Guaracy Lyra da Fonseca (julho de 1990)
INTRODUÇÃO
O fenômeno existente na caixa preta, para melhor ser entendido e quiçá, futuramente esclarecido a luz da ciência, em parte, é necessário retroagir no tempo (isto, com a colaboração de cientistas em várias especialidades), a fim de se tentar assimilar todas as fases em que o “Psiquê” sofreu inúmeras transformações, até o ser humano atual e, em perspectiva, plotarmos estatisticamente nossa evolução, dando-nos um entendimento racional, inclusive, de novos fenômenos paranormais, com o auxílio participativo de computadores programados especializados,
Entendi, a priori, que deveria iniciar este modesto trabalho pela evolução do homem, para depois desenvolvê-lo dentro da visão científica (brilhante) dos modelos atuais do I.P.P.P. – efetuando tênues comentários dentro da novel percepção estudantil, tecendo uma forma embrionária de abordagem aceitável de diversos autores, face ao que foi ministrado, estudado e deduzido.
EVOLUÇÃO DO HOMEM
A formação intelectual do ser humano deriva de evoluções contínuas, lentas, progressivas, ascendentes, desde a formação do universo, há 20 mil milhões de anos, da formação do Sol e da Terra há quatro bilhões e quinhentos milhões de anos e da humanidade há um milhão de anos. Experiências laboratoriais provam que certas moléculas, unidades de matéria viva, podem ser formadas a mil milhões de anos, quando a Terra era um planeta jovem e que existem moléculas nos organismos vivos presentes nas mesmas proporções das do passado. As bactérias já existiam mil milhões de anos sendo verdadeiras fábricas químicas com milhares de produtos diferentes. Os primeiros animais multicelulares primitivos eram de corpo mole e as células individualizaram-se adquirindo funções especializadas no seio de suas colônias, advindo a formação do tubo digestivo, o tecido rijo da pele, sensoriais, para o esboço dos olhos, nariz e orelhas. Surgem as primeiras criaturas de corpo rígido (exoesqueleto) antepassados da lagosta, estrelas do mar e insetos (sem cérebro).
Primeiro Grande Salto Diferencial.
Há dezenas de milhões de anos surgiram os peixes com cérebro (presume-se uma elaboração anterior de caracteres de inteligência. Porém, há 50 milhões de anos uma só variedade de peixes deixaria as águas (crossopterígeos) contendo uma mente só de estímulos do presente com sequências programadas e automáticas (uma forma semelhante ao do sistema fechado). Após 25 milhões de gerações houve uma transição para os anfíbios, antepassados dos sapos e rãs formando-se em seguida o réptil.
Segundo Grande Salto Diferencial.
A evolução da inteligência surgiu com os mamíferos, havendo a possibilidade de que os répteis mamimeriformes possuíssem traços rudimentares do amor e carinho parentais. Em seguida, o seu tamanho corporal foi bastante reduzido para o de um rato (possível programação informativa genética de defesa). Eram os verdadeiros mamíferos noturnos. Pequenos, mas com a semente da grandeza. Isto há cento e oitenta milhões de anos atrás. Olhos diminutos, focinhos longos (olfato e audição desenvolvidos), sangue quente com cérebros grandes que armazenavam recordações, o pensar, o planejar com respostas flexíveis às condições climáticas. Daí um odor podia vincular à mente uma emoção vivida, deduzindo-se que para sobreviver associam-se a maior poder de memorização e planificação, com o cérebro queimando dez vezes mais energia do que o corpo. Novas estratégias de comportamento conferem flexibilidade (hibernação). O sentido do olfato por ter sido o primeiro a se desenvolver tem ligação direta no córtex cerebral.
Terceiro Grande Salto Diferencial.
