Noções sobre Ideoplastia

Guaracy Lyra da Fonseca (outubro de 1990)

INTRODUÇÃO

Procuramos vasculhar sob todos os ângulos dentro do exíguo espaço de tempo disponível para análise do fenômeno psikapa (ideoplastia) tentando moldar uma visão científica e sincera, dentro de nossas possibilidades, menos subjetiva possível.

Inicialmente, definimos e comentamos sobre a amplitude de suas características extremamente versáteis e fascinantes.

Perfilamos algumas hipóteses existentes até então, fornecendo (dentro de nosso entendimento ainda insípido) um leque, diversificado do que pensam múltiplos estudiosos e paranormais sobre o fenômeno em tela.

Selecionamos teorias contidas no livro de Susan J. Blackmore PhD sobe Percepção Extra Sensorial (PES). A mesma é formada em Fisiologia e Psicologia pela Universidade de Oxford (USA), baseado em pesquisas realizadas pela Society for Physical Research, porque tenta dissociar o fenômeno (PES) da Parapsicologia, fornecendo novos subsídios ao nosso IPPP.

Finalmente, procuramos enfatizar o valor intrínseco de Pesquisa e Interpretação do Imaginário através do Simbolismo, próprio e específico de cada APC.

 

DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA IDEOPLASTIA

 

É o fenômeno que consiste no aparecimento de formas tangíveis, geralmente humanas. Schrenck-Notzing, inicialmente cognominou de Teleplastia, Richet denominou de Ectoplasmia e de Ectoplasma à substância. Ectoplastia (Myers – 1904).

Apresenta as seguintes características;

  1. Composição Química: Substância contendo cloreto de sódio, fosfato de cálcio, glóbulos de gordura, Leucócitos e células epiteliais (desprendidas do Agente Psi).
  2. Consistência: Pastosa, viscosa, seca e dura, as vezes fria ou quente, úmida e opaca.
  3. Pontos preferenciais de saída e retorno: Geralmente dos órgãos dos sentidos tais como: nariz, boca, ouvidos, as vezes saem dos seios, órgãos genitais, epigástrio, costas (poros) e dedos.
  4. Cor: Geralmente branca, cinza, negra e fosforescente (mais raro), sendo a cor mais intensa em seu ponto de origem e mais opaca quanto maior for a distância do Agente Psi (AP).
  5. Forma: Variadas, alongam-se, alargam-se, dilatam-se, retraem-se, moldável, as vezes invisível e intangível (Crawford).
  6. Velocidade: Lenta ou rápida, com direções variadas.
  7. Mecânica: Contém força sobre-humana, movendo objetos pesados sem que o AP sofra a pressão.
  8. Sensibilidade; Sensível ao toque, à luz, quando cortado provoca fortes dores no AP, com alterações psicossomáticas.
  9. Reações Psicofísicas: Provoca perda de peso, suor abundante, vômitos, enfraquecimento e relativa perda do Domínio da Consciência.
  10. Analogia:

1º – Aves de rapina da família das Catártidas, que durante a digestão emitem pelas narinas um líquido viscoso esbranquiçado, tudo indicando ser semelhante ao Ectoplasma.

2º – Amebas – Com suas propagações protoplasmáticas.

3º – Protozoários – Emitem pseudópodes para alcançar suas presas e depois são absorvidos em seu próprio corpo (Pseudópodes).

