Valter da Rosa Borges
Introdução
A riqueza de uma instituição se alicerça nos fatos que ela gerou e na preservação destes fatos como conteúdos da entidade histórica em que ela se transformou. O IPPP faz parte da paisagem científica e cultural de Pernambuco, não só por tudo o que fez, mas pelo que continua fazendo e pelo que, por certo, ainda fará em benefício do Estado. Para preservação de sua memória e na qualidade de seu fundador, resolvi escrever o presente trabalho, de forma panorâmica e sumária, para o registro dos fatos mais importantes de sua história.
Fruto do idealismo e da obstinação de seus associados, o IPPP vem desenvolvendo, desde a sua fundação, um extraordinário trabalho no campo da fenomenologia paranormal, colocando Pernambuco como um dos mais importantes pólos do estudo e da investigação parapsicológica brasileira.
Por isso, por ocasião das comemorações de seus trinta anos, resolvi, neste número especial do Anuário Brasileiro de Parapsicologia, relembrar sua história que é a própria história da Parapsicologia em Pernambuco.
Infelizmente, neste ano, sofremos um duro golpe com o falecimento de Ivo Cyro Caruso e Maria Idalina Correia Umbelino, que, com dedicação e idealismo, desenvolveram uma intensa e produtiva atividade na nossa instituição.
Fundação
No final do ano de 1972, reuni um grupo de estudiosos dos fenômenos paranormais e apresentei a idéia de fundar, no Recife, uma instituição que estudasse e pesquisasse aqueles fenômenos sob uma óptica estritamente científica. Por entender que o vocábulo psicobiofísica, criado por Hernani Guimarães Andrade, fundador do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas – IBPP. – era semanticamente mais abrangente do que a palavra parapsicologia, sugeri o nome Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP – para designar a nascente instituição, o que foi, de imediato, aceito pelo grupo fundador. Ficou, de logo, esclarecido que essa designação não importava em qualquer subordinação ao Instituto fundado e dirigido por Hernani Guimarães Andrade.
Por minha sugestão, escolheu-se o dia 1º de janeiro de 1973 como a data simbólica da fundação do Instituto, por significar o ideal de confraternização universal de todos os povos.
Embora fundado em 1973, o IPPP só adquiriu personalidade jurídica no ano seguinte, conforme consta do Livro A, no 27, no de Ordem 2073, de 23.12.1974, no 1o Cartório de Títulos e Documentos da Capital.
Assinaram a ata de fundação Valter Rodrigues da Rosa Borges, Aécio Campello de Souza, Amílcar Dória Matos, Walter Wanderley Barros, Humberto Costa Vasconcelos, João de Vasconcelos Sobrinho, Sebastião Ramalho da Silva, José Nilton dos Santos, José Macedo de Arruda e Enoch Burgos.
Dos sócios fundadores, alguns já morreram e outros se afastaram por motivo de idade ou dedicação a outras atividades. Sou, assim, o único fundador que permanece, em plena atividade, na instituição.
Na sua jornada de três décadas, o IPPP teve várias sedes, estando atualmente localizado na Avenida do Forte, 444, bairro do Cordeiro, na cidade do Recife, capital do Estado de Pernambuco.
Conquistas
O Poder Legislativo pernambucano reconheceu o trabalho do IPPP no campo da Parapsicologia e o declarou de utilidade pública pela Lei Estadual nº 9714, de 03 de outubro de 1985 e também de utilidade pública municipal pela Lei Municipal nº 14.840, de 14 de janeiro de 1986. Como conseqüência das atividades do Instituto e por emenda do deputado Geraldo Barbosa, a Constituição de Pernambuco, promulgada em 5 de outubro de 1989, determinou, no seu Artigo 174, que o Estado e os Municípios, diretamente ou através do auxílio de entidades privadas, prestassem assistência social às pessoas dotadas de aptidão paranormal.
Em 24 de julho de 1993, o IPPP, por minha sugestão, criou o Dia Nacional do Parapsicólogo em 29 de julho, com fundamento na data da realização do I Congresso Internacional de Parapsicologia, em Utrech, na Holanda, no período de 29 de julho a 4 de agosto, no qual foi adotado o nome de Parapsicologia para a nova ciência. E, em 12 de agosto deste ano, o deputado José Siqueira apresentou, na Assembléia Legislativa de Pernambuco, o Requerimento nº 2.420, para constar da Ata dos trabalhos legislativos um voto de aplausos aos parapsicólogos pernambucanos pela passagem de seu dia.
Ainda neste ano, no dia 6 de outubro, o IPPP recebeu um ofício da Universidade de São Francisco de Assis, assinado por seu diretor, Frei Konrad Lindmeier, no qual apresentou parabéns e congratulações pela instituição do “Dia do Parapsicólogo”, declarando que aquela instituição universitária também passará “a comemorar a grande data que homenageia o parapsicólogo”.
A Parapsicologia na TV
No dia 7 de outubro de 1973, no horário das 18;30 às 19 horas, iniciei a produção e apresentação na TV Universitária Canal 11, da Universidade Federal de Pernambuco, do primeiro programa de Parapsicologia, no Brasil, intitulado “A Ciência do Espírito” com o intuito de atrair a atenção do público para a Parapsicologia, como uma explicação científica dos fenômenos ditos espirituais e mediúnicos. O êxito do empreendimento levou o Diretor daquela TV, Dr. Francisco Dario Mendes Rocha (hoje Desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco) a remeter ofício (184/74, de 18.12.74) aos Diretores do I.P.P.P. nos seguintes termos:
Senhores Diretores:
Estamos, pelo presente, apresentando a V.Sas. as nossas congratulações pelo êxito do programa “A CIÊNCIA DO ESPÍRITO”, produzido e apresentado pelo Presidente deste Instituto, Dr. Valter da Rosa Borges, promotor público da Capital.
O curso de Parapsicologia, que vem sendo ministrado no aludido programa, tem alcançado um alto índice de conteúdo cultural e pedagógico, o que o situa entre os melhores, na faixa educativa, da televisão de nosso Estado.
Esperando continuar contando com os auspícios desse Instituto, na produção de cursos regulares de Parapsicologia, nesta Televisão, aproveitamos o ensejo para apresentar a V.Sas. os nossos protestos de estima e elevada consideração.
Atenciosamente,
Francisco Dario M. da Rocha
Diretor
Nesse mesmo ano, a revista Estudos Psíquicos de Portugal divulgou uma nota elogiosa sobre o referido programa.
Em 1974, obtido o meu objetivo, substituí o programa “A Ciência do Espírito” pelo Curso Básico de Parapsicologia, na TV Universitária Canal 11, com duração de 60 minutos. Foi a primeira tentativa de estabelecer a diferença entre Parapsicologia e Espiritismo e de denunciar a utilização da fenomenologia paranormal ou psi como arena de conflito entre as religiões.
Atendimento
Em 1974, o Instituto iniciou o atendimento gratuito a pessoas que procuram seus serviços, alegando estar passando por experiências paranormais. Essa atividade, nos primeiros anos, foi intensa, porque muitas pessoas ainda confundiam Parapsicologia com Espiritismo e procuravam o IPPP para “desenvolver” sua mediunidade ou alegar problemas de “obsessão espiritual”. Foi um período trabalhoso, porém muito fértil, porque a nossa equipe teve a oportunidade de realizar testes e pesquisas com os pretensos “médiuns” e “obsidiados”.
Com o trabalho que fizemos de conscientização do público pernambucano a respeito das diferenças entre Parapsicologia e Espiritismo, esse movimento caiu bastante e, atualmente, o IPPP só é procurado por pessoas razoavelmente informadas sobre questões parapsicológicas.
Instrumentação de pesquisa
Em 1976, sob a direção de Aécio Campello de Souza a equipe do Instituto montou uma máquina kirlian, de conformidade com o esquema elétrico que nos foi gentilmente enviado, dois anos antes, por Hernani Guimarães Andrade, recentemente falecido.
Conquanto despertasse inicialmente o interesse dos parapsicólogos, de logo se observou que a kirliangrafia era irrelevante na investigação dos fenômenos paranormais.
Em 1978, Ivo Cyro Caruso montou um modesto laboratório, constituído de uma aparelhagem simples e alguns dispositivos eletrônicos, entre os quais pêndulos de diversos modelos, “dual-rod”, bússolas, baralhos Zener, dados, psicômetro (25 tubos contendo cada um metal e uma esfera de madeira como testemunho do metal contido no tubo, sendo 5 metais diferentes distribuídos aleatoriamente), pirâmides de mármore e de vidro, ímãs fortes etc.
Ivo Caruso elaborou esquemas de aparelhos de pesquisa e, sob sua orientação, foram montados dispositivos eletrônicos, tais como metrônomos, eletroscópio à válvula, eletroscópio transistorizado, detector de ondas alfa (faixa de 10 a 11 Hz de operação), detector acupontos (pontos de acupuntura), dado eletrônico, seqüencial aleatório de 1 a 6 (tipo painel), detector de campo eletromagnético, medidor de resistência de pele (que é utilizado em experimentos com plantas), gerador de ruído branco, gerador de barras (a acoplar a TV para acompanhar variações da resistência da pele etc.). Caruso montou alguns desses instrumentos de pesquisa com a colaboração de José Renato Barros. Todo esse material se encontra minuciosamente descrito no “Manual do I.P.P.P.”
O Instituto se desfez da quase totalidade daqueles equipamentos e está tentando angariar recursos para a instalação de um laboratório moderno e com aparelhagem compatível com as suas necessidades de pesquisa.
Experimentos em laboratório
As primeiras sessões experimentais do IPPP foram no campo da transcomunicação instrumental (TCI), em 1975, com resultados insatisfatórios. Em 1992, uma nova pesquisa redundou em fracasso. Finalmente, em 2002, resolvemos retomar as experiências e, embora, desta vez, tenhamos obtido alguns êxitos, eles são ainda insatisfatórios.
Criei, em 1979, um teste intitulado Psi-Gestalt, no qual o experimentador distribuía as 25 cartas do baralho Zener em um quadro de 5 colunas, contendo cada qual 5 cartas, ou mesmo numa só coluna, vertical ou horizontal. Em seguida, o pesquisado procurava adivinhar, de uma só vez, todas as cartas assim distribuídas. Os testes realizados com essa nova técnica, usando-se a telepatia ou a clarividência, revelaram que os seus resultados, quanto ao índice estatístico, em nada diferiam daqueles esperados pelo método Zener tradicional.
A diferença básica entre a Psi-Gestalt e o método Zener tradicional é que, neste, as cartas são lançadas sucessivamente e, naquele, as cartas são enviadas simultaneamente ao pesquisado, seja numa experiência de telepatia seja de clarividência.
Outra diferença é que nos testes de Psi-Gestalt não há que se falar em carta-alvo, eliminando-se, por conseguinte, a possibilidade do efeito de deslocamento.
A vantagem da Psi-Gestalt é a sua rapidez, pois muitos testes podem ser feitos num menor espaço de tempo, sem fatigar demais o pesquisado, diminuindo a incidência do efeito de declínio.
As primeiras experiências demonstraram que a Psi-Gestalt é mais atrativa e lúdica do que o teste Zener tradicional, mantendo, assim, por tempo maior, a motivação dos pesquisados pela pesquisa.
Em uma variante do experimento Psi-Gestalt, a Psi-Gestalt em carta preferida, o pesquisado, após declarar sua figura preferida, procura indicar onde se encontram as cinco cartas que a contêm no meio das demais.
Idealizei ainda um experimento que denominei de Teste de seleção de padrões psíquicos semelhantes para selecionar pessoas que apresentavam tendência de escolhas coincidentes ou padrões psíquicos semelhantes.
Os participantes, isoladamente, desenhavam os signos Zener, formando 5 colunas com 5 cartas cada uma, ou apenas uma coluna vertical ou horizontal. Em seguida, os testes eram recolhidos a fim de se averiguar as coincidências na distribuição dos signos nas colunas entre os participantes.
A repetição dos testes determinava quais as pessoas que entre si apresentavam maior número de coincidências.
Os resultados do experimento foram bastante animadores.
Finalmente, criei um teste denominado telepatia cruzada, partindo da pressuposição de que as pessoas podem influenciar-se reciprocamente numa experiência telepática. Concebi, por isso, um experimento no qual duas pessoas, em salas separadas e sem qualquer possibilidade de comunicação física entre elas, tentam, não só perceber o que a outra está sentindo, mas também lhe transmitir as suas sensações e pensamentos. Tudo isso era devidamente anotado por ambas. A experiência tinha a duração máxima de quinze minutos e, ao seu término, as anotações eram cotejadas entre si a fim de se detectar as suas convergências. Infelizmente, a experiência não foi satisfatoriamente utilizada.
No ano de 1981, concebi um experimento de sondagem do inconsciente, a que dei o nome de prospecção psi, com o intuito de liberar o poder criativo da mente humana. Para isso, utilizando um processo sugestivo, procurava situar o psiquismo da pessoa pesquisada em situações tempo-espaciais preestabelecidas, seja no passado ou no futuro, estimulando-a a improvisar soluções à guisa de exercício de sua capacidade criativa. Nos processos de retrocognição e precognição experimental, ela era induzida a regredir ou a progredir no tempo em busca de civilizações passadas ou futuras.