A visão veio acelerar enormemente o desenvolvimento cerebral, recebendo uma figura enviada pelo olho sob a forma de sinais elétricos no córtex visual, onde as células nervosas são ligadas entre si formando “circuitos” que procuram formas significativas e confrontam-nas com formas antigas armazenadas na memória; se houver concordância, outros circuitos enviam sinais para os centros superiores, dizendo: sabemos o que é e agora diga-nos o que significa. Cada conjunto celular contém um esquema específico, A luz que incide sobre os olhos gera sinais elétricos nas células da retina. Pesquisas realizadas em cérebros de macacos deduziram que no neurônio dito complexo responde a uma linha situada em qualquer parte do seu campo de visão. Já os neurônios hiper complexos, respondem quando o seu campo de visão, contém duas linhas que se encontram para formar uma aresta ou um canto de uma figura qualquer, a fim de consolidar uma imagem geométrica e poder ser transportada (mensagens para as regiões do córtex visual), eles respondem também pela determinação da cor, distância, profundidade e movimento.
Segundo Robert Jastrow, físico da NASA, em seu livro Tear Encantado (O poder das transformações reside da natureza (pág. 94)). Será que a evolução do olho seja produto do acaso? E evolução de inteligência resultado de irrupturas casuais ocorridas nas células cerebrais de nossos antepassados e daí por diante? Alguns acham que radiações provocaram tais evoluções. A superfície pregueada do córtex cerebral abrange os centros superiores da “Abstração e planificação, de memória, da linguagem e da aprendizagem”.
Quarto Grande Salto Diferencial.
A transformação das patas em mãos (há 30 milhões de anos) complementando o novo mundo visual, tátil e tridimensional no símio, indo habitar as florestas da África, transformando-se Australoptecos afarensis, migrando para as savanas, evoluindo para o Homo erectus.
Quinto Grande Salto Diferencial.
O Homo erectus possuía cérebro maior, alguns com imaginação (seleção contínua) donde conclui-se que a habilidade incita a sabedoria e vice-versa (Feed Back positivo). A laringe evoluiu produzindo sons claros, dando uma maior conotação para evolução do cérebro (dimensão por empatia recíproca entre dois sistemas emissores e receptores).
Sexto Grande Salto Diferencial.
Há dois milhões de anos atrás produziam instrumentos de corte e de defesa. O hipotálamo, parte do cérebro velho, fonte das emoções, da ira, ansiedade, terror, centro da agressão, da matança ou da resposta tipo luta ou foge, tendo um forte efeito em nossa personalidade. Regiões vizinhas ao hipotálamo quando estimuladas, provocam desejo sexual e a vontade de comer e beber. Parece existir duas mentalidades: ancestral, por baixo do córtex cerebral (os instintos) e a razão, residindo no diencéfalo. O tálamo atua como o centro das mensagens provenientes de todos os sentidos, exceto do olfato. Interessante notar que, em caso de “stress” é o hipotálamo (cérebro velho) que envia mensagens para o coração para que este acelere a pulsação e ao estômago para que interrompa a digestão e liberte para os músculos necessários e fuga de stress.
SIGNOS – SÍMBOLOS E MITOS
Eis que surge o grito e com ele a eurritmia respiratória do nosso nascimento (inspiração profunda), expiração elementar e expressão consequente. Isto quer dizer, que todo homem deve expirar para agir e que toda ação é um dom de si; e que a reserva de força (energia) por nós utilizada desde o primeiro instante é uma reserva criadora e de comunicação, ou seja, todo ser humano é um complexo de gestos e o corpo um conjunto dos mesmos. Chegamos à analogia dos gestos que se prolonga e faz a mimese da formação de um hábito à sua compreensão, redundando no nascimento dos símbolos ou experiência comunicada. Seu conhecimento pela memória chega ao processo de decifragem da mensagem expressa, formando-se a percepção de forma simbólica. Todo fato cultural é um fato simbólico. Segundo Ana Viegas, “Até que ponto a nossa linguagem é um ritual esquecido ou relegado?”.