  1. Pressão x Impressão – Geralmente a mão se esvai num aperto; é impressa através da colesterina com estrema finura de parafina (película de 1 mm).
  2. Xenoglossia – Somente dois casos foram constatados falando em língua francesa (Kate Fox).
  3. Deglutição – Só um caso citado em que a imagem tomou água e o AP expeliu pela boca.
  4. Psicografia – A imagem tomou o lápis da mão de um dos participantes e escreveu uma carta (D’Esperance).
  5. Respiração – Ouve-se movimentos respiratórios iguais ao de um vivente.
  6. Intransponibilidade – Não atravessa uma gaze com tramas e urdumes estreitos.
  7. Transformações físicas – Recomposição de orifícios em vestimentas (artificiais).
  8. Condições Ideais x Estimulantes – Álcool, Drogas, Emulação, Hipnose, susceptibilidades, manter o cérebro em branco (não pensar em nada), interesse e vontade de acertar. Segundo Gertrudes Schmeidler “Pode, quem pensa que pode”.
  9. Momento – O AP sabe, mas não percebe o exato momento em que passa a saber, ou seja, não percebe quando o conhecimento lhe penetra no cérebro. O grande revelador psíquico é a Imaginação (Andrade). Inich descreve que a maior dificuldade do momento decisivo num fenômeno (ESP) não estaria no próprio processo de explosão do contínuo “espaço x tempo” pelo nosso inconsciente, mas, no instante de passagem da mensagem adquirida, da zona inconsciente à consciente.
  10. Mimetismo – É uma forma de ideoplastia do subconsciente, onde o instinto de preservação exacerbava o fenômeno.
  11. Imagens mais frequentes – Geralmente formam-se mãos, rostos e corpos mal caracterizados.
  12. Música – Ocorrem casos de tocar com instrumentos fechados e vaguear tocando.
  13. Vozes – Roucas, sendo os itens (t, u, v, w) comentados por Schrenck-Notzing-Geley-Neuman-Mackenzie, inclusive “beijos frios e luminosos”.
  14. Sintomatologia x Fenômenos semelhantes – Cita D’Esperance quando da viagem, por via marítima, avistou um navio com homens no tombadilho de braços cruzados, fitando-a fortemente (pág. 49). Em 1989 estava tranquilo assistindo a TV, de repente faltou imagem e depois de alguns minutos vi uma mulher, mais ou menos simpática de braços cruzados a mi fitar como se quisesse transmitir algo, confesso que fiquei intrigado pela forma inquiridora. Já na página 164 do livro, No Vale das Sombras, D’Esperance comenta que “sentiu uma mão pousando no seu braço, tendo a impressão dos dedos invisíveis tal o poder mágico que me fez desaparecer o medo”. Fato semelhante ocorreu antes de ser operado em Houston-Texas, quando senti uma mão a acariciar minha nuca, tendo também perdido todo o receio.

Convém ressaltar da similitude entre o comentado por D’Esperance e o Drº. J. Mood Jr. Em seu livro “Vida depois da Vida” – “Compreender que os Pensamentos e o Amor são as únicas substâncias realmente positivas”.

 

