação; a ordem como propriedade de uma coleção de objetivos (coletivo, conjunto, família).

A ordem não é um objeto, porém uma relação com­parada entre os elementos de uma coleção de objetos, de­terminada pela frequência de acordo com uma avaliação na linguagem, na informação, na classificação, etc. Tais con­ceitos, que parecem triviais, distinguem uma mera suces­são de letras, ou fonemas de uma língua. Numa casa tais elementos são água, areia, cimento, tijolos, etc. Quanto mais ordem em uma sucessão, mais organizada é a coleção de objetos, sejam letras, tijolos, sinais de um código, sím­bolos, peças de uma máquina, células de um organismo vivo, elementos de uma associação, conjuntos associados dinamicamente, etc., sob qualquer grau de complexidade. Existe, além disso, uma hierarquia entre os elementos quanto à importância funcional relativa entre ordem e obje­to, bem como entre a organização e uma coleção de obje­tos. Os objetos devem ser colocados como as peças de uma máquina, de acordo com certa ordem e para atender à meta operacional de uma organização (teleologia cibernéti­ca e da teoria dos sistemas). Para descrever esse fato, usa- se o termo ,Tnível-de-objeto” que reduz o objeto na ordem, O termo “meta-nível” designa o que se espera de cada con­junto de elementos, dentro do conjunto dos elementos na organização. Tais conceitos se aplicam a peças de máqui­nas, às células sociais, a um computador e aos organismos vivos.

A Física examina sistemas que não são tão comple­xamente organizados, Estuda, quase que trivialmente o sistema em “nível-de-objeto”. Teremos de buscar mais além da Física, em descrições mais profundas, como na teo­ria dos sistemas, da informação, da cibernética, para en­tender os sistemas em “metanível”, que envolvem os con­troles, sinais e símbolos, instruções programas, sistemas homeostáticos etc. Assim, uma célula é uma coleção com­plexa de elementos constituintes a ser descrita em “nível- de-objeto” e explicada a “meta-nível” a sua funcionalidade na organização maior da qual faz parte.

A Física se preocupa com a energia posta em jogo em sua ação sobre uma partícula em “nível-de-objeto”. A cibernética se preocupa, em adotando a condição de ciên­cia transclássica, por excelência, com em “meta-nível” e empresta um enfoque dialético na investigação do fenôme­no. Diante de uma dificuldade, em face de um sistema al­tamente organizado e complexo, do qual alguns subsiste- mas presentes sejam desconhecidos, quanto ao seu pro­cesso interno, (“caixa preta”) não cessa aí a investigação: esta continua em “meta-nível”, apesar da dificuldade12 en­contrada em “nível-de-objeto”.

 

APÊNDICE II

CONFIABILIDADE. Agente Psi Confiável

Ao citar-se “agente psi confiável”, advém o conceito que evoluiu na técnica moderna, de complexidade de graus de automação, envolvida desde o planejamento até a mon­tagem e operação dos diversos componentes de um siste­ma. É um problema resolvido pela teoria dos sistemas e da cibernética.

Os matemáticos resolveram o problema da confiabi­lidade através da estatística, teoria da probabilidade. Os engenheiros eletricistas já se utilizavam da teoria da confi­abilidade antes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), buscando o controle, por exemplo, dos sistemas de distribuição de energia elétrica numa rede urbana, melhoria da qualidade num complexo industrial, da melhoria das válvulas eletrônicas a Vácuo.13

Em Billinton (et alui) em “Power System Relíability Calculation (MJT Press, Mas.1973) tem-se presente os fato­res e metodologia para o cálculo da confiabilidade. Eram definidos alguns conceitos básicos:

Duração de Vida (ou duração de um evento transi­tório): é a capacidade de um componente (de um sistema) cumprir as condições pré-determinadas de operacionalidade.

Confiabilidade: é a probabilidade de um componen­te, (isolado ou de um sistema), cumprir as suas funções pré-determinadas dentro de um período de tempo desejado e sob certas condições de operacionalidade.

Considerando-se uma cadeia markoviana, a expres­são da confiabilidade é deduzida, sendo expressa em um sistema de n estados e qualquer estado i em um tempo t+At que são escritas como um conjunto em termos de probabilidade Pj(t):

 

n                                                n

Pi(t + At) = Pi(t).[1-£ Frj.Àt] + V PjOOfq.At

j=1                                           j=l

j#1                                          j#1

Sendo

P i (t) = a probabilidade de o sistema estar no estado i no tempo t,

P j (t) – a probabilidade de o sistema estar no estado j no tempo t.

ri,j= taxa de saída do estado i para o estado j (dado esta­tístico)

r i, j At taxa da probabilidade de transição de estados num tempo At (leia: delta t)

No caso geral, a confiabilidade depende da estrutu­ra e seu nível em que estão conectados os componentes de um sistema (os quais operam sob diferentes condições). Então SP j (t) é a soma das probabilidades de estar no estado j, digamos, do transe paranormal.

