Pesquisa em parapsicologia

Proposta para um modelo de pesquisa experimental grupal ou individual

 

SALETE RÊGO BARROS MELO

 

RESUMO

 

A necessidade desta publicação surgiu decorrente das dificuldades encontradas em se manter um APC (Agente-Psi Confiável) disposto a ser submetido a uma série de testes quantitativos, na sua quase totalidade, cansativos, geradores de uma significativa queda na produção da fenomenologia.

Os laboratórios de pesquisa pecam pelo excesso de técnicas, desprezando a informalidade e espontaneidade, características apreciadas pelos paranormais.

Medir é limitante e os resultados obtidos através de pesquisa, dependem do grau de motivação do pesquisado e da atitude do pesquisador.

O método quantitativo-estatístico-matemático não representa satisfatoriamente o fenômeno paranormal, pois, gráficos e equações não demonstram o que existe de específico em cada fenômeno estudado que, além do mais, está sendo permanentemente influenciado por fatores externos e internos.

A fenomenologia parapsicológica não pode ainda ser definida por um comprimento de onda, determinado com rigorosa precisão, como no caso das cores e dos sons, por exemplo. Inicialmente, só o aspecto qualitativo tem condições de ser avaliado, levando-se em conta uma variada gama de fatores modificadores da fenomenologia.

Propomos aqui uma pesquisa direcionada ao paranormal como indivíduo, não mais como uma peça de laboratório. Quantificar o fenômeno, seria a etapa final da pesquisa, alicerçada no conhecimento do agente psi como parte integrante de uma sociedade, respeitando seus limites, preferências, crenças e costumes.

É necessário que se estabeleçam novos parâmetros para o enriquecimento do paradigma científico vigente.

Segundo Einstein, “Por mais que as proposições da matemática se refiram à realidade, elas não são certas, e por mais que sejam certas, elas não se referem à realidade”.

 

 

ABSTRACT

 

The need of this publishing appeared in consequence of the difficulties in maintaining a Reliable Psi Agent that agrees to be submitted to a series of quantitative tests, tiresome almost always, engender of a significant lowering in the production of the phaenomenology.

The researching laboratories fail by the excess of techniques, paying low attention to informality and spontaniety, caracteristics oppreciated by paranormals.

Measuring is limitant and the results obtained from research depend on the degree of motivation of the patient under research and in the attitude of the researcher.

The quantitative-statistic-mathematical method does not represent satisfactorily the paranormal phaenomenon for graphics and statistics are not able to demonstrate what is specific in each studied phaenomenon, that besides, is permanently influenciated by internal and external factors.

The parapsichological fenomenology can not yet be defined by a length of wave, determined with accurate precision, as in the case of colors and sounds, for example. Inicially, only the qualitative aspect offers conditions to be evaluated, taking in account a varied range of modifiing factors of the phaenomenology.

We propose here a research aiming the paranormal as an individual, no more as a part of a laboratory. Quantifying the phaenomena would be the final period of the research, based on the knowledge of the psi agent as an integrant part of the society, taking in account his limitations, preferences, beliefs and uses.

It is necessary that new parameters be estabilished for the enrichment of the vigent scientific paradigma.

According to Einstein, “For most the mathematical propositions refer to reality, they are not right, and for most they are right, they do not refer to reality”.

 

 

PESQUISA

 

Finalidades:

–        Identificar o APC

–        tentar conhecer e explicar os fenômenos paranormais, ou seja, como e por que ocorrem, quais as suas funções e  até que ponto podem sofrer influências e serem controlados.

 

Característica:

–        o interesse prático, sendo os seus resultados aplicados ou utilizados na tentativa de solucionar os problemas que se apresentam decorrentes da fenomenologia parapsicológica (pesquisa aplicada, na classificação de Ander-Egg).