Em outra modalidade desse experimento, o pesquisado era induzido a se deslocar psiquicamente para dimensões imaginárias, realizando “viagens” de inspeção em outros mundos físicos ou extrafísicos.
As pessoas submetidas à experimentação não demonstraram, no entanto, uma capacidade criativa acima do seu desempenho intelectual consciente.
O reforço do sinal telepático foi um experimento tinha por finalidade melhorar o sinal telepático pela colaboração de duas ou mais pessoas, junto ao telepata emissor, na transmissão de cada uma das cartas Zener.
No final de uma série de experiências, era confrontada a média obtida pelo receptor no teste Zener comum com a média obtida por ele no experimento com reforço grupal.
As experiências realizadas foram, porém, de pouca significação.
Como adaptação de um experimento originariamente qualitativo, conhecido por teste da cadeira vazia e inventado pelo Dr. Eugene Osty, inventei o teste da cadeira ocupada o qual é testável pelo método quantitativo-estatístico-matemático.
O experimento consiste em substituir as cinco cartas do baralho Zener por cinco pessoas, as quais, aleatoriamente, sentar-se-ão numa determinada cadeira.
Cada pessoa corresponde a uma carta e se senta na cadeira à medida que sua carta é retirada do baralho. Cada experiência, portanto, consta de 25 tentativas.
Sempre que possível, os participantes do experimento deverão ser conhecidos do pesquisado e este, previamente, indicará com qual daqueles parece afinar-se melhor.
O pesquisado fica em outro aposento, à porta fechada, convencionando-se um sinal, preferentemente luminoso, para que ele tome conhecimento de que a cadeira já se encontra ocupada por uma das cinco pessoas. Também através de sinal luminoso, ele comunica ao experimentador que já escreveu, no papel do teste, o nome da pessoa que imagina estar sentada na cadeira.
Nesse teste, não há preocupação de se estabelecer distinção entre telepatia e clarividência, admitindo-se a possibilidade de convergência dos dois fenômenos.
A sua grande vantagem consiste na substituição de símbolos, emocionalmente inertes, por pessoas, o que, possivelmente, aumentará o índice de acertos do pesquisado. Assim, em vez de uma só pessoa – o pesquisado – envolvida no experimento, haverá também a participação emocional das outras que, aleatoriamente, sentar-se-ão na cadeira. Cada uma, por certo, “torce” para que o pesquisado acerte, quando ela estiver sentada na cadeira.
As experiências até agora realizadas demonstram que o teste da cadeira ocupada apresenta melhores resultados do que aqueles obtidos com o baralho Zener.
Aderbal Pacheco e Geraldo Fonseca Lima, durante algum tempo, utilizaram a hipnose como facilitador do fenômeno psi.
Aderbal dirigiu sessões experimentais de “chanelling” e sempre demonstrou grande habilidade em lidar com as personificações subjetivas. Essas reuniões se estenderam de agosto de 1981 a fevereiro de 1983 com voluntários que se prestaram a ser objeto do experimento.
Ivo Caruso realizava sessões de meditação, utilizando também um aparelho de sua fabricação para servir de indutor, o qual, pelas suas características sonoras, foi denominado afetuosamente de “galinha choca”.
Discutiu-se e pesquisou-se a chamada “energia da forma”, utilizando-se dos mais diversos tipos de pirâmide.
De 1983 a 1990, Caruso, então Diretor do Departamento Científico, elaborou várias minutas de testes estatísticos e procedimentos experimentais.
Foram também realizados diversos testes de radiestesia, principalmente com a colaboração do Dr. Alberto Reitler, experiente psicômetra, que apresentou ao Instituto, como fruto de vários anos de pesquisa, o mapa radiestésico do Estado de Pernambuco.
Em 1984, a equipe do IPPP examinou as técnicas de terapia de vidas passadas, inventada pelo Dr. Neterton e trazida ao Brasil por Ney Prieto Peres e sua esposa, Maria Júlia Prieto Peres. O nosso interesse era investigar até que ponto esta terapia regressiva facilitaria a criatividade psi, mesmo como procedimento compensatório de problemas existenciais. Os resultados iniciais, porém, não foram suficientes para motivar a continuidade da investigação.
Em 1989, Ronaldo Dantas Lins Filgueira reformulou o baralho Zener, baseado no desvio topológico efetuado pelo psiquismo e propôs o uso do baralho IPPP em que as figuras do quadrado e da estrela do baralho Zener foram substituídas pela interrogação e pelo símbolo do infinito. Este novo baralho vem sendo utilizado, conjuntamente com as cartas Zener, nas nossas atividades experimentais.
Em 1994, Isa Wanessa Rocha Lima comandou uma pesquisa, com a equipe do IPPP, investigando a psicopictografia de Jacques Andrade.
De 1995 a 1996, Erivam Félix Vieira, sua esposa Maria Ferreira Félix Vieira e Rosa Maria Bezerra fizeram experimentos de visão à distância com Ana Cláudia de Albuquerque Lopes com resultados satisfatórios.
De 2001 a 2002, Jalmir Brelaz de Castro e Naun Kreiman realizaram experimentos de visão remota Recife-Buenos Aires, com Simone Wanderley de Freitas, na condição de receptora, cujos resultados foram satisfatórios. Kreiman fez comentários sobre o experimento na Revista Internacional de Parapsicología, Cuadernos de Parapsicología, nº 36, de 2 de junho de 2003.
Publicações
O IPPP iniciou a sua fase de publicação científica com o lançamento do meu livro Introdução ao Paranormal, no dia 29 de julho de 1976, às 20h, no auditório da TV Universitária Canal 11, do Núcleo de Televisão e Rádio da Universidade Federal de Pernambuco, presidida pelo Reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Prof. Paulo Maciel, que presidiu a solenidade e, em seu discurso, destacou a importância da publicação para a compreensão da Parapsicologia no meio acadêmico.
A repercussão do livro foi das melhores, e, no ano seguinte, mediante ofício, assinado por Janet M.Biggs, a Library of Congress Office, Brazil, solicitou-me o envio do Introdução ao Paranormal à sede da Biblioteca em Washington.
O escritor Amílcar Dória Matos (hoje membro da Academia Pernambucana de Letras) escreveu no Jornal da Cidade, na sua edição de 14 a 20 de setembro de 1976, sob o título “Uma Lição de Normalidade”, o seguinte artigo:
“Livros como Introdução ao Paranormal, de Valter da Rosa Borges (edição do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofisicas), deixam a gente pensando em muita coisa. Será que ainda engatinhamos no caminho do entendimento da nossa verdadeira dimensão, ignorantes dos segredos da nossa mente e, ao que tudo indica, do nosso espírito imortal? Será que andamos muito convencidos da nossa individualidade, do nosso discernimento, da nossa cultura e sabedoria, quando na verdade deveríamos concluir, como Pound, que não passamos de pretensiosos ignorantes?
O Autor nos conduz didaticamente, sem alardes nem pressas, pelas sinuosidades de um mundo novo que, até há pouco tempo, era objeto de remoque e zombaria, mas que começa a atrair a atenção dos cientistas do mundo inteiro, em especial dos estudiosos da natureza humana – o da Paranormalidade. O homem parece estar sempre em guarda contra os segredos escondidos dentro de si mesmo, julgando e agindo na conformidade dos seus sentidos, dos seus “consagrados” sentidos. Então sempre houve uma propensão a atribuir a “artes do demônio”, fenômenos que, à luz da inteligência, deveriam estar sendo, há muito, pesquisados com a mesma seriedade com que se estudaram e se estudam, por exemplo, as dores de dentes. Sucede que os dentes não fogem à percepção sensorial, enquanto certos “fluidos”, “energias” ou mesmo ostensivas manifestações escapam à suposta racionalidade. E isso é profundamente humilhante para o homem.
Mas, de tanto se repetirem, os fenômenos se impõem. E vêm bater a nossa porta com a força de uma nova mensagem, despertando-nos de superstições e temores. Como estamos num século em que se pretende fazer desabar a multidão de tabus que já não fazem sentido, as pessoas “sérias” começam a abrir a porta. Os muitos princípios filosóficos, científicos e/ou religiosos, até há pouco olhados de esguelha, passam a ser melhor analisados, com exaltação ou repúdio, total ou parcial, o que é bom para esses próprios movimentos ou seitas, nos quais também se escondem extremismos e ortodoxias nefastas. O Espiritismo e a Teosofia, para citar apenas dois exemplos, são objeto de melhor atenção. Retornamos ao Oriente, quais novos Marcos Pólos, pelas mãos do Budismo, do Taoísmo, do Zen—ao estudo do qual o admirável Thomas Merton, monge trapista, destinou valiosas páginas antes de encantar‑se em Bangcoc. Até que a Parapsicologia virou moda, talvez nem sempre separando bem os campos ocupados por uma multidão heterogênea de ramos científicos, seitas religiosas, artes circenses, fanatismos e fetiches.
É num momento assim que o livro de Valter da Rosa Borges nos introduz ao Paranormal, com a paciência de mestre de aldeia que tem a cultura dos freqüentadores das metrópoles do saber. Como quem pisa muito de leve em chão de tapete, Valter caminha anos a frente com firmeza e vigor nas linhas, entrelinhas, meandros e labirintos de sua obra, tão carinhosa e meticulosamente construída. Donde enfatizar sua preocupação eminentemente didática, “com o propósito de orientar os interessados no território da fenomenologia paranormal, valendo-nos. algumas vezes, de esquemas pessoais, fruto de nossa experiência de mais de vinte anos no trato de tais problemas”.
Essas experiências, como nós as conhecemos… Às vezes de longe, às vezes de perto, às vezes plenamente “por dentro”, vimos acompanhando as passadas desse ainda jovem pesquisador, que deposita ante os nossos olhos e a nossa consciência um trabalho pioneiro. Pioneiro, em vários sentidos. Não consta haver, no campo da Paranormalidade, um ABC que nos propicie uma apresentação ampla e, ao mesmo passo, acessível. Tampouco não consta existir obra de fôlego como essa, em que a preocupação primeira do Autor, longe de ser com ele mesmo e suas idéias, é sobretudo com o leitor e suas perplexidades. Cuidamos também não existir no mercado livreiro trabalho que verse temas tão escorregadios, tão aptos a ferir melindres de conversos, convictos e sábios, sem que ao cabo se ergam barricadas heréticas e gritos de revolta. Valter vai caminhando tranqüilo, equilibrado, inabalável por esses tortuosos caminhos. Porque seu compromisso é com a verdade. E não se pergunte o que é a verdade ou onde ela se esconde—os fatos ou os pseudofatos tecem a teia de sua estrutura, embora só a vejam os que têm olhos de ver.
Qual tupiniquim Krishnamurti, Valter não se assume rótulos. Seu livro é uma introdução, didática, relativamente simples, deve ter suas falhas por ser humano (humaníssimo) como o Autor, deve deixar descontentes alguns iniciados, que foram nele porventura procurar revolucionárias novidades. Mas cumpre sua finalidade. Porque é o próprio Valter Rosa Borges quem diz: O importante é prosseguir.”
Em setembro de 1977, o Boletín del Circulo de Estudios Progreso Espírita, de Buenos Aires, Argentina, publicou o seguinte artigo assinado por Natalio Ceccarini:
“Realmente un excelente trabajo es el libro entregado por el Prof. Da Rosa Borges. Escrito con una claridad poco acostumbrada en obras de esta naturaleza, ofrece a todo estudioso del maravilloso mundo de lo paranormal, los elementos necesaríos y la información acabada y puesta al día, para habilitarlo e introducirlo en tan rico campo de experimentación.
De modo didáctico -como cabe aun buen profesor – enseña sobre los diversos fenómenos que conforman la dimensión paranormal, en sus fases espirítica y parapsicológica.
Una extensa y bien seleccionada bibliografía refuerza cada uno de los acápites en que esta dividida la obra, como los cinco capítulos están debidamente ensamblados, rematando com el último que trata de las hipótesis elaboradas para explicar los fundamentales hechos que en presente, vertebran toda una disciplina científica paranormal.
Es de señalar entre la bibliografía utilizada, se encuentran casi la totalidad de los autores e investigadores espiritistas, y no, como ocurre con la mayoría de las obras de Parapsicología, Psicobiofísica, y Psicología Supranormal, en que se omiten deliberadamente a tales autores, evitando al máximo, toda referencia al fenomenismo espírita.
No caben sino felicitaciones para el Dr Walter Da Rosa Borges por este interesante, científico, y didáctico libro que nos ofrece, y esperar encuentre editor para su versión al castellano. De no ser, queda privado el mundo hispano-parlante de un valioso aporte en el estudio y comprensión de ese mundo extrafísico, que pone en evidencia la naturaleza profunda del ser y las potencialidades de que dispone para la provocación de hechos, que sólo son explicables ya, más allá de los sentidos materiales y de los límites de todo tiempo y espacio.
Oportuno y notable el libro que sinceramente, recomendamos.”
O Prof. Luciano Marinho, com o título do próprio livro Introdução ao Paranormal, escreveu, no Diário de Pernambuco, no dia 30 de maio de 1978, o seguinte artigo:
“Há indagações, especialmente de natureza filosófica, entre as de religião e ciência, que angustiam o espírito humano. São questionamentos que se multiplicam através dos tempos e das culturas, nas variações mais díspares do pensamento. Os sentidos metafísico e cosmológico já se interpenetram, se relacionam e se completam.