Toda palavra é um símbolo e o conceito de equivalência se expressa pelos mesmos. Nada há na inteligência que não tenha passado antes pelos sentidos, senão a própria inteligência que estabelece o primeiro plano de apreensão dos signos. Já dizia Plínio: É por meio do Espírito que se vê.
A Psicologia contemporânea chama isto de projeção. Cada nova mensagem é interceptada por um crivo de referências estritamente pessoais. Através da supra impressão compreende-se melhor a natureza retroativa das imagens. Revivendo para toda percepção nova, uma sensação antiga instintivamente reaparecida. Em síntese, nada se compreende sem uma de nossas recordações. Já dizia Platão: Nosso conhecimento depende de uma reminiscência. Toda sensação faz retornar à superfície da consciência um esquema mental esquecido, um signo correspondente a uma impressão já experimentada. Os signos preenchem o hiato que se abre entre a sensibilidade e a inteligência. Hans Von Bulow diz que no começo, todo gesto e todo movimento aritmético desde o início tornaram-se ritmados pela repetição. Os indivíduos das sociedades animais comunicam-se entre si graças a sinais diversos (Exemplo: as danças informativas das abelhas, os sinais em ultrassom e odoríferos das formigas. Os 114 sinais sonoros que se transmitem os corvos e os grunhidos emitidos pelos delfins). A intencionalidade só se observa no ser humano (caráter informativo ou comunicativo). A riqueza de nossas lembranças e nossas experiências eleva-nos à função de poeta criador, de uma cultura vivida nutrida de sensações e de signos aceitos. , recebidos de nossos ancestrais e transmitido à gerações futuras. Nosso narcisismo nos estimula a integrar tudo que vemos como reflexo do nosso Eu. Temos o registro cósmico (3 dimensões do espaço) nos canais semicirculares no ouvido interno. O primeiro instrumento foi seu corpo e, sobretudo, a sua mão. Daí um terço (1/3) do cérebro lhe foi consagrado, dando-lhe uma sensibilidade superior polivalente. A linguagem talvez em função de menor número de objetos existentes naquela época, atingia uma gama maior de conteúdo. O antigo árabe clássico, por exemplo, possuía mais de cinco mil palavras referentes ao camelo. A teoria do gesto (René Guenon) postula a reintegração de continuidade de todos os níveis de um mundo que a Física Quântica apresenta como dominado pelo descontínuo. Há, pois, identidade entre símbolo e o rito, foram as técnicas mais antigas (cesteiro, oleiro, ferreiro, lavrador) que permitiram o desenvolvimento da linguagem, portanto o vocabulário de cada língua é artesanal. A inteligência é uma escolha contínua (cálculo das probabilidades); origina-se do verbo latino cogitare “agitar juntos”, inteligere “escolher entre”, putare “cortar, talhar”, donde vem o sentido calcular, contar, pesar. Tanto mais vaga é a palavre , mais evoca semelhança de forma, de cor ou de gesto. Quase todas as nossas ações (Simone Weil) simples ou eruditas são aplicações de noções geométricas. Procedimentos tais como: extensões, regressões, exclusões, convergências, conexões (geometria intuitiva) é a base de nosso pensamento. Daí, do gesto ao símbolo, nosso pensamento utiliza sempre uma simples analogia topológica. A verdadeira chave do Simbolismo figurativo é aquele que o homem utilizou os elementos da natureza para exprimir as concepções do espírito (analogia entre o micro e o macrocosmo). Todo gesto executado é afetado pelo coeficiente de emoção e cada zona do espaço é afetada de acordo com o prazer, o temor que suscita os obstáculos ou as felicidades que comporta. O complexo hereditário nos leva a atribuir um valor diferente: a direita, a esquerda, para cima e para baixo. O hemisfério esquerdo contém a zona da linguagem e o direito preside a ação. Sem essa dissimetria original não teria existido vida (Pasteur).