 

 

Classificação:

Considerando alguns dos aspectos abordados por Perseu   Abramo em seu esquema tipológico, a pesquisa em Parapsicologia será classificada quanto:

 

1 – aos campos da atividade humana ou setores do conhecimento:

  1. a) multidisciplinar
  2. b) interdisciplinar

 

2 – à utilização dos resultados

  1. a) aplicada

 

3 – aos processos de estudo

  1. a) histórico
  2. b) comparativo

 

4 – à natureza dos dados

  1. a) pesquisa de dados objetivos ou de fatos

 

5 – às técnicas e instrumentos de observação

  1. a) observação direta (constatação do fenômeno)
  • pesquisa de campo – observação do fenômeno tal qual ocorre espontaneamente;
  • pesquisa de laboratório – analise do fenômeno em situações controladas, através de instrumental específico e ambiente adequado.
  1. b) observação indireta (consulta bibliográfica e documental, questionários e formulários, entrevistas, testes, história de vida, biografias).
  • Ajudam o pesquisador a identificar e obter dados sobre os quais o suposto agente-psi não tem consciência, mas que orientam o seu comportamento.
  1. b) observação informal
  • Consiste em recolher e registrar os fatos sem que sejam utilizados meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas. O êxito da utilização dessa técnica vai depender do observador, de estar atento ao fenômeno, de sua perspicácia, discernimento, preparo e treino. Apresenta perigo quando o pesquisador se deixa envolver emocionalmente, ou pensa que sabe mais do que realmente aconteceu. A fidelidade, no registro dos dados é fator importantíssimo na pesquisa.

 

6 – aos métodos de análise

  1. a) construção de modelos

 

7 – ao nível de interpretação

 

A escolha do tema:

 

O tema selecionado será enquadrado dentro das aptidões e tendências do pesquisador, assim como o objeto de estudo deverá ser merecedor da investigação e apresentar condições de ser delimitado em função da pesquisa.

Inicialmente, o pesquisador deverá analisar todas as probabilidades, identificando as fontes documentais e bibliográficas que servirão de suporte e os contatos diretos, pesquisa de campo e laboratório a serem realizadas.

 

O pesquisador

 

A pesquisa parapsicológica pode ser realizada individualmente ou em grupo constituído por uma equipe formada por especialistas nas áreas do conhecimento que se fizerem necessárias.

O êxito de uma pesquisa deve-se, principalmente, à maneira como e por quem é conduzida. É necessário que se faça aqui uma distinção entre parapsicólogos com vocação teórica e parapsicólogos pesquisadores. Esses, além do conhecimento teórico, deverão:

 

–        ser possuidores de um perfil fundamentado nas áreas das ciências humanas e sociais;

–        ter disponibilidade;

–        ter tolerância;

–        não ter preconceitos;

–        ter bons conhecimentos de psicologia, sociologia e religião;

–        arcar com as responsabilidades éticas advindas da pesquisa.

 

IDENTIFICAÇÃO DE AGENTES-PSI CONFIÁVEIS NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

 

Inicialmente, a instituição (Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas) fará contato com a Secretaria de Educação e Cultura do Estado, apresentando projeto detalhado, com a finalidade de obter credenciamento para que seja feito o contato direto com a diretoria das escolas.

 

Projeto de Pesquisa

 

I – Curso Básico de Parapsicologia a ser ministrado nas escolas públicas da rede estadual e municipal, dirigido aos professores, pais e demais interessados no assunto, esclarecendo quanto:

 

1 –  ao caráter de utilidade pública da instituição;

2 –  à fenomenologia paranormal (uma visão panorâmica);

3 – à necessidade da identificação do APC na rede pública de ensino, preferencialmente, pela condição sociocultural da quase totalidade dos alunos, sendo este um dos elementos  facilitadores no surgimento da fenomenologia paranormal, aliado à faixa etária em que se encontram;

4 – à reintegração do jovem na família e na sociedade de maneira satisfatória, assim como a possível melhoria do seu rendimento escolar, após identificação e aconselhamento aos paranormais por profissionais competentes.

 

II – Passos a serem seguidos:

 

  1. aplicação do 1º questionário com os alunos e seleção;
  2. aplicação do 2º questionário com os alunos selecionados;
  3. aplicação do teste sociométrico;
  4. anamnese e coleta de outras fontes;
  5. aplicação de testes de laboratório;
  6. análise e interpretação dos dados;
  7. elaboração de relatórios;
  8. início de treinamento e aconselhamento adequados.

 

III – Aplicação dos questionários

 

O 1º questionário será aplicado indistintamente a todos os alunos de 1º e 2º graus. Os primeiros contatos serão feitos através dos professores, inicialmente, conscientizando os alunos da natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de se obter respostas verdadeiras.