Há, por outro lado, múltiplas respostas. São progressivas, não obstante, as dúvidas do homem, na medida em que novas hipóteses são formuladas. A solução de problemas acarreta novos problemas.
As perspectivas do conhecimento não são mais codificadas com facilidade. Uma ciência qualquer não pode ser estudada em toda sua extensão, a não ser subdividida em especialidades. A especialidade da especialidade se impõe haja vista o ecletismo científico ser uma ilusão. Diz-se, a priori, que isto é mau. Maritain advertiu dos perigos da especialização absoluta. A formação filosófica, religiosa, científica, artística, lingüística, na sua integridade, é boa e vital. Não é mais possível, todavia. A conseqüência mais imediata disso é que o homem se despersonaliza. O “eu” se afoga em um “nós” amórfico, se não apocalíptico.
O ecletismo é gerador de ambivalências.
Acompanho com interesse o estudo e o trabalho, a pesquisa e a reflexão de quem se dedica sistematicamente a uma tarefa específica. Esta exclusividade pertence a uma minoria. A procura de grandes respostas estabelece a dimensão e a programação de trabalhos exaustivos, em oposição àquilo que Antônio Houaiss designara – a propósito de certos estudos literários – “ensaísmo circunstancial”.
Um desses pesquisadores mais sérios e honestos revelou-se o Dr. Valter da Rosa Borges, ao escrever o livro “Introdução ao Paranormal”, editado pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.
Uma vez que se trata de uma obra científica, a isenção de propósitos doutrinários vem sublinhar o valor do livro. A ciência – e a Parapsicologia é uma ciência – objetiva dos fatos experimentais, laborterápicos, mecanicistas, sob condições preformuladas. As intenções doutrinárias, se houvesse, evidenciariam o proselitismo natural das filosofias religiosas. Dr. Valter Rosa Borges organizou, didaticamente, um grande número de fenômenos paranormais. Esse didaticismo admirável, em obras de cunho não-pedagógico, traduz uma formação filosófica e científica do mais alto grau. Não há que obstar haja um embasamento complementar religioso: conotações teosóficas, kardequianas, e assim por diante.
Dir-se-á que a Parapsicologia não é ciência nem mesmo uma subdivisão das ciências psicanalíticas – e estas já estão contestadas pela Antipsiquiatria, há algum tempo. O ineditismo estrutural da obra justifica alguma omissão ou algum excesso.
Um outro aspecto válido é a bibliografia em que se vêem, dentre tantas, obras de Jung e Huxley. Importante é a documentação, no relato dos casos, se bem que um ou outro não venha a induzir tanta veracidade, pelo menos científica. O Dr. Valter Rosa Borges conseguiu simplificar toda uma nomenclatura, ainda controvertida e difusa, usando de uma clareza e concisão raríssimas em obras congêneres.
A metodologia empregada pelo Dr. Valter Rosa Borges me parece surpreendente, no plano dos estudos parapsicológicos, nos quais se tem firmado como um dos grandes pioneiros e introdutores no panorama cultural brasileiro.
Acho, porém, que o sumário do livro devesse ter sido mais amplo, subdivididos os itens para identificação de determinados assuntos, numa espécie de índex remissivo. Do ponto de vista contextual, faço algumas sumárias restrições. A admissão, p.ex., de que o inconsciente é “uma instância superior ao consciente”. A praticidade do consciente deve prevalecer sobre a potencialidade do inconsciente. Ou não?
Mas, sistematizando uma temática bastante complexa, o Dr. Valter Rosa Borges teoriza a partir dos conceitos, natureza e classificação dos fenômenos paranormais: a fenomenologia de Psi-gama, de Psi-kapa, de Criptomnésia, desenvolvendo do cap. V em diante as “Hipóteses”, em que aborda o problema não só expositivamente, mas também criticamente.
Há muito ainda para se dizer.”
Em 1982, o I.P.P.P. publicou duas apostilas: Curso Básico de Parapsicologia, de minha autoria e Parapsicologia Experimental, de Ivo Cyro Caruso.
Em 1985, foi editado o primeiro número do Boletim do I.P.P.P.
No ano seguinte, no dia 26 de setembro, eu e Ivo Cyro Caruso fizemos o lançamento do nosso livro Parapsicologia: um Novo Modelo (e outras Teses), na Galeria Metropolitana Aloísio Magalhães, na rua da Aurora, bairro da Boa Vista.
Em 1992, publiquei o livro Manual de Parapsicologia, com o propósito de servir de referencial pedagógico para o Curso de Pós-Graduação em Parapsicologia, iniciado pelo Instituto em 1988.
A partir de 1994, outros parapsicólogos do IPPP começaram a publicar seus livros, aumentando a nossa produção científica. José Roberto de Melo fez o lançamento do livro A Paranormalidade do Cotidiano, Erivam Félix Vieira, A Feitiçaria: Aspectos Psigâmicos de um Problema Social, e Isa Wanessa Rocha Lima, A Interpretação do Poltergeist como Mecanismo de Defesa Paranormal.
Em 1995, Ronaldo Dantas Lins Filgueira publicou Curas por Meios Paranormais: Realidade ou Fantasia? E Terezinha de Acioli Lins de Lima Precognição: Incidência Maior Através do Sonho – Uma Abordagem Empírica.
Em 1996, minha filha Márcia da Rosa Borges fez o lançamento do seu livro Personificação: Uma Forma de Expressão do Fenômeno Paranormal, Maria da Salete Rêgo Barros de Melo, Interações Mente-Organismos-Ambiente, Silvino Alves da Silva Neto, Paranormalidade & Doença Mental – O Fenômeno Paranormal como Causa e Sintoma de Distúrbios Psíquicos, e José Roberto de Melo, Parafuso, o Gato Telepata, dando uma visão acessível ao público leigo, sob forma de ficção, daquele fenômeno paranormal.
Em 1997, antes da abertura do I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia, no Mar Hotel, em Boa Viagem, Erivam Félix Vieira fez o lançamento do livro Paranormalidade e Cultura: Uma Perspectiva Histórico-Social, e Aderbal Pacheco do livro Percepção Extra-Sensorial.
Em 2000, Ronaldo Dantas Lins publicou Teoria Parapsicológica Geral (E outros Ensaios), e Renato Barros e Wanessa Lima editaram o livro O Poltergeist de Beberibe, cujo fenômeno foi por eles investigado. Para preservar a memória do IPPP, desde a sua fundação até 1999, publiquei o livro A Parapsicologia em Pernambuco.
Em 200l, lancei o livro Fenomenologia das Aparições, que integrou as homenagens do centenário de nascimento de Gilberto Freire e em razão de seu livro Assombrações do Recife Antigo
Em 2002, Terezinha Acioli Lins publicou Estudos em Parapsicologia, Erivam Félix Vieira, Fundamentos Culturais da Sobrevivência Pós-Morte, e Ivo Cyro Caruso, A Parapsicologia e seus Problemas.
Quase todos esses livros foram lançados na sede do IPPP.
Em 1996, o Instituto passou a publicar o Anuário Brasileiro de Parapsicologia, com a finalidade de divulgar a produção científica dos parapsicólogos brasileiros e de outros países.
O parapsicólogo Wellington Zangari, na Revista Argentina de Psicología Paranormal, Volume 9, Número 1 (33), de janeiro de 1998, teceu o seguinte comentário sobre o Anuário:
El ANUARIO BRASILEIRO DE PARAPSICOLOGÍA es una publicación especializada editada por el Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofisicas (IPPP), la institución parapsicológica brasilera que cuenta con el equipo más numeroso de parapsicólogos, cuya producción es una de las más prolíficas de América Latina. El esfuerzo en publicar la serie Anuario debe ser recibida como una de las más importantes realizaciones en el área de la literatura parapsicológica publicada en Brasil.
Pesquisas com agentes psi
Muitas foram as pessoas que procuraram (e ainda procuram) o I.P.P.P., alegando ser dotadas de aptidões paranormais. A quase totalidade apresentava um quadro psicológico bem evidente de distúrbios emocionais. Outras, com visível intuito de autopromoção. E, finalmente, uma pequena parcela revelava uma sintomatologia sugestivamente paranormal, entre eles Manoel Rabelo Pereira, mais conhecido por “Eli” (hoje, “Pai Eli” e “Imperador do Candomblé do Brasil”), José Macedo de Arruda, conhecido por “Irmão Macedo” e que faleceu em 1996, Mônica Alecrim, Edson Queiroz, cuja investigação foi obstaculizada pela Federação Espírita de Pernambuco, gerando uma grande polêmica na imprensa recifense, Ana Cláudia de Albuquerque Lopes e Jacques Andrade.
Apoio aos paranormais
Em 29 de setembro de 1986, a Câmara Municipal do Recife aprovou o Requerimento, no 1747, de 18 de setembro de 1986, do Vereador Arquimedes Lacerda, para que se fizesse um apelo ao Prefeito da Cidade do Recife para implantar nesta cidade o projeto de assistência educacional ao superdotado e ao paranormal, concebido pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.
O Diário de Pernambuco, de 17 de dezembro de 1989, divulgou matéria sobre os direitos do paranormal na Constituição de Pernambuco e o Jornal do Commercio, de 22 de dezembro, entrevistou-me sobre os projetos do Instituto de ampliar sua assistência aos paranormais, agora com o amparo da norma constitucional.
Sob o título “Paranormais invadem a Constituição”, a Folha de Pernambuco, na edição de 7 de janeiro de 1990, publicou extensa matéria referente às atividades do IPPP e à Constituição do Estado de Pernambuco que estendeu aos paranormais os benefícios da assistência social. E, no dia 16 de agosto, a Folha de Pernambuco ressaltou a assistência que os parapsicólogos de Pernambuco vêm dando aos paranormais.
A Assembléia Legislativa de Pernambuco aprovou a Indicação no 4.239, de 12 de setembro de 1990, do Deputado Geraldo Barbosa, no sentido de que fosse formulado apelo ao Exmo. Ministro da Ação Social, Margarida Procópio para que se dê atenção especial ao Programa de Assistência Social aos Paranormais, desenvolvido pelos parapsicólogos pernambucanos, bem como a liberação de recursos para os municípios a fim de ampliar o referido pro-grama. Nada, porém, resultou de concreto, valendo apenas a intenção.
Parapsicólogos como agentes psi
Nas minhas andanças pelo mundo da psi, também passei por experiências parapsicológicas. Mas, em Pernambuco, não fui o único que se viu na situação de agente psi. Outros parapsicólogos do IPPP também tiveram as mesmas experiências e, entre eles, mencionamos Ronaldo Dantas Lins Filgueira, Jalmir Freire Brelaz de Castro, Erivam Félix Vieira, Terezinha Acioli Lins, José Roberto de Melo, Silvino Alves da Silva Neto e Maria da Salete Rego Barros de Melo.
É minha intenção publicar, talvez no próximo ano, um livro reunindo essas experiências, descritas e comentadas pelos próprio parapsicólogos. Talvez essa seja a razão principal do nosso interesse pela Parapsicologia e pelas pessoas que nos procuram para relatar estranhos fenômenos que lhes parecem de natureza paranormal.
Casos espontâneos
O IPPP investigou no Recife, em Olinda e em Camaragibe, vários casos de “poltergeist” e constatou a autenticidade da maioria deles. Em decorrência da solução de um deles, ocorrido com uma paciente da Casa de Saúde Rei Magos, no bairro das Graças, no Recife, e por convite daquela instituição, pronunciei uma palestra sobre o atendimento parapsicológico para um auditório de médicos, psicólogos, psiquiatras e estudantes da área de saúde.
O mais famoso dos “poltergeist” que investigamos aconteceu em dezembro de 1985, no apartamento nº 301, do Edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá, bairro de Santo Amaro, Recife. Durante alguns dias, garrafas vazias voavam pelo apartamento, caíam na área externa o prédio, apavorando os seus moradores. Em pânico, a família solicitou, sucessivamente, o auxílio de um padre, de um pastor, de um médium espírita e de uma mãe de santo, os quais, apesar de seus esforços, não conseguiram resolver o problema. O apartamento virou um verdadeiro pandemônio, inclusive com a presença constante da imprensa, tentando filmar o fenômeno. As emissoras de rádios e de televisão exploravam o assunto, como sempre de maneira sensacionalista, aumentando, ainda mais, a aflição da família, atormentada ainda pelas explicações sobrenaturalistas dos religiosos.
Convidado pela Dra. Léa Correia, então presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, aceitei tratar do caso, atendendo a solicitação que lhe foi feita pela família e, no dia seguinte, fui em companhia de Selma Rosa Borges, ao apartamento “mal-assombrado” e, depois de examinarmos minuciosamente o local, entrevistamos as Sras. Lúcia Jacelli e sua irmã, Antônia. Descobrimos, então, que o agente do fenômeno era uma garota de 12 anos e que trabalhava como empregada doméstica no referido apartamento. Enquanto falávamos com a garota, uma garrafa vazia voou da cozinha do apartamento até a sala, espatifando-se de encontro à parede.