HIPÓTESES DIVERSAS

  • As Forças Físicas da Mente (Quevedo)
  1. O Ectoplasma é uma condução de Telergia no sentido amplo. No primeiro estágio de condensação, a Telergia é um fluido de uma pequena radiação humana (fenômeno meta-fisiológico), sendo percebido através de aparelhos delicados, quando invisível absorve 75% de radiação dos raios infravermelhos, projetando sombras e chocando-se com corpos sólidos, apresentando-se sempre com alguma finalidade.
  2. A ideoplastia é uma ideia objetiva tendo o Inconsciente a capacidade de moldar o ectoplasma, reproduzindo Imagens.
  3. Existe uma força invisível (energia) psíquica do Inconsciente, esta é que dirige podendo ser uma simples combinação do Acaso e da Imaginação.
  4. Se depreende que os assistentes contribuem para sua formação (polipsiquismo) dirigido pela psicobulia podendo causar Telecinesias.
  • Tratado de Parapsicologia (Sudre)
  1. Quanto mais abundante as informações, tanto mais perfeita é a semelhança, pois a função Teleplástica e a função Metagnômica são, até certo ponto, independentes e o fenômeno que nasce de sua conjugação é bem frequentemente defeituoso.
  2. O estudo de alteração de personalidade nos indica que pode ser atribuído à representação.
  3. A imitação quer espontânea ou sugerida representa nos fenômenos de Ideoplastia o mesmo papel que representa na vida psicológica normal.
  4. Simbolismo – Mesmo quando não têm qualidades artísticas particulares, todos os teleplastos empregam ocasionalmente o símbolo (Ex. Sopro de Eusápia).
  5. As emoções podem criar imagens sobre o corpo humano (Ex. o caso de uma criança se parecer não com seu pai, mas com o primeiro marido da mãe; é uma ideoplastia).
  6. Geley disse que 9/10 das comunicações são ilusórias, são criações do inconsciente.
  7. Tempo x Espaço – O tempo de cada resposta é medido em segundos e fração de segundo, portanto, toda demora representa a presunção de uma associação afetiva.
  • Conceito do Passado – Teoria Bergsonsiana da Memória – As lembranças nascem no momento da percepção. Criada a percepção, sua lembrança se perfila ao seu lado, como a sombra ao lado do corpo não ocupou lugar algum, mas, as percepções são sempre localizadas e preenchem o espaço são ordenadas no tempo, nenhuma delas se perde, das mais insignificantes as mais distantes, são susceptíveis de reaparecer na consciência em certos casos excepcionais, é a Criptomnésia. As lembranças só se apresentam em caso de necessidade para se incorporarem às novas percepções com as quais têm alguma semelhança. A memória fortalece e enriquece a percepção, que por sua vez, atrai para si um número crescente de lembranças complementares. A percepção é sempre colorida de sentimento ou de afetividade. Todos os paranormais desempenham um papel, portanto, há atores perfeitos e os medíocres – Em sua fabricação subliminar a imaginação inconsciente é mais ou menos artística. A evolução seria incompreensível sem a finalidade, porque nos mostra transformação que não se fazem ao acaso, mas parecem responder a uma ideia diretriz. O futuro é um simples desenvolvimento do passado. Adolf Wagner afirmou que “Tudo o que é vivo no homem até a mais simples célula, traz os sinais de funções psíquicas.
  • Panorama Atual das Funções Psi (Andrade)
  1. O homem possui analisadores extra-sensoriais (reflexologia), sendo a energia informativa como um processo de percepção, análise e síntese. Nós sofremos várias influências, tais como força da gravidade (hemodinâmica), do campo de atração lunar (os cardiologistas tributam as crises hipertensivas em época de preamar) e, por conseguinte, nem vemos e nem ouvimos as expressões físicas. Não poderia o pensamento fluir dessa forma? (pág. 267). Como pode um APC efetuar uma varredura em busca de informações de pessoas mortas e objetos que não emitem sinais? (Pág. 268). “Ocorre que existe até ligas que contém informações”. Em que lugar do tempo estas imagens ficariam arquivadas? E em que ponto do espaço se refletiram. A energia nunca é destruída e todo o ser humano a imprime nas coisas que o rodeiam. As marcas dos seus impulsos emocionais (esses impulsos elétricos) impregnam o vapor d’água suspenso na atmosfera e, através dela, aderem as coisas que a tornam depósitos de pensamentos e ideias.
  2. Cada coisa no universo é mutável e Transitória é a Lei da Mutação (Andrew Tomas”,
  3. Hipótese da Inversão da Causalidade (Pascoal Jordan). Determinadas partículas têm o mal costume da imprevisibilidade , fazem antes o que virá depois e deixam para depois o que deveria ter sido feito antes Fissão Nuclear).
  4. Gaston Bachelard afirmou que o méson não é, acontece. É, assim, muito mais uma ideia que um fato. O corpúsculo não passa de um pensamento.