A cosmografia transformou-se numa tipologia.
Noção de Número
Admite-se que um primitivo de talento teve noção de número ao considera-lo como repetição cumulativa de um mesmo objeto (início da aplicação das teorias do conjunto).
Toda ocupação cotidiana era um ritual. Ainda hoje quando tiramos o chapéu ou beijamos a mão de alguém por cortesia, repetimos um rito, antes sagrado (símbolo transformado em hábito).
A escrita (40.000 anos atrás) é um símbolo de linguagem falada e também simbólica (2º. Grau).
Mito e rito são de fato expressões complementares de um mesmo destino, sendo o rito com o seu aspecto litúrgico e o mito a sua realização através dos episódios de uma história vivida. Todo pensamento se confirma tão artesanal quanto a mão. Toda expressão é superficial ainda quando pretende revelar a essência. O símbolo lança uma ponte que vivifica sua aparência como a representação do ator, transforma as palavras que ele pronunciou em sentimentos experimentados. Informando, deformamos em nós o fenômeno e da mesma forma quando tentamos expressá-la.
Existem tantas unidades quanto consciências. Toda expressão é pessoal e não vai abolir as outras possíveis.
TEORIA DA COMUNICAÇÃO E PARAPSICOLOGIA
Comunicar é transferir uma informação; portanto, informar é definir uma expressão. Na abordagem cibernética temos o esquema básico composto de: Emissor, Canal e Receptor. Canal é o meio de transporte da mensagem, que é constituída de símbolos e sinais. Portanto, o esquema de comunicação se completa mediante análise da fonte ao destino, bem como dos ruídos existentes neste percurso. Sistema é um conjunto de oposições e sínteses funcionais. A comunicação envolve um sistema e para que a mensagem seja interpretada, deve existir um “Repertório comum”. Informar é uma incerteza (ou notícia) contida numa mensagem.
A Teoria da Comunicação preocupa-se em identificar as partes específicas e compreender como elas se relacionam com o Sistema de Comunicação. A mensagem deve ter o máximo de redundância e máxima originalidade, porém, cada uma dessas ações opositoras jamais se realiza efetivamente em grande parte pela liberdade de escolha do repertório em forma de código pelo Emissor.
Em relação a Teoria da Comunicação e Parapsicologia, o problema fundamental reside na complexidade da percepção que se opera a nível inconsciente; os signos (Pierce) são representativos, mas não os sinais e as coisas reais – eles são apenas meros indicadores, funcionam como referencial da coisa ou para uma coisa ou está direcionada. No campo aleatório existe o espaço amostral que é figurativo de um resultado particular inerente a algum fenômeno e a previsibilidade. O modelo científico atual, instituído pelo I.P.P.P. tem, até então, designado um conceito sistêmico centrado no cérebro do Agente Psi (AP) a nível inconsciente – considerando-se tempo e espaço, levando-se em consideração uma abordagem científica dentro dos problemas (Técnico – Precisão, Semântico – Exatidão, fidedignidade) e dentro do conceito transclássico, Shannon e Weaver determinaram que o Emissor é o operador e o Receptor é o comutador.
Pelo postulado da Invariância (conservação da mensagem) observa-se um homeomorfismo através dos testes telepáticos e de clarividência que os leva a formular uma psi-topologia. Daí existir por pare do paranormal a necessidade de um longo e eficiente aprendizado, que em síntese é uma arte e não uma aplicação da ciência-exata.
TEORIA DA INFORMAÇÃO E PARAPSICOLOGIA
A meta da Teoria da Informação é tornar explícita e precisa a informação; para isto, formaram-se dois postulados:
1º. Postulado – O valor de informação em uma mensagem depende só da probabilidade dessa mensagem.