Quando existe a possibilidade de retomo ao estado anterior, em vez de confiabilidade se diz que há disponibili­dade.

Desse modo, a Parapsicologia poderia contar com um meio de efetuar mensuração estatística, observando os elementos segundo uma hierarquia de relevância e calcular aproximativamente um nível de disponibilidade do agente psi confiável.

 

APENDICE III

ESPAÇO DE FASE, ESPAÇO DE ESTADO, ESPAÇO VA­ZIO, TRANSDUTOR

Espaço de fase designa um espaço no qual os operandos e transformados são representados por pontos.

Uma tal representação se refere ao vetor. Um vetor a duas componentes poderá ser representado em plano ou espaço bidimensional. Um vetor a três componentes necessita de um modelo tridimensional.

Quando o número de componentes excede três, a estrutura dimensional não encontra representação no mo­delo tridimensional. Para esses casos, recorre-se à projeção no plano (rebatimento) ou de noções da topologia (espaços topológicos), especialmente se as propriedades topológicas oferecem um significado mais evidente.

O espaço de estado designa um espaço no qual os operandos e transformados são representados por vetores de estado, ou processo.

Às vezes, se utiliza o termo extensão do espaço de fase e extensão do espaço de estado para as representa­ções, conforme mostrado pelas figuras.

  1. Extensão em espaço de fase

 

  1. Extensão em espaço de Estado Fig. A. Representações de extensões em espaço de fase e de estado

A designação “espaço de fase”, às vezes, se usa pa­ra definir o espaço vazio, antes que a representação dos vetores seja inserida, isto é, o espaço em que todo conjun­to de vetores pode ser inserido, contendo o conjunto de vetores adequados a uma transformação particular.

Nesse sentido, considera-se o conjunto possível e, quanto aos vetores inseridos, apenas são considerados a- queies possíveis. Esse modo de explicitar o conceito de sistema, não como uma coisa, entende o arrolamento das variáveis que devem ser consideradas como atuantes e capazes de produzir transformações. Essas transformações serão procuradas de acordo com o modelo, ou hipótese de pesquisa elaborada pelo pesquisador. Este trata de subsistemas (sistemas elementares) do sistema estudado, aten­do-se às transformações singulares, geralmente do tipo univalentes e fechadas.14

Deve-se chamar a atenção para cada objeto, ou ser, que contém um número muito grande de variáveis e, por­tanto, de possíveis subsistemas,

Transdutor, ou máquina com entrada, designa uma máquina real, cujo comportamento seja representável por uni conjunto de transformações univalentes e fechadas. O “parâmetro” constitui a sua entrada, isto é, o valor que determina qual a transformação a aplicar-se aos estados fundamentais. O parâmetro pode ser numérico, comportamental, algébrico ou algorítmico (uma instrução, ou um programa).

O transdutor é usado para descrever qualquer sis­tema real, que disponha de certas posições (ou lugares) definidos de entrada, nos quais o experimentador possa forçar mudanças que afetem o comportamento desse sis­tema e certos lugares de saída, onde ele observe as altera­ções resultantes, quer diretamente, quer mediante deter­minados instrumentos.

 

APÊNDICE IV

ASSOCIAÇÃO DE FUNÇÕES

Critério Matemático Auxiliar

Não somente a lógica, bem como um estudo com­parado com outras disciplinas, ou ainda um encaminha­mento formal matemático de uma função, ou ainda, o es­tudo de uma função matemática, podem ser úteis de modo “heurístico” em um “programa” teórico.

De outra parte, utilizaríamos nessa teoria “progra­ma” as noções de associação de função matemática e da função cibernética.