  5. Henry Margenau afirmou que existe campos imateriais embora possam ser equacionados em termos de fórmula quântica – são as interações mecânicas dos Quanta de campos físicos da natureza Psi – com caráter vago e abstrato semelhante ao nosso Psi. Pesquisadores concluíram que todos os campos do universo promovem atração mútua, incluindo aqueles de natureza Psi.
  6. Cyril Burt afirmou que um só e único elétron quando projetado sobre uma tela de metal contendo dois buracos minúsculos, concluiu que a partícula atravessou a tela em dois lugares ao mesmo tempo, sendo partícula e onda, por difusão passará por dois pontos do Espaço e ao mesmo Tempo. Como a luz e as ondas eletromagnéticas, sendo ao mesmo tempo onda e núcleo de energia concentrada.
  7. S. Grishenko afirmou que cada parte de nosso tecido pertence a um programa determinado pela embriogênese. O plasma é um ultragás constituído por partículas eletrônicas super aquecidas e de cargas elétricas independentes. Se essas partículas se chocam, se há grandes velocidades para romper a repulsão de cargas iguais, dois núcleos se fundem, transformando o hidrogênio em hélio com forte liberação de energia (Ex. As estrelas e o Sol são formados de plasma). Em 1944, Grishenko formulou a hipótese de um “Plasma Frio Biológico” encontrado nos seres vivos (5º estado da matéria). Não seria a nossa energia ectoplasmática uma radiação eletromagnética ou uma variação da mesma?
  8. Inyushin acredita que o bioplasma representa o principal elemento estruturado do bio-campo (campo bio-magnético) encontrando-se mais concentrado em volta do cérebro e da medula, sendo que sua atividade depende em grande parte do Equilíbrio Emocional.
  9. Kozyrev afirmou que o tempo é uma forma de energia e, por não propagar-se como as ondas, pode estar imediatamente em todas as partes do mundo tornando-se energia x tempo mais condensado perto do receptor de ação e mais tênue perto do emissor. Explicita que o pensamento pode alterar a densidade do tempo, daí a sua opinião e do Drº. Ronaldo (VIII Congresso) de que presumivelmente em latitudes onde o tempo é habitualmente denso como no extremo Norte a telepatia deverá fluir com mais facilidade, o mesmo acontece em locais com menor densidade demográfica, explica ainda que a densidade do tempo sofre ainda influência da gravidade e da condensação da matéria, ao mesmo tempo em que apresenta os seus sensores de seus instrumentos, um determinado padrão de fluxo.
  10. Gardner Murphy, Presidente da Sociedade Norte-americana de Pesquisas Psíquicas, comenta que no dia em que o homem tiver uma nova compreensão do tempo, entenderá facilmente a “ESP”.
  11. l) Tudo indica ser Albert Einstein o primeiro a ir em busca dessa compreensão ao atribuir ao tempo a responsabilidade de ser a 4ª dimensão. O nosso universo curvo tem uma configuração tetradimensional sob a forma de um “continuum” espaço-tempo, portanto, os acontecimentos, por ser o tempo apenas um fato espacial, perdem suas características de presente, passado e futuro, e o ser quadrimensional veria o suceder dos acontecimentos como um ato contínuo dentro de uma unidade atemporal.
  12. m) Pascoal Jordan era favorável a ideia da 4ª dimensão, afirmando que “Penso que devemos desistir da tentativa de explicar ou situar os fenômenos paranormais dentro de nossa realidade, do nosso mundo tridimensional, conforme nossos estudos de Física, nos ensinaram a admiti-lo”. Devemos adotar uma atitude bem diferente, não esquecendo que o espaço tridimensional não é uma experiência imediata, porém, o resultado de um trabalho anterior de nossa mente de uma precedente concepção daquilo que observamos. Como Zõllner, devemos admitir que o nosso espaço tridimensional está envolto por um outro espaço de quatro dimensões.
  13. n) A Radiônica apoia-se na ideia da ressonância (Sarton-Burr), onde todos os seres do cosmos do macro ao micro, dos mésons aos átomos aos átomos, estão relacionados entre si mais do que se possa suspeitar.
  14. o) Shaffer refere que em todo o talento especial existe um crescimento da superfície exterior do córtex cerebral e a sua construção é mais rica em células, tendo sido comparado tal fato, não raras vezes em laboratórios experimentais no cérebro de cientistas famosos, tendo-se concluído um desenvolvimento maior das secções parietais e temporais com maior número de circunvoluções e dobras, o que lhes aumenta a superfície cortical. A genialidade é uma característica anatômica, influindo diretamente no intelecto; daí conclui-se que no cérebro do paranormal (qualidades inatas) existe congenitamente estruturas especiais