 

QUESTIONÁRIO I

 

IDENTIFICAÇÃO DE APC NAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA DE ENSINO

 

ESCOLA_________________________________

Nome do aluno____________________________

Endereço_________________________________

Idade______________ Sexo__________________

Estado conjugal ________________(solteiro, casado, amigado, separado, viúvo, divorciado ou desquitado)

Profissão_________________

Religião__________________ Praticante?______________

 

  1. Com quem mora?_____________
  2. Idade das pessoas que moram com você:____________________________
  3. Tem ou já teve alguma doença séria?_____ Qual?_____________________
  4. Já foi internado(a) em hospital alguma vez?_____ Por que?______________
  5. Toma ou já tomou algum medicamento por tempo prolongado?______ Qual? __________________Por quanto tempo? __________________
  6. Costuma lembrar dos seus sonhos?____________(sempre, às vezes, nunca)
  7. Algum sonho seu já se tornou realidade?________
  8. Já teve a impressão de saber o que outra pessoa está pensando ou sentindo? ______
  9. Já teve a impressão de ver e/ou ouvir pessoas já falecidas ou ausentes?______
  10. Já percebeu pancadas, pedradas, objetos pegando fogo ou vidros quebrando sem causa física aparente?_______
  11. Já previu algum fato antes do seu acontecimento? _______ Contou a experiência a alguém? _______

 

Observação: Se a sua resposta foi afirmativa em algum dos itens de 7 a 11, relate a sua experiência na folha em anexo.

 

O 2º questionário será aplicado com os alunos selecionados no anterior, contendo um maior detalhamento nas questões, enfocando os interesses pessoais, complexos, repressões, motivações e problemas emocionais, assim como o surgimento dos fenômenos descritos no 1º questionário. Será elaborado levando em consideração as respostas obtidas no anterior, no que diz respeito aos aspectos de conduta, traços ou tendências da personalidade de cada um.

 

IV – Sociometria

 

Técnica quantitativa criada por Moreno, a fim de estudar grupos, revelando as posições de cada indivíduo em relação aos demais, que poderá ser adaptada à pesquisa parapsicológica, levando os indivíduos dos grupos pesquisados a demonstrarem um melhor desempenho, desde que, sejam descobertas as atrações, indiferenças ou repulsas intergrupais. Cabe ao pesquisador trabalhar essas relações, integrando da melhor forma o grupo pesquisado. É importante a presença dos professores na aplicação do teste sociométrico.

Depois de obtidas as respostas, os resultados serão representados graficamente através de um diagrama (sociograma), cujo objetivo é identificar as relações entre os membros e a posição de cada um no grupo.

Para a sua construção, os indivíduos são representados no papel por números ou letras e unidos por linhas contínuas. Os indivíduos do sexo masculino poderão ser representados por uma cruz e os do sexo feminino, por um círculo. Os mais votados recebem o nome de “estrelas” e os menos votados, de “quadrados” (lembrando os símbolos do Baralho Zener).

Apesar das limitações do emprego dessa técnica – o receio das pessoas em saber a sua posição no grupo, por exemplo -, ela se adapta bem quanto à sua finalidade, ou seja, identifica o “rapport” estabelecido (mesmo que temporariamente), entre pesquisadores, professores e alunos e possibilita antecipadamente selecionar as “estrelas” e os “quadrados”, dado que poderá auxiliar na identificação do agente-psi, na fase de análise e interpretação dos dados.

 

V – Anamnese

 

Feitas as escolhas (quem trabalha com quem), serão realizadas as entrevistas individuais para que se possa elaborar as histórias de vida – técnica de pesquisa social utilizada por antropólogos, médicos, psicólogos e outros estudiosos -.

A história de vida tenta obter dados importantes relativos às experiências dos indivíduos que possam ter significado importante para o conhecimento da fenomenologia.

O pesquisador, através de várias entrevistas, tenta reconstruir a vida do indivíduo, identificando os fenômenos e conhecendo o seu objeto de estudo, ao evidenciar os aspectos do seu maior interesse. O sucesso do emprego dessa técnica deve-se, principalmente, ao “rapport” estabelecido pesquisador-pesquisado, onde este, deve sentir-se livre para poder se expressar, sem receio da desaprovação ou censura do pesquisador. Daí a importância da elaboração prévia do sociograma.