2º. Postulado – Se duas mensagens referem-se a dois conjuntos diversos e são independentes aleatoriamente, a probabilidade de se obter essas duas mensagens é igual ao produto das probabilidades separadas, portanto, é uma grandeza escalar, sem determinar o Repertório nem a capacidade do mesmo.
Uma mensagem é uma cadeia de informações pelo esquema geral de transformação. Pelo conteúdo decisório de Hartley e Shannon, imaginou-se uma relação triádica, tendo o signo os seus componentes meio, objeto e associação de ideias. Sua unidade é binária, representada pelo Bit. A informação deve ter um rendimento máximo, um tempo igual a espessura do presente e um limite máximo de apreensão. Existem os canais naturais (sentidos) e os artificiais, como a existência de limites de sensibilidade inferior, de saturação (superior) e diferencial que varia de indivíduo para indivíduo.
Em relação a Teoria da Informação e Parapsicologia, temos que dentro de um manancial de mensagens, o Emissor relaciona um conjunto de mensagens (aleatória) do conteúdo a ser emitido, separando dentro daquele onjunto citado e um signo de cada vez é emitido, portanto, o Receptor capta a mensagem emitida com a complexidade e máxima incerteza a nível inconsciente. Após uma comutação do signo, ativando os símbolos mentais quando ocorre a percepção – esta reduz, mas não elimina o grau de incerteza, exceto no APC e que pela experiência haja adquirido autoconfiança em suas gestalts perceptivas. Outro princípio é o da Conservação da Quantidade de Informação, ou seja, a quantidade de Incerteza é a mesma desde o Emissor até o Receptor, incluindo-se as perdas (ruídos). Enfatiza-se o treinamento da utilização de redundância, dando um maior aperfeiçoamento à eficiência e à fidedignidade na transmissão da mensagem. Portanto, deseja-se demonstrar que a percepção paranormal não é casual e sim estatística, resultando numa transformação.
Kant revela que as noções de tempo e espaço são conceitos de abstração mental – sendo estruturas, modelos de construção mental. A exploração e apreensão integral de sinais se transformam em uma interpretação de uma configuração de símbolos e o terminal sensitivo explora o sinal e o comuta em uma sequência de impulsos (circuito) que atingem os neurônios específicos e organizados nas áreas do córtex cerebral. Dentro dos limiares mínimos e máximos de excitação física-variáveis. Estabelece-se o limiar diferencial que dá condição ao repertório quantizado e finito de elementos de percepção, fornecendo uma espessura do presente (0,05 segundos) que é uma faixa limiar de percepção, aquém da qual todos os fenômenos se confundem; trata-se de uma faixa entre os limiares de percepção em sua simultaneidade psicológica. Claro está que o símbolo não tem qualquer significado a não ser aquele que se lhe atribui o grupo humano, em função de sua história e cultura, resultando de suas reações e interpretação (decodificagem).
Ciência só se constrói com divergências entre os seus participantes; daí um grupo defende que existe uma diferença entre a previsão que é uma elaboração racional a nível consciente e a precognição, uma elaboração a nível inconsciente, enquanto outros, admitem que a precognição é uma elaboração no contradomínio mental. A mente exercita uma previsão a nível inconsciente de um evento que pode ou não ocorrer; porém, desde que ocorra, dá-se a colisão e o agente pode captar com antecedência o evento e ocorrendo eficiência dá-se o nome de Gestalt feliz. Importante ressaltar que as noções de espaço e tempo neste contradomínio mental, não existe fisicamente, ou não é idêntico. Há de se levar em consideração, assim como nosso campo visual é abrangente (franjal), nossos processos transitivos não escapam a qualquer tentativa de apreensão e descrição introspectiva, ao contrário, são registrados não considerados naquele momento, para em época certa serem explorados.