Tomemos a primeira noção de associação de função que permite entender um processo do qual se obtém um ou mais resultados a partir de determinadas quantidades de fatores. O seu tratamento matemático compreende a análi­se de uma coleção de fatores, como variáveis funções, que descrevem como variará, ou deve variar, com o tempo a aplicação de cada fator, a fim de obter-se a cun/a de resul­tados desejada. Podemos adaptar, à análise, os fatores circunstanciais aos fatores de produção. A operação mate­mática tem sido usada em economia da produção industri­al, em geral nos casos complexos. Mesmo que a realidade não seja totalmente representada pela expressão matemá­tica, consegue-se urna aproximação orientadora mediante o conhecimento das propriedades deduzidas. Uma represen­tação correspondente ao conceito é dada por: que indica que as curvas de emprego dos fatores F i até o instante T, são funções da curva que se quer obter X (t) do resultado, entre os instantes 0 e t. Para cada fator Si (t) obtém-se uma situação do “ponto” do processo, isto é, do 212

“ponto” Si (t) de uma função dada, a qual contribui com o fator do processo.

O conceito matemático funcional se expressa por uma função cujas variáveis são funções e não números reais15. Trata-se de um processo no qual o resultado se mantém em um fluxo que pode ser medido, por exemplo, em unidade de fluxo de informação bitysegundo. Com o uso do Baralho Zener, em técnicas psigâmicas, é possível essa medição na ponta do processo.

A análise de um processo que se adequa à associa­ção de funções, se o processo assim ocorre, conduz a:

  1. existe uma infinidade de processos para obten­ção do resultado, a partir dos fatores circunstanciais postos em jogo;
  2. a substituição entre os fatores circunstanciais é gradativa de modo que a função é diferençável em todos os seus pontos;
  3. determinados fatores circunstanciais poderão ser alterados de tal modo que passa a inibir alguns, ou todos os demais fatores;
  4. o processo simples dá origem a um único resul­tado; o processo múltiplo dá origem a mais de um resulta­do;
  5. os processos se combinam em um número infini­to de processos e maior do que um só processo;
  6. dados dois processos e os respectivos fatores, o resultado maximizado é a otimização da ação de cada pro­cesso sob as condições de combinação dos processos da­dos.

Se possível, a expressão da associação de função, através da transformada de Laplace, poderiam ser determi­nadas as funções gerais em (s) com raízes denominadas “polos” do tipo G (s) e raízes G (s) 0 “zeros” para as suas formas do tipo laplaciano de Fs(s) e FO(s) com algumas raízes imaginárias do tipo euleriano:

Cosíit = (EjQ‘ + e’iQ‘)/2

A descrição analítica de um processo simples, cor­responde a uma coleção de funções (os efectores), em que cada função indica como varia, ao longo do tempo, a apli­cação de cada fator, a fim de que se obtenha uma dada curva representativa do resultado (o efeito).

 

Para obter-se uma curva de variação de um efeito ao longo do tempo, x (t), a descrição analítica do processo deve determinar como irão variar, ao longo do tempo, as coleções de funções Si (t), S2 (t), Sn (t) efectores do processo.

Na figura, há uma tentativa simplificadora de repre­sentar uma curva x (t) do resultado desejado e as curvas Sl(t), S2 (t), e S3 (t) descritas por um ponto do processo em causa, pela utilização dos efectores (leia-se função efectora). Então, a descrição analítica do processo deve de­terminar a descrição das curvas necessárias de aplicação dos efectores S1(t), S2 (t), e 5 3 (t), desde o instante 0 até o instante T.

Decorrente do que ficou dito linhas acima tem-se: Lema: Se se trata de um processo no qual o resultado flui continuamente ao longo do tempo, o efeito (resultado) de­ve ser medido em unidade de fluxo.

Esse lema pertence à teoria de associação de fun­ções. De acordo com esse lema fica implícito que os efecto­res também sejam medidos em unidades de fluxos. Por exemplo: medem-se sinais, mensagens, ou símbolos, a medida, em um tempo relativamente longo, pode ser bit. segundo/minuto.

As curvas de aplicações dos efectores até o instante T são funções que resumem os seguintes conceitos:16

As curvas de aplicações dos efectores até o instante T são funções que resumem os seguintes conceitos:16

j T                | T

{S i | >=Fi[X 10]                             ^X(t)

Coleção

de

fatores

  processo   efeito
   

 

 