A família seguiu as nossas orientações e, uma semana depois, o “poltergeist” cessou definitivamente. Entusiasmadas pelo final feliz, Lúcia Jacelli e sua irmã Antônia, pouco depois do evento, fizeram um Curso Básico de Parapsicologia no IPPP.
O consagrado jornalista e escritor Nilo Pereira, membro da Academia Pernambucana de Letras, na sua coluna “Notas Avulsas”, do Diário de Pernambuco, de 29 de dezembro de 1985, em seu artigo “Assombração”, assim comentou jocosamente o caso:
Noticiam os jornais que há assombrações num certo edifício, à avenida Cruz Cabugá.
Vidros quebrados, garrafas pelo ar numa dança macabra, objetos jogados à grande distância. Não faltou a bênção do apartamento, onde os fenômenos ocorrem.
Só havia uma solução: chamar um especialista para estudar o caso. O especialista só podia ser o Walter da Rosa Borges cujo renome lhe é assegurado pelos livros publicados e pela experiência no ramo.
Logo o Walter classifica o fenômeno como Psicocinésia. Que quer dizer isso? A Psicocinésia Espontânea Recorrente – tal como chama o especialista – é precisamente o que acontece no edifício Paris, centro de interesse científico de estudos ligados à matéria.
Antigamente, isso era mais simples. Chamava-se assombração. Fechava-se a casa mal assombrada. E ninguém ousava enfrentar fantasmas. Mas tudo mudou. Falar em fantasmas é uma banalidade. É preciso que o fenômeno, à semelhança de certas doenças, tenha um nome complicado.
Os fantasmas, desde Shakespeare com os seus castelos mal-afamados, vinham de fora. Hoje – pasme o leitor – estão lá dentro e são pessoas residentes no lugar da assombração. Tal a conclusão a que chegou o Walter da Rosa Borges, cuja palavra autorizada não pode ser contestada.
Que é uma garrafa estilhaçada? Uma vidraça feita em pedaços? Uma janela que se abre numa ventania descompassada? Tu, leitor, não te espantes mais de nada. É psicocinésico o espetáculo. Morou?
A partir de agora, caros amigos, quando ocorrer uma assombração na sua rua, pergunte:
– Quem é o fantasma aqui? Apareça.
Pois que você está falando com ele ou com ela. É a pessoa que possui uma força extraordinária, chamada telergia, e que, sem poder conter a propulsão, desanda em coisas inverossímeis.
Está, portanto, tudo explicado. Mas, a mim, um ignorante de marca maior, restaria uma pergunta: esse “fantasma”, que está provocando tal balbúrdia, sempre morou nesse apartamento? Por que só agora rebenta em fúria incontrolável?
Meus amigos e meus inimigos: o ano está terminando. Vamos varrer de nossas mentes todos os fantasmas.
Cada um de nós – ou quase todos – viveu já a sua visão ou abusão. Convém apurar quem tem essa força (telergia) capaz de acionar uma casa toda, deixando-a em polvorosa. Que horror, santo Deus!
Pesquisas de campo
De 1978 a 1985, a equipe do IPPP realizou pesquisas públicas do fenômeno paranormal no Recife, em hospitais e universidades. Foram entrevistados médicos e enfermeiras, assim como estudantes universitários da Faculdade de Direito e da Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Pernambuco; da Escola Politécnica, pertencente à Fundação do Ensino Superior de Pernambuco, hoje, Universidade de Pernambuco; da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda e da Faculdade de Direito da Universidade Católica de Pernambuco.
Nos meses de abril e maio de 1993, Jalmir Freire Brelaz de Castro, então Diretor do Departamento Científico do IPPP efetuou pesquisa sobre Experiências Fora do Corpo com Estudantes Universitários no Brasil. Foram entrevistados 250 universitários dos cursos de Letras e Psicologia da Universidade Católica de Pernambuco e de Ciência da Computação da Universidade Federal de Pernambuco, sendo constatado que 12,4% afirmaram já ter passado por esse tipo de experiências. Desses 78,6% repetiram a experiência e 60% não a consideraram, existencialmente, importante. Não houve diferenças significativas entre os alunos de ciências humanas e de tecnologia. Os resultados desse trabalho foram publicados em 1996 e 1997, nos seguintes fóruns: a) Primer Encuentro Iberoamericano de Parapsicologia -II Encontro Psi, em Buenos Aires, Argentina, de 15 a 17 de novembro de 1996; b) 40a Convenção da Parapsychological Association, realizada em conjunto com Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres, em Brighton, Inglaterra de 7 a 10 de agosto de 1997.
Em 1997, Jalmir Freire Brelaz de Castro, efetuou pesquisa sobre Crença na Paranormalidade e os Fenômenos Psi com Estudantes Universitários no Brasil em 363 estudantes universitários dos cursos de ciências biológicas e ciências da computação. Os resultados indicaram que 77% dos estudantes acreditavam na paranormalidade e 21% informaram que já passaram por experiências paranormais. Esses resultados foram apresentados no I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia, realizado no Recife, de 31 de outubro a 02 de novembro de 1997.
De 1992 a 1996, Erivam Félix Vieira colheu depoimento de pessoas que passaram por experiências paranormais nas cidades do Recife, Vitória de Santo Antão e Palmares. Atualmente, ele vem fazendo pesquisas parapsicológicas e antropológicas nos terreiros de Umbanda do Recife.
Visitantes
Em abril de 1990, Bárbara Ivanova, em viagem pelo Brasil, veio ao Recife e, no dia 11 de maio, visitou o I.P.P.P., onde realizou palestra. No dia 15 deste mês, por iniciativa do Instituto, fez conferências na Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)
Bárbara Ivanova fez parte da Banca Examinadora do IPPP que aprovou com distinção as teses dos concluintes em Pós-Graduação em Parapsicologia, Luciano Fonseca Lins e Terezinha Acioli Lins de Lima.
No dia 13 de novembro de 1990, no Hotel Casa Grande e Senzala, em Boa Viagem, aconteceu o primeiro encontro de Stanley Krippner e membros do Institute of Noetic Sciences com um grupo do IPPP, constituído por Valter da Rosa Borges, Ivo Cyro Caruso, Ronaldo Dantas Lins Filgueira, Luiz Carlos Diniz, Terezinha Acioli Lins, Erivam Felix Vieira, Luiz César Leite, Selma Rosa Borges e Júlia Soares da Silva, para troca de informações e experiências no campo da Parapsicologia. Em 18 de fevereiro de 1991, e 22 de fevereiro de 1993, tivemos novos encontros com Krippner e membros do Institute of Noetic Sciences, no Hotel Casa Grande e Senzala, em Boa Viagem, consolidando, em definitivo, a nossa proposta de intercâmbio científico.
Em novembro de 2000, o parapsicólogo argentino Naun Kreiman, falecido recentemente, participou, como conferencista, do XVIII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia e visitou a sede do IPPP onde se reuniu com os parapsicólogos pernambucanos para a criação da Escola Ibero-americana de Parapsicologia, tendo por base a Escola Pernambucana de Parapsicologia.
O psicólogo e antropólogo Aswin Budden, da Universidade da Califórnia, San Diego, em agosto de 2002, esteve no Instituto para informar-se sobre as suas atividades.
Este ano, o psicólogo francês Vincent Quentin, que faz doutorado em Antropologia na Universidade de Lyon, procurou o IPPP solicitando ajuda para as suas pesquisas no Recife sobre fenômenos mediúnicos em centros espíritas e terreiros de Umbanda. Erivam Félix Vieira que, além de parapsicólogo, é também antropólogo, estando, atualmente, realizando pesquisa idêntica, ficou encarregado de prestar a Vincent todo o apoio necessário, o que poderá resultar, em futuro, em produtivo intercâmbio nessa área convergente entre a Parapsicologia e a Antropologia.
Anualmente, alunos universitários, principalmente da Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP -, procuram o IPPP, por indicação de seus professores, para fazer entrevistas az respeito dos fenômenos paranormais.
Simpósios e Congressos de Parapsicologia
Antes de realizar, sistematicamente, seus Simpósios e Congressos, o IPPP promoveu, em julho de 1974, o I Curso de Estudos Paranormais e, em setembro, o I Seminário de Espiritismo e Parapsicologia.
De janeiro e fevereiro de 1975, foi a vez dos Seminários Permanentes de Parapsicologia, que aconteciam no último sábado de cada mês, no auditório do Centro de Saúde Lessa de Andrade.
O ano de 1983 marcou o início dos Simpósios Pernambucanos de Parapsicologia, um arrojado empreendimento sem similar no Brasil.
Nos seus trinta anos de existência, o IPPP realizou vinte e um (21) Simpósios Pernambucanos de Parapsicologia (de 1983 a 2003), o I Congresso Nordestino de Parapsicologia (1985), o V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica (1986) e o I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia (1997).
Cinco dos Simpósios Pernambucanos de Parapsicologia (1983, 1984, 1985, 1987 e 1989) foram realizados na Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP – e também com o seu apoio. Outros dois Simpósios, na Universidade Federal de Pernambuco (1996) e na Universidade Federal Rural de Pernambuco (2001) e, mais um outro, na Fundação Joaquim Nabuco – FUNDAJ (2000), com o apoio desta Fundação, da Fundação Gilberto Freyre e da Fundação Cultural Lula Cardoso Ayres.
O primeiro grande evento realizado pelo IPPP foi a realização do V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica, convocado pela Federação Brasileira de Parapsicologia (FEBRAP) e pela Associação Brasileira de Parapsicologia (ABRAP). Constituiu um sucesso retumbante, atraindo um público de mais de 800 pessoas para o Clube Internacional do Recife, onde ele se realizou. O evento contou com a participação de Waldo Vieira, do Centro de Consciência Contínua, Rio de Janeiro, José Mendonça Teixeira, do recém-fundado Instituto Alagoano de Pesquisas Psicobiofísicas, Maria Júlia M. Prieto Peres, da Associação Médico-Espírita de São Paulo, Ney Prieto Peres do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, São Paulo, Antônio Jorge Thor, do Instituto Paraense de Parapsicologia, Neyda Nerbas Ulisséa, do Instituto Nacional de Pesquisas Psicobiofísicas, Paraná, Octávio Melchiades Ulisséa, da Faculdade de Ciências Bio-Psíquicas do Paraná, Glória Lintz Machado, do Instituto de Parapsicologia do Rio de Janeiro, Mário Amaral Machado, Presidente da Federação Brasileira de Parapsicologia (FEBRAP), Rio de Janeiro, Geraldo dos Santos Sarti, Presidente da Associação Brasileira de Parapsicologia (ABRAP), Rio de Janeiro, Valter da Rosa Borges e Ivo Cyro Caruso, do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.
A Secretaria do Congresso ficou a cargo da Fundação Joaquim Nabuco e a imprensa deu extraordinária cobertura ao Congresso.
A Câmara Municipal do Recife, atenta à importância do evento, aprovou o Requerimento no 1.967/86, do Vereador Murilo Mendonça, mandando inserir, na Ata dos Trabalhos Legislativos, voto de congratulações pelo êxito do V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica e IV Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, realizados no Recife pelo IPPP.
Porém a mais ousada e bem sucedida façanha do Instituo, em toda a sua história, foi a realização do I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia, que aconteceu no Mar Hotel, em Boa Viagem, de 31 de outubro a 2 de novembro de 1997. Apesar dos altos custos do evento, o Instituto recebeu várias formas de ajuda não só financeira como promocional, oriundas da FUNDARPE, da Prefeitura Municipal do Recife, do Diário de Pernambuco, do Jornal do Commercio e da Rede Tribuna, Canal 4, além de doações de algumas pequenas empresas pernambucanas. O SEBRAE também colaborou com o evento através da impressão do material de propaganda.
O Congresso contou com a presença de parapsicólogos do Brasil (Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Paraná e Santa Catarina), Argentina, Portugal, Rússia e Estados Unidos da América do Norte. Participaram como conferencistas Edwin C. May, Presidente da Parapsychological Association, John A. Palmer, editor do Journal of Parapsychology, Stanley Krippner, Alejandro Parra, Diretor da Revista Argentina de Psicologia Paranormal, Carlos Bautista, Argentina, Andrei G. Lee, Presidente do Fundo de Parapsicologia Leonid L. Vasiliev, em Moscou, e Maria Luísa de Albuquerque, Diretora do Centro Latino-Americano de Parapsicologia de Portugal, João Carlos Pereira, Portugal, Valter da Rosa Borges, Ivo Cyro Caruso, Silvino Alves, Isa Wanessa Rocha Lima, Jalmir Brelaz de Castro, Ronaldo Dantas Lins Filgueira, Fernando Antônio Lins e Terezinha Acioli Lins de Lima, do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, Geraldo dos Santos Sarti e J.J. Horta Santos, Rio de Janeiro, Carlos Alberto Tinôco, representado pela sua equipe da Faculdade de Ciências Bio-Psíquicas do Paraná, Vera Lúcia Barrionuevo, Paraná, representada por Fátima Machado, Maria do Carmo Pagan Forti, Wellington Zangari e Fátima Machado, São Paulo, e Joston Miguel Silva, da Universidade de Brasília. Das mesas redondas participaram, além dos conferencistas, Lígia Gomes Monteiro, Guaracy Lyra da Fonseca Luciano Fonsêca Lins, José Eldon Barros de Alencar, José Fernando Pereira da Silva Maria Idalina Umbelino Erivam Félix Vieira, George Jimenez, e Evaldo Pereira, do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, João Carlos Tinoco, Paraná, Antônio Joaquim Ferreira de Andrade, Ilsete Heiderscheidt e Aymara Gentil Pena; Santa Catarina, e Donadrian Rice (EUA).