Jolivet informa-nos de que as condições e limites do conhecimento só podem ser descobertas por um “retorno da inteligência de suas próprias operações, no exercício espontâneo científico ou filosófico da apreensão do saber”. Já Nicolai Hartmann distingue entre a origem lógica (inteligível) e a origem psicológica (sensível). No primeiro caso, o intelecto procura plausibilidade (Popper) usando-se a abstração com a reflexão. Acho controverso o pensamento de Bachelard, onde a ideia está diante do homem no futuro e não por trás de suas reminiscências (passado). O gestaltista acha que a sensação se dá a nível periférico e tudo começaria com a percepção.
A ciência exata não interessa os processos de fabricação do fenômeno paranormal qualquer, e sim, quais as matérias-primas utilizadas no fabrico e o produto terminado. Portanto, o estudo da comunicação subdivide-se em três áreas: sintaxe, semântica e pragmática, estabelecidos por Morris e adotados por Carnap, para o estudo da semiótica (Teoria Geral dos Sinais e Linguagem).
A Sintaxe abrange os problemas de transmissão da informação (domínio teórico da informação), interessando-se pelos códigos, canais, capacidades, ruídos, redundâncias e outras propriedades estatísticas da linguagem.
A Semântica tem o significado como o seu principal interesse e, quando a comunicação afeta o comportamento chega-se ao pragmático. Vieta (159’) introduziu as notações com letras e vez de algarismos, nascendo o conceito de variável, alargando a dimensão da informação e com sua relação, forma-se a função. Portanto, memória é um conceito que o observador invoca para preencher a lacuna, quando parte do sistema é inobservável, sendo parcialmente objetiva. A repetição de textos forma uma pseudo-realidade própria e o constructo torna-se liderança – assim não são as coisas, mas as funções que constituem a essência de nossa percepção, donde deduz-se que nossa própria consciência seja uma consciência de funções. Os sistemas interpessoais (família, amigos, etc.) podem ser observados como “circuitos” de retroalimentação, uma vez que o comportamento de cada pessoa afeta e é afetado pelo comportamento de outras (mudança e estabilidade). Recorre-se ao mito familiar, quando as tensões ameaçam perturbar as relações existentes que se deseje preservar. Pribam mostrou que a realização da estabilidade suscita novas sensibilidades. Valendo-se do homeostato de Ashby, nenhum subsistema pode alcançar um equilíbrio isolado dos outros. O processo estocástico segue uma sequência de símbolos ou eventos de forma simples ou complexa – Hannon, Carnap e Bar-Hillel, formaram a “redundância” em que cada um de nós possui uma grande soma de conhecimento sobre a legitimidade e probabilidade estatística inerente à sintaxe e a semântica da comunicação humana.
Hora anunciou que para entender-se a si mesmo, o homem precisa ser entendido pelo outro e vice-versa, advindo a teoria da metacomunicação.
Como o homem é rico em forjar suas limitações, cria a caixa preta, por não encontrar um ponto arquimediano fora da mente, No circuito da retroalimentação não existe princípio e fim (teoria da circularidade), como também o indivíduo não pode não se comunicar havendo quer queira quer não uma interação, onde até as relações internacionais se influenciam (armamento e desarmamento bélicos). No axioma de Bolzano (1848) diz que a natureza de uma relação está em contingência da pontuação das sequências comunicacionais entre os comunicantes. Os seres humanos se comunicam digital e analogicamente. Como sistema, a comunicação deve ser compreendida no nível transacional devido ao axioma de Birdwhistell – Um indivíduo não se comunica, ele se envolve na comunicação, ou torna-se parte da comunicação, ou melhor dizendo, ele não origina a comunicação, participa dela, havendo uma relação recíproca.
CONCLUSÃO
Para cada nível de percepção existe um análogo nível de impercepção ou impermeabilidade (Laing, Lee – Phillipson) – Estudo inédito. Recebemos dez mil impressões sensoriais por segundo.
