Parapsicólogos atribuem ocorrências à paranormalidade
O advogado Valter Marques Ferreira, 39 anos, estava só em sua casa, situada na Ladeira da Misericórdia, no Varadouro, Olinda. Era uma madrugada de agosto de 1982 e ele estava dormindo, mas não completamente. Encontrava-se naquele estado “alfa”, no qual não se tem muita noção da realidade. De repente, ainda de olhos fechados, ele sentiu como se estivesse sendo observado por dois olhos. Valter despertou e continuou a ver aquela imagem. “Dei um pinote da cama!”, lembra. Nessa hora a “coisa” percebeu e saiu rapidamente pelo buraco da fechadura. Um mês depois desse episódio, o advogado recebeu a visita de um senhor, aparentando 60 anos de idade. “O homem disse que tinha morado naquela casa há 52 e na conversa ele me perguntou se a assombração tinha aparecido. Nessa hora eu me arrepiei”.
Contos de casas mal-assombradas para muitos pode ser puro folclore, crendice do povo. No entanto, fenômenos como esse são estudados por parapsicólogos que atestam se houve mesmo esse tipo de acontecimento e até se a pessoa pode ser um paranormal. O presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas (IPPP), o parapsicólogo Ronaldo Dantas Lins afirma que no caso do advogado houve um fenômeno chamado cientificamente de Haunting, que significa assombração, e Valter seria um paranormal no momento em que aconteceu o caso. “Em tese, todos somos paranormais porque podemos passar por isso, mas há pessoas que vivenciam a situação frequentemente, o que não foi o caso dele”, explica.
Os fenômenos paranormais são acontecimentos incomuns da mente humana e estudados pela Parapsicologia. Eles podem ser de dois tipos: percepção de um fato psíquico ou físico – como o assombro ou batidas – ou a ação da mente sobre a matéria produzindo movimentos. “Um exemplo deste é fazer um copo mover-se apenas olhando para ele”, completa Ronaldo, acrescentando que essas ocorrências são provocadas por uma energia que fica impregnada no ambiente, guardando uma informação do que aconteceu no local. Não tem nada a ver com espíritos. “Uma pessoa pode ter se suicidado em uma casa e aquela energia fica gravada lá”.
Fantasmas, vultos, mal assombros… Seja o que for, esses eventos estranhos não são aceitos pela Assembleia de Deus. O presidente do Templo Central, localizado na avenida Cruz Cabugá, o pastor José Leôncio da Silva, diz que a Bíblia não admite tal coisa. De acordo com ele, no livro dos Hebreus está escrito no capítulo nove e versículo 27 que a pessoa morre uma só vez e depois vem só no Juízo Final.
A professora Jeane Siqueira, 40 anos, é espírita e estuda a doutrina desde os 15. De acordo com ela, o Espiritismo atesta que a casa mal-assombrada é real.
Qualquer um pode estudar
Qualquer pessoa pode conhecer sobre os fenômenos paranormais. O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP) oferece um curso básico em que se pode saber o que é Parapsicologia e como os fatos acontecem. As aulas são ministradas em três sábados seguidos, em um total de oito horas. O curso custa R$ 30,00.
Se depois dessa iniciação você quiser aperfeiçoar-se no assunto e até se tornar um parapsicólogo formado, com registro e tudo, também é possível. “A pessoa precisa ter um curso superior completo e defender uma tese para fazer a pós-graduação, explica a diretora pedagógica do Instituto a parapsicóloga Isa Wanessa Lima. O registro é dado pelo Conselho Regional de Parapsicologia (CONREP), situado no Recife.
O IPPP é o único existente no Norte/Nordeste. Além desse, há institutos nas cidades do Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília.
Folha de Pernambuco
3 de maio de 1998.