As entrevistas também serão padronizadas, onde o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido (utilizando formulário). O motivo da padronização é obter dos entrevistados, respostas às mesmas perguntas para que sejam comparadas e seja feito o tratamento estatístico dentro do grupo selecionado de amostragem (alunos de 1º e 2º graus da rede pública de ensino).

 

Algumas vantagens e limitações que poderão advir da entrevista:

 

–        fornecimento das respostas a partir da conduta do pesquisador;

–        formulação diferenciada das perguntas direcionadas a cada tipo de indivíduo;

–        avaliação das reações e atitudes do entrevistado;

–        possibilidade da influência consciente ou inconsciente do pesquisador, pelo seu aspecto físico, atitudes, idéias etc.;

–        disposição do entrevistado em dar informações necessárias;

–        omissão de dados importantes;

–        dificuldade de expressão de ambas as partes.

 

VI – Outras fontes

 

Documentos íntimos (diários, cartas etc.), expressões artísticas (poesia, desenho, pintura, escultura etc.) poderão acrescentar informações valiosas, na medida em que revelam traços de personalidade do autor, que, se bem analisados, trarão subsídios para o desenvolvimento da pesquisa.

 

VII – Participação dos pesquisadores

 

O pesquisador deverá tentar uma participação real na vida dos pesquisados. A observação participante torna o observador um membro do grupo, vivenciando e trabalhando dentro do referencial do observado. É o trabalho qualitativo, onde a espontaneidade surge com a convivência, tornando a pesquisa mais natural. É a partir daí que surgem os melhores resultados e a melhor ocasião para os registros, que são a hora e o local onde as coisas acontecem, sem o perigo da deturpação na evocação dos fatos.

 

VIII – Laboratório

 

A observação em laboratório, que, até certo ponto pode ter um caráter artificial, poderá, dependendo da habilidade do pesquisador, passar a ter um caráter espontâneo, desde que as condições de teste tenham uma conotação lúdica, principalmente quando a pesquisa é realizada com jovens ou adultos com espírito jovial.

 

IX – Testes de aptidão parapsicológica

 

Formulados após a integração pesquisador-pesquisado, os testes serão feitos a partir do Baralho Zener tradicional, com modificações feitas pelo pesquisador, adequando o teste ao pesquisado, baseando-se nos dados identificados anteriormente, referentes à conduta, preferências ou aptidões do agente psi.

Outros tipos de teste serão aplicados, desde os convencionais, até os improvisados, de acordo com a situação que se apresenta. Para efeito quantitativo, será analisado também o aspecto qualitativo, pois, a partir de um determinado número de acertos, a qualidade do pesquisado passa de agente psi para agente psi confiável. Pode-se estimar esta quantidade através de critérios estabelecidos pelo próprio pesquisador, de acordo com o tipo de pesquisa.

É dada ao pesquisador a liberdade de criar e improvisar dentro da pesquisa. Visto ser o caráter da fenomenologia paranormal espontâneo, resultante em muitas vezes de uma catarse, cabe ao parapsicólogo antever a natureza do fenômeno e, com criatividade, conduzir a pesquisa da maneira o mais condizente possível com a realidade do pesquisado.

 

X – Relatório Final

 

Com a finalidade de descrever a pesquisa em todos os seus aspectos, o relatório, além de informar sobre as técnicas utilizadas, apresentará dados, fatos, resultados, recomendações e conclusões.

 

XI – Propostas

 

Identificados os alunos possuidores de aptidão paranormal manifesta, a proposta é:

 

–        fazer um trabalho individual em nível de aconselhamento parapsicológico;

–        fazer a reintegração do aluno no grupo familiar e social, quando necessário;

–        trabalhar o grupo na troca de experiências psi, com assessoramento terapêutico;

–        cadastrar os APC, de acordo com as suas tendências, com a finalidade de inseri-los em um possível mercado de trabalho.

 

XII – Consultas

 

            CERVO, Amado Luiz & BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. Ed. McGraw-Hill do Brasil, Ltda., S. Paulo, 1975.

MARCONI, Marina de Andrade & LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. Ed. Atlas S. A., S. Paulo, 1985.

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