GÖDEL formulou as proposições formalmente indetermináveis (lógica matemática). Wiltgenstein em seu Tratado Lógico-Filosófico já dizia (10 anos antes de GÖDEL) que só podemos saber algo sobre o mundo, em sua totalidade, se pudéssemos sair dele, mas se isso fosse possível, este mundo já não seria todo o mundo,
O homem não pode ir além dos limites fixados pela sua própria mente, sujeito e objeto são idênticos, a mente estuda a si própria (autorreflexão). A comunicação e a existência são conceitos inseparáveis, os efeitos ambientais são semelhantes ao programa de um computador. A realidade é, em grande parte, o que nós a fazemos ser – o homem adquire uma introvisão, forma um micromodelo do universo através de premissas, porém, quando o homem se depara com níveis de abstração, necessita dos computadores (acima de 3ª ordem).
Da expressão subjetiva, o gesto torna-se por repetição um verdadeiro signo institucional; a comunicação de uma emoção e daí, a sugestão de um pensamento. Há na filiação do gesto uma analogia impressionante entre a formação de um hábito, a compreensão de um fenômeno e o nascimento de um símbolo. Uma relação constante associa certas sensações e certos sons, deixando pressentir a misteriosa analogia que reúne a música e a vida interior numa afinidade ainda mal estudada. A linguagem nasceu de uma concordância fortuita entre um sentimento e um som correspondente emitido. Todo simbolismo é susceptível de, ao menos, duas interpretações opostas que devem unir-se para atingir seu sentido completo. O símbolo ressuscita o tempo abolido, o sentimento apagado, graças às imagens evocadas por uma testemunha ausente ou há tempo desaparecida. Mas essas imagens de palavras ou de formas, jamais se compreendem na sua integridade como foram imaginadas por seu autor, ou por ele vivida, sobretudo se os séculos dele nos separam. Cada um é prisioneiro do seu tempo e até os matemáticos são históricos – seu espírito é limitado pela sua língua materna (Luc Benoist0. Kerkegaard refere que só se compreende a verdade quando ela nele se torna vida.
A nebulosa intuitiva da ideia mãe não poderá jamais se resolver em simples lógica. Em toda construção abstrata, diz Gonseth, há um resíduo intuitivo impossível de ser eliminado, que constitui seu valor e sua significação. Os símbolos têm seus limites, mas temos que nos iniciar no sistema de símbolos susceptível de ser compreendido. Se tivermos a capacidade de liberar nosso canto (Orfeu). Existe, sem dúvida, o inexpressável. Este, mostra-se a si mesmo, é o místico…
Finalizando, formando a síntese de tudo que foi estudado e comentado, a informação chegou ao alto grau de perfeição que em meia hora, sabemos as evoluções científicas mais recentes em grande parte do universo interconectado por sistemas computadorizados, desenvolvendo enormemente a interação entre homens e a ciência, dentro de um conceito ético e moral (sugestão).
Ora, como originaram-se da mesma árvore (Filosofia), se por um lado os cientistas exatos partem para o sonho da imaginação, elo desencadeador de novas criatividades, admitindo até 20 dimensões (teoria das cordas), tornando-se o filósofo sideral, o cientista filósofo propriamente dito, necessariamente tenderá a envolver-se no percurso da Física Quântica e como que, ambos, de mãos atadas regressam às suas origens tragados por forças eletromagnéticas e outras. Assim como essas mesmas forças do fundo do mar (fonte de nossa origem) em suas oscilações climáticas buscam os “manguezais” berço também da gênese de milhões de seres que o homem em sua avareza medíocre se autopolui e se autodegrada.
Parece-me muito importante, descobrirmos o mais breve possível a programação genética que nosso computador orgânico foi estabelecido para se autodesligar (morrer). E aí, elaborarmos uma nova codificação para elevarmos a nossa existência (mental) coordenada pelos melhores computadores de silício, seletivamente retroalimentados; pois, existe na vida um “significado”, e este, originou-se de uma super inteligência, na qual a paranormalidade está profundamente inserida.
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