NOTAS

  1. Popper, Karl Raymund, Conjecturas e Refutações, Ed. Cultrix.
  2. Abordagem de Garret Birkhoff e John von Neumann refe­rido no livro de Max Jammer ‘The Philosophy o Quantum Mechanics” (J. Wílley & Sons, US, 1974) e em Paulette Destouche-Février, ”Les Théorie de la Physique (Philosophie de la Matière) Press Universitaires, Paris, 1958.
  3. Qualidade é atributo, ou condição, das coisas, ou indiví­duos, capaz de distingui-las e de determinar-lhes a nature­za. Em uma escala de valores que permita avaliação (com­paração) expressa a condição de aceitação ou de recusa de qualquer cousa ou indivíduo.
  4. Esse enunciado 3 tem um fundamento na teoria dos jo­gos e também na teoria da decisão, em face de sua aleatoriedade.
  5. O termo anuviado, neste caso confunde-se com toldado, impreciso, de resolução indeterminada nos seus limites (ou fronteiras), topologicamente, nas vizinhanças os detalhes são imprecisos.
  6. A Parapsicologia, como ciência, não deve preocupar-se com as causas primeiras e transcendentes do fenômeno paranormal, que seriam problemas da filosofia e das religi­ões.
  7. Falseável não é falsificável. Quando se diz que ira chover no Recife, 30mm medidos no pluviômetro, de 10 às 11h do dia X, essa é uma hipótese falseável, porque não ocorrendo qualquer dado da citação, a hipótese se toma falsa e não sendo corroborada pela experiência (observação do fato) será refutada. Atendendo-se os dados da citação, pela ex­periência, a hipótese é corroborada pelos fatos. Isso é tudo do que se pode entender de falseável. A hipótese é falsea­da ou não pela experiência, o teste. Quanto mais falseável a hipótese tanto mais científica será.
  8. O problema kantiano da demarcação trata de demarcar as fronteiras de uma ciência em relação às demais. O pro­blema de Hume reside na adequação do método indutivo (interferência indutiva a uma determinada ciência).
  9. Thomas Green Morton o tem conseguido, segundo os relatos de Mário Amaral Machado, para psicólogo, observa­dor treinado (”Os Fenômenos Paranormais de Thomas Gre­en”, Ed. Tecnoprint AS, 1984) e de e de José Carlos Guer­reiro (‘THOMAS: o Real Inexplicável”) artista plástico que não era parapsicólogo.
  10. A Física, desde a década dos trinta, através das ideias de J. von Neumann e G. Birkhoff, tem servido de paradigma às demais ciências no que concerne à teoria geral de medi­da de grandezas, utilizando para as “partículas’1 hiper-superfícies representativas em uma “extensão” em espaço de fase de em “extensão em espaço de estado”. Grafos e outras representações não métricas, são topológicas, sem qualquer dúvida, e em muitos casos adequadas.
  11. Abraham Moles, op.cit. (14) tentou, para a Psicologia, a representação de hipersuperfícies, quantizando as faixas de percepções (visão e audição) aplicando às artes (escultura, pintura, etc.) e aos ritmos (poesia, discurso, música, etc.)
  12. Sinal indica a presença de objeto; o símbolo, é o que se refere a “outra coisa” ou a representa. Não há como con­fundir sinal e símbolo.

A linguagem de cadeia de sinais é uma linguagem sintética em ”nível-de-objeto”, quanto a linguagem semân­tica é transdução de uma cadeia de símbolos retirados dos sinais, isto é a ”meta-nível”

  1. Gnédenko, B; Béliaev, Y e Soioviev, A em Méthodes mathématiques en théoríe de la habilite, Editíons MIR, Mos­cou, 1972.
  2. ASHBY, W. Ross UMA INTRODUÇÃO À CIBERNÉTICA. Editora Perspectiva S, Paulo, 1970.
  • Para o bom entendimento desse conceito, não se deve confundir com o conceito de função composta (função de função). Deve-se entender como associação de funções. O desenvolvimento matemático existe e é utilizado na eco­nomia, teoria da produção e em substituições dos fatores da produção. Sem ter de desenvolver essa teoria, aprovei­tamos as propriedades aplicáveis à parapsicologia sob nos­sa perspectiva.

As assertivas de (a) a (f) são demonstráveis por tra­tamento adequado pelos teóricos e economistas nos pro­blemas dos fatores de produção e nas substituições desses fatores de produção com um determinado fim, a produção desejada.

  • Aprendemos essa noção em uma palestra do Professor Mário Henrique Simonsen em um curso na fundação Getúlio Vargas (FGV), tendo o professor Simonsen incluído essa noção na coleção Teoria Microeconômica Ed. FGV, Rio de janeiro, vol III.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • ROSA BORGES, Valter a CARUSO, lvo Cyro PARAPSICOLOGÍA: UM NOVO MODELO. Ed. FASA, Recife, 1985.