Na abertura solene do Congresso, o Sr. Vice-Presidente da República, Dr. Marco Antônio Maciel se fez representar pelo Prof. Roberto Pereira. Presente também à mesa dos trabalhos, o Deputado Estadual Geraldo Barbosa, um dos maiores incentivadores do movimento parapsicológico de Pernambuco.
A respeito do Congresso, o Diário de Pernambuco publicou, no seu editorial de 20 de agosto de 1997, sob o título Dilatando Fronteiras, a seguinte matéria:
Estejamos atentos, todos os pernambucanos de mente aberta, para a realização, em fins de outubro deste ano, no Recife, do 1° Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia. É excelente (e ousada) oportunidade de travarmos contato com um campo de estudos que, superando barreiras de qualquer ordem, vem ocupando crescentes e fascinantes espaços entre os círculos mais devotados à ainda pouco conhecida dimensão humana no mundo inteiro.
Não por acaso será a nossa Capital a sede de certame dessa magnitude, ao qual estarão presentes especialistas de vários países, a exemplo dos Estados Unidos, Rússia, Portugal e Argentina, bem como de Estados brasileiros como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal. Tampouco por acaso foi fundado no Recife, já se vão mais de 24 anos, o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), cujo trabalho se vem irradiando dentro e fora das fronteiras nacionais, inclusive por conta da presença de alguns dos seus integrantes em encontros de âmbito internacional. Esse pessoal, havido em certas áreas como visionário, idealista e, sobretudo, teimoso, tem a persistência dos que se sabem tocados pela curiosidade invencível no ser humano de desvendar os mistérios da mente e as potencialidades do ser pensante e herdeiro da chama do saber infinito.
A Parapsicologia, tida como “a caçula das ciências”, está proporcionando a abertura dessas novas fronteiras. Tanto que já é ela contemplada com cadeiras específicas em universidades americanas, afora se tratar de campo específico de estudos em nações as mais desenvolvidas. No contexto brasileiro, a Faculdade de Ciências Biofísicas do Paraná a ministra como matéria em nível de graduação e pós-graduação.
A despeito de toda essa borbulhante agitação de idéias em torno dos fenômenos ditos parapsicológicos, ainda persistem muitas distorções, quando não total desconhecimento, dos reais fundamentos e objetivos da Parapsicologia, mercê de sua inadequada vinculação com notações ideológicas ou sectárias. E isso precisa ser corrigido, até pelos seus reflexos diretos no cotidiano das pessoas e das sociedades, sem falar nos seus rebatimentos no plano de diversas ciências afins, nas quais, a propósito, ela vai haurir ensinamentos e inspirações, devolvendo-os em igual medida de seriedade e exação intelectual.
Por todas essas razões, é fundamental o apoio da sociedade pernambucana, tanto na esfera pública quanto particular, a essa iniciativa do Instituto. Ela é ilustrativa do vigor do nosso Estado e, particularmente, do Recife, como pólo cultural e núcleo regional de excelência na área do conhecimento, à luz das mais modernas metodologias e experiências num setor que, até mesmo por ainda pouco explorado, exibe-se empolgante nos desafios que comporta e engendra.
E, mais uma vez, o Diário de Pernambuco, no dia 30 de outubro, publicou novo editorial, A Mente sem Véu, destacando a importância do acontecimento:
Começa amanhã, no Recife, o 1° Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia. Durante os três próximos dias, no salão de convenções do Mar Hotel, mentes atentas aos chamados fenômenos paranormais estarão expondo e provocando idéias e hipóteses em torno de questões que, desde tempos imemoriais, desafiam o homem e seus limites. A atmosfera não estará impregnada de magia e muito menos de superstições. Ao revés, estará saturada de ousadias científicas, que para muitos se revelam tão abstrusas – e até absurdas – quanto muitos dos fatos que as provocam e, não raro, desconcertam.
A ousadia começa na própria realização do certame. No final das contas, é iniciativa pioneira de um grupo de pesquisadores reunidos sob a sigla do Instituto Pernambuco de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP -, denominação já de si mesma paradoxalmente pretensiosa e modesta. A pretensão está embutida na abrangência do seu campo de análise, para o qual as nomenclaturas usuais se revelam insuficientes. A modéstia, essa reside na consciência dos promotores e participantes do congresso quanto ao estado incipiente, quase larvar, dos seus propósitos de desvelar mistérios ainda arredios às proposições e catalogações da inteligência e saberes do homem.
A bravura desse pessoal do IPPP somente não contradiz a realidade socioeconômica e cultural do Recife por ser este, um tradicional centro de desbravadores. E aqui não procede, nem remotamente, a alegação de que de outros assuntos, bem mais candentes e urgentes, deveríamos estar ocupando-nos. Isto porque a Parapsicologia não conhece fronteiras de qualquer ordem, em qualquer espaço do globo, quaisquer que sejam as condições de quem a estuda, ilumina e é por ela iluminado. Aqui não se trata de priorizar ciências e consciências. Trata-se de buscar respostas para fenômenos intrinsecamente ligados à maior de todas as realidades e ao mais instigante de todos os enigmas: a própria condição humana.
Mais do que nunca, lâmpadas estão sendo acesas para iluminar os focos ainda tão obscuros da nossa profunda e não menos obscura natureza. Tanto assim que a Parapsicologia vem ganhando destaque progressivo em centros de estudo superior situados em países tão distintos quanto os Estados Unidos e a Índia, a Rússia e o Japão, Portugal e Argentina, os quais, a propósito, estarão representados no conclave. Tanto quanto a ele estarão presentes cinco estados brasileiros além de Pernambuco, o que demonstra o grau de seriedade, enfoque e avanço do intercâmbio pretendido.
O apoio que entidades públicas e privadas estão emprestando à iniciativa do IPPP é também emblemático da crescente importância dos estudos parapsicológicos, na medida em que se vão esmaecendo as distorções e preconceitos que, até recentemente, cercavam a matéria. Daí ser auspicioso constatar que, mais uma vez, o Recife assegura sua condição de centro de excelência cientifica na Região e mesmo no País, em setor que se prenuncia fundamental no horizonte do milênio.
O Jornal de Parapsicologia, de Portugal, nas edições de abril e de setembro de 1997, publicou matéria sobre o I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia.
O PA News, órgão do Parapsychological Association, no seu número abril/junho de 1997, divulgou, sob o título First International & Brazilian Congress Parapsychology, a seguinte nota sobre o Congresso:
Organized by PA full member Dr. Valter da Rosa Borges, the First International & Brasilian Congress of Parapsychology will be held from October 31st to November 2nd, 1997 in the Mar Hotel in Recife, the capital of the state of Pernambuco in Brasil.
The conference is being hosted by three Brazilian organizations dedicated to parapsychoogy: the Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofisicas (IPPP), Instituto de Pesquisas Interdisciplinares das Áreas Fronteiriças da Parapsicologia (InterPsi) and Sociedade Brasileira para o Progresso da Parapsicologia (SBPC).
Among the presentations which will be given by PA members are: (from Pernambuco, Brasil) “Proposal of Emergency Action for Recurrent Spontaneous Psychokinesis” presented by PA affiliate member lsa Wanessa Rocha Lima, “Parapsychology as a Complex System” by PA associate member Dr. lvo Cyro Caruso, “Paranormal Belief and Psi Phenomena with College Students in Brasil” by PA affiliate member Dr. Jalmir Freire Brelaz de Castro, “Paranormality and Primitive Man” by PA affiliate member Terezinha Acioli Lins de Lima, and “The Question of Methodology in Parapsychology, by PA Full member Dr. Valter da Rosa Borges; (from São Paulo, Brazil & San Juan, Puerto Rico, respectively) “On Provincialism in Parapsychology” by PA full members Fátima Regina Machado and Carlos S. Alvarado; (from São Paulo, Brazil) “Brazilian University Students and Their Religious and Parapsychological Experiences” by PA full members Wellington Zangari & Fátima Regina Machado; (from Curitiba, Brasil) “Project for an RSPK Research Center by PA full member Dr. Carlos Alberto Tinoco and “The Out-of-body Experience,” by PA full member Vera Lúcia O’Reilly Cabral Barrionuevo; (from Buenos Aires, Argentina) “Spirits and Mediums in lberoamerica: A Geography of the metapsychic” by Alejandro Parra; and (from San Francisco, California, USA) “Advances in Understanding Anomalous Cognition: Physical Variables” by PA full member Dr. Edwin C. May and “Possible Geomagnetic Field Effects in Psi Phenomena” by PA full member Dr. Stanley Krippner; and (from Durham, North Carolina, USA) “The Psychology of ESP: Magnitude Times Direction” by PA full member Dr. John Palmer.
A conference report will appear in a future issue of the PA News.
Finalmente, o Boletin Informativo AIPA, da Associación Iberoamericana de Parapsicología, de dezembro de 1997, publicou artigo de Fátima Regina Machado sobre o I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia. Esta mesma informação foi também publicada no PA News, órgão da Parapsychological Association, na sua edição de outubro de 1997.
O Deputado Estadual, Dr. Geraldo Barbosa, no dia 22 de outubro, em sessão da Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, fez o seguinte pronunciamento sobre o Congresso:
Senhor Presidente,
Senhores Deputados.
Pernambuco, orgulhosamente, sediará, no período de 3l de outubro a 2 de novembro deste ano, no Mar Hotel, em Boa Viagem, o I CONGRESSO INTERNACIONAL E BRASILEIRO DE PARAPSICOLOGIA, numa iniciativa arrojada e pioneira do INSTITUTO PERNAMBUCANO DE PESQUISAS PSICOBIOFÍSICAS – I.P.P.P. -, uma das mais importantes instituições de Parapsicologia do Brasil e hoje conhecida internacionalmente. O Congresso terá a presidência do Dr. Valter da Rosa Borges, fundador da instituição promotora do evento e um dos mais destacados nomes da Parapsicologia brasileira, cujo trabalho vem projetando o Estado de Pernambuco como um dos pólos de estudo e investigação parapsicológica em âmbito internacional.
Trata-se de um evento da maior importância cultural e científica para o nosso Estado, pois contará com a participação de renomados parapsicólogos nacionais de Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Paraná e Santa Catarina, e estrangeiros: Estados Unidos, Rússia, Portugal e Argentina. O temário do Congresso revela o alto nível científico das conferências, abordando questões teóricas das mais alta complexidade e projetos de pesquisa de relevante valor tecnológico.
A Parapsicologia é uma ciência que, embora ainda em formação como reconhecem os próprios parapsicólogos, constitui, apesar disto, uma das disciplinas científicas de maior envergadura experimental na investigação da mente humana.
Mesmo carente de recursos financeiros para desenvolver as suas atividades de ensino e de investigações científicas, o INSTITUTO PERNAMBUCANO DE PESQUISAS PSICOBIOFÍSICAS – I.P.P.P. – que, em janeiro do próximo ano completará 25 anos de existência, vem desenvolvendo um trabalho extraordinário no campo da fenomenologia paranormal, apenas sustentado pela abnegação e obstinado idealismo do Dr. Valter da Rosa Borges e de sua competente equipe de parapsicólogos.
Sempre atento às realizações do INSTITUTO PERNAMBUCANO DE PESQUISAS PSICOBIOFÍSICAS – I.P.P.P. – e à importância da Parapsicologia no mundo moderno, venho, sempre que possível, dando o meu irrestrito apoio ao trabalho incansável e pioneiro do Dr. Valter da Rosa Borges e de sua valorosa equipe. E por isso, consegui aprovar uma emenda ao art. 174 da Constituição de Pernambuco, incluindo, naquele dispositivo constitucional, a obrigação do Estado e dos Municípios de prestarem assistência social ao superdotado e ao paranormal. Soube, posteriormente, que esta inovação legislativa teve profunda repercussão na comunidade parapsicológica internacional, como um acontecimento inédito e de alta relevância institucional à Parapsicologia.
Não poderia, assim, a Assembléia Legislativa de Pernambuco se calar perante um evento de tão alta significação para Pernambuco, visto ser o Poder Legislativo o termômetro das mais legítimas aspirações e necessidades populares, entre as quais se inclui o desenvolvimento cultural e científico do Estado. Por isso, srs. Deputados, o mínimo que esta Casa poderia oferecer a esta valorosa instituição é um voto de congratulações e aplausos pela realização deste importante Congresso que honra e dignifica as tradições culturais e científicas do nosso Estado.
A Carta do Recife
Um dos grandes momentos do Congresso foi a assinatura, pelos parapsicólogos presentes ao evento, da Carta do Recife, após a sua discussão e aprovação. Nesse histórico documento, vertido em português e inglês, reconhece-se a necessidade da formação de uma comissão internacional com a finalidade de apresentar à comunidade dos parapsicólogos de todo o mundo uma proposta de unificação da nomenclatura da Parapsicologia, a aprovação do Dia Internacional do Parapsicólogo, mediante consulta àquela comunidade e apelo aos parapsicólogos e Instituições de Parapsicologia de todo o mundo, no sentido de adotar as medidas cabíveis, segundo a legislação de seus respectivos países, para a legalização da profissão do parapsicólogo.