5) Metapsíquica Humana x Pensamento e Vontade (Ernesto Bozzano).

  1. a) O desejo realiza-se na ideia. Coube à Van-Helmont a formulação da teoria de forma x pensamento de ideoplastia.
  2. b) Todo pensamento é um fenômeno da memória.
  3. c) Todos os inventos e descobertas são frutos de imaginação abstração-comparação.
  4. d) Drº Perinaud (Salpetriére) demonstrou que a alucinação de uma cor pode desenvolver fenômenos de contraste cromática de maneira idêntica e mesmo mais intensa do que as produzimos na percepção real da mesma cor (pág. 18).
  5. e) Sugestões Hipnóticas provocam projeções objetivas do Pensamento,
  6. f) Annie Besant e Leadbeater acham que as formas de pensamento não se restringem às imagens de pessoas e coisas, mas atingem concepções abstratas, aspirações do sentimento, desejos passionais que revestem formas características e estranhamente simbólicas (clarividente).
  7. g) O professor Ochorowicz concebe que o pensamento tem faculdades de exteriorizar-se e que as imagens mentais revelam propriedades actínicas , visto impressionarem chapas fotográficas.
  8. h) Drº Durand de Gros designou os principais caracteres de sugestionabilidade, não havendo ligação qualquer entre o plasma e o corpo do Agente Psi.

O pensamento e a vontade são forças plásticas e organizadas. As nebulosas são também ideoplastias criadas pela vontade de um ser consciente infinitamente mais potente do que nós (pág, 123).

A forma ectoplásmica é o modelo-arquétipo sobre o qual são construídas as formas organizadas-desorganizadas correspondentes.

6) Susan J. Blackmore – Psicóloga x Fisióloga, da Universidade de Oxford, PhD (Percepção Extra-Sensorial – ESP e sobre memória). Investigações e pesquisas realizadas pela Society for Physicalresearch.

 

TEORIAS MAIS RECENTES

 

A – Algo deixa o corpo:

  1. Teoria Física (Duplo físico viaja pelo mundo físico).
  2. Teoria do Mundo Astral Físico (um duplo não físico viaja pelo mundo físico).
  3. Teoria do Mundo Astral Mental (um duplo não físico viaja por um mundo não físico, porém, objetivo).

B – Nada deixa o corpo:

  1. Teoria Parapsicológica (Imaginação + PES).
  2. Teoria Psicológica (Teoria de Palmer – Uma Teoria Psicológica).

C – Outras Abordagens:

  1. Teoria Física (Duplo Físico viaja por um mundo físico):

O mundo fora do corpo se assemelha mais a um mundo criado pela mente. A única forma na qual essa teoria poderia sobreviver consistiria em que existe um segundo corpo físico que possuímos mas, que poucos podem ver. O duplo pode deixar o corpo e viajar por si próprio tendo percepção do mundo que o cerca, não pode ser detectado – sendo composto de algum tipo de matéria desconhecida se deslocando por meio de alguma energia, com poder de visão deficiente, com mecânica desconhecida, exceto que não se vale da luz ou de outra forma de energia facilmente descartável (Teoria descartada pela autora).

  1. Teoria do Mundo Astral-Físico (um duplo não físico viaja pelo mundo físico).

Sendo a personalidade o aspecto de uma pessoa física a menos que se modifique essa concepção, não faz sentido parte da personalidade se separar do corpo. Individualidade é um conglomerado de personalidades de autoimagem, de opiniões, de ideias e das recordações do próprio indivíduo, portanto não faz sentido dizer que ela deixa o corpo. Se realmente possuímos alma, não acredita a autora que ela se desloque numa EFP (Experiência Fora do Corpo), consequentemente, Teoria não aceita.

  1. Teoria do Mundo Astral Mental (um duplo não físico viaja por um mundo não físico, porém, objetivo).

 

O mundo fora do corpo é privativo de cada indivíduo ou comum e acessível a todos?

Como os pensamentos poderiam ser combinados uns aos outros para criar um Mundo Astral?

Admitindo-se o princípio de que “os semelhantes se atraem por sua vez se reúnem no Astral”, mas, o que determina a semelhança?

Por que alguns se tornam mais importantes que outros?