Desse livro são mencionados os trabalhos dos auto­res:

Rosa Borges em Epistemologia Parapsicológica, p. 99

Caruso em Problemas da Parapsicologia, p.149

Rosa Borges em A Demarcação da Parapsicologia, p. 163

Caruso em Considerações sobre uma Teoria Unifi­cada na Parapsicologia, p. 181.

  • cit. em (1) p. 99
  • cit. em (1) p. 149
  • cit. em (1) p. 163
  • Cit. em (1) p. 181
  • cit. em (1) p. 253 Rosa Borges e Caruso
  • O professor FILGUEIRA, matemático, parapsicólogo e médico, em sua tese “Interpretação Topológica do Desvio da Forma no Processo psigâmico “, apresentada no VII SPP, 1989, faz uma abordagem topológica muito inte­ressante, da qual se sobressai uma importante sugestão para a substituição de alguns naipes do Baralho Zener, a fim de evitar ruídos (equívocos) na comunicação durante os testes psigâmicos, Filgueira era então o coordenador do Curso de Pós Graduação do I.P.P.P.
  • Caruso se refere a duas teses: Reflexões sobre Problemas Paranormais, oferecida ao VI Congresso Brasilei­ro de Parapsicologia e Psicotrônica, Belém do Pará, 1987 e Problemas da Precognição apresentada ao VI Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, Recife, em 1988, UNI- CAP.
  • cit. em (1) em Problemas da Parapsicologia,
  1. 150/7.

(10)Loc. cit. Em (1), p. 253

  • Caruso, Loc. cit. em (1) p. 187
  • Caruso, Ivo Cyro QUALIDADE PARAPSICOLÓ- GICA, tese apresentada ao VII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia (VII SPP), realizado na Universidade Católi­ca de Pernambuco, Recife, Setembro/1989
  • LATIL, Pierre de, O PENSAMENTO ARTIFICIAL. Ibrasa, 5. Paulo, 1959, capítulo Causalidade Funcional, p. 182/223. O autor defende, sob o enfoque cibernético, uma tese, muito forte, em que define a função causal de múlti­plos efectores, os quais associados elaboram um processo, do qual resulta um efeito. Reduz a ação causal aos proces­sos essenciais, à qual se limitaria a determinação de uma causa. Nos fenômenos complexos, Latil define os pré- fatores comuns, aqueles mais remotos, porém comuns de clima, geológicas, sociais, culturais, etc. e que fazem parte da história comum dos seres humanos dessa mesma regi­ão.
  • MOLES, Abraham. TEORIA DA INFORMAÇÃO E PERCEPÇÃO ESTÉTICA.

Universidade de Brasília, 1978, DF. O autor, psicólogo, de­senvolve o conceito de “espessura do presente” de grande importância quanto ao aspecto de um desenvolvimento quantitativo, ainda pouco evoluído nas ciências psíquicas, contanto que significativo na comunicação parapsicológica.

15) TEIXEIRA COELHO Neto, 3. SEMIÓTICA, IN­FORMAÇÃO e COMUNICAÇÃO. Ed. Perspectiva, Coleção Debates n. 168, p. 20/50, 56/94 e 119/195. Esse autor ofe­rece diversos pensamentos dos autores que tratam desse tema, sendo de leitura fácil para aqueles que se iniciam nesses temas.

  • POPPER, Karl R. A LÓGICA DA PESQUISA CI­ENTIFICA, Ed. Cultrix, S. Paulo, 1985 (2ed.)
  • A associação de função é um tipo de função matemática aplicada à economia e à produção industrial.
  • Não se trata de função de função, nem de desenvolvimento < un série de Fourier. A associação de função estuda a com­posição de

funções que entram em um processo, objeti­vando uma função resultante, ou produto, procurada.

  • ASHBY, W. Ross, UMA INTRODUÇÃO À CIBER­NÉTICA, Ed. Perspectiva, S. Paulo, 1970
  • SARTI, Geraldo S., PSICONS (Do Real ao Imaginário), Ed. ABRAP, Rio de Janeiro, 1991
  • FILGUEIRA Ronaldo D. L„ CURAS POR MEIOS PARANORMAIS (Realidade ou Fantasia?), Ed. ASPEP, Olin­da, 1995.

 

 

 

será refutada. Atendendo-se os dados da citação, pela ex­periência, a hipótese é corroborada pelos fatos. Isso é tudo do que se pode entender de falseável. A hipótese é falsea­da ou não pela experiência, o teste. Quanto mais falseável a hipótese tanto mais científica será.