Os parapsicólogos entrevistados na manhã seguinte ao término do Congresso, teceram os seguintes comentários sobre o êxito do evento:
Stanley Krippner:
“O congresso foi um sucesso e atingiu o seu objetivo de trazer ao Brasil o mundo científico da Parapsicologia. O número de participantes foi expressivo. Considero que as demonstrações que ocorreram como a de Jacques Andrade foram adequadamente colocadas, como um evento a parte e realizado em dependências distintas do Congresso e após seu encerramento. Achei importante que questões como psicoterapia em parapsicologia não fossem abordadas em um primeiro congresso, justamente por ser questão ainda muito controversa. Os participantes de língua inglesa tiveram ótimos tradutores, os trabalhos foram traduzidos para o inglês e os participantes de língua espanhola também estiveram a vontade. As instalações e o atendimento foram excelentes.”
Wellington Zangari:
“O Congresso marca o início de uma revolução na parapsicologia brasileira. Pela primeira vez nos encontramos, pessoas de várias partes do mundo no Brasil, discutindo num nível bastante elevado, e próximo. Acho que esse Congresso representa o início não só de uma discussão empírica que nos faltava mas uma tentativa das teorizações que podemos apresentar. Nos congressos anteriores dos trabalhos brasileiros possam ser também empiricamente testados, assim eu saúdo os colegas do IPPP. Meu muito obrigado.”
John Palmer:
“Antes de mais nada o congresso foi um sucesso e teve realmente um sabor internacional.”
Donadrian Rice:
“Foram bons os trabalhos apresentados, a hospitalidade foi marcante. Fico feliz pelo trabalho que tem sido feito pela parapsicologia no Brasil e pela oportunidade de maior colaboração entre estudos transculturais. Muito obrigado!”
Edwin May:
“Participei de muitos congressos internacionais e este está entre os melhores. Gostei da variedade de abordagens, muitas diferentes das que tenho realizado, e para mim foi uma aprendizagem. Pretendo incorporar alguns dos assuntos que aprendi em diversas sessões em minhas pesquisas. Sugiro que nos próximos congressos haja algum tempo para grupos com pontos de vista similar, sobre assuntos de campo específico, ou de pesquisa. O Congresso comprovou e até excedeu a reputação do Instituto.”
Com a realização do I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia, os membros do IPPP passaram a ser conhecidos em outros países. O Jornal de Parapsicologia, de Portugal, de setembro de 1997 (Ano V, nº 41) publicou artigo de Ronaldo Dantas Lins Filgueira, intitulado A Fotogênese sob o Ponto de Vista da Teoria Quântica. E Jalmir Freire Brelaz de Castro teve dois trabalhos publicados em periódicos estrangeiros: o primeiro, no Jornal de Parapsicologia, de Portugal, de outubro de 1997 (Ano V, nº 42) e intitulado Pesquisa de Experiências fora do Corpo com Estudantes Universitários no Brasil e o segundo na Revista Argentina de Psicología Paranormal, vol. 9, Número 1 (33), de janeiro de 1998, sob o título Experiencias fuera del Cuerpo: una Encuesta sobre Estudiantes Universitarios en Brasil.
O IPPP realizará o XXI Simpósio Pernambucano de Parapsicologia conjuntamente com o I Seminário Palmarense de Parapsicologia no dia 22/11/2003, na Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul- FAMASUL.
Eventos nacionais
O Instituto participou oficialmente, do II Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica (Rio de Janeiro, 1979), do III Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica (Rio de Janeiro, 1982) e do IV Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica (Brasília, 1985) pelos conferencistas Valter da Rosa Borges e Ivo Cyro Caruso. Do I Simpósio Brasileiro de Parapsicologia, Medicina e Espiritismo (São Paulo, 1985) e do VI Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica (Pará, 1987) por Valter da Rosa Borges. E, finalmente das Primeiras Conferências Eclipsy de Parapsicologia (São Paulo, 1990) por Valter da Rosa Borges e Ivo Cyro Caruso.
Eventos internacionais
Em 1996, o IPPP participou do Primer Encuentro Iberoamericano de Parapsicología, realizado em Buenos Aires, Argentina, temo como conferencistas oficiais Valter da Rosas Borges, Ivo Cyro Caruso, Ronaldo Dantas Lins Filgueira e Jalmir Brelaz de Castro. Além dos conferencistas, a comitiva do I.P.P.P. foi integrada pelos parapsicólogos Selma Maria Duarte da Rosa Borges, Terezinha Acioli Lins de Lima, Júlia da Silva Caruso, Isa Wanessa Rocha Lima, Maria Salete do Rêgo Barros Melo, José Roberto de Melo e Leonardo Lessa, e os concluintes do Curso de Pós-Graduação em Parapsicologia, Amaro Geraldo de Barros, Lígia Monteiro, José Fernando Pereira da Silva e José Eldon Barros de Alencar.
Em 1997, Jalmir Brelaz de Castro fez conferência na 40ª Convenção do Parapsychological Association (PA), em Brighton, Inglaterra, realizada, em conjunto com a Society for Psychical Research (SPR) no período de 7 a 10 de agosto.
No ano seguinte, Jalmir Brelaz de Castro e Amaro Geraldo de Barros foram conferencistas oficiais do III Encuentro Iberoamericano de Parapsicologia, realizado em Buenos Aires, Argentina, de 13 a l5 de novembro. Isa Wanessa Rocha Lima se fez representar no referido evento.
Eventos especiais
Em abril de 1999, conjuntamente com a recém-fundada Sociedade Internacional de Transcendentologia, o IPPP promoveu o I Seminário Internacional de Pesquisas Psíquicas e Transcendentais (Brasil – EUA), da qual participaram os parapsicólogos pernambucanos Erivam Félix Vieira, Guaracy Lyra da Fonsêca, Isa Wanessa Rocha Lima, Jalmir Brelaz de Castro, José Roberto de Melo, José Fernando Pereira, Ronaldo Dantas Lins Filgueira, Terezinha Acioli Lins de Lima e Valter da Rosa Borges, e os norte-americanos Dr. Ian Wickramasekera (físico), Dr. Stanley Krippner (parapsicólogo) e Dr. Daniel Halperin (antropólogo). Neste Seminário, Stanley Krippner, Ian Wickramasekera e sua esposa Judy realizaram, no apartamento onde o casal estava hospedado, no Mar Hotel, testes com Jacques Andrade e “Pai Eli”, utilizando, pela primeira vez no Brasil, um instrumental tecnológico, extremamente versátil, para medir parâmetros orgânicos dos agentes psi em vigília e em estado alterado de consciência. Os resultados dos testes ultrapassaram a expectativa daqueles pesquisadores que foram assessorados por Valter da Rosa Borges, José Fernando Pereira da Silva, Jalmir Brelaz de Castro e Pacífico Silva de Andrade, que filmou todo o experimento.
Em dezembro de 2001, o IPPP e a Sociedade Internacional de Transcendentologia realizaram o XIX Simpósio Pernambucano de Parapsicologia e o I Seminário Brasileiro de Pesquisas Psíquicas e Transcendentais na Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Curso de Metodologias em Parapsicologia na Internet
O IPPP participou do Curso I, Metodologias em Parapsicologia, criado e coordenado pelos parapsicólogos Nancy L. Zingrone (EUA) e Carlos S. Alvarado (Porto Rico) e promovido pela Associação Iberoamericana de Parapsicologia, através da Internet, no período de 30 de março a 12 de julho de 1998. Foi criada uma Website para a publicação e discussão dos trabalhos a fim de que os participantes do Curso pudessem fazer seus comentários sobre os mesmos.
O Curso foi dividido em oito módulos ou classes e, além dos dois coordenadores, contou com treze líderes: Alejandro Parra (Buenos Aires, Argentina); Vera Lúcia Barrionuevo O’Reilly Cabral e Tarcísio Roberto Pallú (Curitiba, Brasil); Valter da Rosa Borges e Jalmir Brelaz de Castro (Recife, Brasil); Fátima Regina Machado e Wellington Zangari (São Paulo, Brasil); Brenio Onetto-Bächler (Santiago do Chile); José Raúl Naranjo Muradas (Santiago de Cuba); Moisés Asís (Miami, Florida, Estados Unidos); Eugenio Ledezma R. e Ramón Monroig Grimau (Querétaro, México); e Maria Luísa Albuquerque ( Portugal).
Além dos líderes, cada grupo foi constituído de outros participantes. Somando coordenadores, lideres e participantes, o Curso contou com a participação de 98 parapsicólogos.
Atividades pedagógicas
Em 1974, o Instituto realizou o I Curso de Estudos Paranormais. Era o embrião do futuro Curso Básico de Parapsicologia que se iniciou oito anos depois, nos meses de janeiro, março, maio, julho, setembro de novembro, com grande afluência de alunos.
O reconhecimento nacional do nosso trabalho pela Parapsicologia brasileira nos levou, em meados de 1987, a adotar as primeiras providências para criar o Curso de Pós-Graduação (lato sensu) Especialização em Parapsicologia, visando a formação do parapsicólogo e a constituição de uma comunidade científica com alto nível de qualificação profissional.
Em apoio a essa iniciativa, a então Delegada Regional do Ministério de Educação, em Pernambuco, Profa. Creuza Aragão, designou o Prof. Luiz Augusto Rodrigues da Cruz para orientar o IPPP na criação do referido Curso, tarefa que foi cumprida em curto espaço de tempo e com o êxito esperado.
Em 1988, o Instituto ministrou o primeiro Curso de Pós-Graduação em Parapsicologia com uma turma constituída de alunos graduados nas mais diversas áreas acadêmicas, como vem acontecendo até hoje. A partir daquela data, o IPPP passou a conceder o título de parapsicólogo somente a quem fosse aprovado naquele Curso, porém admitindo essa concessão, em circunstâncias especialíssimas, às pessoas que comprovassem notório saber em Parapsicologia.
Cursos de Parapsicologia em Universidades
Em 1976, a convite da Fundação de Cultura da Paraíba – FUNCEP e com o apoio da Universidade Federal da Paraíba, ministrei um Curso de Parapsicologia naquela instituição de ensino, de 15 a 17 de outubro. A imprensa local deu grande destaque ao evento e o jornal A União, de João Pessoa, na sua edição de 9 de outubro, entrevistou-me a respeito da Parapsicologia e do aludido Curso.
A convite da Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, pronunciei uma série de palestras na I Semana de Estudos sobre Parapsicologia (19 a 23 de março de 1979) e na II Semana de Estudos sobre Parapsicologia (de 21 a 25 de janeiro de 1980).
Ainda a convite daquela Universidade, ministrei Cursos Básicos de Parapsicologia no 4º Festival de Inverno (de 12 a 31 de julho e de 12 de setembro a 10 de outubro de 1981), no 5º Festival de Inverno (de 12 a 16 de julho de 1982) e no período de 10 a 29 de julho de 1983.
O interesse pela Parapsicologia permanecia em alta na UNICAP. Tanto assim que ministrei um Curso de Extensão em Parapsicologia, com carga horária de 60 (sessenta) horas, promovido pela Pró-Reitoria daquela Universidade, conjuntamente com o IPPP, e que se realizou no período de 19 de março a 18 de junho de 1984.
Mais dois Cursos Básicos de Parapsicologia foram realizados por mim naquela Universidade: de 13 a 17 de agosto de 1984 e de 5 a 21 de julho de 1985, por ocasião do 8º Festival de Inverno.
Em 1996, o IPPP promoveu, na Universidade Federal de Pernambuco, um Curso de Extensão em Parapsicologia, de 23 a 26 de setembro, e um Seminário de Parapsicologia nos dias 25 e 26 de novembro, no Centro de Ciências Biológicas daquela instituição.
Novamente, em 1997, o Instituto realizou um Curso de Extensão em Parapsicologia no Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, de 3 a 7 de fevereiro.
Projeto de Interiorização da Parapsicologia
Em 1991, o IPPP começou a expandir o seu Curso Básico de Parapsicologia para outros municípios. Erivam Félix Vieira, iniciando o Projeto, realizou dois Cursos Básicos de Parapsicologia: o primeiro, no Município de Vitória de Santo Antão, nos dias 19 e 20 de abril deste ano, para alunos e professores daqueles Municípios e dos de Gravatá e Escada; e o segundo, no Município de Maraial, nos dias 25 e 26 de julho, também dirigido a professores e alunos deste Município e das cidades vizinhas de Jaqueira e Catende.
Ainda neste ano, no Município de Jaboatão dos Guararapes, o IPPP promoveu dois Cursos Básicos de Parapsicologia, ministrados por Terezinha de Acioli Lins, no auditório do Colégio Souza Leão, em Candeias, de 11 a 18 de maio e de 23 a 30 de novembro.
No mês de outubro de 1992, Ronaldo Dantas realizou um Curso de Parapsicologia e Hipnose em Aldeia, Distrito do Município de Camaragibe, Pernambuco.