A autora revela que a própria arbitrariedade de qualquer decisão deste tipo, revela as bases inseguras da ideia como um todo. Como podem os pensamentos uma vez criados, persistirem independente do cérebro? (armazenamento). H. H. Price, filósofo de Oxford, membro S. P. P., descreveu a hipótese do éter mediúnico. Whately Carington, instalou sua teoria de Telepatia por associação “uma ideia afim é a noção do campo psi”, desenvolvida por W. G. Roll, onde todo o objeto material tem um “campo psi”, desenvolvido ao qual muitas pessoas podem reagir. Em sua mais recente teoria de “Estruturas Psi”, onde ampliou essa ideia. A verdade, segundo Susan, é que “Ninguém sabe com certeza de que modo a memória é armazenada; existem modelos (elétricos, químicos, estruturais e holográficos do processo de armazenamento de memória), mas, nenhum tem aceitação unânime”. Com algum esforço de imaginação, tudo isso poderia ser possível, mas o pior obstáculo, segundo a autora, é de que forma as pessoas conseguem recuperar a informação quando necessário? E como as outras pessoas conseguem observar o mundo Astral de pensamentos? O problema todo consiste na “Codificação”. Cada pessoa tem um sistema de código, porém, se os pensamentos são armazenados no mundo astral, então uma pessoa pode estocá-los ali e outra removê-los e que esta pessoa pode ter métodos completamente diferentes de codificar as informações. Como podem esses pensamentos no plano astral ter o mesmo significado para ela? Portanto, novamente para a autora não tem sentido.

 

  1. Teoria Parapsicológica (Imaginação + PES).

Segundo Tart (em sua Teoria de Alucinação + Psi, explicação) de Inconsciente à Inconsciente, adaptando a uma alucinatória ou onírica à correspondente cena real (164 K, pág. 339). Osis (103 d) compara sua “Hipótese Exossomática” com a ilusão “de viagem mais PES” e Morris (96) equipara s Teoria de que “algum aspecto da individualidade pode se expandir além do corpo, com aquilo a que chama de Teoria do “Estado Psi-Favorável”. Já Palmer (110 a), acredita que atitudes tais como relaxamento, uso de Ganzfeld ou de estímulos não padronizados e os sonos, facilitam sua ocorrência. Há ainda a hipótese do Super-PES. Sabemos muito pouco sobre seus efeitos em laboratório. Afirma a autora que esta teoria nada explica.

 

  1. Teorias Psicológicas (Teoria de Palmer)

John Palmer admite que o fenômeno EFC não é nem virtual, nem realmente fenômeno paranormal, podendo estar relacionado com o fenômeno paranormal, sugerindo que quase sempre ocorre num estado hipnagógico (alteração do conceito que a pessoa tem sobre seu próprio corpo), resultante de redução ou de outra alteração no estímulo dos órgãos auto receptores, alterando ameaçadoramente o conceito de individualidade e ameaça ativa dos processos inconscientes profundos. Esta tentativa de recuperar a identidade se constitui a EFC. É por isto que parece tão real, visto que a mente inconsciente tem de convencer o Ego da nova identidade, de modo a aliviar a ameaça, sendo um dos processos EFC. Outro poderia ser a fuga total através do desmaio. A direção tomada vai depender da situação específica, tanto o Ego como o processo primário se esforçam para recuperar o conceito corporal normal e quando cumprem esta tarefa a contento a EFC termina. Sendo sua teoria neutra no que diz respeito à relação entre cérebro e mente, mas, não se constitui de prova que demonstre separação entre mente e corpo. Para a autora não está claro que a EFC não se torne uma ameaça a integridade do indivíduo e a ansiedade que isso traria. Ela apresenta em si mesmo uma aparente cisão entre mente e corpo. As vezes certas pessoas sentem pavor em não poder retornar para dentro do seu corpo.

 

  1. Teoria Psicológica:

Para Susan a EFC é um Estado Alterado de Consciência (EAC). Tudo aquilo percebido na EFC é produto da memória e da imaginação e durante a EFC a pessoa vivencia mais intensamente a sua própria imaginação do que na vida cotidiana (psique privilegiado). Em qualquer EAC os processos do pensamento e da percepção sofrem mudanças. Condições necessárias para a ocorrência tais como:

  1. Fluxo de imagens expressivas e ricas em detalhes.
  2. Baixo índice de realidade para que as recordações e imagens possam parecer reais.
  3. Redução ou ausência de capacidade de recepção sensorial do corpo.
  4. Manutenção do estado de alerta e do pensamento lógico.

