JOSÉ RENATO BARROS (*)
Uma das maiores dificuldades de se entender e explicar certos fenômenos paranormais, reside no fato de suas principais características se contraporem as atualmente consagradas Leis da Física.
Se estamos aqui, agora, como poderíamos nos aperceber de algo que acontece no outro lado do mundo? Como tomaríamos conhecimento do futuro se no presente que residimos? Ou ainda flutuamos livremente desafiando a força gravitacional?
Talvez seja possível que essas duas grandezas – Tempo e Espaço -“funcionem” intimamente ligadas, porém, sem tomar conhecimento uma da existência da outra, não respeitando, assim, suas imposições. Então, teríamos o mesmo tempo em todos os lugares, esquecido da distância que o separa em um espaço único envolvendo todo o universo no mesmo instante.
Dessa forma, quando analisamos o fato da telepatia, não seria absurdo se o pensamento fizesse uso do próprio tempo, ou espaço, para “locomover-se”; do mesmo modo encontraria nossa percepção a possibilidade de captar acontecimentos separados de nós.
Se atribuíssemos ao tempo a condição de dimensão, todas as coisas teriam sua existência registrada, tanto no próprio tempo, que seria transformado de passado e futuro num único presente, como no espaço, que nada seria além de uma lâmina retirada da coluna desta dimensão, e esta lâmina é que definiria o ‘’momento presente” para o observador. Tal atribuição resultaria na evidência de que a representação passado e futuro, seria mera representação da mente, e que a ocorrência de fenômenos como a retrocognição e a precognição, dar-se-ia na coluna do tempo, ou seja, num presente contínuo.
Mas, para que o tempo pudesse ser útil à realização de tais fenômenos, seria necessário que fosse “algo” como uma espécie de energia, que se apresentaria mais ou menos condensada em determinados lugares, e que, tal densidade, pudesse ser alterada pelo pensamento e pela gravidade (como afirma o Prof. NIKOLAI KOZYREV no livro PANORAMA ATUAL DAS FUNÇÕES PSI, do Dr. OSMARD ANDRADE FARIA).
Nas proximidades dos chamados buracos negros – buracos na mecânica do espaço originados por uma contração estelar – encontraríamos o tempo com uma densidade muito elevada e com o fluxo sempre contrário ao do sentido rotativo do buraco. Se fosse possível modificarmos tal fluxo num sistema giratório causaríamos um bloqueio na ação da gravidade e isso poderia servir como hipótese para a explicação das levitações.
Porém, não seria a fenomenologia parapsicológica de uma explicação mais simples? Não estaríamos sempre criando e procurando modelos que se distanciam da verdade, ou será que tudo realmente se passa dessa forma? Com certeza, a resposta de todas estas perguntas só o tempo nos dará.
(*) Publicado no Boletim Psi de abril de 1985, do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP.