Reflexões sobre o modelo geral da parapsicologia

  1. REPENSANDO O FLUXO PSI

 

Em tese apresentada no I Congresso Nordestino de Parapsicologia e III Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, outubro de 1985, na Universidade Católica de Pernambuco, pelo Prof. Valter da Rosa Borges e Dr. Ivo Cyro Caruso, intitulada   Um Modelo Para a Parapsicologia, definiu-se a função psi como:  O conjunto de todos os elementos circunstanciais que pode produzir o fenômeno paranormal. Segundo esse novo conceito de função psi, os principais conjuntos de elementos circunstanciais se encontram:

  1. A) no Agente Psi (AP).
  2. B) no Meio Psi (MP).
  3. C) no Fluxo Psi (FP).

F(psi) = {(AP), (MP), (FP) }, sendo a função psi , uma função, f, resultado da interação entre os conjuntos de elementos circunstanciais do (AP), do (MP) e do (FP)   .

Como podemos observar, o FP é posto ao mesmo nível de importância que o MP e o FP, para a consecução do fenômeno paranormal.

No nosso entender o FP surge em decorrência da interação entre o AP e o MP e não o inverso.

O AP encontra-se incluso, mergulhado no MP, ou para ser mais exato no Campo psi (CP) (compreendido como  O domínio de ação das atividades superiores do cérebro e que interage com a estrutura energética do espaço ), o que nos faculta interpretar o AP como um ponto (ou conjunto de pontos) deste CP. Ora, para que seja estabelecido um fluxo entre dois pontos quaisquer de um campo, faz-se necessário se estabelecer uma diferença de potencial (DDP) entre estes dois pontos (DDP gravitacional, DDP elétrico, DDP psíquico, etc. ). Uma vez atingida esta DDP, o fluxo se estabelecerá do ponto de potencial mais alto (extremidade emissora) para o ponto de potencial  mais baixo (extremidade receptora), desde que tenhamos um elemento de prova energético/ informacional situado na extremidade emissora (em caso contrário teremos apenas a presença das linhas de força denotando a estrutura do campo). Este elemento de prova adequadamente situado implicará na estruturação de um canal entre dois pontos distintos do CP com o conseqüente surgimento do FP. O elemento de prova energético/ informacional é denominado de carga psi ou elemento de prova psi (EP), constituindo-se em um conjunto de componentes circunstanciais básicos para a deflagração do fenômeno psi. Assim teremos:  f(psi) = {(AP), (MP), (FP)}. AP se diz emissor (APE) quando se encontra na extremidade emissora e receptor (APR) quando se encontra na extremidade receptora do FP.

 

  1. TEORIA DA PERTURBAÇÃO E POTENCIAL PSÍQUICO

 

É importante destacarmos que o AP se encontra em pelo menos uma das extremidades do FP.

Podemos estabelecer a existência de uma hipersuperfície equipotencial padrão (HEP), onde a maioria dos fatos (conteúdos) físicos e psíquicos, referentes ao passado, presente ou futuro encontrar-se-iam estabelecidos e, consequentemente, sem a possibilidade do surgimento de um FP, haja visto que DDP = 0  [1]. Alguns indivíduos sofrem o efeito de uma perturbação v(x), elevando ou diminuindo seu potencial psíquico, passando a situar-se, desta feita, em um potencial superior ao da HEP Hipersuperfície positiva (HP) ou em um  potencial  inferior ao da  HEP  Hipersuperfície negativa (HN) – . O potencial original V (x) foi então decomposto em um potencial de poço quadrado V (x) mais uma perturbação v(x), que comumente é pequena em comparação a V(x). (EISBERG,1979).

Algumas pessoas sofrem esta perturbação por um pequeno intervalo de tempo e/ou com baixa frequência, são os APs não confiáveis. Finalmente, esta perturbação pode perdurar por um longo intervalo de tempo e/ou ocorrer com alta frequência, caracterizando o que definimos como AP confiável (APC).

Quando a perturbação promove uma diminuição de potencial, passando o indivíduo a estabelecer-se em uma HN, estaremos diante de um APR, haja visto que o fluxo energético/informacional se dá da HEP para uma Hipersuperfície Negativa. Se a perturbação promove a elevação do potencial, passando o indivíduo a estabelecer-se em uma HP, estaremos diante de um APE, haja visto que o fluxo energético/informacional ocorre da HP para a HEP.

É necessário destacarmos que o FP não tem que se efetuar, obrigatoriamente, entre a HEP e HN ou HP, mas sim entre dois pontos pertencentes à superfícies equipotenciais com uma DDP não nula entre elas; referimo-nos, entretanto, a HEP por que é raro a existência de um indivíduo em um potencial distinto desta Hipersuperfície (são os APs).

Nesta altura da discussão ocorre um aspecto que mostra a fertilidade do modelo: Dois APC podem não deflagrar o fenômeno paranormal entre si, qual seja, dois AP comprovadamente telepatas, por exemplo, poderiam não estabelecer comunicação telepática entre si, haja visto se encontrarem em uma mesma HN ou HP, portanto com DDP nula e consequentemente sem a formação de um FP.

O conceito de AP depende basicamente da DDP e não do potencial propriamente dito, revelando, assim, a natureza relativa desta conceituação. Assim, se todos os homens sofressem um mesmo incremento (V) de seu potencial psíquico, para mais ou para menos, isto iria implicar apenas numa mudança de HEP.

 

  1. RECONCEITUAÇÃO DOS TERMOS PARAPSICOLÓGICOS

 

          Fundamentado nesta nova linguagem, podemos redefinir os fenômenos paranormais conforme descrito abaixo:

Telepatia: É o fenômeno paranormal em que as extremidades do FP informacional estão, ambas, ocupadas por seres humanas sendo, ao menos um deles , obrigatoriamente, o AP.

Clarividência:  É o fenômeno paranormal em que uma das extremidades do fluxo psi informacional está ocupada por ao menos um ser humano (sendo obrigatoriamente o APR ) e a outra ocupada por um fato (conteúdo) físico.

Telecinesia:  É o fenômeno paranormal em que umas das extremidades do fluxo psi energético está ocupada por ao menos um ser humano (sendo obrigatoriamente o APE ) e a outra ocupada por uma estrutura física.

À página 258/259 da obra   Parapsicologia: Um Novo Modelo ( e outras teses ), do Prof  º  Valter da Rosa Borges e   Dr. Ivo Cyro Caruso, temos:

O Agente psi é simples, quando, para a manifestação da função psi, concorre uma só pessoa.

O agente psi (AP) é complexo, quando, para a manifestação da função psi, concorrem duas ou mais pessoas.

Como analisamos anteriormente, na telepatia há sempre a necessidade de ocorrência de pelo menos dois indivíduos, um na extremidade emissora e outro na extremidade receptora e, desta maneira, na telepatia o AP seria sempre complexo. Entendemos que este não foi o sentido que se desejou dar a expressão e, portanto, para um melhor entendimento, redefinimos os conceitos supra citados da seguinte forma:

AP simples:  Quando, para a manifestação da função psi, concorre um e somente um AP.

AP complexo:  Quando, para a manifestação da função psi, concorrem ao menos dois AP, quer em apenas uma extremidade (como por exemplo em algumas telecinesias, em que não só o AP principal mas também os assistentes concorrem para  a deflagração do fenômeno ) quer em ambas (no caso da telepatia em que nenhuma das extremidades do FP situar-se na HEP).

Como vimos anteriormente, o AP encontra-se mergulhado no MP, o que implica na estrutura somática do AP fazer parte do MP. Assim, da definição de fluxo exopsi   é a forma do FP em que o AP, nas suas relações com o MP, exterioriza ou recolhe conteúdos informacionais ou energéticos (BORGES,1986) se deduz que esta forma do FP pode ter como extremidade  receptora o próprio corpo do AP; é o que ocorre :

  1. A) na parassomatização, em que um comunicado psigâmico é convertido em modificação fisiológica no organismo do receptor;
  2. B) no dermografismo (surgimento de sinais, letras, palavras, símbolos em geral na epiderme do AP, através da irritação cutânea), inclusive por sugestão telepática, produzida por APC, como Olga Kahl;
  3. C) na transfiguração;
  4. D) na levitação.

Na página 258 da obra Parapsicologia: Um Novo Modelo (e outras teses), encontramos a seguinte afirmação:  Raríssimas pessoas apresentam alta probabilidade de atuar como agente psi (AP). Por isso, as designaremos de agente psi confiável (APC). As demais, apenas eventualmente, poderão funcionar como agente psi.

 

  1. ABORDAGEM MATEMÁTICA DO FLUXO PSI

 

De tudo o que foi analisado, fica claro a existência de uma vizinhança da hipersuperfície equipotencial padrão HEP (δ), tal que: Se P = (x1, x2, …, xi,…,xn) é um ponto qualquer do CP, δ Î R e d é uma métrica, teremos HEP (δ), = { P: d(P,HEP) < δ }, sabendo-se que d (P,HEP) = Min. d(P,P’) , onde  P’ Π HEP.

Esta vizinhança constitui um hipervolume padrão, no qual encontramos a maioria das pessoas, havendo um FP de baixa intensidade e frequência entre elas; devido a ocorrência deste mini-FP é que, de um modo geral, as pessoas poderão passar ao menos uma vez na vida por algum tipo de experiência paranormal . O APC é aquele indivíduo que permanece fora deste hipervolume por um tempo relativamente prolongado ou sofre ”perturbação” que o ”retira” deste hipervolume com relativa frequência.

Podemos determinar a intensidade do FP utilizando-se o Teorema da Divergência , de Green ou de Gauss-Ostrogradsky, que consiste no seguinte:  Seja R uma região que possa ser dividida em um número finito de regiões simples e sejam L, M, N funções contínuas com derivadas primeiras contínuas em R. Então  teremos que

 

∫ ∫ ∫R        →

(div F) dV =

 

∫ ∫ ∫S →   →

(F . n) dS

 

Esta integral é o fluxo do campo F. Podemos determinar o Fluxo Psi (FP) da seguinte forma:

 

   

FP =

 

∫ ∫S      →   →

(CP . n) dS

 

Onde S é uma hipersuperfície equipotencial e n é um vetor perpendicular a esta hipersuperfície.

 

  1. CONCLUSÃO

 

Desta maneira, podemos notar que a abordagem dos fenômenos paranormais, através da Teoria de Campo, é promissora e possibilita a percepção de detalhes importantes para a compreensão dos mesmos e introduz uma terminologia matemática que torna mais claro e preciso os conceitos e princípios da Parapsicologia.

A compreensão dos fenômenos relacionados a uma diferença de potencial permite perceber as diversas variedades de resultados obtidos quando trabalhamos com casos concretos, principalmente quando todos os envolvidos são paranormais.

Também destacamos que o Fluxo Psi, apesar de ser muito importante para a consecução do fenômeno paranormal, é uma consequência, e não causa, da interação entre o Agente Psi e o meio psi.

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

ÁVILA, G. S. S. Cálculo III – diferencial e integral. Brasília: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1979.

 

BORGES, V. R. & CARUSO, I. C. Parapsicologia: Um Novo Modelo (e outras teses). Recife: FASA, 1986.

 

EISBERG, R. M. Fundamentos da Física Moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1979.

 

 

 

[1] Esta HEP é referencial.

Compartilhe: