Dilatando Fronteiras

Estejamos atentos, todos os pernambucanos de mente aberta, para a realização, em fins de outubro deste ano, no Recife, do 1° Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia. É excelente (e ousada) oportunidade de travarmos contato com um campo de estudos que, superando barreiras de qualquer ordem, vem ocupando crescentes e fascinantes espaços entre os círculos mais devotados à ainda pouco conhecida dimensão humana no mundo inteiro.

Não por acaso será a nossa Capital a sede de certame dessa magnitude, ao qual estarão presentes especialistas de vários países, a exemplo dos Estados Unidos, Rússia, Portugal e Argentina, bem como de Estados brasileiros como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal. Tampouco por acaso foi fundado no Recife, já se vão mais de 24 anos, o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), cujo trabalho se vem irradiando dentro e fora das fronteiras nacionais, inclusive por conta da presença de alguns dos seus integrantes em encontros de âmbito internacional. Esse pessoal, havido em certas áreas como visionário, idealista e, sobretudo, teimoso, tem a persistência dos que se sabem tocados pela curiosidade invencível no ser humano de desvendar os mistérios da mente e as potencialidades do ser pensante e herdeiro da chama do saber infinito.

A Parapsicologia, tida como “a caçula das ciências”, está proporcionando a abertura dessas novas fronteiras. Tanto que já é ela contemplada com cadeiras específicas em universidades americanas, afora se tratar de campo específico de estudos em nações as mais desenvolvidas. No contexto brasileiro, a Faculdade de Ciências Biofísicas do Paraná a ministra como matéria em nível de graduação e pós-graduação.

A despeito de toda essa borbulhante agitação de ideias em torno dos fenômenos ditos parapsicológicos, ainda persistem muitas distorções, quando não total desconhecimento, dos reais fundamentos e objetivos da Parapsicologia, mercê de sua inadequada vinculação com notações ideológicas ou sectárias. E isso precisa ser corrigido, até pelos seus reflexos diretos no cotidiano das pessoas e das sociedades, sem falar nos seus rebatimentos no plano de diversas ciências afins, nas quais, a propósito, ela vai haurir ensinamentos e inspirações, devolvendo-os em igual medida de seriedade e exação intelectual.

Por todas essas razões, é fundamental o apoio da sociedade pernambucana, tanto na esfera pública quanto particular, a essa iniciativa do Instituto. Ela é ilustrativa do vigor do nosso Estado e, particularmente, do Recife, como polo cultural e núcleo regional de excelência na área do conhecimento, à luz das mais modernas metodologias e experiências num setor que, até mesmo por ainda pouco explorado, exibe-se empolgante nos desafios que comporta e engendra.

 

Diário de Pernambuco

20 de agosto de 1997

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