  1. O problema kantiano da demarcação trata de demarcar as fronteiras de uma ciência em relação às demais. O pro­blema de Hume reside na adequação do método indutivo (interferência indutiva a uma determinada ciência).
  2. Thomas Green Morton o tem conseguido, segundo os relatos de Mário Amaral Machado, para psicólogo, observa­dor treinado (”Os Fenômenos Paranormais de Thomas Gre­en”, Ed. Tecnoprint AS, 1984) e de e de José Carlos Guer­reiro (‘THOMAS: o Real Inexplicável”) artista plástico que não era parapsicólogo.
  3. A Física, desde a década dos trinta, através das ideias de J. von Neumann e G. Birkhoff, tem servido de paradigma às demais ciências no que concerne à teoria geral de medi­da de grandezas, utilizando para as “partículas’1 hiper-superfícies representativas em uma “extensão” em espaço de fase de em “extensão em espaço de estado”. Grafos e outras representações não métricas, são topológicas, sem qualquer dúvida, e em muitos casos adequadas.
  4. Abraham Moles, op.cit. (14) tentou, para a Psicologia, a representação de hipersuperfícies, quantizando as faixas de percepções (visão e audição) aplicando às artes (escultura, pintura, etc.) e aos ritmos (poesia, discurso, música, etc.)
  5. Sinal indica a presença de objeto; o símbolo, é o que se refere a “outra coisa” ou a representa. Não há como con­fundir sinal e símbolo.

A linguagem de cadeia de sinais é uma linguagem sintética

 

em ”nível-de-objeto”, quanto a linguagem semân­tica é transdução de uma cadeia de símbolos retirados dos sinais, isto é a ”meta-nível”

  1. Gnédenko, B; Béliaev, Y e Soioviev, A em Méthodes mathématiques en théoríe de la habilite, Editíons MIR, Mos­cou, 1972.
  2. ASHBY, W. Ross UMA INTRODUÇÃO À CIBERNÉTICA. Editora Perspectiva S, Paulo, 1970.
  • Para o bom entendimento desse conceito, não se deve confundir com o conceito de função composta (função de função). Deve-se entender como associação de funções. O desenvolvimento matemático existe e é utilizado na eco­nomia, teoria da produção e em substituições dos fatores da produção. Sem ter de desenvolver essa teoria, aprovei­tamos as propriedades aplicáveis à parapsicologia sob nos­sa perspectiva.

As assertivas de (a) a (f) são demonstráveis por tra­tamento adequado pelos teóricos e economistas nos pro­blemas dos fatores de produção e nas substituições desses fatores de produção com um determinado fim, a produção desejada.

  • Aprendemos essa noção em uma palestra do Professor Mário Henrique Simonsen em um curso na fundação Getúlio Vargas (FGV), tendo o professor Simonsen incluído essa noção na coleção Teoria Microeconômica Ed. FGV, Rio de janeiro, vol III.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • ROSA BORGES, Valter a CARUSO, lvo Cyro PARAPSICOLOGÍA: UM NOVO MODELO. Ed. FASA, Recife, 1985.

Desse livro são mencionados os trabalhos dos auto­res:

Rosa Borges em Epistemologia Parapsicológica, p. 99

Caruso em Problemas da Parapsicologia, p.149

Rosa Borges em A Demarcação da Parapsicologia, p. 163

Caruso em Considerações sobre uma Teoria Unifi­cada na Parapsicologia, p. 181.

  • cit. em (1) p. 99
  • cit. em (1) p. 149
  • cit. em (1) p. 163
  • Cit. em (1) p. 181
  • cit. em (1) p. 253 Rosa Borges e Caruso
  • O professor FILGUEIRA, matemático, parapsicólogo e médico, em sua tese “Interpretação Topológica do Desvio da Forma no Processo psigâmico “, apresentada no VII SPP, 1989, faz uma abordagem topológica muito inte­ressante, da qual se sobressai uma importante sugestão para a substituição de alguns naipes do Baralho Zener, a fim de evitar ruídos (equívocos) na comunicação durante os testes psigâmicos, Filgueira era então o coordenador do Curso de Pós Graduação do I.P.P.P.
  • Caruso se refere a duas teses: Reflexões sobre Problemas Paranormais, oferecida ao VI Congresso Brasilei­ro de Parapsicologia e Psicotrônica, Belém do Pará, 1987 e Problemas da Precognição apresentada ao VI Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, Recife, em 1988, UNI- CAP.
  • cit. em (1) em Problemas da Parapsicologia,

 

 

 

 

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