Existe a velha visão, ou seja, a real posição e localização do seu corpo e a nova visão corpórea. A velha posição levará sempre mais vantagem (hábitos, familiaridade), portanto, a nova perspectiva só se mantém desde que a atenção não seja transferida para a “velha perspectiva” e é descontínua, porque qualquer visão incompleta é extremamente efêmera (Estado descontínuo de consciência – Tart), aí, o indivíduo tem a impressão de ser arremessado de volta para dentro de seu corpo. O modelo psicológico da Drª Susan consiste em que a EFC é um estado limitado, de um lado pelo restabelecimento da perspectiva normal de Imagem corporal e do sistema de recepção sensorial e, de outro lado, pelos hábitos de pensamentos que mantém pelo menos temporariamente, a associação entre o Fluxo de Imagens e a situação material.

Como Teste de Modelo temos:

1º Pré-requisitos essenciais: Imaginação viva, suspensão do critério de realidades, pensamento lógico e falta ou negligência para com os estímulos sensoriais.

2º Não vê nenhum motivo pelo qual um visualizador ou verbalizador habitual deve ser importante, ao contrário da capacidade de absorção conforme Irwin demonstrou.

3º Acha possível que certas habilidades específicas e cognitivas, predispõem à EFC (Ex: habilidade de manipular o espaço) e que essas habilidades têm maior aproximação com a EFC do que propriamente a genérica vivacidade da Imaginação.

Oliver, Fox, Sylvan Muldoon, Witerman e Rogo demonstraram que com o aumento das experiências (Treinamento) desprezaram certos conceitos (corpo duplicado, cordão umbilical e o local – quarto familiar), avançando à lugares distantes, levando-se a fazer previsões sobre o relacionamento entre “extensão e frequência”. Croohall explica que a perda momentânea de consciência é o momento entre as duas visões em que nenhuma delas está fixada e em que não existe nada neste intervalo de tempo. Finalmente se houver perda do pensamento lógico e claro, a experiência poderá passar para um estado de sonho. Apesar do ambiente espacial (lugar) ser apenas uma metáfora, há a possibilidade de se construir um mapa multidimensional deste espaço. Serão os planos superiores estados de consciência que envolvem meios de percepção em que a maioria de nós não consegue atingir?

Ela conclui que tirando a EFC do campo de pesquisa paranormal, não havendo possibilidade ou perspectiva de que ocorram fenômenos paranormais de qualquer espécie, durante a EFC – Não sendo incompatível com a ideia de que a EFC é um estado Psico-Indutivo, mas se for verdade, se constitui apenas num aspecto secundário (pág. 308).

 

IMAGINAÇÃO SIMBÓLICA

 

O Drº Gilbert Durand, antropólogo francês, professor emérito da Universidade de Grenoble, fundador do Centro de Pesquisa Sobre o Imaginário (há vinte anos), atualmente na FUNDAJ, no Recife, refere que a consciência dispõe de duas formas de representação na mente: a Direta e a Indireta.

Na Direta a própria coisa parece estar presente na mente (percepção e sensação).

Na Indireta temos que por qualquer razão, o objeto não pode se apresentar à sensibilidade em carne e osso (Ex: lembranças de nossa infância, inteligência de volta dos elétrons em torno de um núcleo atômico ou na representação de um além-morte). Nesses casos o objeto ausente é reapresentado à consciência por uma imagem, no sentido amplo do termo. A consciência dispõe de diferentes graus de imagens. Um signo longínquo torna-se símbolo.

Símbolos Arbitrários indicam uma realidade significada, senão presente, mas sempre representada.

Signos Alegóricos remetem a uma realidade significada, dificilmente apresentável. O símbolo é o inverso da alegoria, sua área é o não sensível em todas as suas formas (inconsciente sobrenatural e supra real), sendo metade de uma representação que faz eclodir um sentido secreto possuindo três dimensões concretas: cósmica-onírica e poética e outra parte de signos alegóricos indiretos, sendo uma espécie de lógica à parte.