Em 2003, o IPPP realizou um mini-curso de Parapsicologia, ministrado por Erivam Félix Vieira e Ronaldo Dantas Lins Filgueira, na I Sexta-Feira de Artes e Ciências da Mata Sul, promovido pela Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul, no município de Palmares, em Pernambuco.
Outros cursos
Além dos Cursos Básicos e de Pós-Graduação em Parapsicologia, o Instituto vem promovendo, desde 1983, os chamados cursos paralelos, abordando temas relevantes nas mais diversas áreas do conhecimento, assim como em seus aspectos multidisciplinares, tais como Parapsicologia e Medicina, Parapsicologia e Física, Hipnose, Parapsicologia e Hipnose, Fenomenologia Religiosa, Parapsicologia e Religião, Parapsicologia e Espiritismo, Introdução à Mitologia Grega, Introdução ao Pensamento Grego e Filosofia e Religião.
Conferências & Mesas Redondas
Parapsicólogos do IPPP realizaram palestras e participaram de mesas redondas em Universidades, Faculdades isoladas e instituições científicas.
Em 1984, fiz uma palestra intitulada “Fenomenologia da Morte e Aspecto Científico da Sobrevivência” à luz da Parapsicologia, na Academia Pernambucana de Medicina.
Em 1985, realizei duas conferências: “Parapsicologia” na Faculdade de Filosofia do Recife – FAFIRE; e “Parapsicologia e Espiritismo”, no I Ciclo de Palestras, em Maceió, sob o título Espiritismo e Universidade em Debate, promovido pela Pro-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Alagoas e pela Federação Espírita do Estado de Alagoas. Geraldo Fonseca Lima, na Faculdade de Filosofia do Recife – FAFIRE, fez uma palestra intitulada “Parapsicologia e Hipnose”. E ainda neste ano, o IPPP promoveu, na Universidade Católica de Pernambuco, uma mesa redonda que discutiu o tema “Aspectos Práticos dos Fenômenos Paranormais.
Em 1987, fiz uma palestra sob o título de “Fenômenos Paranormais na Proximidade da Morte” no Curso “O Homem diante da Morte”, promovido pelo Centro de Psicologia Hospitalar e Domiciliar.
Em outubro de 1988, Ronaldo Dantas Lins participou do VIII Congresso Norte-Nordeste de Hipnologia e I Congresso Potiguar de Hipnologia, realizados em Natal, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com a palestra “Parapsicologia e Hipnose”.
Em 1990, Terezinha Acioly Lins de Lima realizou duas palestras na Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (FACHO), intituladas “Fenomenologia Psi: Caracterização” (maio) e “A História da Parapsicologia” (outubro).
Em 1991, fiz uma palestra sobre “Direito e Parapsicologia”, na Escola Superior da Magistratura e Ronaldo Dantas abordou o tema “Parapsicologia e Hipnose”, no IX Congresso Norte-Nordeste de Hipnologia e Sofrologia, realizado no Mar Hotel, em Maceió, Alagoas.
Em 1992, conferência de Terezinha Acioli Lins, sob o título “Parapsicologia como Ciência e a Profissão do Parapsicólogo”, na Faculdade de Direito de Caruaru, Município de Caruaru, Pernambuco.
Em 1993, apresentei um trabalho intitulado “A Criatividade, a Superdotação e a Paranormalidade” no V Encontro Técnico: Aspectos Éticos e Estéticos no Campo das Altas Habilidades, promovido pelo Departamento de Psicologia e Fonoaudiologia da Universidade Católica de Pernambuco, pela Secretaria de Educação de Pernambuco, através de seu Departamento de Educação Especial, pela Secretaria de Educação Especial do MEC e pela Associação Brasileira dos Superdotados, realizado no auditório daquela Universidade. Também fiz uma palestra sobre Parapsicologia, na IV Semana de Atualização em Psicologia, na Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (FACHO), promovida pelo Departamento de Psicologia daquela instituição e com o apoio do Conselho Regional de Psicologia.
Em 1994, Terezinha de Acioli Lins palestrou sobre “A Parapsicologia no Mundo: Histórico e Discussão” na Faculdade de Odontologia de Caruaru.
Em 1996, fiz duas palestras: a primeira sobre Parapsicologia na Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (FACHO) e a segunda no Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, sob o título “Parapsicologia, uma Nova Visão da Realidade”.
Em 1997, realizei conferência sobre Parapsicologia, no Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco e duas outras, na Academia Pernambucana de Ciências, abordando o tema “A Personalidade na Investigação Parapsicológica”. Ronaldo Dantas Lins Filgueira falou sobre Parapsicologia para uma turma do 4º período do Curso de Estatística da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Isa Wanessa Rocha Lima fez uma palestra que intitulou “Introdução à Parapsicologia”, para a turma de Teologia da Universidade Católica de Pernambuco. E Terezinha Acioli Lins, também nessa Universidade, conferenciou sobre o tema “Parapsicologia: Nova Visão da Realidade”, no Curso de Letras, cadeira de Teologia.
Em 1998, pronunciei uma palestra intitulada “Os Limites do Conhecimento sobre o Conhecimento – a Parapsicologia e os Fenômenos Psigâmicos”, para os alunos de Mestrado do Curso de Administração da Universidade Federal de Pernambuco. Isa Wanessa Rocha Lima falou sobre “Poltergeist” para alunos do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (FACHO). À noite, naquela Faculdade, eu, Ronaldo Dantas Lins Filgueira e Isa Wanessa Rocha Lima fizemos uma mesa redonda sobre Parapsicologia, dirigida ainda aos alunos do Curso de Psicologia.
A Escola Pernambucana de Parapsicologia
A chamada Escola Pernambucana de Parapsicologia se iniciou, quando, no I Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, em 1983, postulei uma epistemologia parapsicológica, afirmando que o “conhecimento paranormal possui características especiais que o distingue, nitidamente, dos demais processos gnosiológicos e se origina de outras fontes que não aquelas do conhecimento normal, ou seja, a sensação e a razão.” Afirmei que a telepatia e a clarividência não são modalidades, mas fontes externas do conhecimento paranormal e que a precognição é, na verdade, uma característica daquele conhecimento. Admiti a existência de uma fonte interna da gnosiologia paranormal a que denominei de criptomnésia. Defini o conteúdo do conhecimento paranormal como “a informação não redutível ao conhecimento consciente ou a manifestação de aptidões ou habilidades não resultantes de prévio aprendizado” E alertei que “o que determina a paranormalidade de um fenômeno aparentemente psigâmico não é a sua manifestação formal, mas, sim, o seu conteúdo.”
Carlos Alberto Tinoco, no seu livro “Parapsicologia e Ciência. Origens e Limites do Conhecimento Parapsicológico” (Ed. Ibrasa, São Paulo. 1993) comentou e apoiou a minha proposta epistemológica para a Parapsicologia, apresentada em 1985, no IV Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica, realizado em Brasília. Neste mesmo ano, no III Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, eu e Ivo Caruso apresentamos um novo modelo para a Parapsicologia, de cuja elaboração também participou Ronaldo Dantas Lins Filgueira. O Modelo Geral da Parapsicologia (MGP) estabeleceu definições, postulados e um novo método e glossário para a fenomenologia paranormal.
No X Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, Ronaldo Dantas Lins Filgueira apresentou o trabalho intitulado “Reflexões sobre o Modelo Geral da Parapsicologia”, onde propôs modificações ao Modelo original. E, no I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia, na sua conferência “Teoria Parapsicológica Geral”, propôs uma axiomática dos fenômenos paranormais, baseada no modelo holotrópico.
A Escola Ibero-Americana de Parapsicologia
Em reunião realizada em 19 de novembro de 2000, no Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, com a presença dos parapsicólogos Valter da Rosa Borges, Ronaldo Dantas Lins Filgueira, Guaracy Lyra da Fonseca, Jalmir Freire Brelaz, José Renato Barros, Isa Wanessa Rocha Lima e do argentino Naum Kraimer, foi fundada a Escola Ibero-americana de Parapsicologia, que se assentou sobre os seguintes fundamentos:
1 – Estabelecer que o objeto de estudo e pesquisa da Parapsicologia é o fenômeno parapsicológico não se devendo mais utilizar os termos fenômeno paranormal ou fenômeno incomum da mente humana. Também, por sua inutilidade, é excluído o vocábulo epicentro para designar o agente psi nas manifestações de “poltergeist”.
3 – Manter a classificação oficial dos fenômenos parapsicológicos aprovada no I Colóquio Internacional de Parapsicologia, ocorrido em Utrecht, na Holanda, em 1953, e proposta por Thouless e Wiesner.
3 – Adotar a nova proposta epistemológica, apresentada pelo Prof. Valter da Rosa Borges, por ocasião do I Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, em 1983, em que a precognição não é mais considerada fonte, mas sim, característica do conhecimento psi.
4 – Utilizar os métodos quantitativo e qualitativo para a realização das investigações parapsicológicas, de conformidade com o tipo de pesquisa realizada.
5 – Valorizar os trabalhos teóricos, com elaboração de modelos e teorias que possam ser testadas experimentalmente.
6 – Reafirmar a autonomia da Parapsicologia, defendendo-a contra qualquer tentativa de reducionismo a qualquer outra ciência e estimular a sua interdisciplinaridade com as diversa áreas do conhecimento.
7 – Definir que a área de atuação profissional do parapsicólogo deve ater-se a três campos bem definidos: a) magistério; b) pesquisa; c) aconselhamento.
8 – Adotar oficialmente o termo Agente Psi para indicar o se humano de produz ou vivencia um evento parapsicológico.
9 – Rever criticamente todo o processo histórico da investigação da fenomenologia parapsicológica.
10 – Adotar o Baralho Zener modificado, conforme proposta do Prof. Ronaldo Dantas Lins, no ano de 1989, no VII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia.
11 – Criar um Periódico (Revista ou Jornal) de Parapsicologia para publicação dos teóricos e práticos da Escola, bem como as suas realizações.
Infelizmente, com a morte recente de Naun Kreiman, a implantação da Escola ficou praticamente inviável.
Convênios e projetos
Em 1987, o IPPP firmou convênio com a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco visando à execução do Projeto de Atendimento Integrado ao Aluno Paranormal e/ou Superdotado, o qual foi cancelado, meses depois, pelo novo Governo do Estado.
Neste mesmo ano, fiz uma palestra intitulada “aplicações práticas da aptidão paranormal no campo das investigações policiais” no curso de aperfeiçoamento para 122 delegados de polícia, médicos e peritos da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco. E, dias depois, eu e Ivo Cyro Caruso apresentamos um painel sobre técnicas de pesquisa em Parapsicologia, no I Curso de Aperfeiçoamento Técnico Policial – Nível Médio – promovido por aquela Secretaria. Em razão do interesse da polícia civil pelos aspectos práticos da Parapsicologia, eu e Maury Ribeiro da Silva tivemos uma audiência com o então Secretário de Segurança Pública de Pernambuco, General Evilásio Gondim, e firmamos um acordo verbal de cooperação mútua, mediante o qual os casos sugestivos de fenômenos paranormais que fossem comunicados às Delegacias de Polícia do Grande Recife seriam, de logo, encaminhados ao IPPP para as necessárias investigações.
Para formalizar esse acordo de cooperação mútua, o IPPP, dias depois, apresentou ao Secretário de Segurança Pública do Estado de Pernambuco o Projeto de Investigação e Treinamento em Parapsicologia nas Atividades de Polícia cujos objetivos eram: a) a investigação de casos de “assombrações”, “fantasmas” e outros acontecimentos insólitos do mesmo gênero, que sejam comunicados às Delegacias de Polícia do Estado de Pernambuco; b) a preparação da Polícia Civil de Pernambuco para a utilização adequada dos recursos parapsicológicos na investigação alternativa de crimes misteriosos e na localização do paradeiro de pessoas desaparecidas.
O General Evilásio, entusiasta do Projeto, chegou a enviar circular às Delegacias de Polícia, determinando que “todos os casos de assombrações, fantasmas ou outros semelhantes, fossem investigados por especialistas”. Maury Ribeiro da Silva, representando o IPPP, compareceu a diversas Delegacias de Polícia da Capital a fim de explicar detalhadamente a estratégia de trabalho a ser adotada a partir da assinatura do convênio.
Com o pedido de exoneração do General Evilásio Gondim, o novo Secretário de Segurança Pública, Dr. Almeida Filho assegurou que o projeto do IPPP seria reativado e informou que uma equipe técnica estava estudando a possibilidade do convênio. Infelizmente, essa equipe técnica jamais concluiu seu estudo e o projeto ficou esquecido.
Entre outros projetos elaborados pelo Instituto se destacaram: a) Prospecção de Recursos Minerais e Hídricos por Meios Alternativos de Radiestesia; b) Assistência aos Paranormais de Pernambuco c) Assistência Parapsicológica nos Hospitais Estaduais de Pernambuco.
Atividades culturais.
Em 1986, criei, no IPPP, o Seminário dos Múltiplos Saberes, um fórum de debate permanente em todos os campos do conhecimento humano. Esse Seminário contou com a participação das figuras mais importantes da intelectualidade pernambucana e, por ser aberto ao público, suas sessões eram bastante concorridas.
