O prof. Walter Rosa Borges é promotor público em Pernambuco, ensina Direito Civil na Universidade Católica, fundador e diretor científico do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, membro das Academia Pernambucana de Ciências, Academia de Letras e Artes do Nordeste e das Associações Brasileira de Parapsicologia e Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas. É autor do livro, esgotado, “Introdução ao Paranormal”, e concluiu recentemente outro trabalho, a ser publicado, no qual aprofunda suas pesquisas e observações dos fenômenos paranormais.
Disciplina
Ele afirma, com base em fatos e na realidade, que a Parapsicologia se vem afirmando como ciência autônoma, ampliando o seu campo de pesquisa, invadindo novas áreas do conhecimento e transformando-se, assim, numa ciência interdisciplinar. Ela já não pode ser assimilada pela psicologia ou por qualquer outra ciência – a física, a biologia, etc. -, mas, ao contrário, procura valer-se dos subsídios das demais ciências para investigar, em maior profundidade, a complexidade da fenomenologia paranormal.
O parapsicólogo, no entender de prof. Rosa Borges, por força dessa interdisciplinaridade, deve ser dotado de sólida cultura geral para movimentar-se, com segurança, no estudo e na pesquisa desses fenômenos incomuns e principalmente esquivos a um sistemático controle experimental.
No ensaio que apresentou no Rio, após o que foi aplaudido de pé, Walter Rosa Borges faz um sumário das relações entre a Parapsicologia e as demais disciplinas do conhecimento humano, apresentando sugestões para um intercâmbio recíproco de informações e pesquisas nas áreas de interesse comum a todas elas, assim como fornecer subsídios para a aplicação pratica da faculdade paranormal.
Demonstra, com muita segurança, as relações com a Biologia, sublinhando, entre outros pontos:
“Certos fenômenos paranormais revelam que a mente humana, usando as energias orgânicas exteriorizadas, é capaz de criar formas viventes, conquanto momentâneas, produzindo uma réplica do corpo humano com todas as aparências de uma pessoa viva, com inteligência autônoma, ou, ainda, um simulacro de corpos de animais.
Esses misteriosos fenômenos de ideoplastia ou materialização demonstram, cabalmente, que uma ideia pode objetivar-se, apresentando uma aparente atividade biológica, em que pese a transitoriedade e singularidade de sua existência. Comprovam, assim, que a mente humana pode manipular a matéria viva, dissolvendo parte do organismo do médium sob forma de uma substância indiferenciada – o ectoplasma – e, com essa “argila psíquica” (na feliz expressão de Gustavo Geley), construir novas formas de vida, de duração efémera. As criações ectoplásmicas fazem lembrar, por analogia, o processo da metamorfose, onde a cabine mediúnica se assemelha ao casulo, dentro da qual, isolado e na escuridão, jaz o médium adormecido, em processo de desagregação de suas forças orgânicas”.
Depois de outros tópicos não menos interessantes, e muito bem fundamentados, nas relações da Parapsicologia e a Biologia, Rosa Borges demonstra igualmente tais aproximações com a Medicina, a Genética, a Zoologia, a Botânica, a Física, a Química, a Eletrônica, a Geologia, a Geografia, a História, a Antropologia, a Sociologia, o Direito, a Educação, a Filologia, a Psicologia, a Psicanálise, a Psiquiatria, a Filosofia, a Religião, as Artes e a Literatura, e, por último com a Tecnologia.
Aplicação pratica
Admite que a tecnologia pode utilizar-se da Parapsicologia, ou seja, que esta ciência desenvolva a sua própria tecnologia – a tecnologia psi -, mediante utilização das faculdades paranormais para finalidades pragmáticas. Seriam atividades desenvolvidas por médiuns que possuam relativo controle sobre suas faculdades.
Defende:
1) A utilização da precognição como instrumento de prospecção cognitiva do futuro, aliado ao conjunto das previsões de natureza estritamente racionais, ampliando, assim, o conhecimento de acontecimentos possíveis ou prováveis e interessando, notadamente, o mundo da política e dos negócios, o que permitirá a adoção de medidas de mais largo alcance e efetividade para o controle dos fatos. Basta lembrar que, em 1967, o Dr. J.C. Barker, psiquiatra, fundou, em Londres, o British Premonitions Bureau, o primeiro centro receptor de avisos sobre pessoas e comunidades ameaçadas.
2) A utilização da clarividência para a descoberta de pessoas desaparecidas e elucidação de crimes misteriosos, assim como para a observação de acontecimentos, locais e pessoas à distância. Em 1919, os tchecos empregaram, com êxito, a clarividência na luta contra os húngaros. O mesmo fez o notável médium Stepan Ossowieck, na segunda guerra mundial, na defesa de seu país, a Polônia, contra a Alemanha, tendo sido, em 1940, trucidado pelos nazistas. Os militares tchecos, em 1925, publicaram um manual sobre PES, para o exército, intitulado “Clarividência, Hipnotismo e Magnetismo”, de autoria de Karel Hejbalflc.
3) A utilização da clarividência psicométrica para as pesquisas históricas, arqueológicas e paleontológicas.
4) A utilização da clarividência endoscópica como sucedâneo, em circunstâncias especiais, do raio X, da tomografia e ultrassonografia.
5) A utilização da projeção da consciência para observação de situações especiais, onde não seja possível ou recomendável a presença física de observador humano.
6) A utilização da telepatia para comunicações de emergência, quando impossível o emprego dos veículos tradicionais de comunicação. A experiência telepática realizada pelo astronauta Edgar Michell, na capsula espacial Apoio XIV, e o médium sueco Olof Jonsson, justifica, plenamente, essa expectativa.
7) A utilização da telepatia nas dificuldades eventuais de tradução Inter linguística. O médium Dadashev demonstrou, em 1973, que a telepatia pode romper a barreira idiomática que separa as pessoas.
8) A utilização da telergia, sob supervisão médica, no tratamento convencional, como eventual auxiliar e terapêutico.
9) A utilização da telergia como recurso tecnológico suplementar de ação sobre o universo material, com o emprego de extensões telérgicas ou ectoplásmicas na substituição eventual de autómatos, ou em situações especiais de emergência, para a manipulação de objetos e acionamento de mecanismos à distâncias.
10) A utilização da telergia na agricultura, com sucedâneo de fertilizantes artificiais, para acelerar o processo germinativo e assegurar o êxito das safras.
11) A utilização da faculdade de psi-kapa para produzir a combustão de materiais de qualquer natureza, ou provocar reações químicas especiais, fazer funcionar ou parar sistemas mecânicos, promover o transporte de objetos de um local para outro, seja através do nosso espaço tridimensional, seja através do que se convencionou chamar de hiperespaço e outras tantas atividades que a experimentação parapsicológica possa demonstrar possíveis”
Universidade Federal de Pernambuco
Maio/junho de 1983