No V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica e IV Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, no Clube Internacional do Recife, o professor Válter da Rosa Borges, disse que o Brasil é o País que possui maior número de parapsicólogos do mundo.
Justificou seu pensamento, ressaltando que há certos povos que apresentam características marcantes como se fosse a expressão do seu próprio povo. “A Alemanha é fértil em gênios musicais e literários. Neste sentido, o Brasil pode-se dar ao luxo de ser fértil em paranormais”.
Falando para uma plateia de 500 congressistas de todos os Estados do País, o professor chamou a atenção dos parapsicólogos para a necessidade de uma revisão do modelo oficial da parapsicologia, porque ciência é um conhecimento provisório e, consequentemente, quando os modelos envelhecem, é necessário que se faça uma nova reapreciação de fatos e classificações para que hipóteses mais abrangentes e férteis possam explicar esse conjunto de fatos.
A parapsicologia é uma ciência nova e por sua extensa interdisciplinidade está sujeita a revisões periódicas porque, somente agora, começamos a deslumbrar o extraordinário mundo que é a mente humana.
Indagado sobre o que falta para que a parapsicologia seja considerada uma ciência no Brasil, o professor disse que resta apenas para o País o reconhecimento de setores científicos que estão atrasados em relação ao mundo científico europeu e norte-americano, onde a parapsicologia goza de status de ciência, “Tanto assim, que a Associação de Parapsicologia dos Estados Unidos foi admitida, em 1969, como membro da Associação Norte-Americana para o Progresso da Ciência”, afirmou.
A dra. Maria Júlia que tem sua agenda de consultas completa até maio do próximo ano, participou ontem do Congresso como conferencista, através da palestra “Terapia Regressiva a Vivências Passadas”, quando falou de sua experiência nessa área. Com dados e relatórios disse que conseguiu até agora 80% de sucesso no tratamento dos pacientes. 10% desistem por vários motivos como mudança de cidade, 5%, obtêm resultados regulareg e 5% nenhum resultado.
TERAPIA REGRESSIVA
“Trata-se de uma técnica psicoterápica relativamente nova no Brasil, que utiliza como recurso terapêutico a regressão, processo pelo qual o ser humano é levado a retroceder a estágios anteriores da vida, com o objetivo de detectar a nível inconsciente, vivências traumáticas das existências passadas vida intra-uterina, nascimento, primeira infância ou outras, responsáveis por numerosas manifestações patológicas, psíquicas, psicossbmáticas, orgânicas e desajustes comportamentais. Asisim, a reencamação que até há pouco tempo era abordada somente sob o aspecto religioso, filosófico ou científico, constitui agora um instrumento terapêutico introduzido por Morris Netherton, PhD, autor do livro Past Life Therapy, traduzido ao português com o título de “Vidas Passadas em Terapia”, afirmou a médica.
Citou ela que a “terapia regressiva reencamatória abre novos parâmetros no campo dos recursos terapêuticos, constituindo mais um instrumento a ser usado pelo profissional, quer isoladamente, quer acoplado a outras técnicas psicoterápicas para obter melhores resultados para seu paciente. Não é aplicada em hipótese nenhuma para satisfazer curiosidades fúteis e pessoais, de descobrir o que foi de importante no passado ou confirmar imprecisas informações de cartomantes e videntes. A sua indicação é somente para fins terapêuticos, na vigência de sintomas psicopatológicos, doenças psicogênicas, neuroses”, etc.
Para complementar a explicação da terapia, a dra. Maria Júíia relatou um dos casos. Um economista, J.P.Q., 28 anos, casado, apresentava como queixa principal medo de ter convulsão epiléptica, mau relacionamento com a mãe, choro frequente e espontâneo e afastamento do serviço. Negava incidente emocional que pudesse ter desencadeado esse quadro. (EEG normais — e exame clínico e neurológico normais em 12/2/85 e 10/5/85).
Na primeira vivência dele durante o tratamento regressivo “vê-se atravessando uma rua, onde tem uma crise convulsiva, passando um caminhão imediatamente sobre sua cabeça. Sente abrir a cabeça ao meio, vivência a cena de morte, com aquela mesma sensação de que está saindo algo da cabeça; vivência com grande conteúdo emocional: choro, contrações musculares generalizadas (não convulsiva)”. Na vivtència intra-uterina “vê-se no último útero materno, na fazenda de seu avô, onde mãe caminhando distraída, bate em um trator parado, tem uma tontura e caí. Nesse instantete, ela deseja ardentemente que com aquela queda ela possa perder a criança, que é indesejada. Ele se revolta, fica angustiado e chora”.
Na vida intra-uterina o economista chega a sentir a hora do nascimento e também um momento traumatizante na primeira infância quando cai de uma bicicleta e fratura a tíbia. Após 8 sessões, teve alta em 12/6/86. A dra. Maria Júlia faz o acompanhamento por telefone e as informações da mãe dele são de que está tudo normal agora, tanto na vida pessoal quanto no trabalho.
Espiritismo
Muitos espíritas afirmam que a religião do futuro é a kardecista, pois a tendência é as pessoas de todo o mundo.. se interessarem cada vez mais por ela. Para a dra. Maria Júlia esse pensamento poderá vir a tornar-se realidade, face ao grande número de adeptos e frisa que isso se deve “à evolução da cultura do povo e maior abertura aos conhecimentos religiosos e filosóficos em geral.
Ressalta ela que espiritismo é um só kardecista, codificado por Alan Kardec. em 1815. Na sua opinião, as outras religiões mediúnicas são resultantes do sincretismo religioso a-fro-brasileiro, “e nós kardecistas, respeitamos todas, mas não as consideramos espiritismo”, concluiu.
O Congresso de parapsicologia é uma oportunidade para todas as pessoas que têm curiosidade em saber mais sobre o assunto, começar a se interessar ou rejeitar. Há espaço hoje pela manhã, porque o Congresso está sendo realizado na área onde ocorrem os bailes de carnaval do Internacional. Quem não tiver tempo pode se dirigir ao Instituto de Pesquisas Pslcobiofísicas de Pernambuco localizado á rua da Concórdia, 372, 49 andar, salas 46/47.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO
Recife, segunda-feira, 6 de outubro de 1986