Na edição de 12 de janeiro de 1992, do Diário de Pernambuco, o jornalista Manoel Barbosa, na seção Ciência & Tecnologia, destacou o Seminário dos Múltiplos Saberes como um valioso veículo de diálogo interdisciplinar entre pessoas das mais diversas áreas do conhecimento humano, não só no campo da ciência, mas também da filosofia, da religião e das artes. No seu artigo intitulado Múltiplos Saberes, disse o jornalista:
“Grupos e pessoas estão trabalhando no Recife na disseminação de um novo tipo de saber. É um movimento não institucionalizado. Nem sequer tem consciência de que é um movimento ou uma corrente de pensamento. Caracteriza-o uma abertura incondicional e desmedida, sem limites; não há proselitismos, doutrinações, personalismos. Todo esforço enquadra-se no que a pensadora norte-americana Evelyn Ferguson chama de “conspiração de Aquarius”; uma gigantesca corrente transcultural, transnacional, anarco/espiritualista e holística e onde cada pessoa (independente de idade, ideologia ou crença) contribui à sua maneira e de forma natural sem ter a menor consciência de estar participando de uma revolução conceitual.
Um dos núcleos onde esse novo tipo de saber informal , mas real, vai ser exposto de forma mais sistemática é o Seminário dos Múltiplos Saberes. É uma idéia do parapsicólogo Valter Rosa Borges, criador e presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas. Ele teve esse pensamento ao constatar uma brecha no ensino acadêmico que, entregue aos seus próprios problemas estruturais, não tem tido fôlego para abarcar a ampla variedade de novos conceitos derivados dos desdobramentos de pesquisas em várias áreas.
“É uma idéia que, agora, estamos consolidando” revela Valter. Seu propósito é promover palestras e cursos com especialistas e estudiosos de diversos campos. Está pretendendo, por exemplo, desencadear o processo em fevereiro, programando, entre outras, palestras com o professor Attilio Dall’Olio sobre o tema “Física e Sociedade” e o médico Fernando Antônio que vai abordar “Morte – Uma Nova Abordagem Médica”.
Por “múltiplos saberes”, Rosa Borges entende o conhecimento não especializado, empírico e fundamentado nas novas realidades da sociedade. Isso o ensino formal não tem explorado em função de suas limitações e filosofia. Nos seminários, os palestrantes serão pessoas integradas ao saber acadêmico, porém com uma visão mais eclética – holística. E esses especialistas, que têm muitas vezes inibições na cátedra, amarrados aos enquadramentos curriculares, poderão soltar-se e dar um curso mais livre às suas ilações, embora sem derivar para especulações exóticas.
Participa ainda do projeto o parapsicólogo Ivo Caruzo, também do Instituto. Assim como Valter Rosa Borges, ele tem se esforçado para depurar a pesquisa do paranormal de todo conteúdo mágico, mesmo sem deixar de estudar a magia como fenômeno psicossocial.
Entendo que esse movimento pode ser a partida para eventos de grande envergadura. Pernambuco tem compensado sua fragilidade econômica com uma atividade intelectual muito rica, a ponto de se impor, por esse aspecto, nacional e internacionalmente. Nas vésperas do Terceiro Milênio e no contexto de uma nova conjuntura, com a mudança de paradigmas em praticamente todas áreas – na ética/comportamental, inclusive -, estão rompendo-se as barreiras das disciplinas científicas e do conhecimento, impondo-se um saber mais abrangente e fortemente interdependente. E o Estado não deve ficar à margem dessa aventura da informação.
Pernambuco já pagou muito caro pelo acervo da cultura dos bacharéis. Os tempos são outros, qualitativamente diferentes. O conhecimento tende a ser o produto de maior valor, tomando o lugar do brasão acadêmico formal. Reunir as cabeças mais afinadas com os novos tempos e, a partir delas, gerar correntes de pensamento identificadas com o mundo de amanhã, certamente terá reflexos positivos na formação da massa crítica indispensável a uma sociedade moderna.
O Seminário dos Múltiplos Saberes tem uma credencial toda especial: é uma iniciativa particular, forjada pelos mais salutares propósitos e impulsionada pela dinâmica do ideal. Como respaldo, há o currículo dos que estão à frente do empreendimento.”
Desde a criação do Seminário dos Múltiplos Saberes, o Instituto vem desenvolvendo atividades culturais no campo das artes e da literatura. Este ano, inaugurou o Espaço Cultural IPPP, com a finalidade de promover encontros literários e artísticos, lançamento de livros e exposição de desenhos, pinturas e fotografias. Na solenidade de inauguração, lancei o meu mais novo livro de poesias “Meditações do Entardecer” e minha esposa, Selma Rosa Borges, promoveu a sua primeira exposição de pinturas, intitulada “Em Busca da Arte”.
Por iniciativa de Maria da Salete Rego Barros Melo, reuniram-se escritores e artistas pernambucanos no Espaço Cultural IPPP para apresentação de seus trabalhos, evento este que passará a ocorrer trimestralmente no primeiro sábado do mês, no horário das 16 às 18 horas.
Comentários sobre o IPPP.
Em 1985, o trabalho do Instituto foi reconhecido fora do Estado, quando, na Folha Espírita do mês de janeiro, Karl W. Goldstein, (pseudônimo de Hernani Guimarães Andrade) em artigo intitulado “As Sociedades de Pesquisa Psíquica”, considerou o IPPP como uma das melhores instituições de Parapsicologia no Brasil.
No ano seguinte, a Câmara Municipal do Recife aprovou o Requerimento no 263, de 25.03.86, do Vereador Mauro Ferreira Lima, consignando voto de congratulações pelos relevantes serviços prestados pelo IPPP, no campo da investigação científica dos fenômenos paranormais, ao Estado de Pernambuco. E a Assembléia Legislativa de Pernambuco aprovou o Requerimento no 2.909, de 11.04.86 do Deputado Ribeiro Godoy e o Requerimento no 2.960, do Deputado Hugo Martins, consignando votos de congratulações pelos relevantes serviços prestados ao Estado pelo IPPP.
Como a única instituição de Parapsicologia no Nordeste brasileiro e uma das mais importantes e antigas do país, as décadas do IPPP. não passaram despercebidas.
Na sua edição de 24 de dezembro de 1982, o Diário de Pernambuco publicou matéria sobre o 10o. aniversário do Institituto a comemorar-se no dia 1o. de dezembro de 1983. E, em 1993, a Assembléia Legislativa de Pernambuco aprovou o Requerimento nº 6.006, de 15.09.93, do Deputado Geraldo Barbosa, consignando voto de congratulação pela passagem dos vinte anos de fundação do IPPP.
Em 22 de maio de 1989, o Jornal do Commercio transcreveu um artigo de Luísa Meireles, de Lisboa, a qual destacou as atividades do Instituto no campo das investigações parapsicológicas.
Em 1992, a Revista Brasileira de Parapsicologia, no seu primeiro número, publicou a História do IPPP e assim se expressou no seu Editorial:
“Na seção Nossa História, o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas conta seus avanços e desafios. O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – I.P.P.P. – foi convidado a contar sua história em primeiro lugar tendo em vista ser um dos grupos mais antigos que atuam no campo no país, o que lhe dá o caráter de pioneirismo. Em segundo lugar pelo reconhecimento de que é um grupo que realmente funciona. As críticas que por ventura tenhamos em relação a certos pressupostos desse instituto são insignificantes frente à grandiosidade das verdadeiras conquistas em elevar a Parapsicologia ao nível que merece neste país. Assim, o convite se expressa como homenagem e carinho aos integrantes do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – I.P.P.P. -.”
Em 1998, na Revista Argentina de Psicología Paranormal, vol. 9, Número 1 (33), de janeiro deste ano, o parapsicólogo argentino Alejandro Parra, Diretor da Revista, no seu artigo “Comentarios, Breves Notas sobre la Parapsicologia en Brasil”, assim escreveu:
“Escribiendo estas breves lineas me interesaría destacar «highlights» de la actividad parapsicológica en Brasil revisando aquel los estudios que -a mi entender- resultan sumamente atractivos debido a sus implicaciones para la sociología de lo paranormal. En el futuro los parapsicólogos brasileros necesitarán escribir un libro (o una serie de articulos) que introduzca al lector al desarrollo de la parapsicología en Brasil, su historia, sus principales características, y sus aportes al conocimiento científico general de la naturaleza de psi. Este libro aún busca un autor. Sin embargo, aunque estas notas no pretender valorar criticamente estas actividades, podrán de todos modos resultar útiles para aquel interesado en visitar Brasil y conocer muchos de los grupos que dedican tiempo y esfuerzo a este campo, enfatizando el resultado de uno de los encuentros parapsicológicos que yo tuve ocasión de participar, celebrado durante los días 31 de Octubre al 2 de Noviembre de 1997 en la ciudad de Recife, en el estado de Pemambuco, al nordeste de Brasil. Por ello, y en parte en agradecimiento a toda la gentileza expresada por el grupo organizador, el Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofisicas (IPPP) coordinado por el veterano parapsicólogo nordestino Valter da Rosa Borges, me obliga a escribir este breve artículo respecto al trabajo de los parapsicólogos de habla-portuguesa de aquella región.”
Após fazer um estudo minucioso das atividades parapsicológicas no Brasil, destacando pessoas e instituições, Parra teceu as seguintes considerações sobre o I.P.P.P.:
“El Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofisicas fundado en 1973 por Valter da Rosa Borges, se ha convertido en un centro de actividad nacido en el nordeste del Brasil. Borges y Caruso (1986), y Borges (1992) han señalado la importancia de construcciones teóricas para una interpretación del fenómeno psi, y han estimulado a sus colaboradores ha seguir esta línea.
Cuadernos de Parapsicología, em seu nº 4, Ano 32, de dezembro de 1999, sob o tema “Aporte a la Segunda Reunión Iberoamericana para la Promoción y Realización de Investigaciones Científicas en Parapsicología” publicou artigos de Geraldo Sarti e Naum Kreiman, que opinaram a respeito das atividades parapsicológicas, notadamente no Brasil e na Argentina.
Geraldo Sarti assim se expressou:
Por otra parte, Pernambuco concentra varias actividades experimentales, constituyendo actualmente el principal núcleo de investigaciones de laboratorio y de campo. El Instituto Penambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP – sostiene desde hace tiempo un curso de posgrado en Parapsicología, formando profesionales y cientificos muy calificados en el área.
Por sua vez, Naun Kreiman, na sua proposta para uma bibliografia básica para a investigação experimental, asseverou:
“En la Argentina, podemos citar las obras de Naum Kreiman: “Curso de Parapsicología”, el “Manual de Procedimientos Experimentales y Estadísticos en Parapsicología, y por ahora el primer tomo de “Investigaciones Experimentales en Parapsicología”. Estos libros unidos a los propuestos por los colegas brasileños, podrían constituir ya un buen respaldo bibliográfico, como por ejemplo: “Psicons”, del Dr. G.S. Sarti, “O Tempo e a Mente” del Dr. Horta Santos, “Parapsicologia e Ciência” del Dr. Carlos Alberto Tinôco, “Manual de Parapsicologia” del Dr. Valter Da Rosa Borges. Y en Ingles podríamos mencionar solo dos libros el ”An Introduction to Parapsychology”, de H.J. Irwin, por su clara metodología, y el del Dr. Dean Radin ”The Concious Universe” por la actualidad de algunos temas y sus aportes estadisticos.”
Nas edições de 1998 e 1999, a Asociación Iberoamericana de Parapsicología, no seu Boletin Informativo AIPA divulgou as atividades do Instituto.
Conclusão
Após três décadas de luta, procurando fazer do IPPP um centro de referência, não apenas nacional, mas também internacional, do estudo e da investigação em Parapsicologia, tenho a indescritível satisfação de ver plenamente realizado esse objetivo. Para isso, contei com a inestimável colaboração de abnegados companheiros cujos nomes são constantemente citados neste trabalho. O meu maior empenho foi tratar a complexa fenomenologia paranormal à luz da metodologia científica, contando para isso, na formação do que denominamos de Escola Pernambucana da Parapsicologia, com a colaboração e o idealismo de Ivo Cyro Caruso e Ronaldo Dantas Lins Filgueira.
Por certo, nem todos os fatos da história do Instituto foram aqui relatados. Quase nunca a documentação de uma instituição e a memória dos seus sócios mais participantes são suficientes para resgatar a sua completa biografia. Somente os fatos importantes deixam a sua marca e se preservam através do tempo. Porém, um extenso cotidiano de acontecimentos menores, embora extremamente importantes por sua significação e resultantes de uma convivência solidária, perdem-se irreversivelmente nos obscuros corredores do tempo e da memória. E, a rigor, são estes fatos aparentemente insignificantes que constituem o cimento e os tijolos da construção do objetivo comum.
O IPPP, mais do que uma entidade jurídica, é um estado de espírito e uma experiência de convívio intelectual e afetivo. Ele se visibiliza em cada um dos seus associados, preservando, assim, a sua própria identidade, no decurso de três décadas. É uma herança abstrata que se comunica a cada geração de novos associados. E, enquanto essa sucessividade for preservada o IPPP continuará vivo e cumprindo a missão que lhe foi predeterminada por seus fundadores.
* Este trabalho se fundamentou, em quase sua totalidade, no livro “A Parapsicologia em Pernambuco” (2000), de Valter da Rosa Borges.