“A formação do parapsicólogo, em Pernambuco”, “Conceitos e Informação em Parapsicologia” e “Aparição e Revitalização é Milagre?”, foram alguns dos temas discutidos no VII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, realizado durante todo o dia de ontem, no auditório do bloco “G” da UNICAP. Apesar do reduzido número de pessoas que compareceu ao encontro, fato que surpreendeu o presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), Valter da Rosa Borges, a parapsicologia, segundo seus adeptos, vem chamando cada vez mais a atenção das pessoas.
O estudo desta ciência não é algo fácil e passa pela eterna luta do homem com o desconhecido, que, no caso, é a própria mente. Valter da Rosa Borges explica que a parapsicologia trabalha com fenômenos incomuns da mente humana, como telepatia (comunicação entre seres através do pensamento), clarividência (percepção de fatos à distância) e psicocinesia (ação da mente sobre o mundo exterior).
A abertura dos trabalhos do simpósio contou com palestras de três estudantes do Instituto sobre a formação do parapsicólogo, em Pernambuco. De acordo com Valter da Rosa Borges, este curso tem sido procurado por muitos profissionais, apesar de ainda não ter sido reconhecido pelo MEC. Advogados, engenheiros, psicólogos, pedagogos e médicos, são algumas das profissões dos que vão ao IPPP para uma pós-graduação ou cursos básicos sobre parapsicologia.
MISTURA
No Brasil, mesmo com os parapsicólogos defendendo os avanços que a ciência está conseguindo, existe uma grande mistura de assuntos que não dizem respeito à parapsicologia. Como explicou Rosa Borges, “há uma contaminação dentro desta ciência com assuntos sobre sobrevivência do espírito, imortalidade e, principalmente, temas e fatos atribuídos à religiosidade. “Somos chamados de organicistas, materialistas, entre outros desígnios, e não somos bem vistos”, reconhece o parapsicólogo.
Esta posição é fácil de ser entendida até pelas próprias pregações da parapsicologia, que põe por água abaixo muitas teses e fatos anormais atribuídos a espíritos, fantasmas, etc. Borges disse que no mundo não existem mais de 200 paranormais. No Brasil, o mais conhecido é o médium Chico Xavier, cujas cartas psicografadas com mensagens do Além são analisadas por Rosa Borges como “dramatização do inconsciente”.
MAU USO
Como toda ciência neste mundo moderno, a parapsicologia vem sendo mal usada, na opinião dos estudiosos. Nos Estados Unidos e União Soviética, através de serviços como a CIA e a KGB, há notícias de paranormais usando seus “poderes” para fins bélicos e de espionagem. Valter explicou que os paranormais usam seus poderes para provocar mal-estar nas pessoas ou, como falou o Presidente da Associação Brasileira de Parapsicologia (ABRAP), Geraldo Sarti desviar foguetes e obter informações.
Sarti afirmou que não tinha conhecimento deste uso da ciência no Brasil. Ao contrário, adiantou ele, “estão utilizando-as para desenvolver pesquisas científicas bastante avançadas em áreas como a física, psicologia e medicina. Na própria questão do homem e sua relação com a sociedade hoje recheadas de dúvidas e incertezas, o presidente da Abrap encontra um motivo para a parapsicologia. “Na natureza do fenômeno paranormal encontramos uma solução alternativa entre a visão do comportamento humano e social fugindo dos modelos clássicos. Ajudamos o indivíduo a se realizar na sociedade.”
DIÁRIO DE PERNAMBUCO
1 de outubro de 1989