Todo simbolismo é uma espécie de Gnose, ou seja, um processo de mediação através de um conhecimento concreto e experimental (pág. 35). A gnose é concentração e desenvolvimento do “Momento etiológico do Mito”. Um ser possui uma infinidade de símbolos com um número limitado de efeitos e causa. A imaginação simbólica é uma negação do NADA da MORTE e do Tempo atuando como restaurador do equilíbrio vital, psicossomático, antropológico e do universo que passa através de um ser que não passa. O autor chega a conclusão que a função da imaginação é, antes de mais nada, uma função de eufemização. A doença é perda da função simbólica. O equilíbrio sócio-histórico de uma sociedade, se assemelha a uma constante realização simbólica, e a vida de uma cultura seria feita dessas Diástoles e Sístoles, mais ou menos lentas, mais ou menos rápidas. Assim como a Psiquiatria aplica uma terapêutica de reequilibração simbólica, a pedagogia dosa com precisão as coleções e as estruturas das Imagens que ela exige para o seu desenvolvimento evolutivo, portanto, a função de Imaginação é dar um equilíbrio biológico, psíquico e sociológico. MALRAUX enfatiza o “Museu Imaginário” como fator de reequilíbrio de toda a espécie humana.

 

CONCLUSÕES

 

1º Tudo indica, pela análise química da substância ectoplasmática, que o ectoplasma seja de origem orgânica.

2º Tudo indica que há a associação de outros fenômenos exacerbantes através do talento do Agente Psi Confiável (APC).

3º Fatores influenciativos, tais como: drogas, bebidas alcoólicas e a hipnose, são predisponentes à eclosão artificial do fenômeno.

4º O treinamento do relaxamento e meditação afloram sensivelmente tais fenômenos.

5º Não ser exclusividade do homem tais ocorrências, pelo menos em parte.

6º Tudo se passa como se existisse uma transcendência igual ou similar ao que ocorre com os sintomas encontrados nos casos de morte clínica aparente (Drº J. Mood Jr.);

7º Os diversos graus de emotividade, associados à imaginação, a memória e ao simbolismo, alargam nossa visão para o encontro de um vasto campo laboratorial a pesquisar.

8º A demora em responde (imagem), nos possibilita aventar a hipótese da existência de uma associação afetiva.

9º A Teoria bergsoniana criptomnésica tem muito em comum com a Teoria da Drª Susan (recente).

10º Há fortes indícios da existência do Polipsiquismo.

11º Desvios psicossomáticos mesclam e falseiam nas pesquisas do fenômeno.

12º São tão intrigantes e fascinantes as hipóteses comentadas neste trabalho, merecendo uma análise acurada e profunda, selecionando-se as mais prováveis e incumbindo aos parapsicólogos existentes discussões e estudos.

13º Concordamos com Bozzano quando diz que o Pensamento e a Vontade são forças plásticas e organizadoras, bem como os desejos realizam-se na ideia que, segundo G. Schmeidler, “Pode quem pensa que pode”.

14º Parece-nos que a sonda exploradora mental da ilustre Drª Susan requer maior amplitude de pensamento, mais específicos, dentro de nossa ciência parapsicológica.

15º Endossamos o pensamento do receptivo e inteligente Drº Profº Gilbert Durand de que a razão e a ciência apenas unem os homens às coisas, mas, o que une os homens entre si é a representação afetiva porque vivida (Império das Imagens). Uma ciência sem consciência, sem afirmação Mítica de uma esperança, imprime um declínio definitivo de toda uma civilização.

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

ANDRADE FARIA, Osval. Parapsicologia Atual das Funções Psi. São Paulo: Atheneu, 1981. pp. 179-186, 249-259, 263-275, 277-282, 295-305.

BOZZANO, Ernesto. Metapsíquica Humana. 3ª Edição. São Paulo: Federação Espírita Brasileira, 1980. pp 123-139.

BOZZANO, Ernesto. Pensamento e Vontade. 7ª Edição. São Paulo: Federação Espírita Brasileira, 1988. p 137.

BLACKMORE, Susan.J. Experiências Fora do Corpo. São Paulo: Pensamento, 1082.  pp. 01-30, 279-308.

DURAND, Gilbert. A imaginação simbólica. São Paulo: Cultrix, 1988. p 111.

D’ESPERANCE, E. No País das Sombras. 5ª Edição. São Paulo: Federação Espírita Brasileira, 1987. p 319.

LEADBEATER, C. W. Os Sonhos. São Paulo: Pensamento, p 1-67.

QUEVEDO, Oscar G. As Forças Físicas da Mente. 8 Edição, São Paulo: Loyola, 1988. Tomo I (pp 222-293; Tomo II (pp 305-350).

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